AO GRANDE GUARDA-REDES SOARES DOS REIS
SOARES
DOS REIS
FOI
EM PENAFIEL
QUE
TUDO COMEÇOU
Manuel
Soares dos Reis, nasceu no dia 11 de Março de 1910, em Penafiel, tendo partido
para os braços do Senhor no dia 15 de Abril de 1990, na cidade do Porto.
Capítulo 1 - O início
no Egas Moniz Foot-ball Club
Esta
foto foi tirada a quando da deslocação ao Marco de Canaveses, no desafio entre
o Canaveses Foot-Ball Club e o Egas Moniz Sport Club de Penafiel, cujo resultado foi de 4-0 a favor dos
marcoenses.
O
Egas Moniz alinhou com:
Na
época 1925/26, Soares dos Reis, começou a jogar no Egas Moniz Foot-ball Club,
em Penafiel. Nesse tempo não sabia fazer outra coisa que não fosse jogar
futebol e ir aos ninhos.
A
sua família não queria nem uma coisa nem
outra. Seu pai chamava ao foot-ball uma doidice e à história dos ninhos um
pecado. Por vezes escondia-lhe a roupa,
e Soares dos Reis tinha que ir ao foot-ball em ceroulas.
Seu
pai com um grande bengalão, esperava-o à porta de casa e ele tinha que
descobrir mil processos para não apanhar grossa tareia. Fugia até seu pai se
esquecer e no dia seguinte renovava as suas idas para o campo, para o meio da
equipa.
Nestas
alturas, o pai não via com bons olhos o entusiasmo de Soares dos Reis, mas na
década de 30, quando já defendia a baliza do F. C. do Porto, até se deslocava
de Penafiel ao Porto só para ver o filho jogar.
Capítulo 2 - Soares dos
Reis no Sport Club de Penafiel
O
Sport Club de Penafiel, foi fundado por um grupo de rapazes novos, coadjuvados
por José Nogueira Soares, Presidente do clube, em 17 de Maio de 1923.
Equipa do Sport que derrotou o Canaveses Foot Ball Club por 12-0.
Da esquerda para a direita: Gervásio, Borges, António Cerqueira, Carvalho, Altino, Soares dos Reis, Vieira, Tomaz, Zé, Rodrigo e Pedro.
Manuel
Soares dos Reis, é o guarda redes das 1.ªs categorias do Sport Club de
Penafiel, tendo realizado na primeira época a totalidade dos jogos (21), tendo
o glorioso Sport, perdido 4, empatado 2 e vencido 15, sendo marcados 103 golos
e sofridos 36.
Soares
dos Reis, em todos os desafios dava nas vistas, mas há um que o vai projectar a
nível nacional, tendo direito a um destaque no jornal "Os Sports de
Lisboa".
Esse
jogo foi contra o Guimarães Sport Club, em que o Sport Club de Penafiel vence
por 3-0. Dado o valor do adversário, 2.º classificado do Campeonato de Braga,
tal resultado não era de esperar.
O
resultado mais expressivo desta época, foi contra o Club Rebordosa, em que o
Sport Club de Penafiel venceu por 22-0, seguindo-se o Onze Verde e Branco do
Porto em que foi derrotado por 13-1 e o Canaveses Futebol Club por 12-0.
No
dia 16 de Junho de 1927, o Sport Club de Penafiel, ganha a taça "Festas da
Cidade", disputada com o Sport Club Lixense (da Lixa), tendo vencido por
4-1.
Foram
os seguintes jogadores que envergaram a camisola do Sport Club de Penafiel na
época 1926 /27:
António
Carvalho (Capitão), Manuel Soares dos Reis - Guarda Redes, António Borges,
Tomaz Moreira, Deolindo Simões, Gervásio Coelho, Altino Dias, Bernardino
Teixeira, Pedro Couto, José Lopes, Alberto Vieira, António Cerqueira, José
Magalhães e Andrade.
Na
época seguinte, 1927 / 28, o Sport Club de Penafiel, não só foi disputar jogos
com as equipas que defrontou na última época, assim como entre os meses de
Dezembro a Fevereiro, o Campeonato da Associação de Foot-Ball do Porto.
No
dia 25 de Dezembro de 1927, ou seja no
Dia de Natal, o Sport Club de Penafiel conquistou a "Taça Cidade de
Penafiel", ao derrotar o Egas Moniz Sport Club também de Penafiel, por
2-0.
O
Sport Club de Penafiel, esteve filiado na Associação de Football do Porto,
durante alguns meses, e quando comandava o Campeonato da Promoção, a Associação
resolveu que o Sport não podia continuar filiado em virtude de não ter campo
com as condições exigidas pela mesma Associação de Football do Porto no seu
regulamento.
Nesta
época de 1927/28, foram realizados 14 jogos, tendo o Sport Club de Penafiel
ganho 9, perdido 2 e empatado 3.
O
plantel das 1.ªs categorias era formado por:
1
Manuel Soares dos Reis, guarda-redes; 2 Bernardino Teixeira, defesa direito; 3
Tomaz Moreira dos Santos, defesa esquerdo; 4 Altino Alípio Dias, médio defesa
direito; 5 António Borges, médio defesa esquerdo; 6 Deolindo Simões, médio
centro; 7 José Lopes, ponta direita; 8 António Carvalho, meia ponta direita; 9
António Castro, Avançado Centro; 10 Pedro Couto, meia ponta esquerda; 11 Gervásio
Coelho Ponta esquerda.
Suplentes
- José Magalhães; Alberto Vieira e Alberto Magalhães.
Disposição
em campo:
1
2 3
4 5
6
7 8 9
10 11
Domingo,
27 de Novembro de 1927, o Sport vai disputar um jogo para o Campeonato da
Promoção a Leça da Palmeira contra o clube local, Leça Foot-Ball Club.
Graças
a uma grande exibição de Soares dos Reis, o resultado final sagrou-se num
empate a 2 bolas, e na época seguinte Soares dos Reis deixa o Sport Club de
Penafiel, para defender a baliza do Leça Foot-Ball Club.
Fotografia tirada em Amarante, quando da ida do
Sport aquela vila. Da esquerda para a direita, Deolindo Simões, Soares dos
Reis, António Borges e Rodrigo das 2.ª categorias do Sport. O resultado foi um
empate a uma bola.
Profissão
e morada dos jogadores do 1.º team do Sport Club de Penafiel, na época 1927 /
1928
Manuel
Soares dos Reis - Tipógrafo, morador na Travessa dos Fornos, Penafiel.
Bernardino
Teixeira - Sapateiro, morador no Largo de S. Bartolomeu, Penafiel.
Tomaz
Moreira dos Santos - Polícia de Segurança Pública, natural de Penafiel, mas
residente em Vila Nova de Gaia.
Altino
Alípio Dias - Empregado comercial, morador na Av. Pedro Guedes, Penafiel.
José
Lopes Pinto - Latoeiro, morador na Rua da Saudade, Penafiel.
Pedro
Couto - Empregado comercial, morador na Rua Formosa, Penafiel.
António
de Castro - Litógrafo, natural de Penafiel, morador no Porta, no Largo das
Regadas
António
Carvalho - Empregado Comercial, morador na Rua Alfredo Pereira, Penafiel.
Alberto
Vieira - Tipógrafo, morador no Largo de S. Bartolomeu, Penafiel.
José
Mendes Magalhães - Amanuense, morador na Rua Alfredo Pereira, Penafiel.
Alberto
Mendes Magalhães - Tipógrafo, morador na Rua Alfredo Pereira, Penafiel.
Deolindo
Simões - Empregado comercial, morador na Av. Egas Moniz, Penafiel.
António
Andrade - Empregado comercial, morador na Rua Alfredo Pereira, Penafiel.
Gervásio
Coelho - Sapateiro, morador na Travessa dos Fornos, Penafiel.
António
Borges - Estudante na Escola Raúl Dinis, Porto, residente na Av. Araújo e
Silva.
Capítulo 3 - Soares dos
Reis no Leça Foot-Ball Club nas épocas 1928/29 a 1930/31
No
início da época 1928 / 29, realizou antes de ir para Leça da Palmeira, dois
desafios pelo glorioso e sempre flurescente Sport Club de Penafiel, foram eles:
Sport
Club de Penafiel 7 - Amarantino 0
Nuno
Álvares Recarei 0 - Sport Club de Penafiel 6
Nesse
ano Soares dos Reis continua a assinar boas exibições, mesmo quando os
resultados são negativos.
Pela
primeira vez vai disputar o Campeonato de Portugal, e o Leça é a única equipa
do norte de Portugal que chega aos quartos da final, tendo já sido eliminados o
F. C. do Porto e o Boavista.
Apesar
de ter sido eliminado nos quartos de final pelo União de Lisboa por 9-0, foi
considerado o melhor jogador do Leça o guarda-redes Soares dos Reis.
O
Leça Foot-Ball Club realizou em Penafiel um jogo particular contra o Sport Club
de Penafiel, tendo vencido por 2-1, sendo o único golo do Sport marcado por
Gervásio.
Na
secção desportiva do jornal "Comércio de Leixões", é-lhe prestada no
final da época 1929/30 uma singela homenagem ao considerado jogador do Leça
Foot-Ball Club, senhor Manuel Soares dos Reis, que na 1.ª categoria daquele
club, ocupa muito prestigiosamente, o lugar de guarda-redes.
A
exibição feita, durante vários jogos, principalmente no decorrer do Campeonato
Regional, seria o suficiente para ser um dos melhores no seu lugar. No entanto,
a sua carreira desportiva tem sido enaltecida pelo seu brio e saber, pois
recentemente no Campeonato de Portugal, enfrentando grupos de reconhecido
valor, soube impor-se brilhantemente, tendo toda a crítica enaltecido os seus
conhecimentos e as suas exibições, considerando um valioso elemento no seu
lugar.
A
Manuel Soares dos Reis, cabe o maior quinhão dos bons resultados colhidos pelo
Leça Foot-Ball Club.
Capítulo 4 - Soares dos
Reis no Club Foot-Ball Os Belenenses.
1931 - 1.º Grupo do Belenenses e suplentes.
Em
pé da direita para a esquerda: Jaime Almeida, Fernandes, Augusto Silva,
Miranda, Sá Macedo, Ferreira da Silva, Soares dos Reis, Rodolfo, Bernardo e
José Luiz
Em
Baixo, pela mesma ordem: Heitor, Belo, Simões e Doria.
Soares
dos Reis, foi para Lisboa cumprir a vida militar e a convite do capitão Raúl
Martinho, conhecido desportista, transfere-se na época de 1931/32, para o Club
Foot-Ball "Os Belenenses".
Já
com Soares dos Reis na baliza, o Belenenses desloca-se à cidade de Coimbra,
onde derrota o União de Coimbra por 8-1, levando para Belém a "Taça
União", que estava em disputa.
No
mês de Dezembro de 1931, o Belenenses desloca-se à cidade do Porto, para
disputar a final do Campeonato de Portugal com o Futebol Club do Porto, a qual
empatam a 4 bolas, tendo-se no dia seguinte em Coimbra, realizado o jogo de
desempate em que o Futebol Clube do Porto vence por 2-1.
Os
Belenenses foram campeões do Campeonato de Lisboa, apenas tendo perdido com o
Carcavelinhos por 3-1 e 3-2 respectivamente, na 1.ª e 2.ª volta, e com o
Barreirense por 2-1. sendo a figura mais saliente destes encontros Soares dos
Reis com brilhantes exibições, tendo marcado nessa época Os Belenenses 104
golos, sofrido 37, tendo o guarda-redes Soares dos Reis deixado entrar 28.
Soares
dos Reis, embora sendo homem do norte, como representava "Os
Belenenses", era o guarda-redes da selecção do Sul.
Equipa
do II Norte Sul, no Estádio do Lima no Porto.
A
Selecção de Lisboa, era constituída por:
De
pé da esquerda para a direita - Soares dos Reis, Vitor Silva, Almeida, Jurado,
Aníbal José, Augusto Silva, Carlos Rodrigues, João Oliveira, Soeiro, José Luiz,
e ao lado Salvador do Carmo.
De
joelhos pela mesma ordem - Diniz, Bernardo, Xavier, Belo e Carlos Silva.
Nessa
condição de Guarda-redes da selecção de Lisboa, vai disputar jogos com a
selecção de Santarém no dia 22 de Novembro de 1931, tendo a Selecção de Lisboa
levado a melhor por 4-1, e contra a Selecção do Porto em 15 de Novembro de 1931
em Lisboa e no estádio do Lima, na cidade do Porto, no dia 31 de Janeiro de
1932.
Capítulo 5 - Soares dos
Reis no Boavista Futebol Clube
Na
época seguinte 1932/33, regressa ao Norte, para defender as balizas do Boavista,
e deixa de fazer parte da Selecção de Lisboa, para ingressar na Selecção do Porto.
Soares
dos Reis continua a dar nas vistas e na época seguinte ruma ao Futebol Clube do
Porto.
Capítulo 6 - Soares dos
Reis no Futebol Clube do Porto
Dono
da baliza dos dragões, durante seis épocas 1933/34 a 1939/40, Soares dos Reis, venceu:
3
Campeonatos Nacionais (1934-35, 1938-39, 1939-40)
1 Campeonato de Portugal (1936-37)
6 Campeonatos do Porto
1 Campeonato de Portugal (1936-37)
6 Campeonatos do Porto
Envergou
por 4 vezes a camisola da Selecção Nacional
Primeiro Campeonato
Nacional (Liga) disputado, em 1934-35.
Tal
proeza de Campeão da Liga, deu direito a versos.
Desportistas
cá do norte,
Alegrai
o coração
Que
o Porto jogou com sorte
E
é das Ligas campeão.
Com
o seu altivo porte
O
nosso onze do Porto
Trouxe
do Sul para o Norte
A
glória para o desporto
O
nosso onze valente,
P'ra
honra deste torrão,
Deve
julgar-se contente
Do
Porto ser campeão.
Os
campeões leoninos
Que
contavam em ganhar,
Ficaram
como os meninos
No
seu dedinho a chuchar.
Ó
Porto não te importunes,
Tu
és nobre e altaneiro,
Deu-te
a vitória o Nunes
E
o "ás" Lopes Carneiro.
Apesar
de haver intrigas
O
Porto soube marcar,
Somos
campeões das Ligas
Mesmo
sem Pinga jogar.
Na
boca dos alfacinhas
Só
o Pinga é jogador,
Fizeram-se
as jogadinhas,
Perigosas
mas de valor.
Jogaram
em tarde boa,
Delira
o norte franco,
Esta
semana, em Lisboa
Há
beiça com feijão branco.
Soares
dos Reis, Avelino,
Carlos
Pereira e Valdemar
Trabalharam
com destino
Para
o seu grupo honrar.
O primeiro Bicampeonato
portista (1938-39 e 1939-40).
Extintas a
Liga e o Campeonato de Portugal, decidiu a Federação organizar Campeonatos
Nacionais da primeira e segunda divisões.
Oito clubes pertencentes
a quatro Associações participam no designado Campeonato Nacional da Primeira
Divisão.
O apuramento
é obtido com base nas classificações dos respectivos Campeonatos Regionais,
convencionando-se, nesse ano de abertura, que Lisboa teria direito a quatro
representantes, o Porto a dois e Coimbra e Setúbal a um cada. Benfica,
Sporting, Belenenses, Casa Pia, Barreirense, Académica de Coimbra, Académico do
Porto e FC Porto partem para a liça, época de 1938/1939.
Mais uma
vez, murmurava-se, o engrossar do bloco sulista; ao invés de injectar
fraquezas, contribuía para um agigantamento saudável só à força da mística
catapultado.
Logo de
início, os portistas levam de vencida o Sporting (2-1), prenúncio de um evoluir
promissor, ou a equipa não conseguisse chegar a bom porto com 23 pontos, dez
vitórias, três empates e uma decepção em Lisboa, mérito do Benfica (4-1).
Para o
importante jogo com o Benfica no campo da Constituição, a equipa do Futebol
Clube do Porto, foi estagiar para a Pensão Silva, na Vila da Lixa.
F.C. do Porto em estágio na Lixa |
Apoteose na
Constituição, onde empatou com o Benfica por 3-3.
Duas
horas antes do início do jogo, não cabia mais ninguém na Constituição. Com o
empate a três golos, o FC Porto juntou à vitória no primeiro Campeonato de
Portugal e à vitória no primeiro Campeonato Nacional da 1.ª Liga, a conquista
do primeiro Campeonato Nacional da I Divisão
António Santos Marca o 3.º golo do F. C. do Porto.
Ataque
produtivo (57 golos marcados - média ligeiramente superior a quatro golos por
jogo), goleadas a denunciarem desníveis acentuados entre planteis, (12-1 ao
Académico e 10-0 ao Casa Pia) eis os aspectos mais notórios dessa época, da
máquina imparável azul e branca orientada pelo treinador Miguel Siska, antigo
guarda-redes portista. Pertenceu aos azuis e brancos os dois melhores
artilheiros: Costuras (18 golos) e Carlos Nunes (15).
