24 fevereiro 2015

A COLCHA MUNICIPAL



A COLCHA MUNICIPAL

 

A Colcha Municipal, é um trabalho indo-português do séc. XVIII, em pano de seda branco, de grande superfície, bordado a ouro. 

O motivo central, que se filia ainda na árvore da vida, de origem persa, símbolo de eterna primavera, indica claramente o seu orientalismo. 

O fio com que foi bordado, constituído por seda «tapada» com canutilhos de oiro, é puramente oriental. 

Na árvore florida poisam aves, e a barra é formada por duas pregas de motivos florais.

- Como veio a Colcha parar à Câmara Municipal de Penafiel?

Miguel Vinhós, honrado armador desta cidade, informou a câmara que um indivíduo morador no Calvário, tinha adquirido a colcha por compra no Mosteiro de Pombeiro.

Lembrou qual a vantagem de a adquirir para ornamentar a janela da Câmara no dia das festas de Corpus Christi, que nessa época ainda se realizavam com pompa.

E assim entrou esta notável relíquia para o património e orgulho dos penafidelenses.


Esteve também exposta seis horas em Lisboa por ocasião duma grande exposição, e, durante esse tempo, manteve-se sempre, à sua frente, uma grande multidão de apreciadores.

Quando a capital do norte era visitada por alguma grande figura pública, lá ia a rica colcha adornar esta ou aquela varanda como a do hospital do Santo António, por ocasião da visita do rei D. Carlos.


No domingo de 4 de Julho de 1909, foi exposta no Salão Nobre da Câmara de Penafiel, para receber sua majestade El-rei D. Manuel II que regressava de Amarante.

Chegou pelas 16 h à freguesia de Santa Marta, onde o aguardava muito povo, sendo aí acompanhado por doze ciclistas, com as bicicletas enfeitadas. 

O Rei deslocava-se de automóvel, e foi saudado à sua chegada ao Real Santuário, com uma girandola de foguetes e o carrilhão de sinos a tocar o hino nacional.

Seguiu pela Rua Alfredo Pereira, até à Câmara Municipal, no seu automóvel, ladeado por seis sargentos de Artilharia 5, a cavalo. 

Na recepção, muitos convidados, guarda de honra por uma força de Artilharia 4, a Banda de Infantaria 32, O Colégio do Carmo com o seu estandarte e o seu corpo docente, a Banda de Lousada e os Bombeiros Voluntários também na guarda de honra.

O Presidente da Câmara Dr. António Teixeira da Silva Leitão, fazia a leitura, da mensagem:

“A mais sentida homenagem que podia brotar do coração de todos os seus munícipes, e saudando com todo o calor o seu Rei D. Manuel II, em nome de todos os penafidelenses”.

D. Manuel II, respondia:

“Agradeço à Câmara Municipal, a calorosa recepção na minha primeira visita a esta cidade…”.

Quando sua majestade deparou com o trono, saltou-lhe dos lábios esta frase dirigida ao seu ajudante: «Que rico pano aqui está!» 

Terminados os cumprimentos, deu uma volta pela rectaguarda do dossel para melhor se certificar da realidade artística da preciosidade que se lhe deparava, repetindo: Que rico pano!».


Já em 1930, aquando de uma visita oficial de ministros a Penafiel, a Colcha Municipal foi colocada na varanda do município.


Hoje a colcha encontra-se exposta no Museu Municipal de Penafiel, e em sua substituição são colocadas em dias festivos na varanda do município três carpetes. 


Duas com o brasão da cidade de Penafiel e outra com o Escudo das Armas Nacionais, e a Esfera Armilar.

22 fevereiro 2015

JÚLIO PEREIRA A SOLO



JÚLIO PEREIRA A SOLO


Júlio Fernando de Jesus Pereira, nasceu em Moscavide a 22 de Dezembro de 1953.

Faz parte de várias bandas de rock entre as quais The Play-Boys, Xarhanga e Petrus Castrus com quem grava quatro discos. 

Depois da Revolução dos Cravos, colabora na gravação de discos e concertos de José Afonso.

Ainda na década de 70, trabalha como músico em alguns grupos de Teatro com encenadores como: Augusto Boal, Águeda Sena e João Perry. 

Colabora com vários nomes da música entre os quais: Kepa Junkera, Pete Seeger, Mestisay e The Chieftains - com os quais grava o CD Santiago que ganha o Grammy Award, 1995. 

