31 julho 2014

CAPELA OU IGREJA DA AJUDA



CAPELA OU IGREJA DA AJUDA


Para muitos penafidelenses a igreja de Nossa Senhora da Ajuda, situada no Largo com o mesmo nome, na cidade de Penafiel, continua a ser chamada erradamente de capela.

De uma maneira sucinta, vou tentar esclarecer o assunto.

A Confraria de Nossa Senhora da Ajuda, é muito antiga, pois já em 1653 falavam que os seus estatutos já existiam, e a sua Capela ficava fora do povoado.


Com a abertura de novos arruamentos, a Capela situada no centro do largo, dificultava as ligações entre a Rua Direita e a de Cimo de Vila, e ambas com a Rua Nova (hoje Dr. Joaquim Cotta).

Assim, para construir aonde actualmente se encontra metida entre o casario do largo, a confraria teve de comprar as casas que possuía António José Rebêllo desta cidade pela quantia de cento e dez mil réis como consta do Termo da Mesa de 22 de Fevereiro de 1781, e mais comprou ao Doutor Manoel d’Araújo Gomes, e mulher desta cidade as suas casas pela quantia de cento e oitenta mil réis, constante do Termo de Mesa de 15 de Dezembro de 1781, mais comprou ao Capitão Manoel de Souza Lopes e mulher D. Anna Joaquina de Queiroz da Casa de Ribaboa freguesia de Vila Cova de Vez d’Aviz, pela quantia de novecentos mil réis, por escritura de 19 de Abril de 1785 pelo Tabellião Francisco Gomes de Carvalho, mais comprou a Maria Pereira, viúva, e a seu filho José Vicente Moreira d’esta cidade do seu quintal pela quantia de cem mil réis por escritura de 27 de Agosto de 1785.


Consta do Termo de Meza de 15 de Dezembro de 1781 que a confraria obteve da Rainha D. Maria I a quantia de oitocentos mil réis pagos das sobras dos cabeções das cisas para ajuda das obras da capela.

No ano de 1785, iniciou-se a construção da nova capela de N. S. da Ajuda.

Em 1790 foi demolida a antiga capela, sendo a sua pedra aplicada para o ladrilho da sacristia, adro e o resto da pedra foi aplicada no alicerce da torre sineira.

Já em 1801, se pedia licença para erguer a torre, estando os trabalhos concluídos em 1803, embora já em 1800 havia Santíssimo Sacramento no altar.

Devido a infiltrações de humidade no templo, em 1866, a fachada da Capela é revestida com azulejos.

Devido a uma doação testamentária, em 1993, o Padre Albano Ferreira de Almeida, reorganiza com alguns fiéis da Paróquia de Penafiel, a Confraria da Senhora da Ajuda, e nestes novos estatutos aprovados por Dom Júlio Tavares Rebimbas, Arcebispo – Bispo do Porto, a 29 de Setembro de 1992, aparece no seu: 

Art.º 1  A Confraria de N.ª Senhora da Ajuda, de data pluricentenária, foi instituída na Igreja da Ajuda, da freguesia de Penafiel…

Sendo estes estatutos, dado entrada no Governo Civil  no dia 24 de Março de 1993, participação feita pelo Ordinário da Diocese do Porto da existência no fôro canónico da Confraria de Nossa Senhora da Ajuda, de existência pluricentenária, erecta canonicamente e com novos Estatutos aprovados em 29 de Setembro de 1992, com sede na Igreja da Ajuda, freguesia e concelho de Penafiel, distrito e diocese do Porto.

Portanto a partir desta alteração aos Estatutos, é que a Capela passa a designar-se Igreja de Nossa Senhora da Ajuda.


Já no século XXI, no ano de 2003, duzentos anos depois das obras terem terminado, a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, é dotada de toques electrónicos nos sinos e relógio. 


Nesta Igreja reza-se o Terço diariamente, embora talvez por falta de sacerdotes não se efectue a liturgia dominical, mas o que é mais grave, são os valores morais de certa gentalha, que andam ao nível da sola dos sapatos, pois já se tem verificado que embora haja um cadáver na igreja a ser velado pelos seus, nada impeça que no palco montado à porta da Igreja haja festança.

27 julho 2014

PETER, PAUL AND MARY



PETER, PAUL AND MARY


Hoje vou falar do trio Peter Paul and Mary, da música folk americana.

Duas guitarras e três excelentes vozes (duas masculinas e uma feminina), fundem-se e criam uma das melhores bandas folk americanas, até aos dias de hoje.

