A COLCHA MUNICIPAL
A
COLCHA MUNICIPAL
A Colcha Municipal, é
um trabalho indo-português do séc. XVIII, em pano de seda branco, de grande
superfície, bordado a ouro.
O motivo central, que
se filia ainda na árvore da vida, de origem persa, símbolo de eterna primavera,
indica claramente o seu orientalismo.
O fio com que foi
bordado, constituído por seda «tapada» com canutilhos de oiro, é puramente
oriental.
Na árvore florida
poisam aves, e a barra é formada por duas pregas de motivos florais.
- Como veio a Colcha
parar à Câmara Municipal de Penafiel?
Miguel Vinhós, honrado
armador desta cidade, informou a câmara que um indivíduo morador no Calvário,
tinha adquirido a colcha por compra no Mosteiro de Pombeiro.
Lembrou qual a vantagem
de a adquirir para ornamentar a janela da Câmara no dia das festas de Corpus
Christi, que nessa época ainda se realizavam com pompa.
E assim entrou esta
notável relíquia para o património e orgulho dos penafidelenses.
Esteve também exposta
seis horas em Lisboa por ocasião duma grande exposição, e, durante esse tempo,
manteve-se sempre, à sua frente, uma grande multidão de apreciadores.
Quando a capital do
norte era visitada por alguma grande figura pública, lá ia a rica colcha
adornar esta ou aquela varanda como a do hospital do Santo António, por ocasião
da visita do rei D. Carlos.
No domingo de 4 de
Julho de 1909, foi exposta no Salão Nobre da Câmara de Penafiel, para receber
sua majestade El-rei D. Manuel II que regressava de Amarante.
Chegou pelas 16 h à
freguesia de Santa Marta, onde o aguardava muito povo, sendo aí acompanhado por
doze ciclistas, com as bicicletas enfeitadas.
O Rei deslocava-se de
automóvel, e foi saudado à sua chegada ao Real Santuário, com uma girandola de
foguetes e o carrilhão de sinos a tocar o hino nacional.
Seguiu pela Rua Alfredo
Pereira, até à Câmara Municipal, no seu automóvel, ladeado por seis sargentos
de Artilharia 5, a cavalo.
Na recepção, muitos
convidados, guarda de honra por uma força de Artilharia 4, a Banda de
Infantaria 32, O Colégio do Carmo com o seu estandarte e o seu corpo docente, a
Banda de Lousada e os Bombeiros Voluntários também na guarda de honra.
O Presidente da Câmara
Dr. António Teixeira da Silva Leitão, fazia a leitura, da mensagem:
“A mais sentida
homenagem que podia brotar do coração de todos os seus munícipes, e saudando
com todo o calor o seu Rei D. Manuel II, em nome de todos os penafidelenses”.
D. Manuel II,
respondia:
“Agradeço à Câmara
Municipal, a calorosa recepção na minha primeira visita a esta cidade…”.
Quando sua majestade
deparou com o trono, saltou-lhe dos lábios esta frase dirigida ao seu ajudante:
«Que rico pano aqui está!»
Terminados os
cumprimentos, deu uma volta pela rectaguarda do dossel para melhor se
certificar da realidade artística da preciosidade que se lhe deparava, repetindo:
Que rico pano!».
Já em 1930, aquando de uma
visita oficial de ministros a Penafiel, a Colcha Municipal foi colocada na
varanda do município.
Hoje a colcha
encontra-se exposta no Museu Municipal de Penafiel, e em sua substituição são
colocadas em dias festivos na varanda do município três carpetes.
Duas com o brasão da
cidade de Penafiel e outra com o Escudo das Armas Nacionais, e a Esfera Armilar.