A ÍNDIA PORTUGUESA RESISTIU EM 1954
A ÍNDIA PORTUGUESA
RESISTIU EM 1954
Embora quando se fala do início da Guerra Colonial, logo o ano de 1961 vem à memória de todos, mas para mim a mesma começa em 1954, quando a União Indiana tenta apossar-se dos territórios portugueses na Índia, ou seja dos distritos de Goa também conhecida por Roma do Oriente outrora capital do Estado Português da Índia, que se tornou um importante centro cultural e religioso no Oriente, daí a comparação com Roma, Damão e Diu.
Assim,
no dia 22 de Julho de 1954, enquanto as tropas da União Indiana
cercavam Dadrá sendo a mesma ocupada por um grupo de assalto no dia
seguinte apesar da resistência portuguesa, tendo sido morto o
Subchefe da polícia Aniceto do Rosário Fernandes, mais dois guardas
António Fernandes e Clemente Pereira e alguns naturais.
Esta data para dar-se tal operação militar, não foi escolhida ao acaso, pois foi no dia 22 de Julho de 1785, que a aldeia de Dadrá passou a ser portuguesa.
Devido â facilidade com que tomaram a aldeia de Dadrá, tomaram de seguida Noroli na orla do território de Nagar – Aveli, só que não contavam com a pronta reacção do Tenente Falcão, com os seus guardas e o povo armado retomou essa aldeia, arvorando novamente aos quatro ventos a bandeira portuguesa, fazendo 8 prisioneiros.
O inimigo recuou e as coisa ficaram por aqui devido à grande pressão internacional exercida sobre o dito pacifista Nehru que pretende incorporar na União Indiana, os territórios de Goa, Damão e Diu, o que veio a acontecer uns anos mais tarde, ou seja em 19 de Dezembro de 1961.
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Nesta altura ainda não existia a televisão pelo que as notícias eram transmitidas via rádio. Todos os dias ao final da tarde, melhor dizendo pelas 18 horas lá ouvíamos os "sinos da velha Goa" que assinalavam a abertura do programa que dava notícias do que se passava na Índia Portuguesa.
Como reagiram os penafidelenses a todos estes acontecimentos?
O Presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Dr. Francisco da Silva Mendes, mandou rezar uma missa por alma de todos aqueles heróis que tombaram na defesa da Índia Portuguesa na Igreja da Misericórdia, pelas 11 horas no dia 15 de Agosto de 1954, sendo seu celebrante o distinto orador o Dr. Avelino de Sousa Soares.
O templo estava repleto de fieis, ladeando o altar-mor o sr. Presidente da Câmara e vereadores do nosso município, uma representação do Grupo de Artilharia Contra Aeronaves N.º3 desta cidade, deputações dos Bombeiros Voluntários de Penafiel e Entre-os-Rios, Mocidade Portuguesa e associações e organismos locais, com os seus estandartes.
A guarda de honra foi feita por um grupo de sargentos do G.A.C.A. 3, que se fazia acompanhar de um terno de clarins que tocaram a silêncio na elevação da hóstia.
Entretanto o jornal Diário Popular de Lisboa, lança uma campanha denominada “Lembranças para os combatentes na Índia”, destinada a angariar donativos, quer em dinheiro, quer em géneros ou artigos, para os defensores daquela nossa possessão ultramarina.
Em Penafiel, os donativos eram recebidos na sede da subdelegação Regional da ALA Nº 1, ou na secretaria da Comissão Municipal de Assistência, situadas no Largo da Misericórdia, desta cidade.
Aqui vai a relação dos donativos angariados pela Mocidade Portuguesa (Feminina e Masculina), em Penafiel.
