01 fevereiro 2023

ZEFERINO DE OLIVEIRA NO BRASIL

 ZEFERINO DE OLIVEIRA

NO BRASIL

 




Faz no dia 4 de Fevereiro 153 anos que nasceu na Casa da Lapa, na freguesia de Croca, concelho de Penafiel, Zeferino Rebelo de Oliveira.

Aos 17 anos, deixou a sua terra que o viu nascer, e com o apoio da família, emigrou para o Brasil, como era muito comum naquele tempo, estabelecendo-se na capital do Brasil à época, a cidade do Rio de Janeiro.




Aqui, começou modestamente, como simples empregado. À noite, ia para o Real Gabinete Português de Leitura, onde passava horas lendo.





Procurava aprender sobre história, geografia, política e economia. Entretanto também cresceu o seu gosto pelas artes, das quais, mais tarde, se tornaria um protetor generoso e benemérito abnegado.




Casou-se com Anna da Fonseca Oliveira tendo 4 filhos, dos quais o mais conhecido dos penafidelenses é Mário de Oliveira, fazendo o seu nome parte da toponímia da cidade, vindo a esta terra inaugurar o busto de seu pai Zeferino de Oliveira (Outubro de 1934), busto esse oferecido por amigos brasileiros de Zeferino de Oliveira, e entregue a esta cidade pelo Sr. Raul Monteiro Magalhães em representação dos mesmos e que se encontra no parque com o nome do maior benfeitor desta cidade de Penafiel, Zeferino de Oliveira, até os arrumadores da história o mudar de nome.





Progrediu vertiginosamente com a idade. Fundou fábricas, organizou sociedades anónimas, criou um grande banco e cerca de doze indústrias diferentes, todas largamente desenvolvidas e com importância grande para o panorama económico fluminense.



O Palacete da Companhia Luz Esteárica, em São Cristóvão, era utilizado por Zeferino e pela diretoria da empresa para reuniões e recepções.

Destacando-se dentre suas maiores empresas, o Banco Português do Brasil, o Moinho da Luz, a Companhia da Luz Stearina e sabão, Cervejaria Hanseática a famosíssima e Companhia de Fumos Veado, a Fábrica de Calçados Polar, Casa Heitor Ribeiro e Cia, Cerâmica D.Pedro II, Cia Continental de Seguros, dentre outras. Tinha também grandes capitais empregados na Indústria de óleos vegetais.




Um homem conhecido como muito bondoso, estendia sua generosidade por diversos institutos de beneficência e caridade, tais como a Assistência Dentária Infantil e a Casa do Bom Socorro. Era Director de diversas instituições portuguesas, inclusive da Beneficência Portuguesa – hoje, Hospital Glória D’Or, de onde era o Vice Presidente.




Tendo feito fortuna no Brasil, não se esqueceu das suas raízes na terrinha portuguesa, da sua Terra Natal e dos seus. Em Croca, além de ajudar seus familiares, preocupou-se com a educação da população, construindo uma Escola que até hoje leva seu nome. Empregou parte da sua fortuna em Penafiel, na Igreja e no parque que rodeia o Santuário de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, e no Hospital da Misericórdia, inclusive pagando a Sopa dos Pobres.




O Ministro da Instrução Pública Alfredo de Magalhães do Governo de Portugal, por proposta sua a 1 de Novembro de 1927, para condecoração com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, a Zeferino Rebelo de Oliveira. No entanto este processo não foi concluído por falta de esclarecimentos solicitados, acabando por não ser atribuída tal condecoração, sendo o processo arquivado em 22 de Dezembro de 1927.




Zeferino de Oliveira faleceu em casa, no dia 11 de Junho de 1929.



Após a sua morte, um artigo assinado por Luís Palmeirim, publicado no semanário brasileiro “Jornal Português” diz sobre Zeferino de Oliveira o seguinte:



A vida de Zeferino de Oliveira, todos os que o conheceram o afirmam, que foi uma vida de honradez perfeita.

Os negócios bons e maus foram sempre feitos ás claras. A confiança na sua palavra valia uma escritura. E houve que ver no majestoso cortejo que o levou desde a Beneficência Portuguesa, ao cemitério de S. João Baptista, entre ministros e diplomatas, entre missões delegadas das mais importantes instituições do País, entre as comissões de directores das suas fábricas, a malta escondida dos humildes, dos pobres, dos operários, dos que haviam conhecido Zeferino de Oliveira e que foram salpicar o seu corpo rodeado de flores muito caras, com as pobres flores anónimas, sem letreiros e sem vaidade.

Essas, se ele as pudesse ver, as beijaria com maior orgulho que as outras, pois eram dadas por gente humilde e jogadas sobre a campa onde ia residir o Grande Morto. Lágrimas floridas de muita gente que ali foi sem automóvel e sem luxos, a sua gravatinha preta bem escovada a dizer a Zeferino de Oliveira que ficava na Terra do Brasil o corpo de um Homem-Bom, de um Português-Bom, de uma inteligência forte, destinada e nascida para exemplos de quantos chegam ao Brasil e sabem corresponder às fidalguias do mais moço filho do Velho Portugal!

Essa foi a mais linda apoteose que poderia ser feita a um português que o soube ser e tanto e tão bem que soube ser muito amigo do Brasil!”





Por iniciativa da família e amigos que através do Sr. Hildebrando de Góis que levou ao prefeito um abaixo assinado solicitando autorização para a colocação de um busto de Zeferino de Oliveira, no campo de São Cristóvão, por ter sido ele um industrial português que foi proprietário de vários imóveis na região de São Cristóvão, onde uma rua leva seu nome, homenageando sua atuação como empresário,benfeitor do Clube Vasco da Gama, e filantrópico do bairro, principalmente após a doação de uma creche à prefeitura da cidade, sendo o mesmo colocado em Abril de 1947.




Devido a obras urbanas, o mesmo foi retirado em Setembro de 1991 e transferido para o depósito da Prefeitura, sendo reinstalado e reinaugurado em 7 de Setembro de 2011.




Enquanto por cá, Zeferino de Oliveira é colocado num canto sem encanto na cidade a quem tanto doou, e os arrumadores da história vão ganhando cada vez mais coragem para trocarem o seu nome do parque que circunda o Santuário por uma tabuleta a dizer Parque do Sameiro, nome plagiado da cidade de Braga. É que ao consultar a página da Câmara Municipal de Penafiel sobre o busto de Zeferino de Oliveira, fiquei a saber que o mesmo se encontra no Parque do Sameiro.



Nestas actualidades Luso-Brasileiras... Assim vai o mundo! Numa cidade que muito deve a Zeferino de Oliveira, apenas encontro uma palavra, para retratar o modo como está a ser tratado... INGRATIDÃO.

Fernando Oliveira – Furriel de Junho