16 agosto 2023

O CINQUENTENÁRIO DA ARN

 ASSOCIAÇÃO RECREATIVA 

NOVELENSE

 



A 9 de Junho de 1972, a ARN, tem os seus Estatutos aprovados, e no seu Art.º 1.º do capítulo I, diz o seguinte:


É criada no lugar de Novelas, freguesia de Novelas, concelho de Penafiel, uma associação de carácter recreativo e de duração ilimitada, denominada Associação Recreativa Novelense”.


A 16 de Junho de 1972, no Cartório Notarial de Penafiel, foi lavrada escritura a constituição da Associação Recreativa Novelense, fundada em 9 de Junho de 1972, tendo a sua sede na Junta de Freguesia de Novelas, sendo o primeiro Presidente eleito o Sr. Manuel Baptista da Silveira.

Assim, a ARN passou a ser um ponto de encontro dos novelenses, que pouco a pouco foi crescendo não só no N.º de associados, como no n.º de modalidades.

De tal forma se impôs que a dada altura até teve direito a nome de rua.




Quem não se lembra dos campeões de Ténis de Mesa, do Grupo de Teatro dirigido pelo amigo Leal, que não só escrevia as revistas com o seu sarcasmo e muito humor, onde por sua vez também ensaiava como participava como actor, Pesca Desportiva, Futsal, do Jornal “O Novelense”, do Atletismo, das Festas da Passagem de Ano, etc..


Armando Guedes

Passado meio-século (1972 - 2022) os Amigos Armando Guedes e o Joaquim Pinto Monteiro, para comemorar tal data, resolveram reunir documentação, fotos e relatar em livro as vivências de todos estes anos da ARN.

Para além disso quem lê o livro fica a saber um pouco de história de Portugal do século passado, assim do que se passava em Novelas, como por exemplo o opositor a Salazar, Humberto Delgado, ter vencido as eleição.




Estas “HISTÓRIAS NO TEMPO” título dado ao livro da Associação Recreativa Novelense 50 anos 1972-2022, é um trabalho notável, já que se há muitas associações com esta idade, poucas são as que registam os acontecimentos vividos em livro, desde a sua nascença até ao seu cinquentenário.


Joaquim Pinto Mendes

Embora super atrasados, não podia deixar de dar os meus parabéns à ARN, e aos amigos Armando Guedes e Joaquim Pinto Mendes, pois gente com esta carolice, infelizmente, está em vias de extinção.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho


01 agosto 2023

A INAUGURAÇÃO DO BUSTO DE ZEFERINO DE OLIVEIRA NO HOSPITAL

A INAUGURAÇÃO DO BUSTO

DE ZEFERINO DE OLIVEIRA

NO HOSPITAL




Domingo, 9 de Julho de 1933, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia, organizou o Festival da Caridade, onde hospital, asilo e balneário estiveram durante o dia e noite franqueados ao público, tendo sido muito visitados por milhares de pessoas, que muito justamente elogiaram o estado de asseio e ordem em que todas as dependências se encontravam.




O dia acordou, com os sinos das igrejas de Penafiel a repenicarem, dando por assim dizer a alvorada pelas 8 horas.



Com grande aglomerado de pessoas no Largo e cerca do Hospital, pelas 11 horas, realizou-se uma missa na igreja dos Capuchos, presidida pelo padre Alcino Gonçalves de Azevedo, em acção de graças por todos os benfeitores da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, com a assistência das autoridades militares e civis cá da terra.

Finda a qual, realizou-se no Salão Nobre uma sessão de homenagem à memória do grande benemérito, Zeferino de Oliveira, a qual presidiu o Presidente da Câmara, Capitão Arrochela Lobo, tendo a ladeá-lo os srs. Coronel Barbeitos Pinto e Manuel Moreira Guedes e Melo.

Usou em primeiro lugar da palavra o respectivo Provedor Sr. António José de Freitas Guimarães, que em nome da mesa administrativa agradeceu a comparência de todas as pessoas àquele solene acto, terminando por evocar a memória, sempre querida do saudoso benfeitor.




Falou depois o Sr. Dr. Avelino Soares, que proferiu uma magnífica oração, em que exaltou a memória de Zeferino de Oliveira, aconselhando todos aqueles que dispõem de meios de fortuna a seguir-lhe o nobre exemplo de amor ao próximo.

Em nome da lavoura, também se associou à homenagem prestada. o Sr. Fernando Guedes da Silva e do clero o Reverendo Alcino Gonçalves de Azevedo pároco desta cidade. Em nome da família de Zeferino de Oliveira, tomou a palavra o procurador desta cidade, o Sr. Justino Ribeiro de Carvalho, que agradeceu tão significativo tributo de gratidão.




No final pelo Sr. Presidente da Câmara de Penafiel, Capitão Arrochela Lobo, foram descerrados os retratos de Zeferino de Oliveira e de seu filho Mário de Oliveira, continuador da obra filantrópica de seu pai. De seguida, no largo fronteiriço ao hospital foi inaugurado o busto de Zeferino de Oliveira, com a presença de autoridades civis e militares, assim como todas as colectividades locais se fizeram representar com os seus estandartes na referida homenagem e muito povo. Como curiosidade nos anos seguintes era costume no dia de aniversário da sua morte, depositarem flores junto ao busto e missa na Igreja da Misericórdia e no Santuário de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos a Zeferino de Oliveira, coisas que com o decorrer dos tempos ficaram em desuso. Talvez por não esquecerem o bem que lhes foi feito por Zeferino de Oliveira, ao contrário de muito boa gente, muitas pessoas se faziam fotografar junto ao busto.




