01 novembro 2024

DR. RODRIGO DE ABREU UM PENAFIDELENSE INJUSTAMENTE ESQUECIDO

 

DR. RODRIGO DE ABREU

UM PENAFIDELENSE

INJUSTAMENTE ESQUECIDO




Hoje vou falar do Dr. Rodrigo Teixeira Mendes de Abreu, um penafidelense injustamente esquecido, licenciado em Ciências Históricas Filosóficas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, candidato a deputado pela oposição pelo Círculo do Porto em 1958, e principal articulador do programa da candidatura de Humberto Delgado.




Vivia na sua Quinta de Pussos em Penafiel onde comercializava o seu vinho de Puços, branco e tinto e a aguardente velha extraída no alambique da quinta.




Quando era criança e o meu pai me levava pela mão à bola ver o Penafiel jogar, mais precisamente na época de 1956/57, em que era Presidente do Clube o Dr. Rodrigo de Abreu e o F. C. de Penafiel sagrou-se campeão da II Divisão Distrital.




Na sua presidência também foram inauguradas as velhinhas bancadas em pedra no dia 9 de Junho de 1957 por Sua Excelência o Secretário de Estado da Educação Nacional Dr. Baltazar Rebelo de Sousa (pai do actual Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa).




Também é nesta época desportiva, que pela primeira vez os Rubro Negros têm no seu plantel um jogador estrangeiro, ou seja, o guarda redes espanhol Manuel Rial Caride mais conhecido por Manolo e no final dos jogos o Dr. Rodrigo de Abreu o transportava até ao seu país.




No ano seguinte 1958, o Dr. Abreu aparece envolvido na candidatura independente do General Humberto Delgado para a presidência da República.


Pertencente ao núcleo de democratas do Porto, vai no dia 4 de Janeiro de 1958, juntamente com o arquitecto Artur de Andrade encontrar-se com o General Humberto Delgado no seu gabinete da Aeronáutica Civil a fim de o convidar a ser candidato. Após o regresso ao Norte começaram a estabelecer contactos com pessoas cuja opinião era necessário conquistar. Domingo, 27 de Janeiro de 1958, numa reunião secreta em casa do Dr. Rodrigo de Abreu, Humberto Delgado é apresentado aos Candidatos Independentes.





A 19 de Abril de 1958, o processo de candidatura à Presidência da República de Humberto Delgado era entregue no Supremo Tribunal de Justiça assinado por 230 eleitores do Porto, e logo uma delegação, constituída por

Sebastião Ribeiro, Manuel Coelho dos Santos, Jaime Vilhena de Andrade, Artur Oliveira Valença, Artur Santos Silva e Rodrigo de Abreu, se deslocava a Lisboa para estabelecer com os adeptos lisboetas desta candidatura os planos da campanha eleitoral

Se nos dias de hoje há uma luta entre partidários para fazerem parte das listas em lugar elegível à procura de algum “tacho”, naqueles tempos era preciso muita coragem para dar a cara na luta pela democratização do país, contra o Salazarismo. Por isso, é que a candidatura independente do General Sem Medo, só apresenta listas para a Assembleia Nacional em cinco círculos eleitorais (Aveiro, Braga, Faro, Lisboa e Porto).




A campanha eleitoral no norte do país, começa a 14 de Maio de 1958, tendo o General Humberto Delgado vindo de Lisboa em comboio e desembarcado no Porto, na Estação de São Bento, e tem à sua espera uma multidão, calculada em mais de 100 mil pessoas para o aclamar, levando o general sem medo a proclamar a célebre frase " O meu coração ficará no Porto".




No dia seguinte 15 de Maio de 1958, que coincide com o 52º aniversário de Humberto Delgado, deslocou-se acompanhado do Dr. Rodrigo de Abreu a Paço de Sousa à Casa do Gaiato e visitado a campa do Padre Américo.




No final o cortejo com cerca de duas centena de carros seguiu em direcção à cidade de Penafiel. Quando este subia a Rua Tenente Valadim a escassos metros do cemitério municipal, uma força da Guarda Nacional Republicana proibiu a caravana automóvel de entrar na cidade passando somente os carros dos membros das comissões e o carro propriedade do Dr. Rodrigo de Abreu, onde seguia Humberto Delgado que estacionou junto à Câmara Municipal de Penafiel na Praça Municipal que estava cercada de guardas.




O resto da comitiva formou uma marcha pedestre que atravessou as Avenidas Egas Moniz, Sacadura Cabral entrando na Praça Municipal encabeçada pelo General Humberto Delgado, sendo bem visível nesta foto Rodrigo de Abreu de óculos escuros.

Como foi proibido de entrar no município, subiu para o tejadilho do seu carro e discursou. No final entoou-se o Hino Nacional e uma senhora ofereceu-lhe uma coroa de flores a qual o General foi depositá-la junto ao monumento aos mortos da Grande Guerra.




Nesse instante, fez-se silêncio, e um minuto depois irromperam as palmas da “liberdade”.




A recolha de fundos para a campanha sabe-se que Penafiel e Paredes contribuíram, conjuntamente, com o montante de 2350$00, valor angariado no dia em que o General visitou os dois concelhos, e foram entregues a Rodrigo de Abreu.


Vieram as eleições e a oposição apenas ganhou no Distrito do Porto em Vila Nova de Gaia, e em Penafiel somente na freguesia de Novelas.




Com a derrota eleitoral (fraudulenta) de Humberto Delgado, antes de ser preso pela PIDE e mandado para qualquer Tarrafal, o Dr Rodrigo de Abreu asilou-se na embaixada de Cuba de onde partiu para Havana e dali para o Brasil onde se conservou seis anos exilado.


Com a primavera Marcelista, que trouxe do exílio entre outros, o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, Mário Soares e o nosso conterrâneo Dr. Abreu que regressa a Portugal e à sua vida na Quinta de Pussos.




Rodrigo de Abreu que lutou pela liberdade neste país cinzento, fazendo ouvir a sua voz em tempos difíceis contra o fascismo, pagou caro tal ousadia.




Pelo que atrás foi descrito, penso que o Dr. Rodrigo de Abreu mereceria o seu nome nesta nova praça, lugar que ele calcorreou diariamente a caminho da sua Quinta de Pussos, durante muitos anos, mas pelos vistos, as canecas falaram mais alto, e a Praça foi baptizada com o nome de S. Martinho e inaugurada no dia 29 de Agosto de 2024, sendo Presidente da Câmara Dr. Antonino de Sousa e Primeiro- Ministro Dr. Luís Montenegro.




Tal como nas telenovelas, nem sempre as coisas terminam como nós desejamos, como é o caso deste texto que poderia terminar em festa, mas acabou com um penafidelense que lutou pela Liberdade, injustamente esquecido.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho


01 outubro 2024

OS SINOS

 

OS SINOS




Sou do tempo em que o toque dos sinos, regulavam a nossa vida.




Ao meio-dia o sino assinalava com três badaladas fortes seguidas de doze mais leves para as pessoas fecharem as suas portas no comércio para irem almoçar e só abririam ás duas horas da tarde.

Ás seis e meia da tarde era o toque das Trindades e terminavam os trabalhos no campo e o lavrador recolhia ao seu lar.




O toque a incêndio era dado com o número de badaladas variável, para anunciar a zona onde se estava a desenrolar o mesmo.


Religiosamente falando tanto podem ser de uma tristeza profunda, como de muita alegria imensa. Na primeiro caso, a morte era assinalada com duas fiadas de toques caso fosse mulher e mais uma se o defunto fosse homem. Mas as crianças consideradas anjinhos levavam um repique, já que a sua alma ia pura para o céu.




Os casados à saída da igreja eram presenteados com um repique, assim como no final dos baptizados os meninos ou meninas que alegremente eram levados à Pia Baptismal nos braços das parteiras no meu tempo e saíam no aconchego da mãe. Também sou do tempo em que os soldados quando regressavam da Guerra Colonial, geralmente os seus pais mandavam dar um repique como agradecimento do seu filho chegar são e salvo.


Para chamar os fiéis à missa davam-se três toques de aviso. O primeiro era quando faltava meia-hora para a mesma começar, o segundo a faltar 15 minutos e o terceiro quando o acto litúrgico ia iniciar.


As novenas pelo menos as de S. José na Igreja da Ajuda também tinham os três toques de sino tal como as missas.

Na Páscoa quando o Compasso Pascal ao som das suas campainhas passa em frente de algum templo, é recebido com repique, assim como qualquer procissão, excepto a do enterro do Senhor na Semana Santa.




Templos há que possuem um conjunto de sinos designados por carrilhão. Se o maior do país se encontra em Mafra, na nossa terra temos um no Santuário de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, oferecido pelo grande benfeitor Sr. Rodrigo da Costa Babo, em 1908.


Isto para não falar na sineta da escola que tocava para a entrada, para o recreio e para a saída dos alunos.


Como vemos o sino tem muita importância nas nossas vidas.




Isto vem a propósito de no ano de 1954 o sino da Igreja do Divino Salvador em Novelas se encontrar rachado, e não ser audível na freguesia o seu toque.

 




Para a recolha de fundos foram criadas duas listas para percorrerem a freguesia, sendo uma encabeçada pelo Padre António Ferreira Baptista e a outra pelo professor Fernando Coelho dando início ao peditório, não se poupando ambas a esforços.


A colaboração dos novelenses foi de tal ordem, que rapidamente conseguiram juntar as verbas suficientes sendo o sino colocado e pago num curto espaço de tempo, que alguém apelidou de milagre.

 




Num préstimo de contas aos paroquianos, tanto as listas dos subscritores, como o recibo da firma fornecedora do sino, foram afixadas no átrio da Igreja, para que todas as possam consultar.




Se no antigamente todos estes toques eram executados manualmente, hoje está tudo comandado electónicamente, bastando um simples dedo para carregar na tecla correspondente para tal funcionar. Agora que todas as igrejas estão dotadas de relógio até estes vão dando as meias e as horas no decorrer do dia, excepto aqueles que se encontram parados ou avariados como são o caso da Igreja da Misericórdia e da Matriz.


Ontem como hoje, os sinos fazem parte das nossas vivências, num mundo cada vez menos humano e mais digital, onde os valores morais vão-se diluindo no tempo, e a corrupção e a cunha tornaram-se símbolos nacionais.


E para terminar, nada melhor do que um poema ao sino da minha aldeia, escrito pelo Fernando que não sou eu, mas sim o Pessoa.




Ó sino da minha aldeia*

,

Ó sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada

Soa dentro da minha alma.



E é tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.



Por mais que me tanjas perto

Quando passo, sempre errante,

És para mim como um sonho.

Soas-me na alma distante.



A cada pancada tua

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.



Fernando Oliveira - Furriel de Junho


01 setembro 2024

FALANDO DO CULTO A S. JOSÉ

 FALANDO DO CULTO A S. JOSÉ




Nunca compreendi muito bem certos fenómenos populares religiosamente falando, como ser mais venerado um santo que não é o patrono do templo, mas sim outro que se encontra noutro altar dentro do mesmo.




Isto acontece por exemplo no Mosteiro de S. Miguel em Bustelo e que a grande festa é à Senhora da Saúde, assim como no Santuário de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, cuja festa maior se realiza a S. Bartolomeu com a sua feira de cebolas, melões, melancias e outras frutas que se estende pelas avenidas e parque que rodeia o Santuário.




Na igreja da Nossa Senhora da Ajuda nos anos 50 e 60, a grande festa era a S. José. Mal chegava o mês de Março, no final da tarde, de todos os lados da cidade apareciam no largo um grande número de miúdos com a finalidade de envergarem uma opa e se incorporarem na novena a S. José, que se iniciava no dia 1 até ao dia 19 de Março, dia dedicado a S. José.

Assim que aparecia o Sr. Arturinho à porta da sacristia todas as brincadeiras cessavam e todos corriam para ver se eram contemplados com alguma opa. Acontece que só seis podiam ter essa sorte, mas todos sabiam que no dia seguinte a mesma cabia a outros dando vez a todos.




No dia 19 a novena era rezada junto ao altar de S. José e no final da mesma começava a Missa de Festa (dita nesse tempo com o padre de costas para os fiéis), no altar-mor.





No final, o sr. Arturinho, distribuía um santinho com a imagem de S. José, referente ás novenas do respectivo ano que todos gostavam de levar para casa, quanto mais não seja como recordação.

Embora nem todos os países festejem o Dia do Pai nesta data, em Portugal, Espanha, França e Itália, celebram-no a 19 de Março, devido à Igreja Católica comemorar o dia de S. José, esposo de Maria, Mãe de Jesus.




Em 1935, o nosso conterrâneo de Bustelo Dom Manuel Luiz Coelho da Silva, Bispo de Coimbra, que na sua Pastoral destinada a preparar a sua Diocese à Sagrada Família, nela se encontra feita com admirável proficiência a história do culto a S. José. Ei-la:


Santa Helena


Santa Helena, mãe do imperador Constantino, mandou edificar em Belém,uma igreja consagrada à Mãe de Jesus,e ao lado uma capela dedicada a S. José, seu castíssimo Esposo.


Gregório Magno


No ano 590, em que foi eleito o Pontífice S. Gregório Magno, já se celebrava uma festa a S. José com o título de Nutrício do Senhor.. O Oriente precedeu o Ocidente no culto de S. José como era natural. Este culto era em grande honra, especialmente nos mosteiros da Palestina.

Em 1153 os Carmelitas da Palestina vieram estabelecer-se na Sicília e foram estes quem mais procurou desenvolver na Europa o culto do Santo Patriarca. Para o desenvolvimento deste culto concorreram ainda outras ordens religiosas, especialmente os Franciscanos e os Dominicanos. Os Sumos Pontífices intervieram também para promover, sancionar e animar o mesmo culto.


Papa Sisto IV


Assim é que em 1471 o Papa Sisto IV mandou colocar a festa de S. José no Breviário e no Missal Romano, e ordenou que se rezasse dele em toda a Igreja Católica.


Papa Gregório XV


Em 1621 determinou o Papa Gregório XV que o dia de S. José fosse festa de preceito em toda a parte. Assim o determina também o Código do Direito Canónico (c. 1247). Nenhum outro santo singular tem festa de preceito.

Inocêncio XI instituiu a festa do Patrocínio de S. José para os Teresianos e Carmelitas.


Bento XIII


Bento XIII em 19 de Dezembro 1726 mandou incluir o nome de S. José na Ladainha dos Santos e antes dos Apóstolos.


Bento XIV


Bento XIV, em 1741 elevou o rito da festa de 19 de Março e fixou o Patrocínio de S. José no 3.º domingo depois da Páscoa. Entretanto algumas Ordens Religiosas tomam S. José como seu Padroeiro. Assim o fizeram os Carmelitas Descalços no Capítulo Geral de 1628 e os Clérigos Regulares Theatinos em 1686. Em 1665 o Imperador da Boémia tomou S. José como patrono de todo aquele Pais, o que mais tarde foi confirmado por Inocêncio XI. Em 1678 era S. José declarado Protector das Missões da China.

Quanto a Portugal especialmente, sabemos que pelo ano de 1238 vieram para aqui alguns Carmelitas trazendo consigo o Breviário Jerosolimitano pelo qual na Igreja do Santo Sepulcro se rezava a S. José, e foram eles que na nossa querida pátria introduziram a festividade deste grande Santo.


Padre António Vieira


Diz o Padre António Vieira que, quando se começou a celebrar mais S. José, foi depois de El-Rei D. Sebastião, e à protecção daquele glorioso Patriarca atribui a nossa restauração e independência em 1640. Diz ainda que Portugal deve tomar solenemente a S. José por seu particular advogado e protector.


Papa Inocêncio XIII

Esse culto continuou, e aos domínios de Portugal, em 1696, estendeu o Papa Inocêncio XIII a festa dos Desposórios de S. José, a pedido de El-Rei D. Pedro II.

Mas o maior progresso do culto público de S. José em toda a cristandade data do século XIX, sob o impulso dos últimos Soberanos Pontífices, a contar de Pio IX.


Nesse século XIX os grandes e repetidos ataques que a Igreja Católica recebia de todos os lados, levaram os Pontífices Romanos a convidar instantemente o povo cristão a voltar-se com grande confiança para o Chefe da Sagrada Família.


Pio IX

Pio IX, logo no 2.º ano do seu pontificado, a 10 de Dezembro de 1847, começou por estender à Igreja Universal a festa do Patrocínio de S. José. Numa alocução pronunciada em 1854 indica S. José como a mais segura esperança da Igreja depois da S.S. Virgem.E a 8 de Dezembro de 1870 proclamou S. José Padroeiro da Igreja Católica.


Leão XIII


Leão XIII, a 6 de Janeiro de 1884, nas preces que mandou recitar de joelhos no fim da Missa, lá colocou S. José logo em seguida ao nome da sua Esposa a S.S. Virgem. O mesmo glorioso Sumo Pontífice,na sua Encíclica de 15 de Agosto de 1889, depois de ter enumerado os títulos de glória de S. José, Esposo de Maria Santíssima, Pai de Jesus, Chefe da Sagrada Família que continha, diz o mesmo Pontífice, as primícias da Igreja nascente, conclui

pela oportunidade de invocar S. José como Padroeiro da Igreja Universal, e determina que no exercício do mês do Rosário em honra da SS. Virgem se junte em honra de S. José a nova oração que acompanhava a mesma Encíclica e que é de todos conhecida; “A vós recorremos, bem aventurado José …” recomenda ainda que se consagre mais do que nunca o mês de Março em honra de S. José, ou que, pelo menos, se faça preceder a sua festa dum triduo de orações.


Pio X


Pio X, a 18 de Março de 1909, aprovou e indulgenciou a Ladainha em Honra de S. José, ladainha que pode recitar-se no culto público, o que não acontece com as ladainhas dos outros Santos, estas ainda que aprovadas, só podem ser recitadas no culto particular.


Bento XV


Bento XV aprovou um Prefácio no dia 9 de Abril de 1919, próprio para todas as Missas em Honra de S. José, e no seu Motu Próprio de 25 de Julho de 1920, mandou celebrar o cinquentenário da proclamação de S. José como Padroeiro da Igreja Católica, recomendou instantaneamente a devoção ao mesmo Santo Patriarca e exortou os fiéis a honrá-lo na quarta-feira de cada semana, assim como no mês de Março que lhe é especialmente consagrado. Ainda o mesmo Sumo Pontífice mandou que nos conhecidos Louvores Deus seja bendito se juntasse logo em seguida ao nome da SS Virgem o seguinte: “Bendito S. José, seu castíssimo Esposo” (23 de Fevereiro de 1921), e estendeu a toda a Igreja a festa da Sagrada Família a 26 de Outubro de 1921.


Pio XI


Finalmente o Santo Padre Pio XI, felizmente reinante, a 9 de Abril de 1922 mandou inserir o nome de S. José logo depois do de Maria SS. Na administração da Extrema Unção nas orações de encomendação da alma, além duma oração especial para a agonia depois outra à Santíssima Virgem. E na oração da expiração invoca-se S. José cinco vezes, sendo 3 juntamente com Jesus e Maria Santíssima (Rit Rom., f 5, cap. 2,7 e 8).


Este desenvolvimento cada vez maior do culto do Santo Patriarca justifica o seu nome profético, pois José significa crescimento.


Assim se justifica também aquela célebre profecia de Isidoro de Isolano. Este grande dominicano, escrevendo em 1522 sobre o culto de S. José, disse que havia de vir tempo em que a Santa Igreja, celebraria a memória deste glorioso santo com honras e festas novas, e que o seu nome seria penhor de inumeráveis benefícios para toda a cristandade.


Este movimento a favor do culto de S. José continuará pois anda e cada vez mais intensamente. S. José sempre depois de Maria SS.


Jesus, Maria e José devem estar sempre juntos nas nossas orações e devoções neste mundo, como juntos estão no céu.”





Infelizmente as novenas a S. José das quais cheguei a tomar parte, já não se realizam na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, embora ainda continua a haver a Missa Solene em Honra a S. José. 

 


Afinal de contas, se rezar é falar com Deus, como diz a sabedoria popular, com mais ou menos novenas ou rezas, a vida vai-nos ensinando a tocá-la para a frente com os valores que os nossos pais nos transmitiram e nós vamos adaptando ás circunstâncias que nos vão surgindo neste mundo cada vez mais “Cão”.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho


01 agosto 2024

EXERCÍCIO DE MEMÓRIA DA RUA SERPA PINTO

 

EXERCÍCIO DE MEMÓRIA

DE ONTEM ATÉ HOJE

DA RUA SERPA PINTO

 


Aqui deixo o retrato feito mentalmente da Rua Serpa Pinto nos anos 50/60 do século passado, comparando-o com todas as mudanças que se verificaram até aos dias de hoje (registando toda a actividade comercial e não só), começando pelo nome da própria rua, que foi alterada para Dr. Joaquim Cotta.

 




Esta rua que liga a Praça Municipal ao Largo da Ajuda, tem também uma ligação com a Rua da Misericórdia, desde 1957 com o derrube da Casa João da Lixa, alargando assim a quelha da Misericórdia.

 


 




Seguidamente aparecia a Modelar que se dedicava à venda de mobílias, com a Foto Sousa no 1.º andar. Tudo isto desapareceu, e nos tempos que correm temos o TALHO MEIRELES, onde antes esteve lá o Talho Conquistador e antes deste a loja OLIVA com ás suas máquinas de costura e tricotar assim como uma grande gama de electrodomésticos.




Depois seguia-se a loja oficina do Caldeireiro Rodrigo da Cunha Ferreira onde antigamente se ouvia o bater cadenciado do martelo sobre o metal e da Rosinha do Pão de Ló, que no tempo da Páscoa não tinha mãos a medir na feitura de Pão de Ló, Bolinhos de Amor e Pão Podre, encontrando-se ambas com as suas portas encerradas, entrando no mês de Julho de 2024 em obras de recuperação a casa da Rosinha do Pão de Ló desaparecendo da paisagem da Rua Joaquim c Cotta a célebre rosca de pão-de-ló.

 

 

Continuando a descer a rua onde no século passado aparecia a Pensão Pacheca, que passou para as mãos de António Luís, e mais tarde para o Sr. Jaime que baptizou com o seu nome a Pensão Pacheca para Pensão Jaime e agora temos a Padaria Confeitaria DOCE BIJOU, onde também se servem refeições.




Segue-se-lhe o restaurante MELINHA, onde no século passado era o rés-do-chão de casa de habitação.





O Pereira latoeiro que na sua oficina ia reparando tachos e panelas dando-lhe mais tempo de vida a estes utensílios, hoje temos a GRAND VISÃO ÓPTICA. No 1.º andar esteve instalada a sede do F. C. de Penafiel, que entretanto mudou de local.




E para tratar do nosso cabelo e da nossa barba, lá estava a Barbearia Cristino, sendo seu proprietário Adriano Cristino, tendo à frente da casa o experiente barbeiro José António Moutinho. Mais tarde deu lugar à lavandaria Celu, Florista Luzia e em seu lugar apareceu a sapataria Filip`s estando actualmente fechada.




A Rua Joaquim Cotta, termina este lado esquerdo com a FARMÁCIA MIRANDA, que ainda hoje lá existe, e que naquele tempo longínquo tinha a sua porta de entrada apenas pela Rua Serpa Pinto.

