27 maio 2014

ESCOTEIROS DE PENAFIEL


 ESCOTEIROS DE PENAFIEL

GRUPO 22

Tenente Álvaro Mello Machado

O primeiro grupo de Escoteiros em terras portuguesas, foi criado em 1911 pelo sr. 1.º Tenente Álvaro Mello Machado em Macau. No ano seguinte, este jovem oficial de marinha regressou a Lisboa onde promoveu a criação do 2.º grupo de escoteiros em Portugal. Entretanto surge um novo agrupamento no Liceu Pedro Nunes. 


Com a colaboração do grande pedagogo Dr. Sá Oliveira, então Reitor do Liceu Pedro Nunes, e de Roberto Moreton, lançou as bases da Associação dos Escoteiros de Portugal da qual viria a ser Escoteiro-Chefe Geral, com o Reitor Sá Oliveira dirigindo a Presidência.

Dr. Sá Oliveira 1.º Presidente da AEP
Foram estes dois grupos de Lisboa, juntamente com o grupo N.º1 de Macau, que em 6 de Setembro de 1913 fundaram a Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP).

Logotipo da Associação dos Escoteiros de Portugal

Desde a sua fundação, alheia a credos religiosos e partidarismos políticos, conseguiu a AEP a admiração e o respeito do povo e dos primeiros governos da República, graças à acção desenvolvida pelos escoteiros e dirigentes nos chamados anos heróicos do Escotismo Português, que se estendem até ao início de 1920.
Em 1923, a Igreja Católica idealizou criar outra associação escotista, mas com caráter confessional, destinada exclusivamente aos jovens que professavam a religião Católica Romana. Assim nasceu o "Corpo de Scouts Católicos Portugueses", mais tarde "Corpo Nacional de Scouts".

Por desconhecimento da pronúncia inglesa e inspiração no escotismo católico francês, a expressão "scout" era pronunciada à maneira francesa: "secúte". E, embora com outro desfecho, a história repetiu-se - os responsáveis daquele movimento católico tentaram encontrar uma palavra portuguesa que soasse ao ouvido de uma maneira próxima de "secúte" e com um significado ajustável. Escolheram o "escuta", justificando que, para além da semelhança fonética, o "scout" era atento e observador e, por isso, se adequava ao significado da palavra. Apesar de ser um conceito muito redutor veio a vingar, dando origem ao "Corpo Nacional de Escutas".

Baden Powell

No dia 4 de Março de 1929, Baden Powell (fundador do escotismo), visitou a cidade de Lisboa, acompanhado da esposa e filhas, sendo aguardado no cais da Rocha Conde d'Óbidos por grupos de escuteiros do “Corpo Nacional de Scouts” e da “Associação de Escoteiros Portugueses”, e populares desejosos de conhecer uma das mais representativas figuras mundiais da época.


No dia seguinte, 5 de Março de 1929, o general Baden-Powell seria recebido no salão nobre do Palácio da Cidadela, em Cascais, pelo Presidente da República, General Óscar Carmona.
 


Se todos estes acontecimentos, a nível nacional tiveram a sua influência na juventude portuguesa, a nível local outros factores se juntaram. 

A inauguração do busto de Egas Moniz, no dia 16 de Junho de 1927, onde estiveram presentes os escoteiros do Porto e Marco de Canaveses.

Sargento António Rocha

Por iniciativa dos ilustrados sargentos de Infantaria 6, sr. Francisco Magalhães Brochado, Otelo Pinto Laranjeira, José Ferreira de Lima e António Rocha, está em organização nesta cidade, um grupo de escoteiros que conta grande número de inscritos.

No dia 7 de Julho de 1935, o Grupo 15 do Porto visitou esta cidade e acampou no Campo Torres Novas. Pelas 15h, o seu chefe realizou no Cine-Clube uma palestra sobre o escotismo.

Entretanto apareceu na cidade a propagar um boato, o que levou a Comissão Organizadora a lançar um comunicado na imprensa local, para desvanecer quaisquer dúvidas sobre o Grupo Escoteiro em formação.

