30 outubro 2012

A ELÉCTRICA



EMPRESAS DISTRIBUIDORAS
DE ENERGIA ELÉCTRICA EM PENAFIEL

A eléctrica
Este prédio branco que se vê na foto, era conhecido pelos penafidelenses como, “A Eléctrica”, devido a Luís Madureira montar no seu interior maquinaria, que produzia energia eléctrica para abastecer a cidade de Penafiel pela primeira vez. 

Antes de ser demolido para dar lugar ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Penafiel, nele funcionou o armazém de materiais dos Serviços Municipalizados de Penafiel. 

A primeira distribuição pública de electricidade foi montada em Nova Iorque em 1882. Trinta anos depois Penafiel, era iluminada por corrente eléctrica.

Trabalhadores com o obreiro da Empresa Produtora de Electricidade. De pé: Zé (Novelos), Silva, Sá Reis, José Madureira, Luís Madureira e Carvalho. Sentados: Zé da Rocha e Tavares (com cordas na mão).

1912 – A 22 de Dezembro, cerca das 19 horas, era inaugurada na Avenida Pedro Guedes, a Central Eléctrica.

O obreiro deste empreendimento foi Luís Madureira, natural de Lisboa, proprietário e residente em Milhundos. Logo que a mãe de Luís Madureira fez funcionar a maquinaria, uma prolongada salva de palmas fez-se ouvir enquanto, os dínamos imprimiam uma velocidade de 1200 rotações por minuto. Sendo então criada a Empresa Produtora de Electricidade.

1919 – A primeira empresa baqueava e a Eléctrica-Indústria do Norte dava continuidade ao projecto anterior.

1932 – 25 de Junho, a Câmara Municipal de Penafiel tomou conta da primitiva Central Eléctrica, da rede e de toda a aparelhagem, por falta de cumprimento das disposições contidas no caderno de encargos, que fazia parte do contracto de 2 de Março de 1912.

1945 – 24 de Fevereiro, a Câmara Municipal de Penafiel cria os Serviços Municipalizados de Penafiel, os quais, têm ao seu encargo a distribuição da Água e da Electricidade ao concelho de Penafiel, tendo o acto sido oficializado a 30 de Janeiro de 1946.

1986 – 1 de Outubro, os Serviços Municipalizados foram integrados na Electricidade de PortugalE.D.P. / E.P., (actualmente a E.D.P., já não é empresa pública).

28 outubro 2012

NUNO FILIPE CANTA MARIA TERESA HORTA



Nuno Filipe 
(pseudónimo de José Manuel Barros), cantor e compositor da poesia de Maria Teresa Horta.


Nuno Filipe chamava-se José Manuel Souto Guerra de Barros. Nasceu a 27 de Janeiro de 1947, em Angeja, e faleceu em 2002, em Lisboa.

Todas as canções, quer a solo quer para outros, têm poema de Maria Teresa Horta e música de Nuno Filipe.

Nuno Filipe grava com Maria Teresa Horta
Começou a interessar-se pela música ainda estudante e enfileirou, desde logo, no grupo dos jovens que procuravam novos rumos para a canção portuguesa, com a colaboração da poetisa Maria Teresa Horta. 

Foto de Maria Teresa Horta

Deixou apenas quatro discos (3 EP's e 1 single), e ainda 3 canções suas que constituem um EP de Teresa Paula Brito. Sempre a partir de poesia de Maria Teresa Horta.

Capa do EP NOSSAS CANÇÕES

A seu EP “Nossas Canções” é um exemplo da qualidade que Nuno Filipe desejava para o seu trabalho. É considerado um trabalho notável dentro do rock português (com aproximações ao psicadelismo e prenunciando já algum hard rock, em "As Barcas") da década de 1960 pela destreza e talento com que combinou excelentes poemas de Maria Teresa Horta com a música inspirada de Nuno Filipe. 



Discografia a solo:

EP "Tema para um Discurso", Philips, 1967
EP "A Feira", Philips, 1968
EP "Nossas Canções/1", 1969, Sonoplay
Single "Nossas Canções/2", 1970, Movieplay

Escrita conhecida para outros artistas:
- Teresa Paula Brito, 3 canções no EP "Minha Senhora de Mim", 1971, Moviplay, com poemas de Maria Teresa Horta e músicas de Nuno Filipe. Os quatro poemas pertencem ao livro "Minha Senhora de Mim" de Maria Teresa Horta que foi proibido pela PIDE.

- Sexteto Vocal Garvava, canção "Deserto", 3º lugar no XI Festival da Figueira da Foz, em 1971 (não editada em disco)

Com esta “Cantiga da Manhã”, extraída do seu terceiro disco, sendo acompanhado pelo Conjunto Universitário Álamos, com direcção e arranjos de Rui Ressurreição, espero ligar o nosso canal à memória da música dos anos 60.



Na altura, gerou controvérsia a letra de "Cantiga da Manhã", mas passados 50 anos bem precisamos de lavar novamente "os olhos com a sua lã".

27 outubro 2012

ANTÓNIO LOBO ANTUNES



ANTÓNIO LOBO ANTUNES
NA ESCRITARIA 2012 EM PENAFIEL

Como todos os escritores homenageados pela Escritaria, deixam uma frase sua em qualquer recanto da cidade,António Lobo Antunes não fugiu à regra.



Pelas 16 horas do dia 26 de Outubro de 2012, António Lobo Antunes destapa a sua frase, escrita no muro situado na Rua do Paço em Penafiel.