Pelas 15 horas, deu-se início ao sorteio, a que presidiu o Sr. Dr. Joaquim Peixoto, secretariado pelos srs. Álvaro Ribeiro Cerqueira, que representava o sr. Administrador do concelho e António Fortunato da Silva Babo, representante da Santa Casa.




O Sr. Armando Matos Almeida, à medida que os números eram divulgados, ia-os transmitindo das varandas do hospital ao povo que estacionava em frente, por meio de um improvisado megafone.


Os números premiados foram os seguintes:

6945 – Uma junta de touros

2949 – Uma vitela

11946 – 2 rolos de arame

9886 – 12 garrafas ponche “Rei de Siam”

9564 – 4 latas de bolachas

8761 – 1 espelho de cristal

4894 – 1 rosca de pão podre “Vitória”

5814 – 3 garrafas de Vinho do Porto

8019 – 1 guarda-chuva para senhora

9534 – 1 estatueta Pierrot

6841 – meia caixa de Vinho do Porto

8784 – 1 relógio de mesa

12058 – 1 rolo de arame

2942 – 2 chapéus para homem

9226 – 1 coberta de seda

7855 – 1 caixa de vinho “Rainha Santa”

13245 – 1 vaso de metal bronzeado

7951 – 1 almofada rendilheiras de Vila do Conde

2914 – 1 estojo com prata dourada para pasteis

6100 – 3 garrafas de vinho

11418 – 1 peça para vestido de senhora

6140 – 12 pratos de louça esmaltada

1507 – Diversos livros

6613 – 1 almofada

4829 – 2 bustos de fantasia

11517 – 1 serviço de lavatório

502 – 1 vestido de crepe da China

6253 – 1 cobertor de ramagem

10511 – 1 regueifa de pão de ló

13471 – 1 jarra de faiança

7045 – 1 caixa de vinho do porto

6266 – 12 garrafas de ponche “Rei de Siam”

5023 – 1 relógio de mesa

7215 – 1 caixa de cerveja

5740 – 4 latas de bolachas

9333 – 1 carneiro

12334 – 1 trinchante de prata dourada

3120 – 1 serviço de cristal

8104 – 2 boiões de manteiga

10350 – 6 jarras de fantasia

5248 – 4 latas de bolachas

4978 – 1 imagem de Nossa Senhora de Fátima


Ás 16 horas abertura solene de uma interessante quermesse, organizada por um grupo de gentis damas penafidelenses e na qual a assistência encontrou: Barracas de chá; Bares de cerveja e refrigerantes;Casas de comidas e bebidas; barracas de caldo verde; barraca da sina etc. 

 


Durante este festival, tocaram a Orquestra Jazz do Sport Club de Penafiel e a Banda de Música de Paredes.

A noite foi animada pela Banda do Regimento de Infantaria N.º 6, pela Banda dos Bombeiros Voluntários de Entre os Rios e por um Grupo de Chuladas com cantares ao desafio.

À meia noite encerraram as festas, subindo ao céu um magnífico fogo de artifício a cargo dos pirotécnicos de Lanhelas, sr. José Fernandes & Filhos, e Manuel da Rocha Soares júnior de Jugueiros. Deduzidas todas as despesas, ficou líquido 30.272$70, que entraram na tesouraria da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel.




Pouco tempo depois se percebeu que esta colocação do busto de Zeferino de Oliveira dificultava a entrada e saída de ambulâncias que transportavam doentes do e para o hospital.




Foi então que foi colocado fora da cerca (no lugar do candeeiro). O seu busto ficou com uma visibilidade muito ampla pois todas as pessoas que desciam ou atravessavam a Avenida Araújo e Silva, assim como quem percorria a rua dos Pelames ou a Rua com o nome do seu filho Mário de Oliveira o viam.




Mas eis que chegaram os iluminados e retiraram o busto de Zeferino de Oliveira, para um canto sem encanto, sem grande visibilidade, demonstrando uma falta de sensibilidade e até de “respeito” pelo grande benemérito que foi Zeferino de Oliveira.


Zeferino de Oliveira no banco de trás com a sua filha Irene em Croca.


Melhor seria terem-no colocado na avenida com o seu nome na sua terra natal Croca. 

 


Aí não só era visto pelos automobilistas que por lá passam diariamente, como os seus patrícios que por lá ainda moram, e os seus conterrâneos desta freguesia de Croca que o viu nascer, o recordavam com orgulho e estima, porque por estas bandas de um tal "Sentir Penafiel" estamos conversados.

Pelo bem que Zeferino de Oliveira fez a Penafiel, que vivia do outro lado do mar, melhor dizendo no Brasil, e nunca se ter esquecido dos desprotegidos da sorte desta vida, financiando a sopa dos pobres na Santa Casa da Misericórdia, matando assim a fome a muitos penafidelenses e construindo uma escola do ensino primário na sua freguesia de Croca, o seu busto merecia sem favor, estar num local com mais destaque. 

 




Ultimamente, até o parque que envolve o Santuário de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, que tinha o seu nome, já que foi ele que financiou em grande parte a sua construção, passou a chamar-se Sameiro (nome importado da cidade de Braga). Eles lá sabem porquê!




Aqui fica o meu singelo contributo, para que os penafidelenses mais novos saibam quem foi Zeferino de Oliveira, e o que lhe estão fazendo os arrumadores da história, que aterraram nesta terra, segundo dizem de paraquedas.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho