24 novembro 2010

O RIO CAVALUM

O RIO CAVALUM

Morto mas limpinho

Longe vai o tempo em que no Rio Cavalum, se viam pescadores a tentar a sua sorte de cana na mão, para ver se uma truta ou um barbo lhe mordiam no anzol e as suas águas corriam límpidas, fazendo trabalhar os velhos moinhos que no seu ramerrão transformavam os grãos de milho em farinha que depois era ensacada e transportada em burros para os clientes. No tempo da caça muitos caçadores faziam o gosto ao gatilho matando perdizes e coelhos que por ali abundavam nos afloramentos rochosos com matos rasteiros nas suas margens.

Nesse tempo, durante o Verão o Rio Cavalum secava, ficando algumas represas de água onde os peixes se acolhiam e a malta ia tomar banho. Era assim a nossa piscina onde sem professor se iniciava a prática da natação.

Em Dezembro de 1995, uma tromba de água caiu sobre Penafiel, e o Rio Cavalum, galgou as suas margens e como um louco derrubou os resguardos em pedra da Ponte das Curadeiras, estando até hoje as mesmas encasteladas no campo a jusante da dita ponte. Não compreendo como ainda não houve ninguém até hoje que manda-se repor os resguardos e limpo o caminho pedonal que liga a cidade de Penafiel à Bracalândia e ao Parque da Cidade (embora situado na freguesia de Marecos), sem passar pela via Cavalum de má memória para todos nós, já que, embora com poucos anos de existência, muitos foram os que já perderam ali a vida.

Nos dias de hoje, o Rio Cavalum por mais seco que seja o Verão o rio não seca. É que o seu vale serve para canalizar os resíduos da Etar situada junto à ponte de Milhundos, transformando as águas que antigamente eram límpidas numa cor acastanhada, tornando o ar poluído e com mau cheiro.

Os donos da ETAR que contribuíram para a sujidade e morte do Rio Cavalum, num ato de contrição, resolveram arregaçar as mangas e iniciar uma limpeza no rio. Foi tal o empenho posto nesta tarefa, que na falta de panos para a dita limpeza, até deitaram mãos às bandeiras que existiam nos mastros à entrada da empresa, ficando neste estado como mostra a foto transmitindo uma má imagem da empresa para o exterior.

Tal como um cadáver humano, também o Rio Cavalum depois de morto, convém ser enterrado o mais limpinho possível.