O
VASCO DA GAMA DO BRASIL
E
O PENAFIDELENSE
ADÃO
ANTÓNIO BRANDÃO
Hoje tocou a vez de
trazer ao blogue o Club de Regatas Vasco da Gama, vulgarmente chamado entre nós
pelo Vasco da Gama do Brasil.
Creio que não há nenhum
português ou luso-brasileiro que não simpatize com este glorioso clube.
No dia 21 de Agosto de 1898, no Rio de Janeiro, em
homenagem ao quarto centenário do feito do navegador Vasco da Gama, que
descobriu o caminho marítimo para a Índia, alguns rapazes, todos portugueses ou
filhos de portugueses, resolveram fundar um clube de regatas. Assim, nasceu o
Club de Regatas Vasco da Gama.
O emblema do clube foi modificado ao
longo dos tempos, até que em 1920 tomou a forma que permanece actualmente.
Tendo a caravela com a cruz ao centro, símbolo que era usado nas naus
portuguesas. O fundo preto representando os mares desconhecidos do Oriente, a
faixa branca representando a rota descoberta por Vasco da Gama, tendo o nome do
clube representado pelas iniciais CR e VG entrelaçadas ao lado e abaixo da
caravela.
Para que se saiba, foi o primeiro clube
brasileiro a ter nos seus quadros directivos, e no seu leque de jogadores
negros, o que lhe causou alguns dissabores à época.
O Estádio Vasco da Gama, mais conhecido como São Januário, devido à parte de sua localização estar na rua de
mesmo nome, é o estádio de futebol pertencente ao Club de Regatas Vasco da
Gama, foi inaugurado em 21 de Abril de 1927, sendo até hoje o maior estádio
particular do estado do Rio de Janeiro. O jogo inaugural foi contra o Santos,
que venceu por 5 a 3.
Sua fachada, em estilo neocolonial, é considerada
património pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional.
Em 2007 foi inaugurada uma estátua de
bronze em tamanho natural ao futebolista Romário, por este ter marcado o
milésimo golo da sua carreira futebolística, com a camisola do Vasco da Gama.
Mas o que muitos penafidelenses não
sabem, é que o primeiro golo do Vasco da Gama foi obtido pelo penafidelense
Adão António Brandão, o maior atleta da história do Vasco da Gama, tendo
conquistado medalhas e troféus em sete modalidades.
Adão António Brandão, nasceu na cidade
de Penafiel, no dia 22 de Agosto de 1896.
Seu pai, Francisco Manoel Pinto Brandão,
que era juiz de direito, matriculou o seu filho Adão no ano de 1910, no Colégio
de São Carlos no Porto, mas este em vez de se dedicar aos estudos, jogava
futebol e já em 1911 alinhava nos juvenis do Futebol Clube do Porto.
Como castigo, seu pai deportou-o em 1912
para o Brasil, para trabalhar na fábrica de calçados que pertencia a seu tio.
Em 1915, jogava constantemente pelo Lusitânia, clube
fundado pela colónia portuguesa. Mas vestir outra camisa não lhe agradava, e a
solução foi participar activamente na fusão do Lusitânia com o Vasco,
concretizada em tempo recorde.
Em 1916, o Vasco ingressou na terceira divisão
carioca. A estreia não poderia ter sido pior. No dia 3 de Maio, o Paladino F.C.
venceu por 10 a 1. O golo de honra, foi obtido, quando o placar já apontava 8 a 0, e foi
marcado por Adão, de bico de chuteira, desviando um chute torto que veio da
direita.
Tanto os jogadores que disputaram a partida como os
directores que os acompanharam, estavam receosos pela recepção à chegada ao
clube. Então resolveram sair antes cem metros e fazer o resto do trajecto a pé,
até à sede do Vasco que nessa altura se situava na Rua Santa Luzia, N.º 248, quase na esquina da
Av. Rio Branco. Queriam ver o ambiente antes de entrar, e estranharam o
silêncio que se fazia sentir na rua, e que terminou mal chegaram à porta da sede, com uma
chuva de cascas e laranjas podres a voaram sobre os jogadores e directores.
De 1916 a 1921, o Vasco da Gama guindou-se da terceira
divisão à primeira divisão, tendo Adão António Brandão, alinhado em todas as
equipas do Vasco, crescendo com o clube, fazendo-se grande com ele.
Mas o nosso Adão Brandão, para além do futebol,
brilhou no atletismo em provas de curta distância, chegando a bater o então
campeão brasileiro Malagutti. No remo foi imortal, sendo campeão carioca em
1919 e 1921, ajudando o clube a conquistar inúmeros troféus e medalhas na
natação e pólo aquático.
Este penafidelense, envergando a camisola com a Cruz
de Malta ao peito, escreveu com os seus feitos, páginas de glória do Club de
Regatas Vasco da Gama.