25 abril 2022

PARABÉNS ABRIL

PARABÉNS ABRIL

 


 

No dia 25 de Abril, o blogue “Penafiel Terra Nossa”, faz anos que nasceu. Há gente que gosta dele, outra que não e outra nem não, nem sim, como em todas as coisas da vida.

Não põe cravo ao peito, nem à janela, para festejar um amigo que nasceu muito antes dele, e foi morto, de morte anunciada, quando tinha apenas um ano e sete meses de vida. Apesar de esse amigo ter desaparecido quando ainda andava a aprender a dar os seus primeiros passos, à por aí quem diga que ele é o culpado de todos os males de que padecemos.

Muitos cúmplices deste assassinato festejam não sei se a morte de Abril, se a curta vida terrena do mesmo, já que vomitam discursos de circunstância, e com desfaçatez colocam cravos na lapela.  

Hoje já são a maioria que habita a casa da Tia em S. Bento, aplaudem ditadores bem-falantes de pé, e batem palmas aos que tocam os tambores da guerra.

A corrupção tornou-se tão banalizada que já foi adquirida como causa colateral da dita democracia, e os partidos são manobrados pelo grande capital, e até os sindicatos são correias de transmissão do aparelho partidário.

A censura e a repressão são em moldes de maneira tão requintada que apenas os mais sensíveis se apercebem que as mesmas existem.

Depois de encerrarem as Portas que Abril abriu do Ary dos Santos, ou como cantou José Mário Branco:  Foi um sonho lindo que acabou / Houve aqui alguém que se enganou, apareceu entretanto José Fanha, a dar-nos uma réstia de esperança com o seu "Eu Sou Português Aqui", apesar de termos o inclino de Belém a dizer-nos que é ucraniano.

Como isto anda tudo do avesso, vou endereçar os “SNÈBARAP” ao Penafiel Terra Nossa, e a todos aqueles e aquelas que trazem o mês de Abril a voar dentro do peito. 

 

Fernando Oliveira – Furriel de Junho

 

03 abril 2022

PROCISSÃO DO SENHOR DOS PASSOS DE 1914

PROCISSÃO DO 

SENHOR DOS PASSOS 

DE 1914

 

Como estamos no período da quaresma, ou seja, quarenta dias que antecedem a Páscoa, vou trazer ao blogue "Penafiel Terra Nossa", a primeira procissão do Senhor dos Passos, realizada em Penafiel, no domingo, de 15 de Março de 1914, depois da implantação da República em 1910. 

 


 

A procissão saiu pelas 16 horas da Igreja Matriz, depois do reverendo abade desta freguesia, padre José de Pinho ter pregado o Sermão do Pretório, relembrando os momentos cruciais da vida de Jesus Cristo, refletindo sobre os acontecimentos que envolveram a condenação de Nosso Senhor Jesus Cristo à morte, pregado na Cruz no monte do Calvário em Jerusalém.

 

Capela dos Passos na Rua do Sacramento

A procissão percorreu as Ruas do Sacramento, Bom Retiro, Calçada das Freiras hoje Rua Conde Ferreira, Rua Formosa hoje Av. Sacadura Cabral, Praça Municipal, Rua Serpa Pinto actual Joaquim Cotta, Largo da Ajuda, Rua Alfredo Pereira, Largo S. Bartolomeu, Ruas Vista Alegre, Alexandre Herculano hoje Rua do Paço, Rua Direita e Largo da Matriz hoje Largo Padre Albano Ferreira de Almeida levando a seguinte ordem:

 

Foto tirada no Torrão

A procissão, abria com o rico estandarte da Confraria da Piedade e Santos Passos de damasco roxo tendo em cima em grandes caracteres as iniciais S.P.Q.R. (Divisa da antiga Roma “senatus populusque romanus”, que traduzido para português dá “senado e povo romano”, e que a igreja católica apresenta-a no pendão com que abriam as procissões, em que se representa os passos e a morte de Jesus Cristo), conduzido alternadamente por irmãos, pegando às borlas os srs. Eduardo Vianna e José Pereira Mendes Leal, presidente e vereador da câmara municipal, os reverendos João Urbano da Rocha e António Teixeira da Silva e os Drs. Joaquim Telles de Menezes e Joaquim José Nunes Teixeira Peixoto, que envergavam as suas togas.