Eis o comunicado:

Tendo constado, que alguém propalara que o Grupo de Escoteiros em organização nesta cidade tinha o caracter anti-religioso, a Comissão Organizadora do referido Grupo, torna público de que é completamente falsa essa afirmativa, porquanto, desde princípio se procurou tornar público e notório de o Grupo em organização seria alheio a credos religiosos e políticos e por isso, essa neutralidade não pode nem deve de forma alguma representar caracter anti-religioso, mas sim permitir a qualquer dos componentes do Grupo siga, conforme entender as suas crenças.

Campo do Conde de Torres Novas

Apesar de todas estas peripécias, o Grupo 22 de Escoteiros de Penafiel, nasceu com uma cerimónia realizada no dia 25 de Agosto de 1935, pelas 15,50h, no Campo do Conde de Torres Novas (Campo da Feira), onde se procedeu à cerimónia do compromisso do Escoteiro a prestar pelos componentes do Grupo local.

Assistiram delegações dos Grupos N.º15, 41, 58 e 116 da Associação dos Escoteiros de Portugal.

Pelo Chefe do Grupo 116 sr. Pinto Bastos, foram dirigidas algumas palavras, cheias de fé patriótica e espírito escotista, aos Escoteiros desta cidade.

Em seguida ao compromisso, as madrinhas dos novos Escoteiros do 22 desta cidade, entregaram-lhes o chapéu e o bastão, armando-os Escoteiros, como outrora eram armados os cavaleiros medievais.

As autoridades estavam representadas:

Comandante Militar – Tenente Filipe Gonçalves
Comandante do RI 6 – Capitão Pinto da Silva
Administrador do Concelho – Manoel Coelho Pereira
Bombeiros Voluntários de Penafiel – Grande número de componentes do corpo Activo.
Chefe do Núcleo do Porto da Associação dos Escoteiros de Portugal – Em virtude de estar de visita às nossas colónias, o Coronel Namorado de Aguiar fez-se representar pelo seu adjunto Frederico de Matos.

O tenente Eduardo Maria Correia Gaspar, chefe do Grupo 22 de Penafiel, dirigindo-se aos seus subordinados e à assistência, mostrou-lhes os fins altruístas e educativos do escotismo e terminou por exortar os Escoteiros a serem cada vez mais dignos do nome que usam.

Mandando a lei do Escoteiro manterem-se sempre alegres e bem dispostos, como os componentes dos Grupos visitantes procuraram e conseguiram com os seus recitativos e canções, conservar a assistência ora em gargalhada, ora em meditação de amor pátrio.

E pronto meus amigos, assim começou o Escotismo em Penafiel, e o Grupo 22 da Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP).

25 maio 2014

BLUES BREAKERS



BLUES BREAKERS
E OS BLUES ELÉCTRICOS

John Mayall - Hughie Flint - Eric Clapton - John Mc. Vie

Se há um género musical que eu aprecio, é os blues elétrico.
 
O blues elétrico é um tipo de blues distinguida pelo uso da amplificação do som da, guitarra elétrica, baixo, bateria e, frequentemente harmónica.  

Embora este género musical tenha nascido em Chicago nos Estados Unidos, foi-se desenvolvendo em várias regiões tais como o Memphis Blues e o Texas Blues.

Entretanto os blues são adotados no Reino Unido, mas executado em guitarras elétricas dando origem a um novo estilo de Blues.

O auge desse movimento de blues britânico veio com John Mayall, que se mudou para Londres no início dos anos 60 e formou os Blues Breakers.

Eric Clapton que tinha acabado de sair dos Yardbirds, por achar que eles estavam a seguir uma linha muito pop, junta-se à banda de John Mayall, mais virada para os blues.
Capa do Disco

O resultado desta união, não podia ser melhor, podendo Eric Clapton mostrar tudo que lhe ia na alma, sendo gravado um dos melhores discos de blues elétrico desse ano de 1966.

O disco intitula-se “Blues Breakers John Mayall with Eric Clapton”, e universalmente, considerado o primeiro disco de Eric Clapton.

Neste altura a banda era formada por:

John Mayall – Voz, piano, órgão e harmónica.
Eric Clapton – Voz e guitarra.
John Mc Vie – Guitarra baixo.
Hughie Flint – Bateria.

Quando Eric Clapton aparece com os seus solos de guitarra, os seus fãs, não resistiram à tentação de pintarem num mural da estação de metro de Islington: “Clapton is God !”.


Claro que não passou de um exagero, mas era o que lhes ia na alma.
Através do som deste disco, já se podia antever a carreira que viria a criar a solo Eric Clapton.

Vamos ficar com a primeira faixa “All Your Love”, do LP “Blues Breakers John Mayall with Eric Clapton”, e francamente, espero que gostem.



- Bom domingo!

20 maio 2014

POR CAUSA DOS CÃES VADIOS



POR CAUSA DOS CÃES VADIOS
NO MELHOR PANO, CAI A NÓDOA


Em tempos do antigamente, volta e meia aparecia na cidade de Penafiel uma quantidade de cães vadios, a vaguearem pelas ruas da urbe.

Há cinquenta anos atrás, quem não se lembra de andarem uns homens com redes a caçarem os cães e a levarem-nos para o canil. Se entretanto o dono aparecia a reclamar o cão, pagava uma multa e levava o mesmo para casa, caso contrário esperava-os a pena capital.

Hoje isso não se passa, porque existem muitos bons corações penafidelenses que os acarinham e os tratam em suas casas. Aqui está um bom exemplo para ser medalhado no 3 de Março.

Nos anos 30 do século passado, o decreto N.º 18725 dizia ser obrigatório o registo de animais de espécie canina, na secretaria da câmara municipal, o qual será feito por meio de simples declaração prestada directamente naquela secretaria e deve constar: número, sexo, raça, sinais e categoria (caça, guarda ou de luxo).

Por este registo pagarão os interessados as seguintes taxas anuais:

Cães de Guarda - 2$50.

Cães de Caça - Os primeiros três 10$00, e os que excedem os três 5$00.

Cães de Luxo - 50$00.

A falta de registo importa para os proprietários uma multa de 100$00 por cada cão.

Com tanto imposto e multa, o que resultou foi o abandono de mais cães, na via pública.


Para combater tal situação, foi consultada a Sociedade "Protectora" dos Animais, que em vez de os defender, vejam o remédio encontrado para tal mal, o qual passo a citar:

A fim de evitar os processos bárbaros e violentos, empregados em alguns pontos do país, na extinção de cães vadios, a Sociedade "Protectora" dos Animais, enviou às câmaras municipais e administrações de concelhos uma circular com uma receita indicando a forma considerada mais rápida para o extermínio desses animais.

As instruções fornecidas por aquela Sociedade são as seguintes:

O cianeto de potássio é o veneno hoje preferido para a ocisão dos pequenos animais domésticos e deve ser confiado à guarda de pessoa da máxima confiança.

A solução é saturada e aplica-se em dose, pouco mais ou menos, de meio decilitro por cada animal. Com uma borracha N,º2, de pipo de arco, introduz-se aquela quantidade na boca, cuja mucosa absorve rapidamente essa substância tóxica.

Isto para os animais dóceis.

Para os que são mal-intencionados, isto é, para os que pretendem morder, é suficiente untar a extremidade fixa de um pau, com banha, e pulverizar com cianeto reduzido a pó e chegá-lo à boca do animal.

A pessoa que estiver em contacto com o veneno deverá, tanto quanto possível evitar respirá-lo tapando as narinas e a boca, triturando depois o veneno com o martelo, dentro de um jornal bem dobrado.

É conveniente, sobretudo, quando as mãos estejam feridas, usar umas luvas.

Aqui vemos que uma Sociedade dita "Protectora dos Animais", que em vez de proteger os animais, anda a receitar a maneira de os liquidar.

Muitos amigos, defensores dos animais, ao lerem isto, até se vão passar, pois é caso para dizer, que no melhor pano cai a nódoa.


18 maio 2014

ESTAMOS NESSA FANHAIS

ESTAMOS NESSA FANHAIS
“QUE SE LIXE A TROIKA”

No Hospital Padre Américo - Penafiel

Hoje lembrei-me de festejar a “saída” da Troika, embora fiquem cá os seus sipaios e acólitos, com o cantor Francisco Fanhais. 

Com 10 anos entrou para o seminário de Santarém. Depois foi para os seminários de Almada e Olivais, onde termina o curso de Teologia.

Em 1964 é ordenado padre e em 1969, como professor de Moral começa a interessar-se sobre a realidade à sua volta. As aulas eram no Barreiro, terra onde ele conhece José Afonso que o incentivará a cantar canções de intervenção.


Apresentado aos organizadores do programa Zip Zip (Carlos Cruz, Raul Solnado e Fialho de Gouveia), pelo José Afonso, acontece que a censura coloca problemas na sua actuação. Primeiro porque não era bem visto um padre ir cantar à televisão e ainda por cima canções com um certo cariz de envolvimento social. 

O Zip Zip era um dos programas com maior audiência no país e quando as coisas se começaram a azedar, Raul Solnado colocou as coisas neste ponto: Ou o Padre Fanhais canta, ou o programa acaba aqui. Foi então que lá veio a autorização para o Fanhais poder actuar no teatro Villaret em Lisboa, onde era gravado o programa ao sábado e transmitido pela RTP na segunda-feira seguinte à noite.


É através da etiqueta Zip Zip que grava o seu primeiro disco intitulado Corpo Renascido.


Ainda em 1969 lança o disco Cantilenas, e aparece na capa do primeiro número da revista Mundo da Canção, editada em 19 de Dezembro de 1969.


Em 1970 grava e edita o seu disco "Canções da Cidade Nova", com arranjos de Thilo Krassman. As músicas deste disco são de sua autoria e as letras de consagrados poetas, como Sophia de Mello Breyner, Manuel Alegre e António Aleixo.


"Cantata de Paz", com letra de Sophia e o famoso refrão "Vemos, Ouvimos e Lemos, Não Podemos Ignorar", torna-se um dos hinos de resistência ao regime derrubado em Abril de 74.


José Afonso escreve uma "Dedicatória" na contracapa do LP, que reza assim: "Tu que cantas, Defronte, De faces atentas, e Seguras, Faz do teu Canto, Uma funda, Nesse lugar, Entre outras mãos mais fortes, E mais duras, Te estenderei, A Minha mão fraterna. Canta Amigo".

Em 1971, Fanhais parte para França, porque estava proibido de cantar, de exercer o sacerdócio e de leccionar nas escolas oficiais. Torna-se militante da LUAR e só regressa a Portugal após o 25 de Abril de 74.

Em 1984 vai viver para Alvito, no Baixo Alentejo e dedica-se ao ensino de Educação Musical em escolas oficiais.

No dia 10 de Junho de 1995 é agraciado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Mário Soares.


Que me lembre, o Francisco Fanhais, já actuou em três locais distintos em Penafiel.

Primeiro no auditório do Hospital Padre Américo, depois na Junta de Freguesia de Novelas (quando esta ainda existia), e por fim no Pavilhão de Exposições, juntamente com José Mário Branco e Tino Flores sendo este concerto registado em vídeo.

Embora tenha gravado poucos discos, Canções da Cidade e Cantilenas, nesta sua passagem por Penafiel apresentou além destas canções uma mão cheia de novos temas.  


Para terminar, e como estamos nessa, nada melhor do que ficarmos com a actuação de Francisco Fanhais no concerto “Que se lixe a troika”.



- Bom domingo!