NICHO
DA NOSSA
SENHORA DO
VIANDANTE
Mal
começaram as aulas do 2.º períodos do ano de 1965, nas oficinas da
Escola Industrial de Penafiel, começou a ser construído o nicho
para a N .S. do Viandante. O molde para levar o cimento foi construído
em platex.
O
Platex, é um tipo de derivados da madeira, que possui uma face lisa
e uma contra face rugosa com uma cor castanho-escura, sendo um
material que devido à sua espessura é facilmente moldável
Lembro-me
de se ter feito o molde para a construção do nicho da Nossa Senhora
do Viandante neste material, já que o mesmo se adaptava àquela
curvatura sem partir.
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Mestre Zé Luís
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Os
mentores desta obra foram os mestres Zé Luís e Fernando Cravo, que
no dia 1 de Fevereiro o montaram no lado esquerdo (quem sai da escola
em direcção à cidade de Penafiel), nas traseiras da actual paragem
de autocarros, na Rua da Escola hoje D. António Ferreira Gomes.
Terça-feira,
2 de Fevereiro de 1965, pelas 15 horas, foi inaugurado o nicho da
Nossa Senhora do Viandante.
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Dr. Aurélio Tavares
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Estavam
presentes, o Sr. Dr. Aurélio Tavares, ilustre director da Escola
Industrial de Penafiel, Professor Joaquim José Mendes em
representação do Sr. Presidente da Câmara e como Presidente da
Comissão Municipal da Cultura, Tenente Francisco Bernardo Leal
Machado, representando o Sr. Comandante do R.A.L. 5, Dr. Francisco
Brandão Rodrigues dos Santos, Subdelegado de Saúde em exercício,
alunas e alunos da Escola Industrial, todo o corpo docente e alguns
populares, emprestaram ao acto da Bênção do Nicho dada, pelo
Reverendo Padre Arnaldo Leite Teixeira, Pároco de Milhundos e
professor da Escola Industrial, um ar de festa. Aí estiveram também
as Ex.mas Senhoras D. Maria Isabel Lopes Afonso e D. Alice de
Oliveira Dias, do Movimento Nacional Feminino, bem como a Ex.ma
Senhora D. Maria José Cochofel Teixeira Dias da Acção Católica.
Depois da
Bênção, o Sr. Dr. Aurélio Tavares, proferiu o seguinte discurso:
Excelentíssimo
representante do Sr. Presidente da Câmara e demais autoridades.
Ex.ma
Senhora Directora do Centro.
Ex.mo
Senhores professores, filiadas da Mocidade Portuguesa Feminina, que
nesta Escola Industrial funciona, cabe-me o privilégio de saudar
Vossas Excelências e de agradecer a sua distinta e significativa
presença nesta humilde inauguração, assegurando simultaneamente o
sentimento de penhorado júbilo por se haverem dignado aceitar um
convite que um grande apreço inspirou.
Inaugura-se
neste momento um pequeno comovido nicho, mercê do entusiasmo destas
filiadas, homenagem piedosa delas à suave protectora dos que erram
por estes caminhos eriçados de perigos; acto bem próprio de
corações que desabrocham, não tocados ainda do mal que envenena e
corrompe a nossa época; e devido à acção de quem tão
elevadamente as dirige no âmbito das actividades da Mocidade
Portuguesa. Formosa prece materializada em pedra destacando-se de uma
moldura de cedros, para edificação e elevação espiritual à Mãe
de Deus, de todos os transeuntes desta via – os que seguem
dominando a máquina transportadora, para que a mesma lhe seja dócil
e prestante, e os que ao movimento arrastado dos pés confiam o
destino que levam.
Lídima luz
espiritualizante, indicadora de rumos certos, seja também a Senhora
dos Caminhos, a excelente e santa vizinha desta Escola, farol dos que
a demandam, tanto nos caminhos do estudo como, mais tarde dela
despedidos, através da vida que os conduzirá a ignorado termo, para
que este seja o da verdade e do bem!
Meninas,
dilectas filiadas! Quando por aqui passardes a caminho daquela Casa
onde andais forjando o vosso futuro, erguei à Senhora da Estrada de
Melhundos uma prece vibrante e sentida, embora rápida, a fim de que
Ela inspire os vossos trabalhos escolares, vos ilumine e inunde de
Graça. E quando, de regresso a casa às horas crepusculares,
passando novamente diante desta imagem por vós levantada, consagrai
à mesma Senhora Padroeira o destino dos vossos pais, dos vossos
irmãos, dos vossos professores, o próprio destino vosso, a
preservar ciosamente em pureza das ciladas do Mundo. Bem hajais pela
concretização em beleza da vossa piedade, devoção, espírito de
iniciativa!
Ex.mos
Senhores! Como representante da Escola, muito agradecido a V. Ex.as
por terem dado à generosa iniciativa desta Mocidade escolar o apoio
de uma prestigiada presença, o conforto de uma comprovada simpatia e
benevolência.
De seguida,
a menina Maria Rosa Soares Coelho,
leu o poema que vamos reproduzir em honra da Senhora do Viandante:
SENHORA DO
VIANDANTE
Senhora do
Viandante,
O
caminhante
Que a todo
o instante,
Acolhido à
vossa Graça,
Por aqui
passa,
Passe bem,
E para
bem,
Senhora
do Viandante!
Senhora do
Viandante,
Esse
volante,
Tão
confiante
Em Vós,
veloz socorre!
Meu Deus,
se morre!...
Filhinhos
tem,
Guiai-o
bem
Senhora do
Viandante!
Senhora do
Viandante,
Esse
estudante
Que ali,
diante
Do Vosso
nicho trabalha
Nessa
batalha …
Levai
também
Só para o
bem,
Senhora do
Viandante!
Senhora do
Viandante,
Ah! Nesse
instante,
Inda
distante,
Perturbante,
da partida
Para a
vida
Meu rumo
aqui
Me defini
Senhora do
Viandante!
Terminou
esta festa com uma exposição de berços e enxovais executados pelas
alunas da Escola Industrial de Penafiel, com a colaboração das
Ex.mas Senhoras Arquitecta D. Maria de Lourdes e Dr.ª
Maria Madalena, e que vão ser distribuídos por famílias pobres
desta cidade.
Nos dias de
hoje, o nicho encontra-se no parque que rodeia o Santuário de Nossa
Senhora da Piedade, embora sem a Senhora do Viandante, que pelos
vistos, viajou na mão de algum meliante, cujos pais não lhe deram
chã em pequenino e não lhe ensinaram que não se deve tocar nas
coisas do alheio.
Infelizmente,
gentalha desta categoria, não falta neste país, que se diz Católico
Apostólico Romano, mas que pelos vistos, nem os santos escapam à
sua gula de rapina.
Fernando Oliveira - Furriel de Junho