Discografia:

1975 – Bota Fora com Carlos Carvalheiro


1976 - Fernandinho Vai ó Vinho


1978 – Lisboémia


1979 – Mãos de Fada


 
1981 – Cavaquinho
Um dos álbuns mais importantes da música tradicional portuguesa e com enorme sucesso de vendas em 1981. Júlio Pereira recorre a temas tradicionais onde faz arranjos e composições brilhantes. 1º Prémio da crítica 1981 Música Popular portuguesa. Às reedições de 1993 e 2007 foi adicionado mais um tema "Cavaqueio" e apresentam capas diferentes da edição original. A reedição de 2014 manteve o alinhamento das reedições anteriores, mas voltou a apresentar a capa original.

1983 – Braguesa

1984 – Cádoi

1986 – Os Sete Instrumentos

1987 – Miradouro

1990 Janelas Verdes

1992 – O Meu Bandolim

1994 – Acústico

1995 – Júlio Pereira & Kepa Junkera – Lau Eskutara

2001 – Rituais


2003 Faz de Conta, (o primeiro CD Multimédia para crianças).

2007 – Geografias

2010 – Graffiti

2014 – Cavaquinho.PT

Júlio Pereira é um multi-instrumentista por execelência e vamos ficar com o tema Celtibéria numa actuação do músico na RTP em 1988.






- Bom domingo!

17 fevereiro 2015

O LAMPIANISTA BERNARDINO JOSÉ DE MELO E SOUSA



O LAMPIANISTA
BERNARDINO JOSÉ DE MELO E SOUSA


Hoje vou falar de uma profissão que já existiu em tempos idos.
O lampianista era o encarregado de acender, apagar e limpar os lampiões da iluminação pública.

Devido a um caso de corrupção passado nesta cidade em 1859, que em relação à corrupção que por aí graça, não passou de um conto de crianças como diz o nosso primeiro.
 


O crime foi cometido pelo lampionista encarregado de abastecer os lampiões da iluminação pública da cidade com azeite.

O roubo (burocrático) de azeite, era cometido na papelada, com lançamentos de quantidades conforme o fiel da conveniência do lampianista.

Ninguém soube ao certo, quanto tempo durou, incólume, este desvio do fio de azeite dos candeeiros da iluminação pública para as algibeiras do falsário.

Sabemos só que foi despedido e descontado o prejuízo nos vencimentos atrasados.

Talvez até devido ao atraso do pagamento dos vencimentos é que este nosso amigo lançou mão desta engenharia contabilística, para matar a fome aos seus.


Por tal facto, foi substituído por Bernardino José de Melo e Sousa, tendo ficado a seu encargo os 44 lampiões que em 1859 iluminavam a cidade.

Segundo a ordem indicada pela Câmara, o Bernardino começava a acender o primeiro lampião (casas do Pinheiro, no fundo da Rua do Carmo), logo após o toque das Trindades e o último (Quelho da Casa da Roda, em Cimo de Vila, alto do Sameiro), meia hora depois.


O regulamento determinava que as torcidas de algodão deveriam ter o mínimo de 80 fios, e que deveriam estar acesas até à uma hora da madrugada, salvo se fosse S. Martinho em que, entre 9 e 24 de Novembro, se conservariam acesas até aos primeiros alvores da aurora.

O candeeiro das traseiras da prisão situada no (rés-do-chão da Câmara), tinha que ficar toda a noite acesa, limitando a busca da apetecida liberdade.


Ao Bernardino, que destas como outras disposições camarárias não foi culpado, coube-lhe ainda espicaçar uma vez por noite a chama dos lampiões, municiá-los de óleo de purgueira ou azeite doce (e não de peixe) de boa qualidade e em quantidade suficiente para que deles brotasse uma rica chama.

Tinha também que limpar uma vez ao dia os vidros dos lampiões e proceder a uma limpeza geral todos os meses. Competia-lhe ainda zelar pelos vidros, pois a Câmara só pagaria aqueles que fossem partidos por condições climatéricas, ou por motivos de força maior, quando devidamente justificados. 


Agora tomem nota: todo o cidadão tinha o direito e o dever, independentemente do respectivo funcionário camarário a quem competia tal missão de inspecionar e zelar pela limpeza e conservação dos lampiões, podendo apresentar queixa pela incúria do Bernardino, disposição esta que o obrigava a trazer nas palminhas das mãos todos os seus conterrâneos.

Para o efeito de multas, somente a Câmara tinha competência para ajuizar da falta, caindo na alçada punitiva os lampiões sujos, apagados (120 réis), amortecidos (60 reis), com vidros partidos, etc.


A Câmara pagava uma quota mensal ao Bernardino, descontando no acto do pagamento as multas verificadas e sem reclamação possível.

Como se vê, a vida de lampianista a partir deste abuso de confiança, não era tarefa fácil. 

Se a chaga da corrupção sempre existiu no nosso país, a rapidez com que estas coisas eram tratadas e resolvidas no antigamente, nada têm a ver com os dias que correm, apesar de haver muita mais tecnologia.