01 maio 2023

O SPORT CLUB DE PENAFIEL NASCEU HÁ 100 ANOS

 O SPORT CLUB DE PENAFIEL
NASCEU HÁ 100 ANOS


 

No dia 17 de Abril de 2023, fez cem anos que o grande desportista penafidelense José Nogueira Soares, fundou o Sport Club de Penafiel.  


Bernardino, José Nogueira Soares (Fundador do Sport), Augusto Cristina e João Oliveira


 

O Nogueira do Gordo (como lhe chamavam), já que trabalhava juntamente com o seu cunhado Joaquim José de Oliveira (O Gordo), no estabelecimento de solas e cabedais de Joaquim José de Oliveira (O Gordo), situado na Rua Alexandre Herculano (hoje Largo Padre Américo), era o ponto de encontro de jovens que tinha o condão de aconselhar e entusiasmar para a vida, incitando-os à prática de educação física.

 


 

Deste convívio, nasceu a ideia da fundação de um clube desportivo, o qual veio a nascer com o designo de Sport Club de Penafiel, com as cores preto – vermelho em camisolas ás riscas verticais e o guarda-redes com as cores amarelas, daí o seu sobrinho Bernardino José Oliveira, que com a saída do Manuel Soares dos Reis para o Leça Foot-Ball Club, tomou conta da baliza, ser conhecido na cidade pelo canário.




Para além de futebol, este clube tinha uma secção de atletismo, ciclismo, a orquestra jazz a partir de 1928, e até um Grupo Cénico. 

 


 

Sobre este último, o Grupo Cénico Sport, em 1940 levou à cena no Cine-Club a Revista Tudo Torto em 2 actos e 5 quadros, com críticas a costumes locais, escrita por J. Oliveira e C. Babo. A música esteve a cargo de A. Rocha e o elenco era formado por: Manuel Alves, Zeferino Coelho, Leandro Sanhudo, Edite Sousa, Rita e Lídia Almeida, Carolina de Sousa, Luiz Figueiredo, Luiz Alves, Cipriano Nogueira, Antero Nogueira, Afonso de Sousa, Fernando Cunha, José Reis e Alberto Teixeira.  




O primeiro encontro que o Sport realizou foi contra um clube que existia na Rua do Carmo, o Luzitano Foot Club, e a primeira saída foi a Paredes deslocando-se os jogadores do Sport a pé (via Aveleda), com o equipamento ás costas, tendo ganho ambos os jogos.



Os Bombeiros Voluntários de Penafiel, em Dezembro de 1929, organizaram um torneio triangular com três equipas cá da cidade, o Egas Moniz, o Sport e o Onze Penafidelense Foot-Ball Club, na disputa de uma taça oferecida pela Associação dos Bombeiros.



Domingo, 22 de Dezembro de 1929, realizou-se o terceiro desafio do torneio entre o Sport e o Egas Moniz, ambos em igualdade de pontos, ficando o detentor da taça o grupo que conseguir eliminar o adversário.

Se o Sport se apresentou com a prata da casa, já o Egas Moniz apareceu reforçado com quatro jogadores do Leixões sendo eles: Algarias, Mano, Lili e Giesteira. 

Ao centro vemos José Mendes Magalhães e ao seu lado José Nogueira.

 

Na véspera do jogo, em casa do José Nogueira, os sobrinhos Bernardino e João Oliveira juntamente com José Mendes Magalhães, fizeram algumas centenas de bandeirinhas de papel com as cores do Sport vermelho e preto que no dia do encontro lá foram levadas em segredo, para o Campo do Conde de Torres Novas numa mala pelo José Mendes Magalhães para serem distribuídas no final caso o Sport ganhasse.




Acontece que mal começou o desafio, o guarda-redes Bernardino do Sport defendeu uma grande penalidade. Magalhães não se conteve de entusiasmo e atirou a mala ao ar, que ao bater no chão abriu-se espalhado-se as bandeiras ao sabor do vento.

Felizmente que o Sport Club de Penafiel ganhou por 3-0, pois de contrário, era uma bronca de todo o tamanho e seria motivo de chacota por parte dos adversários em virtude do Sport cantar vitória antes do tempo.



Para que conste, o número de associados do clube eleva-se a 600, incluindo-se neste número muitas senhoras.




Foi o primeiro clube da cidade de Penafiel, a filiar-se na Associação de Futebol do Porto, na época de 1930/1931, tendo ficado agrupado numa série, com o Paredes e o Felgueiras, saindo-se campeão, tendo sido apurado para a poule-final realizada no Porto, ficando em 2.º lugar, sendo o Rio Tinto o 1.º classificado.



Para angariação de fundos, o Sport organizou um Match de Box na antiga Praça de Touros de Penafiel e o Grupo Cénico Alegria de Penafiel levou à cena no dia 5 de Maio de 1932, no Cine-Club a revista “Quentes e Boas” cuja receita reverteu a favor do Sport Club de Penafiel.



Tempos esses em que se jogava por amor ao clube, sem qualquer remuneração, sucedendo até que as botas, calções e meias constituírem despesa do atleta, somente pertencente ao clube a camisola.




O seu campo de jogos era no Campo do Conde de Torres Novas e desde 1934 no Estádio Municipal, localizado no Monte de Leiras, que foi inaugurado no dia 21 de Janeiro de 1934, com um dérbi local, terminado com um empate a uma bola entre o Sport Club de Penafiel e o União Desportiva Penafidelense.




Na época desportiva 1933/1934, o Sport tinha três equipas (honra, reservas e segundas) sendo formadas por:



Honra - Bernardino Oliveira, Tenente João Santos Pereira (cap.), António Nunes, Clemente Sousa, Augusto Silva (Cristina), Manuel Sousa, Eduardo Gomes, Alexandre Teixeira, Domingos Oliveira, Mário Dias e Carlos Macedo.



Reservas – Alberto Santos, Bernardino Teixeira, Jorge Faria, Armando Rodrigues, Deolindo Simões (cap.), Alberto Vieira, António Lopes, António Pinto, Guy Falcão, Aníbal Rodrigues e José Maria Teixeira de Sousa.



Segundas – José Soares dos Reis, Manuel Sousa, Rodrigo Mendes, Agostinho Santos, Manuel Pereira, José Teixeira Estrela, Alberto Teixeira, Severo Santos, João José Oliveira (cap.), José Magalhães e José Rocha Nunes.

 




Em 3 de Setembro 1946, dá-se a fusão do Sport e do União, aparecendo o Clube Desportivo de Penafiel, sendo a equipa principal formada por 7 jogadores vindos do Sport e 4 do União. Também foi o fim das Orquestras Jazz dos dois clubes, e pela mão do Professor Albano Morais nasceu a Orquestra Jazz Albardófila, que viria a findar oficialmente em 1956.




E com este pequeno resumo da história desportiva desta terra, neste caso respeitante ao Sport Club de Penafiel, que nasceu fez cem anos no dia 17 do mês passado, que o Zé das Medalhas se esqueceu de homenagear a título póstumo, na sua concorrida feira das medalhas.



Perante tal facto, os confrades do Zé das Medalhas justificam tal falha com a frase “Que nem tudo lembra”, os da oposição colaborante nada dizem para não incomodar, e os do contra lá vêm com a cantilena “Que eles não são de cá”.

Mas falando baixinho cá com os meus botões, o que se pode exigir aos apagadores da história?... 

-NADA!

-ABSOLUTAMENTE NADA!



Fernando Oliveira – Furriel de Junho