O ABADE DE JAZENTE
O ABADE
DE JAZENTE
Paulino
António Cabral- Poeta Paulino António Cabral, Abade de Jazente, nasceu na
Quinta do Reguengo, na freguesia de S. Pedro da Lomba, a 6
de Maio de 1720, sendo conhecido pela sua poesia sarcástica, crítica da
sociedade da época em que viveu.
Filho de João Cabral Moreira e Ana Cerqueira Pereira, formou-se em Cánones pela Universidade de Coimbra, em 17 de Junho de 1741. Em 1752, foi nomeado abade da freguesia de Jazente, onde viveu 30 anos (até 1783) e donde lhe veio o nome de Abade de Jazente, pelo qual é, geralmente, conhecido. Morreu em 20 de Novembro de 1789, tendo sido sepultado na Igreja de S. Pedro, na cidade de Amarante, por ser irmão da confraria da invocação deste santo.
Filho de João Cabral Moreira e Ana Cerqueira Pereira, formou-se em Cánones pela Universidade de Coimbra, em 17 de Junho de 1741. Em 1752, foi nomeado abade da freguesia de Jazente, onde viveu 30 anos (até 1783) e donde lhe veio o nome de Abade de Jazente, pelo qual é, geralmente, conhecido. Morreu em 20 de Novembro de 1789, tendo sido sepultado na Igreja de S. Pedro, na cidade de Amarante, por ser irmão da confraria da invocação deste santo.
A
obra legada fornece-nos preciosos depoimentos históricos e também por ela
sabemos dos seus prazeres (a caça, a pesca, o jogo, a boa mesa); das suas
fraquezas, do seu triste envelhecer, dos seus amores, pois revela-nos episódios
concretos de um relacionamento com Nise (anagrama de Inês da Cunha). Os sonetos
respeitantes a esta constituem o mais pungente drama de amor do século XVIII
português.
Escreveu
três sonetos ridicularizando a passagem da Vila Arrifana de Sousa, a cidade de
Penafiel e um sobre o seu Bispo das Albardas.
Volta,
Penafiel, volta contente
Volta, Penafiel, volta
contente
Da antiga Mãe ao grémio
sacro, e agora
Não te separes dela,
como a Aurora
Se não sabe apartar do
Sol Luzente.
Volta a beijar-lhe a
mão, e obediente
No materno regaço outra
vez mora;
Porque a filha, que
dele se sai fora,
Não torna, como tu,
sempre inocente.
Tu mesma abonas hoje
esta vaidade;
Pois bem que ilesa
vens, vens mais ufana
Por vir trajada em
forma de Cidade.
Ninguém te contradiz:
mas desengana
Esses novos adornos da
vaidade
Com os outros antigos
de Arrifana.
Enfim,
Penafiel, do teu Bispado
Enfim, Penafiel, do teu
Bispado
Despojada te vês: tem
paciência;
Que tudo o que acontece
é consequência
Do sistema, em que o
mundo está fundado.
Ele mudável é, e contra
o fado
Não vale dos mortais a
diligência;
Pois só pode fazer-lhe
resistência
No mudo sofrimento um
desgraçado.
Encolhe os ombros pois;
e sem vaidade
Depõe a pompa, que te
fez ufana
Na fugitiva luz da
claridade
Pouco tempo a lograste,
e se te engana
Inda o título novo de
Cidade,
Recorda o nome antigo
de Arrifana.
Agora
sim, agora sem vaidade
Agora sim, agora sem
vaidade
Podes alçar, Penafiel,
a frente;
Pois já com nome novo,
e florescente
Passas de Vila aos
foros de Cidade.
Do teu novo esplendor
na claridade
Lisonjear te podes, e
contente
Ostentar sem rubor do
mundo à gente
A antiga feira, a nova
Dignidade.
Agora sim (se acaso não
receias
Desperdiçar os timbres,
que ainda guardas,
Dos edifícios teus
sobre as ameias).
Agora podes nas paredes
pardas
Meter por luminárias as
candeias,
Estender por bandeiras
as albardas.