 

Capela dos Passos na Rua do Bom Retiro
 

Seguiu-se depois a cruz da confraria. Duas alas de irmãos e mesários da confraria com opas de seda roxa, eram conduzidos os majestosos andores do Senhor dos Passos e Senhora das Dores, indo às lanternas do primeiro os srs. José Abrantes Ferreira, António Abrantes Ferreira, João Pereira de Oliveira, José Telles, Joaquim Moreira da Cunha, Alberto Francisco de Magalhães e de protector o Reverendo António Ramalho, a figura de Verónica com o sudário, o Grupo de Cantores dos Misereres, o magnífico andor da Senhora das Dores, indo às lanternas os srs. José Augusto da Silva, José Alberto Vieira, Francisco Ferreira da Cunha e António Augusto Pereira, e de protector o Reverendo António Mendes dos Reis, entre as alas de irmãos seguiam quinze anjinhos, ricamente vestidos, levando em bandeiras de prata as insígnias dos martírios de Jesus Cristo.

 

 

O pálio sob o qual transportava o Relicário do Santo Lenho, o Reverendo José Pinho, pároco desta cidade de Penafiel, acolitado pelos Reverendos Manoel Moreira Leão e Bernardo Coelho, servido de mestre cerimónias o reverendo Manoel Moreira Leão e o padre Firmino Marques Tavares, da freguesia de Milhundos.

Às lanternas do pálio, pegaram os srs. José Augusto Lopes, Balthazar Mendes da Costa, Augusto Telles de Oliveira e João Lemos de Sá Pereira, em quanto às varas pegaram os srs. Henrique Pires Chumbo, José da Cunha Mello, António Alves Ferreira, António de Oliveira Pacheco, António Mendes Alves e Joaquim Moreira, indo atrás do pálio a banda de música de Freamunde e grande número de pessoas. 

 

Capela dos Passos na Praça Municipal

Serviram de guias os srs. José Coelho de Barros, Jorge Pinto, José Marques e Joaquim de Freitas Abreu.

A mesa da Confraria de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos fez-se representar pelos srs. José Maria Pinto Monteiro, Miguel Gomes Teixeira, Clemente Fortunato da Silva, António José de Freitas Guimarães, Manoel Moreira Guedes e Mello, Alberto Coelho dos Santos Oliveira, Victorino José Pereira da Silva, José Ferreira Vianna e Augusto António de Almeida.

 

 

Pouco passava das 17,30h, quando a procissão depois de percorrer todos os Passos, recolheu à Igreja Matriz, onde o reverendo dr.  António de Castro Meirelles, um dos mais reputados oradores do país, subindo ao púlpito, pregou o sermão do Calvário. 

Como devem ter reparado, esta procissão que costuma ser nocturna, realizou-se durante a tarde.

 

 

Sabendo nós que o relacionamento da primeira república com a Igreja não era muito “católica”, a Mesa da Real Confraria de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, em comunicado agradeceu a todos que tomaram parte na procissão, e assinala que não houve, durante o percurso, a menor nota discordante, o que registaram com muita satisfação. 

 

 

Para depois rematar com esta alfinetada aos governantes republicanos:

Os milhares de pessoas que pejaram as ruas da cidade descobriram-se, sem uma única excepção, respeitosamente à passagem do religioso cortejo, o que nos veio provar, mais uma vez, as crenças profundas do nosso povo e o mal avisado que andam os que, sem proveito para ninguém, procuram ferir-lhas.

Hoje, como vemos estes azedumes estão dissolvidos, com benesses de um lado e benzeduras do outro, e o povo, ontem como hoje, lá continua a tirar o chapéu e a ajoelhar-se à passagem dos cortejos religiosos, fazendo o papel de “anjinho”, diante de cortejos partidários de pseudo “democratas”, desta pseuda “democracia”. 
 
 
 

A todos que por aqui passam, desejo uma Santa e Feliz Páscoa, e em especial aos penafidelenses, uma boa Senhora da Saúde.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho