28 setembro 2014

OS MINI POP



 OS MINI POP


Esta banda foi formada na cidade do Porto, em 1969.
Dela faziam parte quatro crianças com idades compreendidas entre os 8 e 12 anos.

Estes miúdos que frequentavam a escola primária e os primeiros anos do liceu, apresentavam-se em palco com roupas extravagantes e cabelos compridos à Beatles.

Formavam Os Mini-Pop, os irmãos Barreiros (Pedro, Mário e Eugénio) filhos do manager do grupo Mário Barreiros e ainda o amigo Abílio Queirós.

Cantavam em português e inglês.

O que é certo, é que o grupo beneficiou, durante parte da década de 70, de algum sucesso comercial. 

Gravaram dois singles para a editora Zip-Zip tendo o seu maior sucesso sido uma versão de "A Casa" (Era Uma Casa Muito Engraçada). 



Em 1971, lança, o EP Certos senhores crescidos, com os temas: Certos senhores crescidos / O recreio / Ladrar à Lua / Reflections of my life



Chegaram também a actuar na edição de 1971 do Festival de Vilar de Mouros. 


Em 1972 foi editado o single "Já Não Queremos Histórias" onde contaram com a participação de José Cid.



Em 1972 assinam pela Movieplay, selo para o qual gravam um primeiro single com os temas "Delta Queen" e "Beggars Can't Be Choosers". 


Os MINI POP tornaram-se mais populares depois da sua participação no Festival RTP da Canção em 1973, onde interpretaram a canção "Menina de Luto" com a qual obtiveram um sétimo lugar. 


Em 1974 editam o single "Days Of Summer", Days Of Summer Sun / Vaya Con Dios




No ano de 1975, lançam "My Holiday Girl", com temas de Paulo de Carvalho e Mike Britton. 


Durante dez anos de carreira gravaram sete singles e participaram em cerca de 300 espectáculos. 

Também tentaram entrar em Espanha sob a designação de "Tanga", nome escolhido para a internacionalização, mas a aventura não foi bem sucedida. 

Após o fim do grupo transformaram-se nos Jáfumega, uma das bandas que marcou a década de 80 em termos musicais. Abílio, um dos seus elementos, integrou os Roxigénio.

Para recordar esta banda, vamos ouvir a canção dos Mini Pop - My holiday girl.

 



-Bom domingo!

23 setembro 2014

A PRISÃO DO GUNGUNHANA



A PRISÃO DO GUNGUNHANA


Estávamos no ano de 1961, e frequentava a 4.ª classe, na Escola Conde Ferreira, em Penafiel, quando nos foi dada uma aula diferente do habitual.

Deixamos os livros e o resto do material na carteira da sala de aula, e fomos em fila para o quartel, que fica contíguo à escola, para assistirmos ao filme “Chaimite”.


Este filme retratava as campanhas dos portugueses em África, mais propriamente a prisão do régulo Gungunhana, por Mouzinho de Albuquerque. 

Passados muitos anos, vim a saber que este quartel, está ligado a esta façanha, coisa que talvez o projetista do filme não tivesse conhecimento, já que nada disse sobre o assunto.

Realizam-se obras nos baixos do quartel, para albergar os muares e cavalos da Brigada de Artilharia de Montanha que foi deslocada de Viana do Castelo para Penafiel em 26 de Julho de 1894.

Instalado nesta cidade desde Julho de 1894, à Brigada de Artilharia de Montanha vai ser cometida a, árdua missão de participar, em África - Moçambique, no aniquilamento dos movimentos de rebelião liderados pelo poderoso régulo Vátua GUNGUNHANA, senhor das terras de GAZA, que ousara revoltar-se contra o domínio de Portugal. 


Para essa região de Africa, parte em expedição a 11 de Outubro de 1894 a Bateria da Brigada da Montanha; tendo embarcado no vapor Cazengo, chegou a Lourenço Marques em 11 de Novembro de 1894. 


