5 DE OUTUBRO DE 1910 FESTEJADO em 1959 PELO DR. RODRIGO DE ABREU
5 DE OUTUBRO DE 1910
FESTEJADO PELO
DR. RODRIGO DE ABREU
EM 1959 NO EXÍLIO
Hoje vou falar de um homem que lutou pela liberdade, num tempo em que nem todos tiveram a coragem de o fazer, e por incrível que pareça é esquecido pelos democratas que se deitaram fascistas no dia 24 de Abril de 1974 e acordaram democratas de meia tigela na manhã seguinte.
Muitos deles com direito a nome de rua em sítios que nunca conheceram nem sequer lá passaram.
Dr. Rodrigo de Abreu, envolveu-se de alma e coração na campanha do General Humberto Delgado, que só não foi eleito Presidente da República devido à fraude eleitoral.
Como tal, pagou caro esta ousadia, e para não ser preso exilou-se primeiro em Cuba e depois no Brasil.
Domingo, 5 de Outubro de 1959, o Centro Republicano de S. Paulo juntou, num jantar comício republicanos brasileiros e portugueses, para comemorar o 49º aniversário da implantação da República Portuguesa, onde a dada altura tomou a palavra o Dr. Rodrigo de Abreu com a bandeira verde rubra na mão, começou por saudar Sua Excelência o Presidente do Brasil na pessoa do seu Vice-Governador, General Porfírio da Paz, o Capitão António Pais de Barros em representação do Comandante Geral da Força Pública, o Coronel Alves de Brito, comandante dos bombeiros de S. Paulo, saúdo o decano da oposição portuguesa no Brasil, o presidente do Centro Republicano Português em S. Paulo, Comandante João Sarmento Pimentel, o grande patriota que mais de uma vez arriscou a sua vida, para defender a liberdade, para defender a democracia, para defender a Pátria e a República!
Aqui ficam alguns excertos do ser discurso:
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| Foto de 5 de Outubro de1959 |
“ Querem transformar a ditadura de Salazar em ditadura do Capital, porque não pensam dar aos sindicatos os princípios atraiçoados e que a Constituição garante. Os trabalhadores serão tratados como escravos, porque os não deixarão participar nas decisões da produção. O poder ilimitado continuará na posse do Capital, contra os princípios sociais das Encíclicas, e contra os princípios plebiscitados na Constituição de 1933. Existe uma combinação demoníaca maquinada por androides, pseudo - oposicionistas e por situacionistas, para imporem uma “chantage” financeira na metrópole e nos territórios ultramarinos. Desta forma, em vez do dirigir a potência industrial a favor do bem comum, o Estado é dirigido pelo poder industrial em benefício dos interesses dos seus possuidores. Não interessa à organização oculta do capital, a mudança do cesarismo para uma democracia verdadeira, dentro dos princípios cristãos. “
"Hoje, em Portugal, como no tempo da monarquia, o povo é espoliado à beça ... As minas de ouro de Penedono, os diamantes de Angola,as negociatas da SONEF, os desvios do dinheiro das Caixas de Previdência, do Fundo de Desemprego para fins diferentes, e muitos outros casos são a prova da afirmação.”
“Hoje, como no tempo da monarquia, Salazar transformou em motim, as últimas eleições presidenciais, para prender, para encher as masmorras de desgraças, para ferir, para encher os hospitais, para matar, para esmagar o povo debaixo de tanques e das patas dos cavalos.”
“Salazar passará à posteridade, na História de Portugal, com o cognome de Fouché de Santa Comba, porque é o principal responsável por todos os crimes de assassinato praticados pela PIDE, pelas brutalidades, pelos martírios executados na metrópole, nas Províncias Ultramarinas, nas ruas, nas residências, nas masmorras da gestapo, ás quais nem os sacerdotes escapam.
Sua Reverendíssima o Bispo do Porto (D. António Ferreira Gomes), foi afastado da sua Diocese, e o Povo, que tanto ama, desconhece o seu paradeiro. A Bíblia encerra a previsão de tudo que hoje se passa, e quantos remédios podem existir no mundo para todos os séculos. Assim diz o Génesis, das advertências de Deus a Noé: A todo o que derramar sangue humano será derramado o seu sangue. Quando os assassinos se apoderam do poder, o mundo civilizado compreende que o sangue do povo chacinado, pede o sangue dos ditadores.”
“O único remédio para libertar das ditaduras os países da América Latina,é acabar o mal na origem: auxiliar o Povo Português, a reconquistar as instituições que ganhou em 5 de Outubro de 1910.
Vou terminar pedindo que todos os democratas portugueses se mantenham firmes e unidos... Para que entrem todos, individualmente, para o Movimento Nacional Independente.
Lembremo-nos que os nossos respeitos humanos, e as nossas incompreensões, servem o cesarismo, à trinta e três anos.”
Terminando, o Dr. Rodrigo de Abreu erguendo Vivas a Portugal, à República, ao General Humberto Delgado, ao Dr. Arlindo Vicente e ao Eng.º Cunha Leal, no que foi secundado por todos os presentes.
Assim foi festejado o 5 de Outubro em 1959, por políticos portugueses exilados no Brasil, no tempo em que se lutava por ideais, e ser opositor ao regime era um acto de ousadia, nada comparado ao folclore eleitoralista que por aí anda, em que se luta por tachos e tachinhos para padrinhos e afilhados, e a esta classe política que nos saiu nas várias rifas eleitorais, de uma maneira geral, embora com as devidas excepções, é adjetivada de incompetentes, malandros, aldrabões, oportunistas e corruptos.
- O Povo lá sabe porquê!
Fernando Oliveira – Furriel de Junho






