21 junho 2018

FLOCOS DE NEVE

FLOCOS DE NEVE



Claro está, que estes flocos de neve, nada têm que ver com a meteorologia, mas sim com uma revista popular em 2 actos e 10 quadros, levada à cena no Cine Club no dia 18 de Maio de 1940, por um grupo de alunos e alunas do Colégio de Nossa Senhora do Carmo, desta cidade de Penafiel, com a colaboração da distinta amadora Mimi Iglésias, sendo a revista escrita pelo Sr. Arnaldo Passos.

Leves e graciosos os números foram-se sucedendo, deixando bem disposta a plateia, que no final do espectáculo aplaudiu de pé.

O desempenho foi soberbo, visto que algumas das gentis actrizes já tinham pisado o palco em espectáculos no Recreatório Infantil, embora outras fosse a primeira vez que o faziam, mas todas e todos actuaram com responsabilidade dando boa conta de si.

Sem melindres, mas Vergínia Machado, especialmente no papel de “Ermelinda”, a endiabrada Maria de Lourdes e a Silvana Coelho, foram admiráveis.

António C. Pinto sobressaiu no “Sonho do Amor” e ainda na “Aldeia”, tendo cantado com muita naturalidade.

Maria Zé Teles cantando “Saudade”, Antonieta Viana, “Um belo craveiro” e as outras Aurora Santana, Manuela Viana, Maria Moreira e Augusta Campos, todas elas actuando com graça e frescura.

Mimi Iglésias encantou com a sua admirável e linda voz em tudo que disse e cantou.

Casimiro Nogueira foi um bom animador e estava seguro do ingrato papel.

Evaristo Pereira, Rui Barbosa, Joaquim Nunes e Fernando Coelho, desempenharam bem os seus papeis dançando e cantando bem.

Fernando Baptista, foi bem no “Antiquário” e soberbo em “Lobo do Mar”.

O ponto esteve a cargo de João Pinto Matos que disse baixinho toda a revista.

A música original e adaptada aos números e ás vozes, foram dos srs. Padre Oliveira Manarte, Eduardo Liz e Joaquim Serrano, tendo a orquestra sido dirigida pelo sr. Eduardo Ferraz Liz.

O bonito libreto e os cenários um primor, foram de autoria de German Iglésias, que mais uma vez mostrou a sua arte, seu bom gosto e saber.

Pepe Iglésias na complicada engrenagem da maquinaria dos bastidores.

O guarda-roupa foi executado por Zulmira Iglésias.



Os alunos e alunas que fizeram parte destes Flocos de Neve, não só honraram o nome do Colégio de Nossa Senhora do Carmo, como o da cidade de Penafiel, já que todos estes cultivadores da arte de Talma, eram seus filhos.

O êxito foi tal, que no dia 26 de Maio de 1940, a revista Flocos de Neve subiu novamente à cena do Cine Club, tendo o pianista Eduardo Liz executado ao piano dois novos trechos musicais que deliciaram a assistência, assim como um novo número intitulado “Viva Portugal”que foi muito aplaudido.

Desta vez o produto desta récita reverteu totalmente a favor do Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel.



O bairrismo dos penafidelenses não se fez rogado, e encheu por completo o Cine Club para assim generosamente auxiliar o nosso primeiro estabelecimento de assistência que tanto enobreceu Penafiel, pelos serviços que prestou ás classes pobres.

Assim, ficamos a saber, que em tempos que já lá vão, a par dos estudos, alunos e alunas do Colégio de Nossa Senhora do Carmo, tinham como passatempo extra curricular, a arte de representar para proporcionarem algumas alegrias, no meio das agruras da vida estudantil.