29 setembro 2015

AMÉRICO TOMÁS - NUMA VISITA RELÂMPAGO



AMÉRICO TOMÁS
NUMA VISITA RELÂMPAGO



No tempo do arroz de quinze, o comboio chegava a todo o país, e o alto majestade da nação utilizava este transporte público para se deslocar.

Segunda-feira, dia 31de Agosto de 1964, Sua Excelência o Senhor Presidente da República Almirante Américo Tomás, vindo da cidade de Bragança, onde foi assistir às festas comemorativas do 5.º centenário, parou na estação do caminho de ferro de Penafiel em Novelas, a pedido do Sr. Presidente da Câmara de Penafiel Coronel Cipriano Fontes.

Logo pelas 14h, grande massa populacional de Penafiel, começou a convergir para a estação do caminho de ferro.

Uns a pé, outros nos mais variados meios de transporte, já que havia camionetas gratuitas para o efeito, lá foram na ânsia de verem e saudarem o mais alto Magistrado da Nação.

Quando o comboio chegou à estação de Penafiel pelas 15,42h, mais de dois milhares de corações penafidelenses pulsaram durante os escassos dez minutos que foram os da demora do comboio  especial na estação do caminho de ferro de Penafiel pelo Presidente da República.

FOTO DE ALEX BORGES

Muitos foram os organismos que estiveram presentes:

Presidente da Câmara e todo o executivo camarário, Mocidade Portuguesa, R.A.L. 5, professores e alunos da Escola Industrial e do Colégio do Carmo, que se fizeram representar na máxima força, das oficinas aos estabelecimentos comerciais que encerraram as suas portas na cidade de Penafiel para facilitarem a ida do seu pessoal para saudarem o Presidente da República Portuguesa d'aquém e d'além- mar. 

Sua Excelência o Chefe de Estado recebeu os cumprimentos das autoridades que ali compareceram na sua totalidade.

O Sr. Presidente da Câmara de Penafiel, Coronel Cipriano Alfredo Fontes, subiu ao vagão presidencial para saudar o Supremo Magistrado da Nação, com quem trocou breves palavras.

FOTO ANTONY
De seguida, o senhor Almirante Américo Tomás assomou a uma das janelas da carruagem para agradecer a presença da multidão que o vitoriou durante todo esse tempo.

Foram levantados muitos vivas a Portugal e ao Chefe de Estado e ao Governo, constituindo este acontecimento uma grande jornada de patriotismo  e fé nos destinos da Nação de Salazar e dos homens que tão inteligentemente a sabem governar e engrandecer.

No final, o sr. Presidente da Câmara de Penafiel foi muito cumprimentado e felicitado pelo êxito obtido pela recepção ao Chefe de Estado, enquanto o comboio onde seguia o Almirante Américo Tomás, rumava à capital.

Evidentemente que nos dias que correm, toda a comitiva viaja em carro do estado de alta cilindrada, com chofer a conduzir o mesmo e por vezes com batedores da polícia a abrir caminho.

Mas não julguem que é por causa das linhas férreas que nos obrigavam a decorar na antiga 4.ª classe (já parte substancial delas não existirem), é que agora podemo-nos dar a estes luxos destas mordomias, pois fazendo fé nas palavras da nossa ministra das finanças Luís Albuquerque, os cofres estão cheios.

27 setembro 2015

ANTÓNIO VARIAÇÕES



ANTÓNIO VARIAÇÕES


António Joaquim Rodrigues Ribeiro, conhecido por António Variações, nasceu a  3 de Dezembro de 1944, no Lugar do Pilar, freguesia de Fiscal, concelho de Amares, distrito de Braga.

Em 1957 vai morar para Lisboa, onde se dedicou a várias actividades profissionais desde empregado de escritório até barbeiro.


António Variações, usava barbas longas e vestia roupas extravagantes aos olhos da maioria. Mas o António não queria saber. Procurava a provocação como forma de afirmar a sua independência. A sua identidade. 

No ano de 1978 grava uma maqueta com alguns temas, que apresenta à Valentim de Carvalho, com a qual assinará contrato.



1982 - Grava o seu primeiro disco, um single com as canções "Povo que lavas no rio", e "Estou Além" de sua autoria.



1983 -  gravou o seu primeiro LP, Anjo da Guarda com dez faixas, todas de sua autoria, onde se destacaram os êxitos É p´ra Amanhã e O Corpo É que Paga.


1984 - No mês de Fevereiro, António Variações entra em estúdio com os músicos dos Heróis do Mar para gravar o seu segundo longa duração que se intitulará "Dar e Receber". O tema mais conhecido deste disco é, sem sombra de dúvidas, "Canção De Engate" que, se tornará num enorme sucesso. 

Enquanto a Canção de Engate tocava nas rádios, António Variações era internado em Maio desse mesmo no Hospital e, no dia 13 de Junho de 1984, morre em consequência de uma broncopneumonia bilateral grave, na Clínica da Cruz Vermelha.



1994 - Em Janeiro de 1994 é editado um disco de homenagem a António Variações que reúne, em torno de versões do cantor, os nomes de Mão Morta, Três Tristes Tigres, Resistência, Sitiados, Madredeus, Sérgio Godinho, Santos e Pecadores, Delfins, Isabel Silvestre e Ritual Tejo.


1997 - É editado o CD "O Melhor de António Variações", o qual recupera material editado em todos os seus discos.



2004 - Em Dezembro, foi lançado um álbum em sua homenagem, com canções da sua autoria que nunca tinham sido editadas; sete conhecidos músicos portugueses formaram a banda Humanos e gravaram 12 músicas seleccionadas de um conjunto de cassetes "perdidas" no património de Variações administrado pelo irmão, Jaime Ribeiro.


2006 - Sai uma compilação intitulada "A História de António Variações - Entre Braga e Nova Iorque".

Ninguém tenha dúvidas que com a sua morte desaparece um dos maiores renovadores da canção portuguesa das últimas décadas.

Para recordar António Variações, aqui fica a Canção do Engate.




- Bom domingo!

22 setembro 2015

1961 - FESTA SEM FESTANÇA


1961 - FESTA SEM FESTANÇA



O ano de 1961, começou mal e fechou pior para Portugal.



Logo no mês de Janeiro, dá-se o assalto ao paquete Santa Maria, comandado pelo ex- capitão do exército português Henrique Galvão, criando uma crise política contra o regime de Salazar.


A 4 de Fevereiro inicia-se em Angola a Guerra Colonial, e a resposta de Salazar foi enviar tropas já e em força para a antiga colónia portuguesa em África.



No RAL 5 em Penafiel, formam-se duas baterias de artilharia para combaterem em Angola.

Devido aos acontecimentos em Angola, a comissão de festas do Corpo de Deus, resolveu realizar unicamente as cerimónias religiosas eliminando as festanças do programa. 

Assim, no dia 31 de Maio realizou-se pela primeira vez uma procissão de velas seguida de sermão nas festas do Corpo de Deus. 

No dia seguinte, quinta-feira, 1 de Junho de 1961, houve missa cantada e procissão.

O tempo frio e chuvoso que se fez sentir, não permitiu que a procissão percorre-se totalmente o itinerário do costume, não se efectuando a bênção da cidade do alto da escadaria do parque do santuário.



A procissão do Corpo de Deus nesses tempos em Penafiel, constituí-a um grande espectáculo de fé cristã, atraindo à nossa terra milhares de forasteiros.

A procissão deste ano, seria como nos outros anteriores rica e majestosa, mas a chuva estragou em parte o desfile pelas ruas da cidade, que no entanto foi presenciada por grande multidão de pessoas.

Foi pregador das cerimónias religiosas o rev. dr. António Joaquim Alves das Neves, sendo as festas abrilhantadas pelas bandas de música de S. Pedro da Cova, Lagares e Paço de Sousa.


Com todos estes azares, o ano de 1961 não podia acabar pior para o regime de Salazar, com a ocupação e anexação pela União Indiana no dia 19 de Dezembro de Goa, Damão e Diu, terminando o Estado Português da Índia, sendo o começo do fim do Império Colonial Português. 

Com mais ou menos cartaz, que me lembre, foi o único ano em que houve festa sem festança, no Corpo de Deus em Penafiel.

20 setembro 2015

FREI FADO



FREI FADO
OU FREI FADO D'EL REI


Formados no Porto, em 1990, os Frei Fado d’el Rei construíram o seu projecto em torno de um som rico em elementos provenientes de raízes diversas.


Saudade, destino, amor, histórias de reinos sagrados, de caravelas partindo para o mar, rotas da seda trazendo rumores de estranhas lendas e memórias.

A formação actual dos Frei Fado é:
Carla Lopes, na voz.
Jorge Ribeiro, no baixo acústico.
Ricardo Costa, na guitarra.
Rui Tinoco, nos teclados e programações.
Zagalo, na bateria e percussões.



1994 - participaram na compilação "Filhos da Madrugada", disco de homenagem a José Afonso, com uma versão do tema "Que Amor Não Me Engana". O convite surgiu após vencerem uma competição para escolher os dois últimos participantes do disco.


1995 - Os Frei Fado d'El Rei lançaram o seu primeiro álbum, "Danças no Tempo", que contava com dezasseis temas originais.


1998 - É editado o segundo disco da banda "Encanto da Lua". Conta com a participação de Vitorino, Uxia e Janita Salomé.


2004 - Em 2003, deram um concerto por ocasião das comemorações dos 1.000 anos do Mosteiro de Leça do Balio. O terceiro disco da banda é o registo ao vivo desse concerto, editado no ano seguinte.


2007 - Sai o  álbum "Senhor Poeta: Um tributo a José Afonso,  editado pela Ovação em Abril. O disco recebeu o Prémio José Afonso 2008. 


2012 - Em Setembro de 2012, a banda editou um novo álbum de originais, "Se o Meu Coração Não Erra" (agora assinando apenas "Frei Fado"). Este disco marca uma renovação na linguagem musical do grupo, que descola das influências populares e medievais para assumir texturas sonoras mais ousadas, assentes numa estética mais contemporânea. 


2015 - Este novo trabalho “O Quanto Somos Semelhantes” é um ensaio sobre o fascínio pelas nossas semelhanças

A projecção da nossa identidade às vidas dos outros! A forma como reconhecemos, e como às vezes nos é difícil acreditar num mundo mágico, simétrico, onde constantemente nos revemos uns nos outros.

Espelha o carácter romântico das relações, abordando o amor e a harmonia, mas também a ausência, a privação e toda a fragilidade perante a solidão. 

Assenta na procura por uma tradução musical dos mecanismos que suportam as relações entre as pessoas, interpretando e desafiando os poemas escolhidos de autores como Valter Hugo Mãe, Eugénio de Andrade, Manuel António Pina, António Mega Ferreira e José Jorge Letria.
 


Mais do que uma súmula premeditada de géneros, a evolução musical da banda obedeceu a um processo natural de fusão entre o imaginário do fado, da música popular e do flamenco, de forma equilibrada e harmoniosa.

Vamos ficar com esta canção "Amores do Douro", que começa assim:

Ó meu amor se te fores
Leva-me no teu coração
Eu navego nos teus olhos
E tu no meu coração






- Bom domingo!