Peter Yarrow e Paul Stookey eram estudantes em Nova Iorque, quando encontraram Mary Travers, elemento de um coral dirigido por Pete Seeger.

Começaram por actuar em vários clubes de Greenwich Village, local onde tentavam os seus primeiros passos figuras importantes da folk-music como: Tom Patxon, Judy Collins entre outros.


Em 1962 gravam o seu primeiro álbum, contendo doze dos melhores clássicos do momento, como “If I Had a Hammer” e Early in the morning”.

O grande mérito deste álbum dentro da linha de um folk urbano, foi o de efectuar a ligação entre os primeiros grupos folk comerciais, e os autores compositores que davam à canção folk uma prespectiva política: Peter Seeger e Bob Dylan.

1963, sai o álbum “In the wind” no qual se assinala a viragem decidida da canção folk (as velhas baladas apalacianas ou as canções de trabalho nascidas nas prisões do sul – Worksong) para temáticas dos problemas de uma geração que começa a tomar consciência do ambiente frustrante e alienante que a rodeia.


Para tal contribuiu a morte de Kennedy e Martin Luther King, criando uma consciência política mais aguda na juventude americana.

Daí, as marchas de protesto sobre Washington, contra a guerra do Vietname e a segregação racial na América, onde Peter Paul and Mary tomaram parte activa.


Os seus álbum começaram a aparecerem no no Top Ten da Billboard por dez meses, incluindo sete semanas na posição nº1, e permaneceu pelas próximas décadas um sucesso de vendas estável, vendendo cerca de dois milhões de cópias.  

Este trio possui uma extensa discografia, em relação à sua curta duração, já que o grupo dissolveu-se em 1970.


  • 1962: Peter, Paul and Mary
  • 1963: Moving
  • 1963: In the Wind
  • 1965:A Song Will Rise
  • 1965: See What Tomorrow Brings
  • 1966: The Peter, Paul and Mary Album
  • 1967: Álbum 1970
  • 1968: Late Again
  • 1969: Peter, Paul and Mommy
  • 1970: The best of Peter, Paul and Mary

A música de Peter Paul and Mary é serena, suave, agradável, possuindo um conjunto de vozes extremamente belas e bem trabalhadas, polifonia vocal que não impedia uma audição total dos textos tão importantes nas suas canções.


For Loving Me uma bela canção que vamos ouvir na voz de Peter, Paul and Mary, e que nos faz regressar aos anos da nossa adolescência.


- Bom domingo!

24 julho 2014

O COMENDADOR ESTÊVÃO COELHO



O COMENDADOR
 ESTÊVÃO COELHO
E O RELÓGIO DA IGREJA
DE SANTA MARTA


Tempos houve, que os portugueses emigravam para o Brasil e passados poucos anos, apareciam na sua terra natal com grandes fortunas. Daí se dizer que tinham ido ao Brasil abanar a árvore das patacas.

Mas esta gente transportava no coração a saudade do seu berço, e não se esquecia de fazer algo que contribuísse para o bem de todos os seus conterrâneos.

Assim tivemos Zeferino de Oliveira, que contribuiu com uma escola para a freguesia de Croca onde era natural, e para as obras do Santuário de Nossa Senhora da Piedade e o jardim que o rodeia, assim como para o Hospital da Misericórdia em Penafiel. 

Manuel da Rocha Melo, com a construção das cantinas escolares nas freguesias de Novelas e Bustelo, assim como costeando o seu funcionamento.

Igreja de Santa Marta ainda sem portões e relógio.

Na freguesia de Santa Marta, o benfeitor foi o comendador Estêvão Coelho. 




A 19 de Março de 1950, foram inaugurados dois portões em ferro para a vedação do adro da igreja paroquial e doze bancos para adorno do mesmo templo, oferecidos pelo comendador Estêvão Coelho e sua excelentíssima esposa D. Florinda Coelho, importante capitalista do Rio de Janeiro.

O pároco Abílio Nogueira celebrou missa em acção de graças dos beneméritos.

A igreja estava iluminada e as filhas de Maria cantaram o Avé durante as cerimónias religiosas.


Os sinos tocaram a repique, sendo queimadas muitas dúzias de fogo em sinal de regozijo.

No final foi servido um lauto almoço em casa do Sr. José Mendes Ferreira, onde marcaram presença, o padre da freguesia Abílio Nogueira e muitos amigos do homenageado, entre outros:

José Baptista – Presidente da Junta de Freguesia
José de Sousa Ribeiro; Joaquim Mendes Araújo; Sebastião Coelho de Oliveira; Sebastião Caetano; José Joaquim Ribeiro; António de Sousa Ribeiro e José de Sousa Neto.

Aos brindes com champanhe, o pároco agradeceu a dádiva à sua igreja. A seguir usou da palavra o Sr. José de Sousa Ribeiro, que agradeceu ao Sr. Comendador e sua esposa, a lembrança que tiveram para com a sua igreja, onde foi baptizado e recebeu a primeira comunhão o comendador Estêvão Coelho, acrescentando que a Nossa Senhora de Santa Marta, padroeira da freguesia, seja o farol do navio que os vai conduzir às terras de Santa Cruz.

O Comendador Estêvão Coelho, depois de agradecer a homenagem de que foi alvo, prometeu a colocação na torre daquela igreja de um relógio para boa orientação dos habitantes da freguesia. 

Antes de embarcar no navio transatlântico Serpa Pinto, com rumo ao Brasil, entregou ao Sr. José Mendes Ferreira 500$00 para o Hospital da Misericórdia de Penafiel.

Já no Brasil, o comendador Estêvão Coelho, enviou uma carta para o Sr. José Mendes Ferreira, considerado comerciante local, casado com a Sr.ª Dona Francisca de Sousa Pereira, irmã do grande operador Doutor Sousa Pereira, com a importância necessária para a aquisição de um relógio, a ser colocado na torre da Igreja de Santa Marta.


O relógio foi fabricado em Portugal, pela fábrica Monumental de Almada, tendo as obras para o seu assentamento sido levadas a efeito pelo Sr. José de Sousa Ribeiro. 

No dia 4 de Agosto de 1951, foi inaugurado em Santa Marta, o relógio colocado na torre da Igreja Paroquial, oferecido pelo comendador Estêvão Coelho.


Quando o relógio batia as primeiras horas, foi benzido pelo pároco da freguesia Abílio Nogueira, tendo a fita inaugural sido cortada pela menina Ana da Glória Campos Mendes Ferreira e da Sr.ª Dona Francisca de Sousa Pereira. 

De seguida foi oferecido um almoço pelo Sr. José de Sousa Mendes, a que assistiram mais de sessenta pessoas, tendo sido guardado um minuto de silêncio antes do início do mesmo, em homenagem ao Sr. Comendador Estêvão Coelho.


A partir deste dia, o relógio da torre da Igreja de Santa Marta, começou a marcar e a bater as horas para toda a freguesia e a quem por lá passa, se orientar no tempo.

Ao contrário de Zeferino de Oliveira, que tem nome de rua em Penafiel e de escola em Croca, este nosso conterrâneo Estêvão Coelho, não teve direito a entrar para a toponímia de Santa Marta.

Sem beliscar seja quem for, apenas como sugestão, penso que não seria desajustado dar o seu nome ao adro da Igreja de Santa Marta, em reconhecimento das dádivas que Estêvão Coelho fez a esta igreja. 

22 julho 2014

AINDA SOBRE O BICENTENÁRIO


AINDA SOBRE O BICENTENÁRIO


Depois da abertura das festas no dia 3 de Março 1970, vão decorrer uma série de eventos até ao dia 20 de Setembro de 1970. 

O 2.º evento foi dedicado ao Dia do Caixeiro.

A terceira organização foi dedicada às jornadas da cultura e arte da Juventude Penafidelense, e levada a cabo pelo Grupo Pro-Arte- Cultura.

No sábado de 18 de Abril de 1970, no Cine-Teatro S. Martinho, realizaram-se duas conferências que estiveram a cargo de dois jovens penafidelenses. Depois de serem apresentados pelo Professor Albano Morais, Mário Ribeiro da Silva, estudante da faculdade de Direito de Coimbra falou sobre o Padre Américo, e José Manuel Guerreiro do 7.º ano dos liceus abordou Abílio Miranda. 

O Sarau terminou com a actuação do Quarteto de Cordas do Porto.
Domingo, 19 de Abril de 1970, foi inaugurada uma exposição de pintura de penafidelenses na Assembleia Penafidelense, que esteve patente até ao dia 2 de Maio.

Com o recorte que vai a seguir, podemos ver a quem pertenciam as 59 obras expostas.


E assim foi a parte dedicada à juventude nas festas do Bicentenário da cidade de Penafiel, que continuaram com outras realizações, até ao mês de Setembro.