19 junho 2021

TRANSPORTES AÉREOS DA PORTELA NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS

TRANSPORTES AÉREOS DA PORTELA

NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS




Depois de termos o caso BPN, e do Banco Novo como sorvedouros de dinheiros públicos, agora apareceu a TAP. Como diz o ditado popular, “Não há duas, sem três”.


Sim, essa empresa que Pinto da Costa baptizou por Transportes Aéreos da Portela, quando a mesma deixou de voar para o Porto, em que os trabalhadores fizeram o sacrifício de baixarem os seus salários, enquanto os gestores recebiam prémios chorudos pela sua má gestão, não vão escapar ao despedimento.


Enquanto a maioria dos aviões dessa companhia continuam pregados ao solo, bazucas de dinheiro público estão a ser injectadas na TAP. 

 



Depois foi contratada uma gestora francesa para vir fazer o serviço sujo dos despedimentos, para os (des)governantes deste país continuarem a mostrarem as mão limpas.


Como se isso não bastasse, uns gestores de pessoal da TAP, vão a Madrid contratar trabalhadores (enquanto os de cá são despedidos), e com um ar sorridente nos vêm dizer que os espanhóis são muito melhores que os portugas.

 


O Ministro como dama ofendida lá vem dizer que vai mandar instaurar um inquérito a estes dois fulanos que foram até Madrid comer, beber, e passear à nossa custa para no final ainda nos passarem um certificado de malandros.


Quanto ao inquérito sr. Ministro não perca tempo nem papel, pois já todos sabemos onde vai parar... no caixote do lixo e para disfarçar lá vem uma reprimenda aos (in)competentes colaboradores, que deviam voar directamente para o “olho da rua”, sem qualquer indemnização.


Estamos neste sítio mais ocidental da Europa, onde o país mais uma vez está a ser empurrado para uma nova bancarrota, e como cantava o Zeca, os eunucos devoram-se a si mesmos, e os vampiros são mais que muitos a sugarem o sangue fresco da manada.


Se querem uma companhia aérea mais pequena, deixem falir a TAP, que já se tornou num comedor de dinheiros públicos sem fundo, que terão de ser pagos por todos nós.


Por este andar qualquer dia ainda vamos ter a TAP BOA e a TAP MÁ, filme já visto e revisto por todos nós com outros artistas.


Claro que na TAP boa lá estarão os gestores e na má os malandros dos trabalhadores que são os culpados de toda esta má gestão.


Mais tarde, quem sabe, um inquérito par(a)lamentar, onde os chamados a deporem, não se lembram de nada, todos eles sofrendo de uma amnésia total.


Por isso, podíamos com muitos menos custos apostar na SATA Air Açores, que sem politiquices cobriria todo o país de Norte a Sul, de Este a Oeste incluindo a cidade do Porto.


Cá por mim, os Transportes Aéreos da Portela podem muito bem falirem ou serem vendidos se houver quem os compre (o que duvido), pois por este andar, vamos voar para um novo abismo, e não nos venham acenar com mais novos e velhos PECs como salvadores da pátria, porque para esse peditório já ninguém dá. 

- Penso eu de que!... 


Fernando Oliveira – Furriel de Junho

 

04 junho 2021

O LÁPIS AZUL

O LÁPIS AZUL

 


 

Passados poucos dias do 28 de Maio, que nos faz lembrar a revolução que levou à longa noite fascista, rotulada com o nome pomposo de Estado Novo.

 

Salazar mal colocou os pés no poder, tentou silenciar tudo o que o incomodava.

O seu governo ordenou que a censura à imprensa se torne mais rigorosa, que, à sua volta, se faça um cerco de tal forma apertado que ela só possa dizer o que ao governo convém que se diga.

 



Assim, nasceu a Direcção-Geral dos Serviços de Censura à Imprensa, integrada no Secretariado de Propaganda Nacional.

 

Os censores passavam os dias com o lápis azul na mão, a cortar títulos e notícias, obrigatoriamente enviados os dados a conhecer pelos jornais, antes de serem publicados.

Sou do tempo, em que os jornais e revistas para além do seu cabeçalho, apareciam com a frase: “Este número foi visado pela censura”.

 

 



Em Penafiel, até o jornal “O Tempo”, que era o órgão da Comissão Concelhia da União Nacional, não escapava à censura.

 

Mas um dos mais visados era o semanário “O Povo de Penafiel”, órgão do Partido Republicano Português.

Qualquer motivo servia para o suspender, como foi o caso das rendas da casa e dos quintais onde funcionava a GNR, na rua Engenheiro Matos. 

 



O Sr. Peixoto foi dado como o único responsável pelo negócio das rendas da casa e quintais da GNR, embora a única culpa dele , foi ter concordado com o arrendamento, e não ter feito o contrato. Daí a Câmara arrancar do escrupuloso governo, uma portaria para ser expropriado do referido prédio e terrenos envolventes, deixando de pagar rendas, não lhe reconhecendo direitos que o tribunal desta comarca lhe outorgou, tudo isso para agradar ao capitão Alcídio de Almeida.

Desagradado com tal notícia, o sr. Capitão da GNR desencadeou esta reacção;


Alberto Tomás Ferreira - O Editor


A 29 de Maio pela 14,30h, apareceu na Tipografia Minerva, situada no Largo da Ajuda em Penafiel, o sr. Alcídio Augusto Lopes de Almeida, capitão da GNR, intimando o editor Alberto Tomás Ferreira (pai do Capitão de Abril, Rolando Tomás Ferreira), a entregar-lhe os jornais que já tinham impressos, pedindo fio para os amarrar. 

 


A pouca distância da tipografia, ficou uma patrulha da GNR de que o sr. Capitão se fazia acompanhar, desde a Praça Municipal.


Como porém o editor lhe perguntasse quem de tal acto assumia a responsabilidade, o sr. Capitão respondeu ser ele, mas que, pela consideração que por o editor tinha, lhos deixava, tornando-o porém responsável pelo que se desse se lhe desobedecesse e ameaçando-o de prisão se algum exemplar do jornal fosse distribuído.


Explicou, ainda o sr. capitão que procedia assim, por ter cá bastantes soldados, entre eles alguns bastante exaltados contra o nosso jornal, por nele, disse o sr. Capitão, ter sido muito atacada a GNR.

 

A direcção foi falar com o comandante militar Tenente-Coronel Faria de Abreu desta cidade, ao qual de tudo deu conhecimento, reclamando previdências e pedindo forças para guardar a casa onde está a tipografia, impedindo que realmente que alguns dos GNRs exaltados, efectivassem o assalto à mesma.


O sr. Comandante Militar declarou que fazia confiança na GNR e por isso ela iria guardar a tipografia.


Entretanto o Povo de Penafiel recebe a solidariedade do jornal “O Penafidelense” e do “Defeza do Marco”.


De seguida foi enviado um ofício ao Comando Militar, com o seguinte teor:


Ex.mo Sr. Comandante Militar de Penafiel

Tendo sido em 29 de Maio de 1926, suspenso “O Povo de Penafiel”, e não tendo a direcção do mesmo jornal recebido ordem para o poder publicar, e como os outros jornais locais se têm publicado, vimos pedir a Vossa Excelência o favor de nos informar se essa suspensão se mantém ainda, ou se podemos recomeçar a sua publicação, depois de cumpridas as formalidades expressas no edital de 30 de Maio.

Penafiel, 8 de Junho de 1926

Saúde e Fraternidade

Pela Directoria de O Povo de Penafiel

Joaquim José Nunes Teixeira Peixoto


Horas depois recebiam a resposta


Ao Sr. Director de O Povo de Penafiel

Em resposta ao ofício de hoje informa-se que o jornal “O Povo de Penafiel” pode publicar-se depois de cumpridas as formalidades do N.º 5 do Edital de 30 de Maio.

Saúde e Fraternidade

Pelo Comandante Militar

Júlio de Lencastre

Major Inf. 32 Comandante do Regimento




O N.º 5 que se refere o ofício do Comandante Militar diz o seguinte:

Afim de evitar a publicação ou transmissão de notícias tendenciosas sobre a actual alteração da ordem pública e movimento de tropas, devem as empresas jornalísticas, submeter, antecipadamente essas mesmas notícias ao visto deste comando militar.


Porém a Câmara muda de mãos e no dia 5 de Agosto de 1926, é assinado o contrato de arrendamento da casa e quintais onde se encontra instalada a GNR, pondo termo a esta contenda.


Se este problema foi resolvido, a censura teve que esperar pelo ano de 1974.

 



Com este lápis azul sempre afiado, Salazar criou uma farsa de país, onde não existia fome, nem assaltos, nem pedintes, nem violações, nem violência doméstica, nem prostituição ou corruptos. Era o que se pode dizer, UM PAÍS ÁS DIREITAS.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho