01 fevereiro 2024

HABILIDADES E HABILIDOSOS

 

HABILIDADES E HABILIDOSOS

 



No antigamente volta e meia apareciam na urbe, pessoas a exibirem as suas habilidades, para ganharem através disso, o pão nosso de cada dia.




Esta arte de ganhar a vida, já vem de muito longe, estou-me a lembrar da escalada da igreja das Freiras em 1927, pela acrobata portuguesa que embora trajada de homem, dava pelo nome de Lita, perante numerosa assistência.




Nos anos 60 do século passado montado no seu monociclo de grande altura, seguido de perto por muitos miúdos, lá percorreu a cidade o homem trajando de cozinheiro fazendo reclame à Nestlé, enquanto o seu ajudante que se deslocava a pé, apregoava os caldos Maggi da mesma empresa.




Os equilibristas também faziam parte com a sua agilidade e destreza equilibrando na testa o alguidar, ou com a boca uns poucos de copos e outros objectos, assim como apareceram mais tarde os irmãos Avelinos que no Largo Conde de Torres Novas, com uma vara nas mãos deslizavam sobre o arame.




Isto para além do teatro de rua que alegrava a miudagem com a barraca dos Robertos.




Num S. Martinho apareceu numa daquelas barracas com espelhos que nos fazem barrigudos, elegantes, altos e baixos, só que naquele ano a atração era Gabriel Estêvão Monjane, também conhecido por Gigante de Manjacaze e considerado o homem mais alto do mundo, proveniente de Gaza (não da Palestina), mas sim da província ultramarina de Moçambique (hoje país independente) para exibir as suas caraterísticas físicas, vindo a contracenar com o penafidelense Jacinto, o homem mais pequeno do mundo. Gabriel era exibido pelo País como coisa rara e insólita, tendo viajado por todo o mundo. Na foto vemos com ele um anão e o nosso Jacinto.




Também era muito comum, nas feiras anuais, aparecerem em qualquer esquina, um ceguinho agarrado ao seu acordeão tocando uma peça musical por vezes cantarolada, enquanto a sua parceira ou filha faziam o peditório entre a assistência ou quem passava na rua, vendendo ao mesmo tempo, folhas com as letras das canções da moda, para as pessoas levarem para casa para as trautearem.




E para a música ser completa, só faltava mesmo o homem dos sete instrumentos (Elias Rodrigues), com o seu chapéu de palha alusivo à sua ilha da Madeira. Com as mãos, os pés e a boca lá ia tocando peças musicais, umas atrás das outras, pois sozinho fazia a festa.




Agora em pleno século XXI, embora esta praga já venha do último terço do século passado, entram em cena os habilidosos. Estes não fazem nenhuma habilidade, apenas exibem o cartão da tribo.




Através desse compadrio, lá vão arranjando tachos por tudo quanto é lado, por vezes sem o mínimo de competência para o exercer, chegando ao ponto de a Bandeira Nacional, já ter sido içada de pernas para o ar. 

 


Esta gente vai andar em acção neste mês de Fevereiro, prometendo bacalhau a pataco, e tudo e mais alguma coisa a todos, ficando por magia todos bem na vida.


Uns prometem Portugal Inteiro, quando o país foi vendido ao retalho e a preço de saldos, estando já apalavrada a TAP para ir voar para outras mãos e pelo que consta, a Efacec seguirá a mesma rota.


Outros apregoam que vai surgir um novo detergente muito mais poderoso do que o “OMO lava mais branco”, comprometendo-se a Limpar Portugal de lés a lés, jurando a pés juntos, que Chega uma simples gota para tal acontecer.


O avançado Montenegrino, reforço de inverno da equipa tri-color, que vai fazer parte do novo trio atacante, para além de ser bom executante de cabeça, embora marcando muitos golos em fora de jogo, o seu forte mesmo é a finta ao fisco.


Outros querem resolver o problema da habitação, que se tornou um bico de obra, e como tal não está fácil de resolver, pois pelos vistos são precisos muitos mais blocos, cada vez mais difícil de os arranjar, mas esta gente tem fibra e diz com toda a confiança do mundo: “Não Desistimos”.


E os animais que querem PAN em todas as gamelas, tanto na Madeira como no resto do país. Para isso estão dispostos a piscar o olho à esquerda e à direita, consoante nos dê mais jeito na altura.


Apareceu uma febre liberal para privatizar tudo e mais alguma coisa, desde o SNS, a educação, e por sua iniciativa até a TAP já tinha desaparecido. Não gostam de Abril, mas adoram Novembro, quando os militares regressaram aos quartéis e os partidos tomaram o poder.


Anda por aí Livre em rodopio constante, dando voltas e mais voltas mais parecendo os anéis de Saturno só que desta vez à volta do poder, como se de um satélite se tratasse.


Os vermelhos continuam firmes na sua trincheira, fazendo fogo cruzado, e são os únicos que ainda não foram ao beija-mão a Kiev, por isso segundo as sondagens (que valem o que valem, ou seja zero), vão levar tau-tau nas próximas eleições.




Mas se pensam que esta gente se não entende, enganem-se. Vejam só este exemplo antes do fecho na Assembleia da República, em Janeiro de 2024, enquanto o povo anda a esticar os seus euros para chegarem até ao final do mês, eles (os partidos), tratam da sua vidinha.


Assim, os deputados aprovaram um alargamento das suas ajudas de custo na última sessão antes da dissolução da Assembleia da República. Estas ajudas entram em vigor em 2025, mas tem retroativos até Agosto de 2023. Vamos lá saber quem apresentou tal proposta aceite por unanimidade. A proposta foi assinada por Pedro Delgado Alves (PS), Hugo Carneiro (PSD), Bruno Nunes (Chega), Patrícia Gilvaz (IL), Alma Rivera (PCP), Pedro Filipe Soares (BE), Rui Tavares (Livre) e Inês Sousa Real (PAN).


E com tanta promessa que vai sair da boca destes partidos e mais alguns que por aí andam, e porque o vírus da mentira, vai andar à solta... Vacinem-se!

 




Caso contrário, caminhamos todos para o poço da morte.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho