O
meu amigo Manuel Soares dos Reis, enviou-me duas fotos referentes a
duas actividades realizadas no campo de jogos de Abragão.
Os
melhoramentos continuavam no campo de jogos da União Desportiva
Abragonense e a comissão organizadora realizava actividades para com
imaginação e arte angariar fundos, para fazer face às despesas.
Uma
dessas festas foi uma gincana realizada no dia 1 de Maio de 1960,
que teve lugar no recinto de jogos da União Desportiva Abragonense,
para bicicletas motorizadas e a pedal, para a qual foram instituídas
taças, medalhas e outros prémios para os melhores concorrentes.
As
provas decorreram animadíssimas tendo de recorrer-se a uma
“finalíssima”, para encontrar o vencedor da prova de pedal.
No
final registaram-se as seguintes classificações:
Bicicletas
motorizadas
1.º
– Lindorfo Carneiro
2.º
– José Madureira
3.º
– António Augusto da Costa
4.º
– José Moreira da Silva
Bicicletas
a pedal
1.º
– Amadeu Bastos
2.º
– António Cardoso da Silva
3.º
– António Augusto da Costa
4.º
– Jorge Gomes Madureira
Na
foto o meu amigo Neca Reis, aparece de camiseta branca com a sua
bicicleta de pedal, pois já nessa altura o ciclismo era a sua
paixão.
Embora
já não entre em competições, ainda hoje se encontra ligado ao
ciclismo, fazendo parte do staff da equipa do Boavista – Rádio
Popular, e é possuidor de uma colecção de artigos referentes à
modalidade digna de estar patente em qualquer exposição ou sala de museu.
Mas
quem quiser saber mais sobre este penafidelense aqui deixo este link
Todos nós
pela nossa vida já passamos por momentos tristes, que por vezes nos
provocaram uma sensação de impotência perante o sucedido, outras
vezes assobiamos uma canção para o ar, com vontade de chorar ou
soltar um grito de revolta.
Hoje as
guerras entram-nos pela casa dentro à hora do jantar, pela caixa
mágica chamada televisão, a que nós assistimos a toda esta
barbárie, impávidos e serenos.
Nesta semana
a terra tremeu em Itália, e além da destruição o número de
mortos continua a subir.
Se as leis
da natureza nunca ninguém as venceu, como escreveu um dia António
Gedeão, perante tais fenómenos resta-nos pedir a protecção divina
que pelos vistos nem sempre nos acode.
Por incrível
que pareça, não mando um abraço solidário aos Italianos que
sofreram os males de um terramoto, porque isso vão ter eles às
carradas através do facebook ou coisa parecida, e não me parece que
isso lhes sirva para alguma coisa, mas sim desta ajuda que se vê na
foto.
Vi um país organizado, em que todas as instituições que foram chamadas funcionaram em pleno numa corrida contra o tempo, o que me merece a minha admiração e respeito.
Como hoje é
domingo, não podia deixar de haver música, só que achei por bem
“cantar uma canção triste”, que apesar ter mais de meio século,
ainda hoje nos soa bem aos ouvidos, na voz de Neil Diamond.
Abragão é
uma freguesia do concelho de Penafiel,que foi elevada a vila a 12 de
Julho de 2001, e dista doze quilómetros da cidade de Penafiel.
Na década
de 50 do século passado, um dos sonhos dos abragonenses era a
construção de um campo de jogos, para o pessoal poder dar dois
chutos e mostrar as suas habilidades com a bola.
Para tal foi
criada uma comissão para tornar realidade esta velha aspiração dos
abragonenses sendo a mesma constituída pela Farmácia Sales e pelos
senhores António Soares da Silva e Joaquim Soares de Almeida.
A população
com o seu bairrismo correspondeu ao apelo no sentido de auxiliar as
obras em curso.
Entretanto a
1 de Março de 1960, foi fundado a União Desportiva Abragonense,
sendo as cores escolhidas para o seu equipamento o azul e branco. Ao
centro do seu emblema, vemos uma águia com uma pata sobre uma bola
de futebol, tal como se encontra no emblema do Futebol Clube de
Penafiel.
Quando as
obras estavam quase prontas, foram realizados dois jogos para
angariação de fundos antes da inauguração do campo da União
Desportiva Abragonense.
Logo na
tarde do dia da sua fundação, ou seja 1 de Março de 1960,
realizou-se o primeiro jogo neste recinto, entre a União Desportiva
Abragonense e a Associação Académica de Penafiel, que terminou com
um empate a duas bolas.
As equipas
alinharam:
U.D.
Abragonense – Reis (Guarda-redes), Zeca, Florindo,David, Tino,
Valdemar, Óscar, Deolindo, Zéquinha, Ernesto e Quinzinho.
Associação
Académica de Penafiel – Ricardinho, Eurico, Guedes, Aguiar,
Germano, Alberto, Aires, Jocas, Marques, Altino e Daniel.
É de
realçar, que o número de assistentes foi calculado em 1200 pessoas,
mostrando assim o interesse que reinava entre os abragonenses por
esta iniciativa.
O segundo
jogo levado a efeito antes da inauguração oficial, deu-se no dia 3
de Abril, contra o Boelhe Futebol Clube a quem os abragonenses
venceram por três bolas a uma.
A equipa do
União Desportiva Abragonense – Reis, Coelho, Valdemar, Carlos,
Guimarães, Óscar, David, Zeca 1º, Zeca 2º, António e Joaquim.
Os golos dos
locais foram marcados por Zeca 1º e Zeca 2.º.
No dia 24 de
Abril de 1960, deu-se a inauguração do campo de jogos do
U.D. Abragonense, sendo o adversário o Dínamo da Quinta Amarela, do
Porto, tendo a U.D. Abragonense perdido o encontro por duas bolas a
zero.
No início
do encontro, houve troca de galhardetes pelos capitães das duas
equipas.
A U.D.
Abragonense alinhou com: Reis, Óscar, Quim, Neca, Tino, Almeida,
Zeca, Florindo, Juan, Ernesto e Quinzinho
Pelo Dínamo:
Quim, Lino, Resende, Ferreira, Espanhol I, Miro, Gonçalves
(Serafim), Albano II, Albano I, Espanhol I e Moreira.
O resultado
não desonrou o U.D.A., se tivermos em conta que o União era um
grupo ainda em embrião, ao contrário do Dínamo, em que todos os
jogadores mostraram um jogo muito apreciável próprio de quem há
muito tempo anda nestas lide.
A União
Desportiva Abragonense, deslocou-se no dia 22 de Maio de 1960, a
Alpendurada para defrontar o Futebol Clube de Alpendorada, para a
inauguração do seu campo de jogos, sendo o resultado final de 4-1
favorável aos visitados.
Domingo, 29
de Maio de 1960, realizou-se em Abragão, um desafio para disputa da
taça Lindolfo Carneiro, tendo a U.D. Abragonense derrotado o Penha
Longa pelo expressivo 7-0, conquistando assim a taça em disputa.
Neste jogo o
U.D. Abragonense alinhou com: José Maria, Óscar, Fernando, Zeca II,
Quim, David, Vasco, António, Zeca I, Valdemar e Hostiliano.
E foi assim,
que há 56 anos a União Desportiva Abragonense, entrou em campo no
mundo do futebol.
Nota – Se
alguém possuir fotos destes acontecimentos, e as queira ceder para
ilustrarem este texto, desde já agradeço.
Carlos
Alberto de Menezes Moniz, cantor, apresentador, maestro, músico e
compositor, nasceu na Ilha Terceira, nos Açores, no dia 2 de Agosto
de 1948.
Participou,
desde sempre, em espectáculos ao vivo e colaborou, como orquestrador
ou instrumentista, em discos com José Afonso, Adriano Correia de
Oliveira, Carlos Paredes, Manuel Freire, José Jorge Letria, José
Barata Moura, Grupo Outubro, Maria da Fé, José Mário Branco, Toni
de Matos, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo, Mário
Viegas, Ary dos Santos, Luís Cília, Lenita Gentil, Brigada Vítor
Jara, Chico Buarque de Holanda, entre outros.
1969
– Estreia-se como cantor em televisão no programa Zip-Zip na
R.T.P.
1973
– Integra o grupo Improviso juntamente com Maria do Amparo, Ana
Teodósio e Manuel José Soares, e participam no X Grande Prémio da
Canção com a canção “Cantiga”.
Neste
mesmo ano com Pedro Osório e Samuel funda o grupo SARL ( de
Sociedade Artística Recreativa Lusitana), que fazem a sua estreia em
disco com “De Como a Canção Social... / Funchal,23” que é
editado pela Movieplav, em 1974.
SARL
concorre ao Festival RTP da Canção de 1982 com o tema “Quero Ser
Feliz Agora”.
1974
– Criam o “Grupo Outubro” com Pedro Osório, Alfredo Vieira de
Sousa e Maria do Amparo. Editam dois álbuns “A Cantar Também a
Gente se Entende”, em 1976 e “Cantigas de ao Pé da Porta” em
1977.
Neste
ano grava com Maria do Amparo “Fungagá da Bicharada” e em 1978
“Viva a Pequenada”.
1983
– Edita o álbum “Música Popular Portuguesa” com Maria do
Amparo.
Com
Maria do Amparo concorre ao Festival RTP da Canção de 1979 com as
músicas “ A Outra Banda” e “Camponês Dos Campos De Água”,
e repete esta sua participação, em 1981, com “Olá Rapariga,
Olá”.
1984
- A Banda dos Animais
1985
– Zarabadim
1987
– Histórias de um Português Qualquer
1989
– Rua dos Navegantes
1990
– Grava “Arca de Noé” e na qualidade de orquestrador e
director de orquestra da canção “Há Sempre Alguém” de Nucha,
representante de Portugal no Festival da Eurovisão da Canção. Nas
mesmas funções com a canção “Amor de Água Fresca” de Dina,
em 1992, em Malmo na Suécia.
1992
– Arca de Noé II
1997
– Edita o disco “Vem Cantar Connosco e com Vasco da Gama”
1999
– Lançou um disco dedicado à Ilha Terceira intitulado: “Marchas
e Passodobles”.
2000
– Em formato CD grava o disco “ Clássicos Açorianos”
Resultam
de uma recolha de cantares tradicionais açorianos, registados num Cd
único e transformado num espectáculo delicioso, onde a tradição
Açoriana é quem mais ordena. Este espectáculo inclui um quarteto
de cordas. Também pode ser transporto para um espectáculo mais
intimista com voz e guitarra clássica, apenas.
2001
– Grava o CD Graciosa Cheia de Graça
2002
– Sai o CD Marchas Sanjoaninas
2003
– CD Herdeiros da Maresia
2004
– 2005 – 2006 Dito e Feito / Marchas Sanjoaninas
2007
– Um Gesto Pela Terra (Instituto da Ambiente).
2012
– Lusofonias
É
uma aventura que celebra o património de uma língua comum e um
legado de civilização que não aceita fronteiras, preconceitos nem
distâncias artificiais. As canções foram compostas em estreita
colaboração com nomes grandes da música como o Maestro Pedro
Osório, Vaiss Dias, André Sarbib, Serva La Bari Diego Figueiredo ou
Tomás San Miguel (considerado um dos melhores guitarristas da
actualidade por músicos como George Berson, Al Di Meola, Pat
Metheny…).
2014
– O Vinho dos Poetas
O
disco percorre "vários ritmos e estilos da música popular
portuguesa e pode atingir vários públicos", estabelecendo "uma
empatia com as regiões" do Continente, Madeira e Açores que
produzem os principais vinhos portugueses, acrescentou.
Com
"O vinho dos poetas", Carlos Alberto Moniz assinala "os
contrastes etnográficos das regiões de onde vêm esses vinhos",
disse.
À
região do vinho verde, por exemplo, associa um tema ao estilo do
malhão, com letra do poeta Vasco Pereira da Costa, seu conterrâneo,
também natural da ilha Terceira.
A
região do Douro é evocada com um poema de José Carlos Ary dos
Santos, dedicado ao cantor de intervenção Adriano Correia de
Oliveira, nascido em Avintes, concelho de Vila Nova de Gaia, na
margem esquerda do rio Douro.
2014
– Resistir de Novo
“DESPERTAR
DE NOVO
RESISTIR
DE NOVO
E
SONHAR DE NOVO”
É
com estas palavras, que José Jorge Letria e Carlos Alberto Moniz,
“pariram” o tema “Resistir de Novo”, com o qual, procuram
comemorar os 40 anos da “Revolução de Abril” e despertar o
Povo, para o triste e injusto momento que quase todos nós vivemos.
Deste
açoreano Carlos Alberto Moniz, vamos ficar com a História de um
Português Qualquer, com música sua e letra de José Fanha.
Um
decreto do reinado de D. MARIA II, no ano de 1846, era Primeiro –
Ministro, António Bernardo da Costa Cabral, que proibia os enterros
nas Igrejas.
Não
foi fácil na altura esta medida ser aceite pela população. O País
ainda sangrava da última guerra civil entre os irmãos Rei D. Pedro
e o Rei D. Miguel.
As
reformas impostas pelo Governo Cartista dos “ Cabrais “ causaram
mal-estar no Povo.
O
próprio clero mais conservador falava da lei da proibição dos
enterros nas igrejas como anti-religiosa e como tendo a chancela
do diabo e da Maçonaria.
Dá-se
a revolta do Minho ou da Maria da Fonte que se opõe contras as
medidas anunciadas.
Liderada
por uma mulher de Póvoa de Lanhoso, esta revolta põe em causa o
governo de Costa Cabral.
Por
uma questão de saúde pública, são definitivamente proibidos os
enterros no interior das igrejas.
Na
altura para evitar doenças, havia o hábito de as portas das Igrejas
serem abertas algum tempo antes das cerimónias, para evitarem a
inalação dos odores que estavam entranhados no interior.
Para
evitar mais revoltas arranja-se uma solução intermédia: fazer os
enterros nos adros. Mas sabia-se que não era a solução ideal.
Algumas
freguesias começam mais cedo a construírem os Cemitérios em campo
aberto mas devidamente vedado.
Muitas
terras, implantam o seu Cemitério num local bem enquadrado com a
Igreja Paroquial, o que não é o caso de Penafiel, já que a Igreja
Matriz, está implantada entre o povoado.
O
Cemitério na cidade de Penafiel, foi construído na Rua da Saudade,
e foram benzidos os canteiros 1 e 2 do mesmo para enterramentos no
dia 1 de Novembro de 1870, pelo padre de Santo Ildefonso, no Porto, o
sr. Dr. Domingos de Sousa Moreira Freire, que nesta terra viveu os
melhores anos da sua infância e adolescência, representando-se já
como abade, em cortes como deputado.
Depois
os canteiros 3-4 e 5-6 já foram benzidos mais tarde.
Campas do canteiro 6.
A
Capela que fica situada do lado direito, de quem entra no
portão principal do cemitério, foi sagrada e benzida no dia 1 de
Novembro de 1888.
Pelas
10 horas desse dia, efectuou-se a cerimónia da bênção da capela,
que se encontrava elegantemente adornada com cortinas, jarras de
flores e atapetada, havendo em seguida missa cantada por oito padres
e grande instrumental, sendo celebrante o Reverendo Sr. Joaquim
Barbosa Leão, capelão do cemitério, auxiliado pelos
reverendíssimos srs. José de Sousa Vinhoz e António Teixeira.
A
capela achava-se literalmente cheia de indivíduos de várias classes
sociais, alguns membros da Câmara Municipal, autoridades civis,
etc..
A
orquestra da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo,
mais uma vez firmou os seus créditos, executando primorosamente
alguns trechos do seu magnífico reportório, abrilhantando o acto.
O
altar-mor, essa antiguidade artística, com a sua soberba obra de
talha, foi adquirido no Porto pela Câmara, por baixo preço e num
estado lastimável, mas graças a um artista penafidelense que
laborioso e pacientemente a pôs no estado em que ela hoje se
encontra.
É
de salientar que graças aos esforços do Padre Joaquim Barbosa Leão
e à Câmara Municipal foi possível concluir tal obra que estava
paralisada à mais de dois anos.
Quando
da inauguração do Cemitério Municipal, em 1870, ou seja na ocasião
do primeiro enterramento ali feito, deram-se alguns distúrbios, que
o povo fez, devido à relutância que então havia em trocar, para
tal efeito, as igrejas pelo cemitério, sendo apedrejados os
edifícios e portas do cemitério, e desacatadas as autoridades civis
e eclesiásticas. Por tal motivo houve processos julgados no
Tribunal Judicial, sendo patrono dos réus o Dr. António Joaquim de
Araújo.
Como
sabemos esta mudança não foi pacífica em todo o país, e os
penafidelenses não ficaram indiferentes ao verem os seus entes
queridos deixarem de serem enterrados nas igrejas, mas sim no
cemitério local na Rua Saudade.
Falando
cá com os meus botões, parece-me que esta capela no Cemitério da
Saudade, onde repousam os restos mortais dos nossos entes queridos, é
pena passar a maioria dos dias do ano com as portas encerradas,
quanto mais não fosse para arejar.
Hoje vou contar um
acontecimento passado no ano 2000, que talvez muitos leitores deste blogue não conheçam.
Isto vem a propósito da
morte recente de Mário Moniz Pereira, também conhecido pelo sr. Atletismo, que
através do seu trabalho adquiriu um enorme respeito e admiração não só pelos
Sportinguistas, como por todos os desportistas portugueses incluindo os seus
rivais.
Ora aí vai...
O Pedido
especial de Moniz Pereira ao Benfica
O Sporting precisava de reforçar-se para ficar
no pódio na Taça dos Clubes Campeões Europeus em pista e dois atletas do
Benfica estavam na agenda do ‘Senhor Atletismo’.
Moniz Pereira não perdeu tempo e falou com José
Manuel Antunes, na altura vice-presidente das águias, que acabaria por
facilitar o ingresso dos atletas. E o Sporting seria campeão europeu pela
primeira e única vez em 2000.
"O prof. Moniz Pereira convidou José Manuel
Antunes para tomar chá em sua casa. Nesse encontro disse- lhe que com dois
atletas do Benfica, o Vítor Costa no martelo e, sobretudo, o Carlos Silva dos
400 m barreiras e da estafeta de 4x400 metros, o Sporting poderia chegar ao
pódio. Portugal nunca tinha atingido um lugar nos três primeiros", recorda
José Manuel Antunes, dando conta da forma como Moniz Pereira fez a abordagem:
"Disse-me que estava com quase 80 anos e
esse era um dos maiores sonhos da sua vida. Mas como havia um acordo de
cavalheiros não iria mexer uma palha sem o meu consentimento", lembrou o
‘vice’ das águias.
Quando o Sporting conquistou a Taça dos Campeões
Europeus, o ‘Senhor Atletismo’ telefonou de imediato a José Manuel Antunes a
chorar. "E chorei com ele", recordou o dirigente.
O que nos tempos que correm nos possa parecer
inimaginável uma coisa destas, com Moniz Pereira foi possível diluir
rivalidades e levar atletas do Benfica a serem Campeões Europeus com a camisola
do Sporting vestida.
Como se vê, esta união valeu a pena, e como hoje
é domingo, e neste dia há música no blogue Penafiel Terra Nossa, vamos ouvir a
canção “Valeu a Pena”, que tem letra e música de Moniz Pereira, na voz da
fadista Maria da Fé.
Carlos Paredes nasceu na cidade de Coimbra a 16
de Fevereiro de 1925, e faleceu em Lisboa a 23 de Julho de 2004.
Foi com seu paiArtur Paredes, que Carlos Paredes aprendeu as primeiras posições de mão
na guitarra e, por brincadeira, começou com cerca de 9 anos a acompanhar o pai.
Mais tarde, já com 14 anos, apresenta-se em
parceria com Artur Paredes num programa semanal, da autoria deste, na Emissora
nacional.
Por volta de 1934 a família instala-se em Lisboa.
Carlos Paredes aprende a ler e conclui a instrução primária no Jardim-escola
João de Deus e, depois, frequenta o Liceu Passos Manuel. Será nesta altura que
irá adquirir a sua formação musical, tendo aulas de violino e piano. Faz o
exame de admissão ao Curso industrial do Instituto Superior Técnico, em 1943,
mas frequenta apenas o primeiro ano.
No ano de 1949 Carlos Paredes torna-se
funcionário administrativo do Estado, trabalhando durante muitos anos no
arquivo de radiografias do Hospital de S. José, até se reformar a 1 de Novembro
de 1986.
O guitarrista cresceu num ambiente de discreta
resistência e contestação política ao regime salazarista pelo que, em 1958,
aderiu ao então clandestino Partido Comunista Português.
Na manhã de 26 de Setembro desse mesmo ano foi
preso pela PIDE no seu local de trabalho, permaneceu detido por 18 meses e
depois de sair em liberdade foi suspenso do Hospital de S. José, trabalhando
durante alguns anos como delegado de propaganda médica, sendo readmitido a
seguir ao 25 de Abril.
Curiosamente, apesar da perseguição política,
Carlos Paredes foi por diversas vezes convidado a integrar delegações estatais,
actuando, por exemplo, no Festival de Varadero em Cuba, em 1967, na Exposição
Mundial de Osaka, em 1970, ou na Opera de Sidney na Austrália.
Carlos Paredes nunca rejeitou a influência que
recebeu, tanto da música popular portuguesa como do próprio fado de Coimbra. A
renovação e reinvenção da sonoridade da guitarra portuguesa que fez, resultou
duma geração de 60 revitalizada por novos conceitos sócio-culturais, onde
floresciam as vozes de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Luiz Goes e
António Bernardino, bem como a poesia de Manuel Alegre, a guitarra de António
Portugal e as violas de Rui Pato e Luís Filipe, em suma, toda uma geração
coimbrã que, preservando a riqueza que a antecedia, revolucionou a guitarra por
dentro e cantou valores que a projectaram inevitavelmente no futuro.
Desse gosto pela aventura nasceu uma vasta obra
musical que, passando pelo Teatro, pelo Bailado e pelo Cinema, faz de Carlos
Paredes um dos mais completos compositores / instrumentistas que a guitarra
portuguesa conheceu, apesar de nunca ter optado pela profissionalização.
1962 – Surge a sua primeira aventura
discográfica em nome próprio, o EP "Carlos Paredes". Dois anos antes,
em 1960, tinha composto a música da banda sonora da curta-metragem "Rendas
de Metais Preciosos" realizada por Cândido Costa Pinto. Na execução desta
peça foi acompanhado por Fernando Alvim, começando uma parceria que se prolongaria
por mais de 20 anos.
A sua ligação ao cinema não se ficou por aqui e
para além da música feita para "Os Verdes Anos" (1962), que se tornou
um dos seus ex-libris, e "Mudar de Vida" (1966), do cineasta Paulo
Rocha, ou de "Fado Corrido" (1964), realizado por Jorge Brum do
Canto, regista-se a participação do artista ou da sua música nas
curtas-metragens: "P.X.O" (1962), de Pierre Kast e Jacques Valcroze;
"Crónica do Esforço Perdido" (1966), de António Macedo; "À
Cidade" (1968) e "The Columbus Route (1969), de José Fonseca e Costa;
"Tráfego e Estiva" (1968), de Manuel Guimarães; "Hello
Jim!" (1970), de Augusto Cabrita; e "As Pinturas do Meu Irmão
Júlio" (1965), de Manoel de Oliveira, entre outras.
No teatro destacam-se as colaborações com José
Cardoso Pires, na histórica encenação de Fernando Gusmão para o Teatro Moderno
de Lisboa, em 1964; com Carlos Avilez nas "Bodas de Sangue",
espectáculo do CITAC; e em "A Casa de Bernarda Alba" de Garcia Lorca,
pelo Teatro Experimental de Cascais.
O guitarrista continua a compor músicas para
teatro e cinema, até que no ano de 1971, sai aquela que é unanimemente
considerada a sua obra-prima, o disco "Movimento Perpétuo", que
inclui temas magníficos como "António Marinheiro", "Mudar de
Vida" e o próprio tema que lhe dá o título.
Entre 1971-1977, com o Grupo de Teatro de
Campolide, fez a música para "O Avançado Centro Morreu ao Amanhecer"
de Agustin Cuzzani, e escolheu a banda sonora dos espectáculos seguintes do
grupo.
A nível de Bailado, Vasco Wallenkamp criou em
1982 "Danças para Uma Guitarra", com música de Paredes.
Após o 25 de Abril de 1974, Carlos Paredes faz
parte da banda sonora da Revolução: as primeiras eleições livres (para a
Assembleia Constituinte) são anunciadas diariamente na TV com música de
Paredes.
No ano das eleições (1975), o guitarrista edita
um LP em que toca guitarra, sendo acompanhado por Manuel Alegre (que declama
poemas de sua autoria). Este disco intitula-se "É preciso um País".
Carlos Paredes começa a frequentar alguns dos
grandes
palcos por essa europa fora e, sem o consentimento da sua editora é
lançado na então RDA um LP intitulado "O Oiro e o Trigo" (de 1980),
que reúne material inédito gravado em 73 e 75. Nesse país já tinha sido lançada
uma compilação do mestre intitulada "Meister der Portugiesischen
Guitarre", em 1977.
Discografia Portuguesa Álbuns:
1967 – Guitarra Portuguesa
Com
acompanhamento de Fernando Alvim, Guitarra Portuguesa foi registado no
estúdio de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho pelo mítico engenheiro de som
Hugo Ribeiro. Distanciando-se da tradição formalista da guitarra de Coimbra,
explorando de modo inspirado a arte da miniatura melódica, Paredes revela-se um
compositor delicado e um instrumentista fulgurante. Depois deste álbum, a
guitarra nunca mais foi a mesma.
1971 – Movimento Perpétuo
Ao
segundo álbum, Carlos Paredes provava que o primeiro não havia sido um acaso.
Movimento Perpétuo era o som de um perfeccionista em controlo absoluto, capaz
de construir delicadas filigranas de improvável sustentação, sem nunca perder
de vista a economia.
1983 - Concerto em Frankfurt
A nova editora de Paredes, após a ruptura
com a Valentim de Carvalho, lança em 1983, um álbum gravado ao vivo em
Frankfurt, que inclui temas inéditos.
1986 – Invenções Livres
É editado o disco “Invenções Livres”, em
dueto com António Vitorino de Almeida, que toca piano.
1987 –
Espelho de Sons
Surge o LP "Espelho de Sons", o qual entra directamente para o 3º
lugar do Top Nacional de vendas de discos.
1989 – Asas Sobre o Mundo
1991 - Dialogues
"Dialogues" - LP e CD Philips É
um dueto com o contrabaixista de Jazz Charlie Haden ("Dialogues"), a
que se seguirá uma participação especial no disco ao vivo dos Madredeus,
gravado em Lisboa no Coliseu dos Recreios.
1996 – Na Corrente
É o seu último disco, "Na
Corrente", quando o genial guitarrista já está impedido pela doença de
participar em espectáculos e de gravar discos. Esta gravação reúne diverso
material inédito.
Antologias
1998 – O Melhor de Carlos Paredes
2000 – Canção para Titi
2002 – Uma Guitarra Com Gente Dentro
Uma Guitarra Com Gente Dentro». O título de uma antologia de
Carlos Paredes.
Este CD mostrar a capacidade de execução e
criação de Carlos Paredes ao longo de toda a sua vasta obra.
2003 – O Mundo segundo Carlos Paredes (Obra
completa de Carlos Paredes)
2010 - A Voz da Guitarra
A última actuação em público de Carlos Paredes
foi em Outubro de 1993, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa,
acompanhado por Luísa Amaro.
Em Dezembro de 1993 foi-lhe diagnosticado um
grave problema de saúde que o impossibilitava de tocar guitarra e que o manteve
afastado da vida activa até à data do seu falecimento, em 2004.
A sua obra fez escola e assume, na cultura
musical portuguesa, um valor incalculável.
Prémios e Condecorações:
1961 - Prémio da Casa da Imprensa, como Solista
1981 - Prémio da Casa da Imprensa, para Música Ligeira e
Prémio Consagração de Carreira
1984 - Troféu Nova Gente, Troféu Prestígio do Jornal Sete e
Prémio Bordalo da Casa da Imprensa
1987 - Prémio Antena Um
1988 - Prémio Antena Um
1992 - Ordem de Comendador de Santiago e Espada oferecida
pelo Senhor Presidente da República a 10 de Junho.
Deste génio da Guitarra Portuguesa, que pouco se ouve
nas rádios portuguesas, e que dá pelo nome de Carlos Paredes, vamos ficar com
“Movimento Perpétuo”.