Já pelo interesse que nos despertou, já pela qualidade inexcedível do teor da mensagem de despedida da 28.ª Brigada de Montanha na sua partida para Africa passo a transcrever a mesma: 

"Despedimo-nos dos ilustres oficiais da 28 Bateria de Artilheria de Montanha, predestinando-lhe, e a todos os militares, todas as possíveis felicidades; e, deste lugar donde lhes damos as boas vindas, ao entrar para o quartel d'esta cidade, esperamos felicita-los no seu regresso com toda a efusão da nossa alma, pois é presságio nosso que a sua nobilíssima missão há-de finalizar com honra e alevantado proveito para o país.
Quanto reconhecemos honroso em receber, agora, no seu feliz regresso, cobertos pelos louros da vitória, esses militares que tão sublimemente, enalteceram a Pátria em remotas plagas. Ah! Como os nossos braços são estreitos para abraça-los; pequenas as mãos para lhe lançarem flores; inexpressivas as palavras de admiração por não traduziram, literalmente, o sentimento que nos invade.
Que a 28 Brigada de Montanha receba ao menos por majestosa e rica, esta homenagem singela, este tributo genuíno saldo espontaneamente da alma em turbilhões de excelso entusiasmo! Glória e honra a essa plêiade de bravíssimos guerreiros que a história perpetuará pela Pátria, indelevelmente, agradecida"!

Os êxitos assinaláveis consolidados pelos militares da 28. Baterias da Brigada de Montanha apaixonavam a opinião pública da cidade de Penafiel que seguia, atentamente, o desenrolar das operações dos expedicionários; congratulando-se com as mensagens que, incessantemente, advindas de Africa, narravam actos de bravura e heroicidade. 


Lá longe, no distante sertão, os soldados portugueses sob a égide de seus comandantes, embora alquebrados fisicamente, mas robustecidos pela indomável coragem d'alma, com denodo e arrojo, vão arrancando troféus das mãos do inimigo e brindando com eles a Pátria - a pátria que somos todos nós.


Os penafidelenses souberam, sempre, corresponder a tão ingente heroísmo militar, com lealdade e admiração pelos "valentes" da Brigada de Artilharia de Montanha que se agigantavam, de modo memorável, nas batalhas de Chaimite, Coolella e Marrequene, em Africa. 


Serão, para sempre, dignos dos aplausos da história. 

Quantas vezes, prostrados pela fadiga por sobre um chão insalubre e desconhecido, sob um sol ardentíssimo, quantas vezes, lá desse longínquo e inóspito continente negro, lançaram os seus olhos de saudade para a pátria distante... Mas esses "valentes" expedicionários, com uma abnegação sem igual, permaneciam nos seus postos sem evasão, e ou venciam ou morriam junto do seu Comandante que é, na feliz expressão de Mouzinho de Albuquerque - mítica e lendária figura de militar- "o lugar mais glorioso em que pode morrer um soldado". 


À guisa de quadro de honra, galardoados pela auréola do Mérito Militar, desejamos distinguir: 

- Capitão Francisco de Sousa Pinto Cardoso Machado, Comandante da 2' Bateria da Brigada de Artilharia da Montanha, oficial muito intrépido e ilustre a quem foi incumbida a missão de castigar o "gentio rebelde" de Lourenço Marques, nas batalhas de Anguane e Marraquene onde demonstrou, desassombradamente, bravura e patriotismo. 


- Tenente José Alves Cabral Sacadura, é-lhes devido um largo quinhão das glórias alcançadas pelas armas portuguesas em Africa, integrou a grande expedição que tão, proficuamente, destruiu e aniquilou o poderio do GUNGUNHANA. 

- Tenente Manuel Taveira Cardoso, este notável oficial encarou a sua partida para o ultramar em 1894 com uma serenidade de ânimo invulgar, no momento de doloroso sobressalto para o país quando os cafres capitaneados pelo GUNGUNHANA chegaram, mesmo, a ameaçar a população pacífica de Lourenço Marques. 


- Tenente Aníbal Augusto Sanches de Sousa Miranda. Os últimos são sempre os primeiros. Este adágio o comprovou o brioso Tenente Miranda que tendo sido dos últimos a partir para Lourenço Marques, foi dos primeiros a conquistar flores de glória para o seu país e galardões para si. De caracter impoluto, e de uma grande firmeza de espírito, sempre que a força imperiosa das circunstâncias o postulavam, revelou-se enérgico e corajoso em extremo. Coube-lhe a glória de aprisionar, ao lado de Mouzinho de Albuquerque, o terrível GUNGUNHANA, no dia 28 de Dezembro de 1895.



Em carta expedida para o Ministro da Marinha, o Capitão Mouzinho relata como capturara a terrifica personagem - GUNGUNHANA - cuja história quase lendária ultrapassara já as fronteiras do continente Africano. A bordo do vapor "Africa" GUNGUNHANA segue sob prisão para Lisboa, pela rota do Cabo da Boa Esperança, chegando à capital no dia 13 de Março de 1896.

Cumprida que fora a sua missão, tem lugar o regresso dos expedicionários, que chegam à metrópole, no dia 1 de Fevereiro de 1896. 