“escrever é um trabalho que se faz por paixão, com muito sacrifício, com muitas olheiras.”

Por toda a cidade, há algo sobre a vida e obra de António Lobo Antunes.



Nos passeios grandes placares, nas montras dos estabelecimentos comerciais também se encontram referências ao escritor, e até frases suas, aparecem nas varandas de ferro forjado dos edifícios.


Nas caixas de papelão espalhadas pela urbe, que para além de um conto de António Lobo Antunes impresso no seu exterior, no seu miolo encontra uma crónica e um aerograma enviado dos Cus de Judas à sua mulher, endereçado desta vez, ao visitante da escritaria em Penafiel, que pode levar para sua casa este pedaço de literatura e usá-lo da maneira que entender.


A correspondência entre os militares e as suas famílias, amigos, namoradas e madrinhas de guerra era realizada através deste suporte em papel designado “aerograma”. Os de cor amarela eram destinados ao correio entre as províncias ultramarinas e a metrópole, enquanto os de cor azul faziam o percurso inverso.

Clicar na imagem para ampliar

Nestes dias de Escritaria, Penafiel fica diferente, e mesmo à meia-noite, não é uma cidade qualquer.

23 outubro 2012

O ABADE DE JAZENTE



O ABADE DE JAZENTE


Paulino António Cabral- Poeta Paulino António Cabral, Abade de Jazente, nasceu na Quinta do Reguengo, na freguesia de S. Pedro da Lomba, a 6 de Maio de 1720, sendo conhecido pela sua poesia sarcástica, crítica da sociedade da época em que viveu. 

Filho de João Cabral Moreira e Ana Cerqueira Pereira, formou-se em Cánones pela Universidade de Coimbra, em 17 de Junho de 1741. Em 1752, foi nomeado abade da freguesia de Jazente, onde viveu 30 anos (até 1783) e donde lhe veio o nome de Abade de Jazente, pelo qual é, geralmente, conhecido. Morreu em 20 de Novembro de 1789, tendo sido sepultado na Igreja de S. Pedro, na cidade de Amarante, por ser irmão da confraria da invocação deste santo. 
A obra legada fornece-nos preciosos depoimentos históricos e também por ela sabemos dos seus prazeres (a caça, a pesca, o jogo, a boa mesa); das suas fraquezas, do seu triste envelhecer, dos seus amores, pois revela-nos episódios concretos de um relacionamento com Nise (anagrama de Inês da Cunha). Os sonetos respeitantes a esta constituem o mais pungente drama de amor do século XVIII português.


Escreveu três sonetos ridicularizando a passagem da Vila Arrifana de Sousa, a cidade de Penafiel e um sobre o seu Bispo das Albardas.



Volta, Penafiel, volta contente

Volta, Penafiel, volta contente
Da antiga Mãe ao grémio sacro, e agora
Não te separes dela, como a Aurora
Se não sabe apartar do Sol Luzente.

Volta a beijar-lhe a mão, e obediente
No materno regaço outra vez mora;
Porque a filha, que dele se sai fora,
Não torna, como tu, sempre inocente.

Tu mesma abonas hoje esta vaidade;
Pois bem que ilesa vens, vens mais ufana
Por vir trajada em forma de Cidade.

Ninguém te contradiz: mas desengana
Esses novos adornos da vaidade
Com os outros antigos de Arrifana.



 Enfim, Penafiel, do teu Bispado

Enfim, Penafiel, do teu Bispado
Despojada te vês: tem paciência;
Que tudo o que acontece é consequência
Do sistema, em que o mundo está fundado.

Ele mudável é, e contra o fado
Não vale dos mortais a diligência;
Pois só pode fazer-lhe resistência
No mudo sofrimento um desgraçado.

Encolhe os ombros pois; e sem vaidade
Depõe a pompa, que te fez ufana
Na fugitiva luz da claridade

Pouco tempo a lograste, e se te engana
Inda o título novo de Cidade,
Recorda o nome antigo de Arrifana.


Agora sim, agora sem vaidade

Agora sim, agora sem vaidade
Podes alçar, Penafiel, a frente;
Pois já com nome novo, e florescente
Passas de Vila aos foros de Cidade.

Do teu novo esplendor na claridade
Lisonjear te podes, e contente
Ostentar sem rubor do mundo à gente
A antiga feira, a nova Dignidade.

Agora sim (se acaso não receias
Desperdiçar os timbres, que ainda guardas,
Dos edifícios teus sobre as ameias).

Agora podes nas paredes pardas
Meter por luminárias as candeias,
Estender por bandeiras as albardas.

Sobre o seu Bispo Frei Inácio de S. Caetano

"Dom Frei Inácio, e albardeiro,
Por mercê de Sebastião Marquês de Pombal
A todo o amado súbdito em geral,
Saúde, e bênção de Deus, que é verdadeiro.

Constou-nos por um nosso alcoviteiro,
Que em todo o nosso Bispado, e em Portugal,
Da dita personagem se diz mal,
Em toda a casa, na praça, e no outeiro.

Mandamos porém por santa obediência,
A todas estas boas e más fardas,
Não falem mais de sua Excelência,

Porque como Ele se vê em calças pardas,
Goza nossa protecção, e clemência,
Dom Fr. Inácio, Bispo das Albardas.


Passados 242 anos da elevação da Vila Arrifana de Sousa a Cidade de Penafiel, nunca pensei que o Abade de Jazente, tivesse nesta terra tantos acólitos.