31 dezembro 2006

MENSAGEM DE ANO-NOVO

MENSAGEM DE ANO-NOVO

DE SUA EXCELÊNCIA
O AY-A-TOLA DE BERLIMECO

AL-BERTU


Caros compatriotas BerliMequenses

Apesar de termos apenas um mês de vida, deu para perceber o quanto é importante a nossa independência.

O PIB triplicou, as exportações duplicaram e as importações diminuíram 50%. Por isso, todos os BerliMequenses passaram esta quadra natalícia com muito mais xelim nos bolsos, em virtude das vendas no seu comércio tradicional terem sido qualquer coisa de extraordinário, os hotéis superlotados e o fluxo de turistas a aumentar consideravelmente.

Dou-vos a minha palavra de honra de Ay-a-tola que neste Novo-Ano não haverá aumentos nos preços do pão, da água, da luz, dos transportes, na saúde e em muitos outros bens de primeira necessidade.

Acontece que o nosso bem-estar, está a causar um mal de inveja nos nossos vizinhos e não só, pelo que devemos de estar vigilantes para que nenhum intruso se venha infiltrar em BerliMeco, com o fim de boicotar a nossa economia.

Eu, Al-bertu, Ay-a-tola do principado de BerliMeco, já tomei todas as medidas para que os nossos compatriotas de BerliMeco durmam descansados, já que coloquei em estado de alerta máximo a Marinha de Guerra de Santiago que para o efeito já deslocou três fragatas e dois submarinos para a baía do Cavalum, as tropas paraquedistas da Base Aérea de Croca prontas a descolar a qualquer momento, e a tropa de choque do pé rapado de Senradelas, para o que der e vier.

Mas suplico-vos que, caso vejam alguma coisa que vos pareça errada, não lancem comunicados com insinuações à toa que podem arranjar um 52 do caraças desnecessariamente.

Para evitarmos qualquer mal entendido, a partir de hoje é expressamente proibido bloguear em BerliMeco, pois esta moda vinda da “França” está a criar um azedume na nossa família. Assim, achamos melhor para BerliMeco, cortar relações com a “França”, e sempre que seja possível chegar-lhe vento fresco, quer seja em jantares ou reuniões, para ver se a “França” aprende de uma vez por todas a lição, que não se deve meter na nossa vidinha.

A bem de BerliMeco!

Unidos por BerliMeco, a vitória é nossa.

Viva BerliMeco!....

Viva!

Viva BerliMeco!....

Viva!

BerliMeco ou Morte!...

Foooooda-se

WILLKOMMEN A BERLIMECO

BEM-VINDO A BERLIMECO

A NOSSA TERRA
Ficção

No princípio da década de sessenta do século passado, na Alemanha, a cidade de Berlim foi dividida ao meio pelo célebre muro, sendo o mesmo derrubado com a chegada da Perestroyka.

Acontece, que no ano dois mil e seis depois de Cristo, o chefe muçulmano Ay-a- tola Al-bertu resolveu dividir o sítio onde reina, não com muros mas deitando mão às novas tecnologias, dando origem ao principado de BerliMeco.

Para reanimar o principado de BerliMeco, Al-Bertu reuniu o seu conclave Of-Syna, o qual está a elaborar a animação do mesmo.

A primeira medida de fundo tomada pelo Of-Syna foi o de referenciar todos os BerliMequenses com cartões multicolores. No entanto, o Ay-a-tola Al-bertu, com os seus óculos com lentes mais parecendo cus de garrafas de champanhe, que não o deixam enxergar muito bem o que o rodeia, não conseguiu distinguir um cristão de um muçulmano, nem um residente de um comerciante, mas apela a todos para comparecerem à reza das sextas-feiras que se vão realizar ao ar livre (assim o tempo o permita) no Meco que está virado para Meca.

A todos quanto visitam BerliMeco, não se esqueçam de comprar um recuerdo no comércio tradicional, que em troca lhe dará uma senha no valor de 0,50 € para ajudar a pagar a portagem, e se por acaso se cruzarem com algum residente, sorriam e fotografem esta espécie em vias de extinção, mas que com muito orgulho ostentam um cartão de BerliMeco nas suas viaturas.

A partir da data da proclamação de independência, 1 de Dezembro de 2006, que os BerlMequenses já ensaiam com orgulho alguns acordes do seu novo hino, do qual apenas sei as últimas estrofes que rezam assim:

Às armeles!... Às armeles!...

