25 maio 2018

O RELÓGIO DA IGREJA DE DUAS IGREJAS

O RELÓGIO DA IGREJA DE 
DUAS IGREJAS



Tempos houveram que a vida era tão dura e difícil por estas bandas, que muitos patrícios resolveram emigrar para o Brasil.



É que a emigração também tem os seus tempos e destinos. Se nos anos 60 o rumo era a França e Alemanha, muito tempos atrás eram as Terras de Santa Cruz.



A muitos a vida sorriu-lhe de tal maneira nestas paragens, que resolveram fazer algo para bem de todos na sua terra Natal. 

 
É o caso do casal Sr. Joaquim Pereira Coelho e da sua esposa D.na Maria da Conceição Pereira Coelho, que resolveram oferecer em 1959 um bom relógio, para a torre da Igreja de Santo Adrião de Duas Igrejas, completando assim um pensamento dos autores da sua construção, o que só foi levado a efeito 86 anos depois visto que a Igreja Matriz de Duas Igrejas, freguesia de Penafiel, ter sido construída em 1873.

Pelas festas em Honra de Nossa Senhora do Rosário, que se realizam no 1.º domingo do mês de Outubro em Duas Igrejas, vulgarmente conhecida pela festa da sopa seca, e que neste ano de 1959, se realizaram no dia 4 de Outubro.

O benemérito casal que nesta ridente terra viu pela primeira vez a luz do dia, nela se baptizou, comungou, casou e viu também nascer os frutos do seu amor, embora que partisse através do Oceano,, onde preveniu que o pesado fardo da vida lhe pudesse ser mais suave, a verdade é que nunca se esqueceram da terra que os viu nascer.

Eram cerca das 17 horas, do dia 4 de Outubro de 1959, quando um cortejo com o casal benemérito à frente ladeado das pessoas mais representativas da terra, seguiu desde o entroncamento da estrada Penafiel – Abragão até ao adro da Igreja, acompanhado por uma banda de música, ao mesmo tempo que no ar estoiravam muitos estrondosos foguetes.

Depois de inaugurado e benzido o relógio para contentamento de todos, o casal dirigiu-se para a sacristia onde foram descerradas as fotografias daqueles beneméritos.



De seguida dirigiram-se para a residência paroquial, onde se encontravam grandes mesas bem recheadas de diversas guloseimas.

O Reverendo Padre António da Rocha Reis, agradeceu a oferta do relógio, desejando ao benemérito casal muitos anos de vida repletos de felicidades.



Falou ainda o sr. Francisco José Moreira Fernandes e o seminarista Manuel Vitorino da Silva Moreira Fernandes que em nome das crianças de quem é instrutor, agradecendo ao Sr. Joaquim Pereira Coelho e esposa a oferta tão valiosa e útil de que esta freguesia de Duas Igrejas fica dotada.



Teve também palavras de gratidão para o Sr. António Luís da Rocha, cunhado do sr. Joaquim Pereira Coelho, que custeou as despesas da Festa em Honra de Nossa Senhora do Rosário.



Também é de realçar que a D.na Irene Coelho Marques (filha deste casal benemérito) e marido, ofereceram 900$00, para serem distribuídos pelos mais pobres da terra.



E pronto aqui fica mais um naco de história que relata que a partir do dia 4 de Outubro de 1959, do cimo da torre da Igreja Mãe de Duas Igrejas se começaram a ouvir o bater das horas.





Aquele jovem seminarista Manuel Vitorino da Silva Moreira Fernandes, que tomou a palavra em nome das crianças a quem ele ensinava a catequese agradecendo a dádiva deste relógio, nasceu a 27 de Junho de 1941, em Duas Igrejas, freguesia de Penafiel, e foi ordenado padre a 26 de Março de 1966 pelo então Cardeal Patriarca, Manuel Cerejeira, em Lisboa.

A sua primeira missa também chamada de Missa Nova celebrada pelo Padre Manuel Vitorino da Silva Moreira Fernandes, na sua terra natal ou seja na Igreja de Duas Igrejas, foi no dia 11 de Abril de 1966, pelas 19 horas, na segunda-feira seguinte ao Domingo de Páscoa, ou seja, no dia da Senhora da Saúde em Bustelo.

Em Duas Igrejas a população fez um lindo tapete com flores, o qual foi percorrido pelo Padre Manuel Vitorino acompanhado pelo Prior da Amadora.

No final da missa houve o tradicional beija mão a centenas de pessoas.

O jovem sacerdote agradeceu comovidamente todos os sacrifícios que para ele foram feitos pela gente da sua terra.

No final seguiram para a Casa da Fonte, onde foi servido um lauto banquete a dezenas de convidados.



1966 a 1969, o sacerdote foi coadjutor na paróquia da Amadora.


1969 a 1984, foi pároco de Vidais e São Gregório de Fanadia, nas Caldas da Rainha.


1985 a 2007 O padre Manuel Fernandes foi também coadjutor de Benfica


2007 a 2010 Foi pároco de Cruz Quebrada-Dafundo.


Desde 13 de Julho de 2010 que era pároco do Beato, em Lisboa.




2016 - Na festa do seu jubileu sacerdotal, que assinalou os 50 anos do seu sacerdócio, a missa foi presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, em que marcaram presença os Bombeiros do Beato e os Bombeiros do Dafundo, com quem o padre Manuel Fernandes mantinha uma estreita ligação, o presidente da Junta da Freguesia do Beato sr. Hugo Xambre Pereira, marcou presença, ladeado pelos seus vogais e pelo autarca de Marvila, Belarmino Silva, assim como o seu amigo pessoal Rão Kyao, que fez ecoar o magnífico som das suas flautas de bambu pela nave da igreja num concerto intimista.
 





No dia 20 de Março de 2018, partiu para os braços do Senhor, Manuel Vitorino da Silva Moreira Fernandes, pároco do Beato, em Lisboa, com 76 anos de idade.



Encontra-se sepultado no cemitério do Eiró em Duas Igrejas, sua terra natal.



Embora esta parte final não fizesse parte da história que nos trouxe aqui, é nosso dever lembrar todos aqueles que desinteressadamente contribuíram para o bem de todos, agora e sempre.



12 maio 2018

AO GRANDE COMANDANTE

AO GRANDE COMANDANTE
JOSÉ DE MAGALHÃES



Volta e meia, vemos espalhados pela cidade de Penafiel, antigos carros dos bombeiros, dando mais cor e beleza à urbe.



Ainda nos dias 5, 6 e 7 de Maio de 2018, a quando da IX edição dos Sabores & Flores, lá marcaram mais uma vez presença.



Como os penafidelenses e não só, já devem ter reparado, há uma viatura pertencente à Corporação dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios, que marca sempre presença, e onde se pode ler Comandante José Magalhães.

Ora, José de Magalhães, foi o primeiro comandante da Corporação dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios, fundada a 16 de Junho de 1923.

Nasceu na cidade do Porto, no dia 8 de Outubro de 1901, na Rua Heróis de Chaves.

Junto à casa onde nasceu, havia um quartel de Bombeiros Municipais, e daí, da convivência com os praças, veio-lhe o grande amor que tinha às bombas.

Graças ao seu esforço e dedicação à causa dos bombeiros, organizou e fundou a Corporação de Bombeiros de Entre-os-Rios.


Adquiriu o primeiro Pronto de Socorro, um bom carro, e afora isto, subsidiou larga e generosamente a Corporação.

Pelas 17 horas do dia 19 de Abril de 1928, na estrada que une Penafiel a Entre-os-Rios, na altura da Ponte Nova, devido a uma derrapagem, o ilustre Comandante dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios, sr. José de Magalhães, foi cuspido do automóvel que conduzia, a grande distância, sofrendo graves lesões internas, pelo que recolheu imediatamente ao Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, onde veio a falecer pouco depois de ali dar entrada.

No funeral do Comandante José de Magalhães, que se realizou no sábado, dia 21 de Abril de 1928, fizeram-se representar todas as Corporações dos Bombeiros do Norte.

Esta é a minha singela homenagem a este Grande Benemérito e Comandante que foi José de Magalhães.

03 maio 2018

COISAS EM VIAS DE EXTINÇÃO

COISAS EM VIAS DE EXTINÇÃO



Quando entrei no mundo do trabalho, os empregados eram conhecidos pelo seu nome e quanto muito adicionavam-lhe algum apelido familiar, da terra ou outra coisa qualquer.

Para além do local de trabalho convivíamos nos cafés, íamos à bola, festejávamos anos, fazíamos excursões, etc..

Com o decorrer do tempo, dei por mim a passar de empregado a colaborador, e em vez do nome passei a ser um número.

Deixei de ter rosto e passei a ser um algarismo e como tal podendo ser subtraído a qualquer momento, embora sempre a vestir a camisola da empresa, mas por mais que eu me esforçasse, o certo e sabido é que já não tinha alma nem nome próprio.

É neste contexto que o mundo gira, tornando-se cada vez mais difícil criar amizades no local de trabalho como antigamente.



Reparem bem nesta homenagem prestada ao ilustre chefe da estação da CP de Novelas – Penafiel, Sr. Amadeu Alves da Silva, no dia 22 de Janeiro de 1935.

Em virtude de ontem (segunda-feira, 21 de Janeiro de 1935), o sr. Amadeu Alves da Silva, ter deixado de chefiar a estação ferroviária desta cidade, por ter de seguir no dia 23 para Lisboa a fim de fazer provas para inspector de fiscalização, foi-lhe oferecido na tarde de terça feira dia 22, pelos funcionários da estação, um artístico relógio de mesa e um tinteiro de prata seguido de um porto de honra ao qual assistiram não só todos os funcionários da estação como grande número de pessoas de Novelas e serviu para o fiel Monteiro, num burilado discurso, pôr em foco as altas qualidades do Sr. Amadeu Alves da Silva, quer como homem quer como funcionário honesto, zeloso, correcto e inteligente.

O homenageado agradeceu visivelmente comovido e afirmou a todos os seus antigos subordinados a sua grande estima e amizade, pois neles sempre encontrara a maior lealdade e os mais activos e inteligentes cooperadores durante os oito anos que chefiou a estação de Penafiel, despedindo-se de todos com a maior saudade. 

 

Se o sonho comanda a vida e o mundo pula e avança como diz o poeta, com estas coisas em vias de extinção, facilmente podemos concluir que nem sempre pula e avança para o lado certo da vida.