01 novembro 2023

NICHO DA NOSSA SENHORA DO VIANDANTE

 NICHO DA NOSSA

SENHORA DO VIANDANTE

 



Mal começaram as aulas do 2.º períodos do ano de 1965, nas oficinas da Escola Industrial de Penafiel, começou a ser construído o nicho para a N .S. do Viandante. O molde para levar o cimento foi construído em platex.


O Platex, é um tipo de derivados da madeira, que possui uma face lisa e uma contra face rugosa com uma cor castanho-escura, sendo um material que devido à sua espessura é facilmente moldável


Lembro-me de se ter feito o molde para a construção do nicho da Nossa Senhora do Viandante neste material, já que o mesmo se adaptava àquela curvatura sem partir.

 

Mestre Zé Luís


Os mentores desta obra foram os mestres Zé Luís e Fernando Cravo, que no dia 1 de Fevereiro o montaram no lado esquerdo (quem sai da escola em direcção à cidade de Penafiel), nas traseiras da actual paragem de autocarros, na Rua da Escola hoje D. António Ferreira Gomes.


Terça-feira, 2 de Fevereiro de 1965, pelas 15 horas, foi inaugurado o nicho da Nossa Senhora do Viandante.

 

Dr. Aurélio Tavares
 

Estavam presentes, o Sr. Dr. Aurélio Tavares, ilustre director da Escola Industrial de Penafiel, Professor Joaquim José Mendes em representação do Sr. Presidente da Câmara e como Presidente da Comissão Municipal da Cultura, Tenente Francisco Bernardo Leal Machado, representando o Sr. Comandante do R.A.L. 5, Dr. Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Subdelegado de Saúde em exercício, alunas e alunos da Escola Industrial, todo o corpo docente e alguns populares, emprestaram ao acto da Bênção do Nicho dada, pelo Reverendo Padre Arnaldo Leite Teixeira, Pároco de Milhundos e professor da Escola Industrial, um ar de festa. Aí estiveram também as Ex.mas Senhoras D. Maria Isabel Lopes Afonso e D. Alice de Oliveira Dias, do Movimento Nacional Feminino, bem como a Ex.ma Senhora D. Maria José Cochofel Teixeira Dias da Acção Católica.


Depois da Bênção, o Sr. Dr. Aurélio Tavares, proferiu o seguinte discurso:


Excelentíssimo representante do Sr. Presidente da Câmara e demais autoridades.


Ex.ma Senhora Directora do Centro.


Ex.mo Senhores professores, filiadas da Mocidade Portuguesa Feminina, que nesta Escola Industrial funciona, cabe-me o privilégio de saudar Vossas Excelências e de agradecer a sua distinta e significativa presença nesta humilde inauguração, assegurando simultaneamente o sentimento de penhorado júbilo por se haverem dignado aceitar um convite que um grande apreço inspirou.


Inaugura-se neste momento um pequeno comovido nicho, mercê do entusiasmo destas filiadas, homenagem piedosa delas à suave protectora dos que erram por estes caminhos eriçados de perigos; acto bem próprio de corações que desabrocham, não tocados ainda do mal que envenena e corrompe a nossa época; e devido à acção de quem tão elevadamente as dirige no âmbito das actividades da Mocidade Portuguesa. Formosa prece materializada em pedra destacando-se de uma moldura de cedros, para edificação e elevação espiritual à Mãe de Deus, de todos os transeuntes desta via – os que seguem dominando a máquina transportadora, para que a mesma lhe seja dócil e prestante, e os que ao movimento arrastado dos pés confiam o destino que levam.


Lídima luz espiritualizante, indicadora de rumos certos, seja também a Senhora dos Caminhos, a excelente e santa vizinha desta Escola, farol dos que a demandam, tanto nos caminhos do estudo como, mais tarde dela despedidos, através da vida que os conduzirá a ignorado termo, para que este seja o da verdade e do bem!

 

Meninas, dilectas filiadas! Quando por aqui passardes a caminho daquela Casa onde andais forjando o vosso futuro, erguei à Senhora da Estrada de Melhundos uma prece vibrante e sentida, embora rápida, a fim de que Ela inspire os vossos trabalhos escolares, vos ilumine e inunde de Graça. E quando, de regresso a casa às horas crepusculares, passando novamente diante desta imagem por vós levantada, consagrai à mesma Senhora Padroeira o destino dos vossos pais, dos vossos irmãos, dos vossos professores, o próprio destino vosso, a preservar ciosamente em pureza das ciladas do Mundo. Bem hajais pela concretização em beleza da vossa piedade, devoção, espírito de iniciativa!


Ex.mos Senhores! Como representante da Escola, muito agradecido a V. Ex.as por terem dado à generosa iniciativa desta Mocidade escolar o apoio de uma prestigiada presença, o conforto de uma comprovada simpatia e benevolência.

 


De seguida, a menina Maria Rosa Soares Coelho, leu o poema que vamos reproduzir em honra da Senhora do Viandante:


SENHORA DO VIANDANTE


Senhora do Viandante,  

O caminhante

Que a todo o instante,

Acolhido à vossa Graça,

Por aqui passa,

Passe bem,

E para bem,

 Senhora do Viandante!


Senhora do Viandante, 

Esse volante,

Tão confiante

Em Vós, veloz socorre!

Meu Deus, se morre!...

Filhinhos tem,

Guiai-o bem

Senhora do Viandante!


Senhora do Viandante, 

Esse estudante

Que ali, diante

Do Vosso nicho trabalha

Nessa batalha …

Levai também

Só para o bem,

Senhora do Viandante!


Senhora do Viandante, 

Ah! Nesse instante,

Inda distante,

Perturbante, da partida

Para a vida

Meu rumo aqui

Me defini

Senhora do Viandante!

                                       



Terminou esta festa com uma exposição de berços e enxovais executados pelas alunas da Escola Industrial de Penafiel, com a colaboração das Ex.mas Senhoras Arquitecta   D. Maria de Lourdes e Dr.ª Maria Madalena, e que vão ser distribuídos por famílias pobres desta cidade.


 

Nos dias de hoje, o nicho encontra-se no parque que rodeia o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, embora sem a Senhora do Viandante, que pelos vistos, viajou na mão de algum meliante, cujos pais não lhe deram chã em pequenino e não lhe ensinaram que não se deve tocar nas coisas do alheio.


Infelizmente, gentalha desta categoria, não falta neste país, que se diz Católico Apostólico Romano, mas que pelos vistos, nem os santos escapam à sua gula de rapina.

 

Fernando Oliveira - Furriel de Junho



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