Contra os Parqueles!... Contra os parqueles!...

Às armeles!... Às armeles!...

Não pagueles!... Não pagueles!...

Contra os mequeles

Marcheles!... Marcheles!...

Bem, quanto à bandeira, a mesma foi aprovada por unanimidade desde a esquerda à direita, do leste ao oeste, com palmas e abraços perante o sorriso gaiato do Ay-a-tola Al-Bertu.

A partir de agora, já sabe como fazer férias cá dentro. Venha a BerliMeco pois lá, há mecos e mecos que sobem e descem.

20 dezembro 2006

ZONA PEDONAL DE PENAFIEL

ZONA PEDONAL EM PENAFIEL

Notícia
(A Nossa Terra)

A Câmara Municipal de Penafiel ainda no tempo do Partido Socialista, sendo presidente o eng.º Agostinho Gonçalves, acompanhando as modas que corriam neste país, resolveu criar uma zona dita histórica nas ruas mais modernas da cidade (a não ser que a Rua do Carmo muito mais antiga e fora da zona histórica, seja considerada da pré-história), e no miolo desta uma zona pedonal, isto sem ouvir ou ter em conta os residentes dessa mesma área. Se o Partido Socialista decretou, a coligação Penafiel Quer constituída pelo PSD mais o CDS que se lhes seguiu, implementou esta decisão vinda de trás, mostrando assim que também estava de acordo com ela.

Acontece que os moradores desta zona, que até aqui estacionavam o seu carro junto às suas moradias (e nas quais não podem construir garagem), estão proibidos de o fazer, ao contrário do que acontece em várias cidades com este tipo de situações em que os moradores e apenas estes podem estacionar.

E porquê tudo isto? Será porque, nesta zona, uma empresa privada construiu um parque de estacionamento e querem que os moradores sejam seus clientes? Francamente, não vejo a razão desta postura da Câmara Municipal de Penafiel em relação aos residentes, pois não quero acreditar que o executivo liderado pelo dr. Alberto Santos esteja mais interessado em defender os interesses da empresa que o dos munícipes residentes.

Como se isto não bastasse, a cidade está a ser cercada de parcómetros cujo rendimento é para essa mesma empresa a 100%, tendo os residentes da zona pedonal de irem estacionar o carro em cascos de rolha. Assim, quem é que quer viver nesta zona da cidade de Penafiel? Infelizmente não posso pôr rodas na minha casa, para a levar para outro lado, mas acredito que foi dado um passo de gigante para a desertificação desta parte da cidade. Os autores de tal proeza, vem podem limpar as mãos à parede pela obra que fizeram - é a mesma coisa ou pior ainda do que aqueles que destruíram a nossa Praça do Mercado para dar lugar a uma caixotaria de cimento.

Para uns isto é o progresso, para quem lá reside é a morte anunciada da sua rua.

Texto publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS
no
dia 18 de Dezembro de 2006, na Página do Leitor.

Ao JORNAL DE NOTÍCIAS os meus agradecimentos

12 dezembro 2006

ANTÓNIO PEREIRA - POETA ESPANHOL

POEMA
VINIENDO POR PENAFIEL

António Pereira nasceu em Villafranca del Bierzo (Léon) no ano de 1923. Apesar de ser um escritor espanhol pouco conhecido em Portugal, a sua obra é extensa.

Poesia:
El regreso (1964).Del monte y los caminos (1966).

Cancionero de Sagres (1969).
Dibujo de figura (1972).
Contar y seguir: 1962-1972 (1972). Recopilación de sus anteriores libros de poesía.
Antología de la seda y el hierro (1986).
Poemas de ciudades (1994).
Una tarde a las ocho (1995).
Poemas del claustro (1999).
Junto con Jesús Hilario Tundidor y Luis Antonio de Villena.
Meteoros. Poesía 1962-2006 (2006).

Em prosa:
Una ventana a la carretera (1967). Cuentos.

Un sitio para Soledad (1969).
La costa de los fuegos tardíos (1973).
El ingeniero Balboa y otras historias civiles (1976). Cuentos.
País de los Losadas (1978).
Historias veniales de amor: novela (1978). Cuentos.
Los brazos de la i griega (1982). Cuentos.
El síndrome de Estocolmo (1988). Cuentos.
Antonio Pereira y los niños (1989).
Cuentos para lectores cómplices (1989). Cuentos.
Picassos en el desván (1990). Cuentos.
Relatos de andar el mundo (1991). Cuentos.
Obdulia, un cuento cruel (1994). Cuentos.
Las ciudades de poniente (1994).
Relatos sin fronteras (1998). Cuentos.
Cuentos del medio siglo (1999). Cuentos.
Me gusta contar. Selección personal de relatos (1999). Cuentos.
Cuentos de la Cábila (2000). Cuentos.
Recuento de invenciones (2004). Cuentos.
Clara, Elvira, la teta de doña Celina, mujeres (2005) Cuentos.
Oficio de volar (2006). Cuentos.

A sua obra já foi reconhecida com os seguintes prémios:
Doctor Honoris Causa por la Universidad de León.1966: Premio Leopoldo Alas por Una ventana a la carretera.1988: Premio Fastenrath de la Real Academia por El síndrome de Estocolmo.1994: Premio Torrente Ballester por Las ciudades de poniente. 1999: Premio Castilla y León de las Letras.

Mas o que me traz aqui, é que o escritor António Pereira, no seu recente livro de poesia com o título de “Meteoros”, consagra trinta e dois poemas a Portugal. Entre estes poemas de suas peregrinações turísticas, um deles é dedicado a Penafiel.


VINIENDO POR PENAFIEL

Viniendo por Penafiel
vi que un anciano, a la aurora,
cavaba solo la tierra
como quien cava su fosa.
Los brazos que antes lo hancían
fueron a labrarse gloria.

Sé de un héroe que há muerto
al sol de una isla remota.
Al Hermano que quedo
guardando la vieja sombra
de la casa, quién le hará
en su muerte la corona?

Recuerdo el tiempo de oro
sobre el libro de la Historia:
Qué bravura el navegar
si otros guardaban las costas!
Qué honor a los mayorazgos
que en sus caballos galopan,
mientras las bestias humildes
sacan agua de las norias!

Yo canto por los que quedan,
patria a la que nadia nombra.


Pelos vistos, ainda há quem nos cante, quanto mais não seja em espanhol.

05 dezembro 2006

PESCAR O PE(S)CADOR

PESCAR O PE(S)CADOR
CONTO

(A NOSSA GENTE)

Agora que o aborto saltou para a ordem do dia, vou contar-lhes uma história que me foi relatada por fonte fidedigna e que se passou à tempos num concelho vizinho.

A dada altura apareceu na terra uma matolona, que com as suas vestes apertadas e grandes decotes, não só chamava a atenção dos homens por onde passava como deixava sobressair o vale dos seios e as suas formas corporais.

Sempre à mesma hora lá entrava na confeitaria a saracotear. Traçava a perna, puxava do seu cigarro de marca americana, enquanto saboreava calmamente a sua bica.

Os homens, relampejavam-lhe olhares, a que ela discretamente correspondia com um sorriso por entre os lábios.

Isto repetido diariamente por um período de dois meses, até que misteriosamente desapareceu.

Logo que o Chico, que era o servente da confeitaria resolveu bater com a língua nos dentes, o segredo foi desvendado.

A matolona começou a arrastar para o vale dos lençóis os homens do farfalho cá da terra. Como todos guardavam sigilo até porque eram casados, todos julgavam-se exclusivos da aventura.

Sabidola como era, a dada altura foi ela que começou a procurar os seus amantes nos próprios locais de trabalho.

- Ó fulano, aconteceu o pior!... Estou grávida. Ou assumes, ou preciso de duzentos contos para abortar.

Perante este facto, isto é, o escândalo que provocaria não só na sociedade como na família, não tiveram outra saída senão dizer sim ao aborto.

Sendo este peditório feito a todos os galadores da zona, lá se abarbatou com umas valentes massas, e zarpou para outras paragens.

Embora ele negue a pés juntos, diz-se que a troco de informar quem eram os kotas cá do sítio, o único que lhe bicou e não pagou foi o Chico.

Quando alguém com mais confiança lhe aborda o assunto, este deixa sair um sorriso e prontamente responde com a evasiva:

- Não confirmo, nem desminto.

Neste como noutros casos, o segredo continua a ser a alma do negócio.

E pronto.

Esta é a última versão que conheço do conto do vigário, a juntar a tantas outras, só que desta vez, todos lucraram alguma coisa.