Dirigentes da ALA Nº 7 da MP Feminina - 100$00
Dirigentes da ALA Nº1 da MP Masculina - 100$00
Garagem Egas Moniz - 20$00
Casa Fortes & C.ª - 50$00
Pensão Morais - 2 garrafas de vinho verde Moura Bastos
Pensão Aires - 20$00
Pensão Guimarães - 5$00
Casa “A Económica” de Joaquim da Rocha - 10$00
Pensão Freitas – 1 garrafa de Vinho do Porto
Casa Peixoto - 20$00
Padaria Graça - 20$00
Fernando Costa - 10$00
Sapataria da Moda Manuel do Carmo - 2$50
Casa Ibéria - 5$00
Manuel Moreira Guedes de Melo - 50$00
Chapelaria Fausto V.ª Silva Suc. - 20$00
Abílio Júlio Barbosa & C.ª Suc. - 50$00
Padaria Corneta - 10$00
Horácio Aires - 5$00
José Abrantes Ferreira Suc. - 20$00
A Chic de Francisco Mendes Lopes de Carvalho - 20$00
Ourivesaria Coelho d' Ouro de Amaro Coelho Jorge - 10$00
José da Silva Rocha - 5$00
Casa Gabino – 1 Garrafa de Vinho do Porto
Sapataria Corgas - 5$00
Pacheco & C.ª – 4 Tabletes de chocolate
Centro Agrícola - 5$00
Afonso Menezes - 10$00
Fernando Feijó - 5$00
João Moreira Quintas & Suc. - 20$00
Amândio Barbosa - 3$40
Farmácia Oliveira - 50$00
Alberto Tomás Ferreira - 50$00
Professor Osório - 5$00
Albano de Sousa - 5$00
Fernando Baptista - 10$00
D. Ludovina Rosa - 5$00
Farmácia Miranda - 10$00
Quinta de Pussos Dr. Rodrigo de Abreu - 2 Caixas de Vinho Verde
Salão Almeida - 7$50
Augusto Ribeiro - 10$00
Livraria Reis - 10$00
A Modelar de Joaquim Fernandes - 5$00
D. Maria Alice de Carvalho - 20$00
José Augusto Lopes Pires - 20$00
Justino Ribeiro de Carvalho - 1 volume de cigarros provisórios pequenos
José Joaquim Moreira Fernandes - 10$00
Agência Beça de Artur Beça - 20$00
Café Sociedade de José da Rocha Liques – 1 garrafa de Brandy Royal
Manuel da Silva - 5$00
Drogaria Coelho - 2$50
Confeitaria Brasil - 1 garrafa de vinho aperitivo
Manuel Afonso - 20$00
Joaquim Ribeiro - 6 maços de cigarros Diana e dez Legionários
Centro Ciclista de Penafiel - 10$00
Casa Leal - 10$00
Paulo de Sousa - 10$00
Três Anónimos - 25$00
Abílio Pereira de Sousa Meireles - 2$50
António Soares Moreira - 1 garrafa de vinho
Imperial Café - 2 garrafas de Vinho do Porto
Pensão de Beatriz Ferreira Lopes - 20$00
D. Maria Júlia Moura de Carvalho - 10$00
Pensão Pacheco - 5$00
Papelaria Fidélitas - 1 Romance
Casa de Joaquim Pinheiro - 1 Caixa de cigarrilhas
Casa S. Martinho - 30 medalhinhas
Soc. Agr. Quinta da Aveleda - 1 caixa com 12 garrafas de vinho
Sapataria Pinto Beça - 5$00
D. Ana Monteiro de Magalhães - 7$50
José de Castro - 2$50
A Comissão angariadora destes donativos, era composta por: Natércia da Conceição Oliveira Ferreira Nunes e José Ferreira de Lima.
Das freguesias de Castelões e S. Mamede de Recezinhos, por intermédio do Padre Abel de Araújo Moreira Lopes, foi entregue a quantia de 400$00, 4 garrafas de Vinho do Porto, 2 garrafas de Laranjada, 16 maços de cigarros, 1 garrafão de 3 litros de aguardente oferta de Júlio Mesquita, Farmácia Confiança de Penafiel 10$00 e 5 maços de cigarros Paris da Casa Sementes de José Luís Pinto Bessa de Miranda, desta cidade.
Como se pode ver, o povo português sempre foi solidário com os seus combatentes, ao contrário dos (des)governos da Nação, tanto antes como depois de Abril, que os combatentes da Guerra Colonial, são votados ao esquecimento. A nível local nem é bom falar, já que numa falta de respeito pelos conterrâneos mortos, os seus nomes foram colocados numa chapa ao nível do chão.
Enquanto os vossos olhos não despertarem a vossa consciência que isto está errado, podem entoar a plenos pulmões o Hino Nacional em sentido ou com a mão no peito, proclamarem discursos inflamados de patriotismo, ou até assobiarem para o ar que faz o mesmo efeito.
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Fernando Oliveira – Furriel de Junho




















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