25 abril 2024

A HISTÓRIA DA GRÂNDOLA

 A HISTÓRIA DA GRÂNDOLA




José Afonso é convidado para actuar na Sociedade Musical Fraternidade Operária de Grândola, no domingo 17 de Maio de 1964, a quando dos festejos do 52º Aniversário.




Como podemos ver no cartaz promocional aparece o Zeca acompanhado de Rui Pato e o Carlos Paredes com o Júlio Abreu. Este último era o nome de um ciclista que por engano da gráfica foi lá colocado já que o mágico da guitarra de fado foi acompanhado à viola pelo Fernando Alvim, e Rui Pato não veio porque não foi convidado, pois a direcção ao convidar o Zeca partiu do pressuposto que ele vinha com Rui Pato.




Mas o espectáculo correu de tal maneira que tocou fundo no Zeca ao ponto quatro dias depois ou seja no dia 21 de Maio de 1964, a Sociedade Musical Fraternidade Operária de Grândola recebe uma carta do Zeca com um poema intitulado “Grândola Vila Morena” dedicado à sociedade, que é lido no espectáculo de estreia do grupo de teatro realizado no dia 31 de Maio.


Grândola Vila Morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti ó cidade


Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola Vila Morena

Terra da fraternidade


Capital da cortesia

Não se teme de oferecer

Quem for a Grândola um dia

Muita cá-de trazer




De 11 de outubro a 4 de novembro de 1971, em Herouville (França), José Afonso grava com José Mário Branco, Francisco Fanhais e Mário Correia (Bóris), o disco “Cantigas de Maio”, do qual faz parte “Grândola, Vila Morena” (como podem ver com novos versos).


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade!
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena!


Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade!
Terra da fraternidade

Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena!

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade!
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade!





A 10 de maio de 1972 José Afonso actua na Faculdade de Ciências Económicas em Santiago de Compostela, na Galiza, onde terá apresentado pela primeira vez ao vivo “Grândola, Vila Morena.






No dia 29 de março de 1974, "Grândola, Vila Morena" foi cantada no encerramento do primeiro Encontro da Canção Portuguesa, no Coliseu de Lisboa. A censura tinha proibido outros temas de José Afonso, como “Menina dos olhos tristes” ou “A morte saiu à rua”, mas "Grândola" escapou ao lápis azul.





No dia 25 de Abril de 1974 pela meia noite e vinte, a “Grândola, Vila Morena” foi tocada no programa “Limite” transmitido pela Rádio Renascença. Era a senha para o arranque definitivo das operações do MFA.




A canção cedo se tornou num verdadeiro Hino da Revolução, e sempre que Abril faz anos, é cantada com emoção por todos aqueles que trazem Abril, a voar dentro do peito. 

 

Fernando Oliveira – Furriel de Junho