POR CAUSA DOS CÃES VADIOS
POR
CAUSA DOS CÃES VADIOS
NO
MELHOR PANO, CAI A NÓDOA
Em tempos do
antigamente, volta e meia aparecia na cidade de Penafiel uma quantidade de cães
vadios, a vaguearem pelas ruas da urbe.
Há cinquenta anos
atrás, quem não se lembra de andarem uns homens com redes a caçarem os cães e a
levarem-nos para o canil. Se entretanto o dono aparecia a reclamar o cão,
pagava uma multa e levava o mesmo para casa, caso contrário esperava-os a pena
capital.
Hoje isso não se passa,
porque existem muitos bons corações penafidelenses que os acarinham e os tratam
em suas casas. Aqui está um bom exemplo para ser medalhado no 3 de Março.
Nos anos 30 do século
passado, o decreto N.º 18725 dizia ser obrigatório o registo de animais de
espécie canina, na secretaria da câmara municipal, o qual será feito por meio
de simples declaração prestada directamente naquela secretaria e deve constar:
número, sexo, raça, sinais e categoria (caça, guarda ou de luxo).
Por este registo
pagarão os interessados as seguintes taxas anuais:
Cães de Guarda - 2$50.
Cães de Caça - Os primeiros três 10$00, e os que excedem os três 5$00.
Cães de Luxo - 50$00.
A falta de registo importa para os proprietários uma multa de 100$00 por cada cão.
Com tanto imposto e multa, o que resultou foi o abandono de mais cães, na via pública.
Para combater tal situação, foi consultada a Sociedade "Protectora" dos Animais, que em vez de os defender, vejam o remédio encontrado para tal mal, o qual passo a citar:
A fim de evitar os processos bárbaros e violentos, empregados em alguns pontos do país, na extinção de cães vadios, a Sociedade "Protectora" dos Animais, enviou às câmaras municipais e administrações de concelhos uma circular com uma receita indicando a forma considerada mais rápida para o extermínio desses animais.
As instruções fornecidas por aquela Sociedade são as seguintes:
O cianeto de potássio é o veneno hoje preferido para a ocisão dos pequenos animais domésticos e deve ser confiado à guarda de pessoa da máxima confiança.
A solução é saturada e aplica-se em dose, pouco mais ou menos, de meio decilitro por cada animal. Com uma borracha N,º2, de pipo de arco, introduz-se aquela quantidade na boca, cuja mucosa absorve rapidamente essa substância tóxica.
Isto para os animais dóceis.
Para os que são mal-intencionados, isto é, para os que pretendem morder, é suficiente untar a extremidade fixa de um pau, com banha, e pulverizar com cianeto reduzido a pó e chegá-lo à boca do animal.
A pessoa que estiver em contacto com o veneno deverá, tanto quanto possível evitar respirá-lo tapando as narinas e a boca, triturando depois o veneno com o martelo, dentro de um jornal bem dobrado.
É conveniente, sobretudo, quando as mãos estejam feridas, usar umas luvas.
Aqui vemos que uma Sociedade dita "Protectora dos Animais", que em vez de proteger os animais, anda a receitar a maneira de os liquidar.
Muitos amigos, defensores dos animais, ao lerem isto, até se vão passar, pois é caso para dizer, que no melhor pano cai a nódoa.
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