Sobre o seu Bispo Frei Inácio de S. Caetano
"Dom Frei Inácio, e albardeiro,
Por mercê de Sebastião Marquês de Pombal
A todo o amado súbdito em geral,
Saúde, e bênção de Deus, que é verdadeiro.
Constou-nos por um nosso alcoviteiro,
Que em todo o nosso Bispado, e em Portugal,
Da dita personagem se diz mal,
Em toda a casa, na praça, e no outeiro.
Mandamos porém por santa obediência,
A todas estas boas e más fardas,
Não falem mais de sua Excelência,
Porque como Ele se vê em calças pardas,
Goza nossa protecção, e clemência,
Dom Fr. Inácio, Bispo das Albardas.
Sobre o seu Bispo Frei Inácio de S. Caetano
"Dom Frei Inácio, e albardeiro,
Por mercê de Sebastião Marquês de Pombal
A todo o amado súbdito em geral,
Saúde, e bênção de Deus, que é verdadeiro.
Constou-nos por um nosso alcoviteiro,
Que em todo o nosso Bispado, e em Portugal,
Da dita personagem se diz mal,
Em toda a casa, na praça, e no outeiro.
Mandamos porém por santa obediência,
A todas estas boas e más fardas,
Não falem mais de sua Excelência,
Porque como Ele se vê em calças pardas,
Goza nossa protecção, e clemência,
Dom Fr. Inácio, Bispo das Albardas.
Passados 242 anos da elevação da
Vila Arrifana de Sousa a Cidade de Penafiel, nunca pensei que o Abade de
Jazente, tivesse nesta terra tantos acólitos.
4 Comments:
Neste caso Penafiel não vai voltar a ser Arrifana de Sousa. A nossa cidade é Penafiel e assim continuará a ser. Não sou dos que tremem quando se fala de Arrifana de Sousa, porque foi algo que foi nosso. Não é um retrocesso. Não é um voltar para trás.
Nós, penafidelenses da cidade, nunca sentimos a cidade como uma freguesia, sentímo-la como aquilo que ela é. A NOSSA CIDADE DE PENAFIEL.
Um abraço
Beça Moreira
Amigo Beça Moreira
Nós estamos a falar de freguesias e não de cidades. Muito mais grave que os nomes é que esta Arrifana de Sousa está a ser formada, com extinções de freguesias, para serem anexadas numa só contra a vontade das suas gentes, fazendo-me lembrar uma era "colonial".
Porque não se fez um referendo?
Mesmo assim, ainda tenho esperança que esta reforma administrativa aborte.
Embora respeite a tua opinião.
Um abraço
F. Oliveira
Vamos lá ver. Tens toda a razão quando falas num referendo. As pessoas devem ser ouvidas. A mim o que me incomoda é ver e saber que houve presidentes de junta de freguesias que irão ser agregadas, terem votado a favor da extinção. Por aquilo que ouço falar é que a extinção de freguesias não traz benefícios a ninguém.
O que eu sou contra é a extinção da freguesia de Novelas. Novelas e Santiago ficavam muito bem juntas. Novelas é uma freguesia muito importante e merece a autonomia que tem actualmente. Quanto às freguesias de Milhundos, Santa Marta e Marecos, penso que não é grave terem de ficar agregadas a Penafiel. Porque repara a Papelaria Académica fica em Milhundos. A Escola Joaquim Araújo está ali em baixo em Marecos. Santa Marta é ali atrás do Sameiro.
É evidente que se houver referendo eu voto contra a mudança de nome de Penafiel para Arrifana de Sousa. Voto contra. Mas se o sim vencer não me incomoda nada.
Eu já fui acérrimo defensor da extinção de muitas freguesias neste país. Mas já não estou tão certo que isso favoreça as populações...
Um abraço
Beça Moreira
Amigo Beça Moreira
Também não compreendo quando presidentes de junta votam a favor da extinção da mesma, quando foram eleitos para trabalharem e defenderem a sua freguesia. Quanto a Novelas se unir a Santiago ou Santa Marta a Croca e muitas outras talvez fossem uniões mais naturais, mas mesmo assim só depois de consultadas as populações.
Um abraço
F. Oliveira
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