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A cidade de Penafiel, vai render-lhes homenagem e vitoriar em festa, ao som de música, foguetes e flores no momento de solene consagração dos heróis, Penafiel orgulha-se dessa legião de patriotas!

21 setembro 2014

PETRUS CASTRUS



PETRUS CASTRUS


Esta banda formada em 1971, era constituída pelos seguintes elementos:

Pedro Castro - voz, guitarra e baixo
José Castro - teclado, sintetizador e voz
Júlio Pereira - guitarra
Rui Reis - órgão
João Seixas –  bateria

O nome da banda vem da tradução latina de Pedro Castro.

Conseguem um contrato discográfico com a Valentim de Carvalho e editam dois EP’s com os títulos "Marasmo" e "Tudo isto, Tudo Mais", respectivamente em 1971 e 1972, que foram muito bem recebidos pela crítica.

Desvinculam-se da editora e assinam pela recém-formada Sassetti onde editam o seu álbum de estreia intitulado "Mestre".

"Mestre" é constituído por músicas com poemas de Bocage, Alexandre O’Neill, Ary dos Santos, Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner Anderson.

O facto de terem gravado estes poetas vale-lhes a confiscação do disco por três meses pela famigerada Comissão de Censura. 


Editado em 1973, «Mestre» de Petrus Castrus é, à distância, um dos melhores momentos do pop rock nacional e um dos mais interessantes (e ignorados) álbuns da primeira metade dessa década.
O facto de o disco ter sido proibido pela censura e a enorme repercussão artística e cultural da canção de intervenção após a Revolução de Abril de 1974; fizeram com que «Mestre» fosse apenas redescoberto há bem pouco tempo, com a reedição em CD em 2008. 

Pouco tempo depois da gravação do disco, Júlio Pereira sai, para formar os mais rockeiros Xarhanga, com os quais gravaria dois singles. Mais tarde, Júlio Pereira ficaria ligado à nova música popular portuguesa com a edição do disco Cavaquinho e abandonaria, definitivamente, o Rock.

 

Ainda antes do 25 de Abril de 1974, os Petrus Castrus gravaram o single "A Bananeira", só editado depois dessa data.

A atitude de sátira social, desde sempre associada à banda e por ela assumida, não tinha nada a ver com as propostas musicais surgidas no pós-revolução, em que se tentava dizer de uma só vez o que esteve escondido durante muitos anos, através da chamada música de intervenção.

Como a banda não se sentia confortável nesse papel, suspende as suas actividades.

João Seixas e Rui Reis ingressam nos Plutónicos, mais tarde Ferro & Fogo. No entanto, João Seixas haveria de reencontrar Júlio Pereira, quando fez parte da banda do autor de “Cavaquinho”, em concertos ao vivo.

Os irmãos Castro partem para o estrangeiro para regressar em 1976, licenciados em economia e engenharia.




Em 1976 a banda retoma actividades com um novo LP intitulado "Ascensão e Queda". Em trio, com os irmãos Castro e Miguel Urbano na bateria, os Petrus Castrus contam, ainda, com as participações de Fernando Girão (Very Nice), Lena d’Água e Nuno Rodrigues (membro da Banda do Casaco).

Embora seja um fracasso comercial e tenha sido arrasado pela crítica da época, hoje esse disco é procurado, sobretudo pelos coleccionadores de música progressiva.

Ainda gravaram mais dois singles, "Cândida" e "Agente Altamente Secreto", mas só será editado o primeiro.

Chegaram a dar alguns concertos ao vivo e desapareceram.


Em 22 de Agosto de 2013 os Petrus Castrus organizaram um concerto no famoso Café Império, em Lisboa. Mais de 300 pessoas vieram assistir ao retorno da banda.

A discografia dos Petrus Castrus:




MARASMO [7"EP, Decca-VC, 1971]


TUDO ISTO, TUDO MAIS [7"EP, Decca-VC, 1972]

 MESTRE [LP, Guilda da Música, 1973]

 A BANANEIRA [7"Single, Guilda da Música, 1974]

 
CÂNDIDA [7"Single, Imavox, 1977]


ASCENÇÃO E QUEDA [LP, Decca-VC, 1978]

 MESTRE - Agente Altamente Secreto (Single de 1977 não editado; ambos os temas surgem como bónus na reedição em 2008 do CD Mestre.


Para relembrar Petrus Castrus, vamos ouvir Mestre, fazendo-nos lembrar o rock progressivo de Genesis, ou dos YES, agrupamentos musicais britânicos em voga, nessa época.

Mestre
Nada de novo debaixo do Sol
Nada de justo debaixo dos Céus
Apensas teus servos suados
Arando lentamente
Na tarde quente




- Bom domingo!