CORONEL FONTES E O DISTINTIVO NA LAPELA

CORONEL FONTES

E O DISTINTIVO NA LAPELA

Hoje vou falar do antigo Presidente da Câmara de Penafiel, Coronel Cipriano Alfredo Fontes.

Nasceu em Bragança na freguesia da Sé, a 18 de Setembro de 1903. Filho de Cipriano Alfredo Fontes e de D. Rita Afonso Fontes e como forma de vida escolheu a carreira militar.

No dia 20 de Julho de 1922, alistou-se como voluntário no RI30. Foi promovido a Alferes por decreto de 7 de Novembro de 1925, sendo Aspirante a Oficial do Corpo de Alunos da Escola Militar, onde tinha o N.º 60.

Casou-se com a senhora D. Maria Isabel da Silva Carvalhais em 19 de Abril de 1930.

Foi promovido a Tenente no dia 1 de Dezembro de 1930, a Capitão a 24 de Junho de 1943, a Major a 25 de Junho de 1952, a Tenente Coronel em 21 de Fevereiro de 1956, e finalmente a Coronel em 18 de Abril de 1958.

Prestou serviço militar nas nossas então Províncias Ultramarinas de Moçambique e Macau, de 29 de Dezembro de 1936 a 25 de Agosto de 1951.

Foi condecorado com Medalha de Mérito Militar 3.ª Classe, Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Aviz, Medalha Militar de Prata da classe de comportamento exemplar, Medalha de Prata de Serviços distintos e inúmeros louvores.

Promovido a Capitão, veio para Penafiel em 1943, para organizar o G.A.C.A. 3. Como bebeu água da Fonte dos Carvalhos e comeu pão do pego, desde essa data que nunca mais daqui saiu. Assim, chegou ao posto de Coronel e comandou o R.A.L. 5, onde se fez sentir a sua acção como oficial distinto, disciplinado e disciplinador, até à sua passagem à reserva em 1962.

Quanta-feira, 14 de Março de 1962, o então Governador Civil do Porto, Eng.º Brito e Cunha, veio a Penafiel dar posse ao Coronel Cipriano Alfredo Fontes, do cargo de Presidente de Câmara de Penafiel, que nesses tempos eram nomeados pelo governo, não havendo para tal eleições.

O comércio local, em resolução do seu Grémio encerrou as portas, possibilitando assim uma maior assistência àquele acto público.

No átrio inferior dos Paços do Concelho, ladeando a escadaria, via-se um piquete dos Bombeiros Voluntários com estandarte, bem como as bandeiras das colectividades e organismos locais que, momentos antes de iniciada a sessão se postaram junto da mesa de honra. O elenco de todas as freguesias do concelho estava presente, assim como as autoridades administrativas.

O senhor Governador Civil do Porto, Eng.º Brito e Cunha, tomou a presidência, convidando para a mesa o Coronel Fontes, o Dr. António Pedro Pinto de Mesquita, o Coronel António Augusto Ferreira, o Dr. Francisco da Silva Mendes (presidente cessante), Brigadeiro Ramos Afonso, Coronel Santos Júnior, Tenente Coronel Aires Martins, Dr. Rocha Reis, Roberto Guedes, Padre Albano Ferreira de Almeida e Tenente António Carvalho Sampaio.

Aberta a sessão o Dr. Victor Lopes Dias, Secretário Geral do Governo Civil leu o auto de posse, que de seguida foi assinado pelo Governador Civil do Porto e pelo Presidente da Câmara Municipal de Penafiel Coronel Cipriano Alfredo Fontes.

De seguida usou da palavra o sr. Governador Civil, o Eng.º Brito e Cunha, e em nome da União Nacional falou o Presidente da Comissão Distrital o sr. Dr. António Pedro Pinto de Mesquita. Por fim, o sr. Coronel Cipriano Alfredo Fontes, visivelmente comovido, agradece num brilhante improviso, todas as referências que lhe foram feitas, prometendo o melhor do seu esforço e do seu dinamismo no desempenho do cargo para que acabava de ser empossado.

Quatro anos passados, ou seja segunda-feira, 14 de Março de 1966, pelas catorze horas que o movimento na cidade se começou a intensificar enchendo-se cada vez mais de penafidelenses a Praça Municipal.

Pelas 15 horas, teve início a sessão solene para comemorar o 4.º aniversário do mandata do Coronel Fontes à frente dos destinos camarários de Penafiel.

Na mesa estava o homenageado que tinha a ladeá-lo o subdelegado de saúde interino do concelho, Dr. Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Presidente da Comissão Concelhia da União Nacional, António Gouveia Mendes de Vasconcelos, o 1º e 2º Comandantes do Regimento de Artilharia Ligeira, N.º 5, respectivamente Coronel Castilho e Tenente coronel Santiago Cardoso, Director Clínico do Hospital da Misericórdia de Penafiel, Dr. Joaquim da Rocha Reis, Pároco de Penafiel e Vigário da Vara, Padre Albano Ferreira de Almeida, da Comissão Municipal da Cultura, Dr. Ângelo Ferreira Pimentel, Director do Distrito Escolar do Porto, Joaquim José Nogueira Soares da Costa, adjunto da Direcção Escolar, professor Albano Frederico Morais da Silva, Director da Escola Industrial de Penafiel, Dr. Aurélio Tavares.

Com o Salão Nobre totalmente cheio, fazendo a guarda de honra a Mocidade Portuguesa e os Bombeiros Voluntários de Penafiel e Entre os Rios.

Iniciou-se uma série de discursos pela seguinte ordem: António Gouveia Mendes de Vasconcelos, Albano Morais, Aurélio Tavares, Raulindo Cardoso, Presidente do Futebol Clube de Penafiel, Elísio Alves, do Grupo Desportivo José Alves de Rio de Moinhos. No final o Futebol Clube de Penafiel ofereceu ao homenageado um distintivo em oiro e prata do clube, que lhe foi colocado na lapela do sr. Presidente da Câmara de Penafiel, Coronel Fontes, pelo treinador Frederico Passos.

O povo queria ver o seu Presidente, e não arredou pé da Praça Municipal, até que este no final da sessão, o Sr. Coronel Fontes, veio à varanda do município saudar a multidão e agradecer-lhes a prova de confiança que lhe transmitiam.

Em Maio de 1966, Júlio Roldão, homenageia o Presidente da Câmara de Penafiel, em forma de soneto com o título Penafiel.

Situada num alto és rainha

Das cidades com belezas naturais

Estou maravilhado!... e a alma minha

Fica extasiada com factos tais!

Cidade de remotas tradições

Teu progresso, é grande, realmente.

Mostrarás às futuras gerações

A obra deste grande Presidente.

A cidade viveu ao nomear

A hora tão feliz por acertar

Na escolha deste homem diligente.

É, pois, de enaltecer a sua obra

Com rasgo tão profundo a manobra

Este homem invulgar e Competente!...

 

 

Na toponímia aparece na freguesia de Rio Mau, o largo Coronel Cipriano Fontes.

O Coronel Fontes foi reconduzido para mais um mandato que terminou em 1970.

Hoje são os partidos políticos que escolhem os candidatos à Presidente de Câmara que o povo com o seu voto o vai eleger. Infelizmente com certas escolhas, Penafiel tem perdido muito património municipal, como a calçada à portuguesa, a Praça do Mercado, o lago do parque do Santuário de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos e até o busto de grandes penafidelenses deixaram de ter tanta visibilidade como o Egas Moniz e o Zeferino de Oliveira. Por isso, é que eu acho uma grande hipocrisia destes senhores, quando colocam coisas como esta:

Fernando Oliveira – Furriel de Junho