ZÉ DO TELHADO EM XISSA
ZÉ DO TELHADO
EM XISSA – ANGOLA
José Teixeira da Silva nasceu a 22 de junho de 1818 no lugar de Telhado, Castelões – Penafiel. Aos 14 anos vai viver com um tio em Caíde de Rei, Lousada, vindo a casar aos 27 anos com a prima Ana Lentina de Campos, com quem teve 5 filhos.
Em 9 de Dezembro de 1859 foi julgado no Tribunal Judicial de Marco de Canavezes (julgamento iniciado a 25 de abril de 1859) e condenado a degredo na África Ocidental Portuguesa (Angola) para toda a vida.
Ao chegar a Luanda, foi enviado para a cárcere da Fortaleza de São Miguel, de onde saiu algum tempo depois para o presídio de Ambriz.
No dia 28 de Setembro de 1963, foi-lhe comutada a pena aplicada na de 15 anos de degredo.
É desta passagem por Ambriz, que escreve esta carta à sua esposa Ana que ficou com os seus cinco filhos nos braços.
Anna
Tenho escrevido muitas cartas e ainda de nenhuma recebi resposta tua agora faço esta por mão própria só para vêr se ella te é entregue manda-me dizer o que é passado contigo para eu d'aqui mesmo vêr se te remedeio alguns males eu entrei no perdão do casamento do Rei fiquei em 15 annos contando o dia que sahi de Lisboa se Deos me conservar ainda tenho esperança de vêr essa terra mas talvez mais prometo que tu pensas se Deos me ajudar.
Anna eu o que estimo é que tenhas saúde em companhia dos meninos e meninas a quem muito me recomendo não posso ser mais extenso que o Vapor está a sahir e com isto adeos até à vista.
Deste teo marido que a Vida te deseja por muitos annos.
Ambriz, 21 de Dezembro de 1862
José da Silva Teixeira Telhado
Escreve-me para Ambriz
Carta esta endereçada a:
Anna Lentina de Campos
Freguesia de S. Pedro de Rei de Caíde
Logar da Sobreira pelo correio de Vila-manhã
Como todas as outras cartas esta também não chegou ao seu destino.
Mais tarde é transferido para a prisão de Benguela, e aí vai conhecer Bandy, guia natural de Malanje, que mais tarde lhe será muito útil devido a dominar os dialetos falados no Sul de Angola.
Cumprida a pena, percorreu grande parte das terras do centro de Angola, acabando por aceitar o convite do seu amigo para terminar com o ziguezaguear pela então colónia e estabelecer-se em Xissa, de onde Bandy era natural. e que o acompanhou nas lides de comerciante de borracha, carne, cera, marfim e peles.
Casou-se com uma angolana, Conceição, de quem teve três filhos. Zé do Telhado era conhecido entre os locais como o “kimuezo”, o homem de barbas grandes.
Faleceu em 1875, com 57 anos de idade vítima de varíola, sendo sepultado na aldeia de Xissa, município de Mucari.
Devido ao grande número de visitas à sepultura, o município mandou construir um pequeno mausoléu improvisado com algumas chapas de telhado e um pequeno muro envolvente, regularmente visitado, e cuidadosamente preservado pela população local.
Em 2017 foi autorizada a mudança do nome da escola primária e do posto médico da localidade de Xissa para o nome de José do Telhado.
Enquanto em Angola tenta-se preservar a estória, por cá os apagadores da história andam em sentido contrário, basta para tal, ver o novo arranjo que foi executado na Av. Zeferino de Oliveira que tapou por completo as ruínas da antiga capela de S. Bartolomeu.
Fernando Oliveira – Furriel de Junho









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