 


 



Tomando agora o lado direito e pela mesma ordem, nos tempos idos localizava-se a Casa Fidélitas de Alberto Pinto da Silva de vinhos espumosos, xaropes e licores, mais tarde também dedicada a artigos de papelaria onde se executava encadernações de luxo, dando a vez à Retrosaria Sousa conhecida pela loja do Sr. Sousa das fazendas estando nos tempos que correm a casa DANY um pronto a vestir.






No 1.º andar nos anos 80 funcionaram escritórios de contabilidade onde agora aparece o consultório da advogada CLÁUDIA da SILVA FERREIRA e no 2.º andar a advogada ANA BROCHADO.




A Electro-Bazar Penafidelense de Fernando Baptista, mais tarde passada a José António Vasconcelos Pinto da Cunha onde se podia adquirir electrodomésticos, incluindo rádios e televisões da marca alemã Telefunker como anunciava o seu reclame, deu lugar à SAPATARIA CRISTINA.




Onde havia no século passado a casa da Rosinha dos Panos, aparece hoje o mercado MALANGE onde se encontra de tudo um pouco.




Poucos se lembram da casa que lhe segue que era a Tinturaria Costa Cabral de Antero Agostinho, depois mobílias Leal, dando lugar à Cristina de roupas para crianças, onde agora se encontra a CASA & FLOR Floricultura e Decoração.




A Tipografia Comércio de Penafiel situada na Rua Serpa Pinto Nº 26 a 30, deu lugar à MIQUINHAS FREITAS que lá se mantém até aos dias de hoje mais modernizada, acompanhando a moda nas suas peças de vestuário com novos padrões e feitios, embora como não podia deixar de ser com novos proprietários.

 




Continuando a descer a rua, surgiam dois consultórios médicos para nos tratar da saúde. No primeiro andar o Dr. Vito de Carvalho, depois Deolinda cabeleireira dando lugar a Rita Moura cabeleireira hoje este andar está desocupado, e no rés-do-chão era o consultório do médico Dr. Humberto Giraldes da Silva Mendes, mais tarde Procuradoria Fidelis de Alexandre Herculano Aires Gomes, e agora a OURIVESARIA SILVA.




Depois de recuperada a casa que era de habitação acolhe no rés-do-chão a Agência de Viagens Fiel Tur onde agora se encontra a Cabeleireira RITA MOURA e nas traseiras onde esteve uma Galeria de Arte OM de pintura e desenho da Dr.ª Maria Otelinda Carvalho Meireles Ferreira Gomes hoje aparece o CANTINHO da COSTURA, assim como no 1.º andar esquerdo onde funcionaram consultórios de advogados, hoje está a firma POSE PARTOUT, no lado direito do 1.º andar está o SINDICATO dos PROFESSORES da ZONA NORTE spzn, já no 2.º andar esquerdo temos o gabinete de arquitectura CREATIVE SPACE e do lado direito / esquerdo CREASH e a ANEGIA.




Logo de seguida onde existiam as Confecções Moura, aparecem agora Os LAÇOS DE TERNURA, estabelecimento dedicado a roupa para bebés e criança.




Agora podemos ver a casa onde viveu o Homem que dá o nome à rua Dr. JOAQUIM COTTA.




E para terminar a Casa Cunha antiga oficina e loja de caldeireiro, agora transformada em GRAB & GO Food Drinks onde se mete uma moeda na máquina e pode abastecer-se de alguma bebida ou comida, funcionando durante 24 horas por dia.




E aqui deixo o retrato feito mentalmente da Rua Serpa Pinto nos anos 50/60 do século passado, comparando-o com todas as mudanças que se verificaram até aos dias de hoje, começando pelo nome da própria rua, que foi alterada de Serpa Pinto para Dr. Joaquim Cotta.

 


Vou terminar com um aviso aos transeuntes que andem por esta zona da cidade, que para evitarem um trambolhão, olhem para onde pousam os sapatos, já que as pedras do chão estão aos altos e baixos, como a vida das pessoas.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho