27 fevereiro 2010

JOSÉ AFONSO

JOSÉ AFONSO

Fez no passado dia 23 de Fevereiro de 2010, 23 anos sobre a morte de José Afonso. Nem a imprensa escrita, nem falada, nem audiovisual, debitou algo sobre este homem que cantou Abril, antes de Abril, e se tornou num símbolo da resistência na década de 70 do século passado.

Devido à conjuntura sócio-politica de Portugal, ainda hoje (infelizmente), canções como “Os Eunucos” ou “Os Vampiros”, estão mais que actuais.

Se os governantes de ontem e de hoje olham de esguelha para José Afonso, graças a Deus que vivemos com a Galiza aqui mesmo ao lado.

Enquanto é ignorado na sua pátria, ainda no ano passado, melhor dizendo no dia 10 de Maio de 2009, em Santiago de Compostela foi inaugurado um parque com o seu nome.

O Parque José Afonso, situa-se junto ao complexo Burgo das Nácions, onde actualmente se concentram várias residências universitárias, e onde em 1972 Zeca Afonso cantou pela primeira vez em público “Grândola Vila Morena”, na sua digressão pela Galiza.

Se os galegos de Santiago de Compostela associam o nome de José Afonso à história da sua cidade, por terras lusas, a palavra de ordem, é apagar da memória de todos o seu nome.

Triste sina a nossa, ao termos uma RTP paga com os nossos impostos, e que entende que o serviço público, não passa por dar a conhecer a vida e a obra de José Afonso às novas gerações, mas sim um jogo de futebol do Inter de José Mourinho.

Todos os seres humanos são eternos enquanto durar a sua presença na memória dos seus familiares e amigos. Os grandes artistas têm o condão de, para além das suas obras, criarem famílias novas, que crescem dia a dia, como ondas circulares num lago, famílias que muitas vezes continuam a crescer exponencialmente, conquistando gerações, muito para além da sua morte física.

O Zeca é desses!... Vive intensamente nas cantigas que nos estremecem, como constantes despertares, no brilho dos olhos das pessoas que amam a liberdade.

Fiquem com este vídeo de uma emissão da Televisão Galega.

“Grândola” – Portugueses, Galegos & Companhia

(José Afonso)


18 fevereiro 2010

INVASÕES FRANCESAS EM PENAFIEL

INVASÕES FRANCESAS EM PENAFIEL



 
Depois de tomada a cidade do Porto pelo Marechal Soult, e ao querer aniquilar a ameaça que representava o General Silveira, o qual já tinha libertado a praça de Chaves e se aproximava ousadamente de Penafiel, determinou à brigada de Dragões Caulaincourt da divisão La Houssaye que marchasse sobre Penafiel e Amarante. A brigada saiu do Porto na madrugada do dia 31 de Março de 1808 e atinge sem qualquer resistência, ao fim da manhã, a cidade de Penafiel. Na pág. 140 do livro “As Populações a Norte do Douro e os Franceses em 1808 e 1809, do Brigadeiro Carlos de Azevedo podemos ler uma descrição feita por um combatente da Brigada Caulaincourt sobre a sua entrada em Penafiel.

“Um silêncio acabrunhante reinava na cidade, apenas interrompido pelo som uniforme das horas e pelo ladrar dos cães abandonados. As Armas da Casa de Bragança colocadas sobre os edifícios públicos estavam cobertas de crepes negros e pareciam traduzir o luto da Pátria. Todas as habitações estavam abertas e apenas se encontravam fechadas as Igrejas, como se a nossa imagem pudesse profanar a sua santidade. Os comestíveis e tudo aquilo que nos pudesse ser útil, tinham sido levados ou destruídos. Este ódio implacável dos nossos inimigos, esta contínua preocupação de nos hostilizar e aqueles exemplos de intrépida fidelidade causaram desde logo uma impressão no moral dos nossos soldados, acostumados a viver entre os bons alemães tão tranquilamente nos seus acantonamentos, como na segurança das fileiras em dias de batalha”.

Acta da rendição rasurada

Entretanto, o executivo que estava à frente da cidade de Penafiel, jura fidelidade e lealdade a Napoleão através do acto de câmara de 27 de Maio de 1808 (pág. 409 do livro “O Heróico Patriotismo das províncias do Norte de José Viriato Capela, Henrique Matos e Rogério Borralheiro).

(Clique na imagem para ler texto)

Tomada a cidade de Penafiel, as tropas francesas saem em direcção à Ponte de Canaveses, onde os esperam os portugueses chefiados pelo Capitão-Mor António de Serpa Pinto e o Tenente-Coronel das Milícias de Penafiel António Inácio Correia de Montenegro impedindo os franceses de atravessarem o Tâmega. Como no teatro de guerra as coisas começaram a descambar para o lado dos portugueses, o executivo camarário trata de revogar a acta dos termos de obediência aos franceses através do auto da câmara de 20 de Junho de 1808.

(Clique na imagem para ler texto)

Quem sabe, se não estava aqui a experiência para muitos anos mais tarde num acto colectivo, de 23 para 24 de Abril de 1974, os portugueses se deitassem com a velha senhora, e acordassem democratas novinhos em folha da noite para o dia, salvo raras excepções é claro, quanto mais não sejam para justificarem a regra.