No segundo
lugar ficaria o Sporting, 22 pontos e em terceiro o Benfica, 21 pontos.
A equipa do FC Porto que fez história sob o comando de Miguel Siska.
Da
esquerda para a direita, em cima: Siska (treinador), Soares dos Reis, Sacadura,
Guilhar, Manuel dos Anjos (Pocas), Carlos Pereira, António Baptista, Francisco
Reboredo, Rosado e Francisco Gonçalves (massagista);
Em baixo: Castro Ferreira, Lopes Carneiro, António Santos, Costuras, Pinga e Carlos Nunes.
Os
nomes dos Campeões Nacionais de 1939-40
Andrasik,
A. Baptista, J. Baptista, Carlos Nunes, C. Pereira, Castro, Gomes Costa,
Guilhar, Kordnya, Lopes, Pacheco, Pereira Silva, Petrak, Pinga, Pocas, Rosado,
Sacadura, Santos, Sarrea, Soares dos Reis e Zeca. Treinador: Mihaly Siska.
- Ganhou também a
penúltima edição do Campeonato de Portugal (1936-37).
Os Campeões de Portugal 1936-37
Na
temporada de 1936-37, em simultâneo com com o Campeonato da Liga, decorreu o
Campeonato de Portugal em moldes habituais de bota-fora, com final em campo
neutro.
Sob a orientação técnica do austríaco François Gutka, o FC Porto dominou os «leões», numa final disputada no Campo do Arnado em Coimbra. Despique rijo e emotivo com os portistas a vencer por 3-2, com golos de Lopes Carneiro, Carlos Nunes e Vianinha. Era o 4º título no Campeonato de Portugal.
Sob a orientação técnica do austríaco François Gutka, o FC Porto dominou os «leões», numa final disputada no Campo do Arnado em Coimbra. Despique rijo e emotivo com os portistas a vencer por 3-2, com golos de Lopes Carneiro, Carlos Nunes e Vianinha. Era o 4º título no Campeonato de Portugal.
Reboredo
numa manifestação de júbilo beija a bola no fim do jogo. O polícia não resistiu
à emoção!
Num sistema
clássico de dois defesas, três médios e cinco avançados, o FC Porto fez alinhar
nesse jogo, Soares dos Reis; Ernesto e Vianinha; Pocas, Carlos Pereira e
Francisco Ferreira; Lopes Carneiro, António Santos, Reboredo, Pinga e Carlos
Nunes.
Esta
competição viria a ser substituída, na época 1938/1939 pela Taça de Portugal.
Da esquerda
para a direita, em cima:
Pocas,
Carlos Pereira, Francisco Ferreira, Ernesto Santos, Vianinha (primeiro jogador
brasileiro da história do FC Porto), Soares dos Reis e François Gutskas
(treinador).
Em baixo:
Lopes Carneiro, António Santos, Francisco Reboredo, Pinga e Carlos Nunes.
Apoteose! –
Milhares de pessoas saíram à rua para esta impressionante recepção, na baixa da
cidade, aos portistas Campeões de Portugal de 1936-37.
Na camioneta
de caixa aberta onde seguiam os jogadores do F. C. do Porto, à saída da estação
de S. Bento, uma admiradora do guarda-redes Soares dos Reis abeira-se dele e
oferece-lhe um coelho de peluche.
Soares dos
Reis, que
para exercitar e melhorar os seus reflexos, usava nos treinos um método pouco
ortodoxo, que se resumia em tentar apanhar coelhos, começou a levar para os
jogos, este coelho de peluche, como sua mascote.
-
6 Campeonatos do Porto.
Foram
seis os Campeonatos do Porto, ganhos por Soares dos Reis, durante os mesmos
número de anos que esteve à frente da baliza do F. C. do Porto, daí a razão
deste título:
F.C.
do Porto, Campeão "vitalício", da Capital do Norte.
Da
esquerda: Jerónimo, Avelino Martins, Nova, Valdemar, Álvaro Pereira, Carlos
Pereira, Lopes Carneiro, Carlos Mesquita, Soares dos Reis, Acácio Mesquita e
Castro.
Poema de Avelino Monteiro a Manuel Soares dos Reis
Algumas curiosidades
sobre o grande Guarda-redes do F. C. do Porto Soares dos Reis.
1.ª Curiosidade
Sabia
que foi Soares dos Reis o primeiro guarda redes português a defender um
pénalti?
-
Pois é! Foi Manuel Soares dos Reis o autor da primeira detenção da marca de 11
metros, no jogo disputado no dia 20 de Janeiro de 1935, entre Belenenses - F. C. do Porto, que terminou
empatado a uma bola.
O
pénalti foi marcado por Bernardo, que tinha partilhado consigo o balneário, na
temporada em que Soares dos Reis jogava no Belenenses.
2.ª Curiosidade
Soares
dos Reis, jogava sempre de camisola de gola alta, bordada com as suas iniciais
«SR» bem visíveis.
3.ª Curiosidade
Quando chovia a cântaros, Soares dos Reis,
não tinha nenhum problema em levar por vezes um guarda-chuva para a baliza, façanha
que foi fotografada e retratada em versos, no "Jornal de Sports", de
autoria de Jota Eme.
No campo da
Constituição, Soares dos Reis fora das redes, de Guarda-chuva em riste.
Nessas terras do estrangeiro
Ou cá no país da uva,
Já viram algum porteiro
Em campo, com guarda-chuva?
Eu não sei se já sabeis,
Mas crede que foi verdade,
O senhor Soares dos Reis
Deu-nos esta novidade...
Por causas que não acerto
Contra o grupo d'além rio
Foi de Guarda-chuva aberto
Começar o desafio!
Em desporto, cá não acho
Muito linda a brincadeira...
O homem
'stava borracho
Ou pede... Conde Ferreira!
IV
'Índa bem que no menú,
Dos bons jogos do Natal,
Foi cortado o milho crú
Com "Benfica" ao natural...
Jota Eme
Num jogo Porto - Aveiro, disputado em
Espinho, enquanto a bola anda por longe, Soares dos Reis sempre atento ao desenrolar
do desafio, abriga-se no guarda-chuva de Lopes Carneiro, seu colega de equipa, que
não alinhou neste encontro.
Soares dos Reis Guarda-redes
da Selecção Portuguesa de Futebol.
Soares
dos Reis, foi o primeiro guarda-redes internacional do Futebol Clube do Porto.
Envergou
quatro vezes a camisola da Selecção de Portugal.
- Espanha 9 - Portugal
0
Madrid,
11 de Março de 1934, dia do seu 24.º aniversário, em que Soares dos Reis
sofreu três dos 9 golos com que a selecção espanhola goleou Portugal. O
guardião portista sofreu uma lesão durante esse jogo e foi substituído pelo
benfiquista Augusto Amaro que «encaixou» os restantes seis golos.
Neste
dia 11 de Março de 1934, a Seleção jogava pela primeira vez uma qualificação
para o Campeonato do Mundo, neste caso de Itália. Este jogo teve lugar no
Estádio de Chamartín (Madrid). A superioridade de Espanha era notável e aos
quinze minutos de jogo já ganhava por 3-0... E os espanhóis ganharam com um
claro 9-0 e o jogador espanhol Lángara, marcou 5 golos.
- Portugal 3 - Espanha 3
Troca de galhardetes e ramos de flores.
Aqui fica a
foto dos representantes da Selecção de Portugal de Futebol, que no Lumiar, em
Lisboa, no dia 5 de Maio de 1935, souberam corresponder às esperanças de
Portugal desportivo, impondo ao seu mais tradicional competidor, a Espanha, um
famoso empate de 3-3.
Os golos
foram apontados:
Por Portugal
- Soeiro 61' e Pinga (2) 70' e aos 77' (g.p.), e pela Espanha Lángara (2) 23' e
38' e Guillermo Gorostiza 58'.
Em pé, e da
direita: Soares dos Reis, Dyson, Serrano, Mourão, Carlos Pereira, Gaspar Pinto,
Gustavo (cap), Valadas, Soeiro, Jurado, Carlos Nunes, Vasco Nunes e o
massagista Dionísio Hipólito.
De joelhos,
pela mesma ordem: Rogério, Simões, Albino, Rui Araújo, Vitor Silva, Artur de
Sousa (Pinga) e Viegas.
- Portugal 2 - Áustria 3
26 de
Janeiro de 1936, na cidade do Porto, no estádio do Lima, num Portugal 2 -
Áustria 3.
Os golos de
Portugal foram marcados por: Nunes e Soeiro, enquanto pela Austria marcou:
Zischek, Binder e Bican.
Da esquerda
em pé: Soares dos Reis, Albino, Rui Araújo, Carlos Pereira, Simões, Gustavo (capitão),
Maia Loureiro director da Federação Portuguesa e Cândido de Oliveira
(seleccionador).
De joelhos -
Mourão, Pedro Piresa, Soeiro, Pinga e Nunes
- Portugal 1 - Alemanha 3
A 27 Fevereiro de 1936, em Lisboa, no Lumiar,
Portugal 1 - Alemanha 3.
Portugal
alinhou Soares dos Reis (F.C. Porto), Simões (Belenenses), Gustavo (Benfica),
Albino (Benfica), Rui de Araújo (Sporting), Carlos Pereira (F.C. Porto), Mourão
(Sporting), Vitor Silva (Benfica), Soeiro (Sporting), Pinga (F.C. do Porto) e
Nunes (F. C. do Porto).
Os golos
Alemães foram apontados por: Holmanns, Kitzinger e Lehner.
Por Portugal
marcou Vitor Silva aos 63'
Quando o
marcador estava 3-0 favorável à Alemanha, o guarda-redes Soares dos Reis
lesiona-se e é substituído por José Reis do Belenenses.
O Castigo
Notificação
por carta do F. C. do Porto, para Soares dos Reis comparecer na sede para lhe
ser lida a sentença.
Janeiro de
1940, na sexta-feira seguinte ao jogo Porto 11 - Vitória de Setúbal 0, a contar
para o Campeonato Nacional de Futebol da I Divisão, Soares dos Reis envolveu-se em desordem
com Carlos Nunes, durante um treino, no campo da Constituição.
O que escreveu Soares dos Reis, no seu diário.
Depois
das averiguações, a decisão pouco comum (na altura), e a mão pesada da
direcção, sem complacências: o guarda-redes Soares dos Reis, foi castigado em dez
dias de suspensão, 200 escudos de multa e passar a defender na equipa das reservas, enquanto o avançado Carlos Nunes e
"capitão" suspenso de toda a actividade e multado em 750 escudos.
Último cartão do jogador Soares dos Reis
Depois de
deixar o futebol, Soares dos Reis continuou ligado ao Futebol Clube do Porto na
qualidade de dirigente, e foi graças a si que dois nomes que mais tarde
haveriam de se tornar mitos deste clube chegaram às Antas, nomeadamente
Virgílio e Hernâni.
É de Soares
dos Reis esta célebre frase sábia: “O lugar de
guarda-redes foi sempre ingrato. Depois dele, só há a baliza, o golo".
Espero que
com este pequeno contributo da minha parte, que as novas gerações de
penafidelenses e não só, fiquem a saber um pouco quem foi Soares dos Reis, um
dos melhores guarda-redes portugueses no seu tempo.
Um
agradecimento muito especial ao seu sobrinho e afilhado Manuel Soares dos Reis, que também
chegou a defender a baliza do F. C. do Porto enquanto júnior e sénior, que me
possibilitou uma consulta ao espólio por ele guardado do seu tio o grande
guarda-redes Manuel Soares dos Reis, cujos restos mortais repousam no Mausoléu
do Futebol Clube do Porto, no Cemitério de Agramonte na cidade do Porto.
5 Comments:
Parabéns por este artigo que, quanto ao tema Soares dos Reis, guarda-redes internacional e campeão do FC Porto, foi o melhor que vi e li até hoje. Penso que devia merecer atenção do arquivo histórico e do museu do F C Porto.
Armando Pinto
http://memoriaporto.blogspot.pt/2016/07/momentos-epicos-das-selecoes.html
Registo com agrado o seu envio de parabéns. Para escrever este texto, tive acesso ao arquivo de Soares dos Reis, em que ele guardava todos os relatos dos jogos onde participava e uma série de fotos e documentos. Como deve reparar no capítulo do Boavista pouco digo porque esse caderno já tinha sido oferecido ao Boavista. Penso que o F.C. do Porto se interessar-se por este espólio, com certeza que os cadernos referentes ao Clube (um para cada época), também lhe eram oferecidos. Mas isso não é a nós que compete.
Um abraço
Muitos parabéns pelo seu excelente "post". Interessou-me especialmente a parte que diz respeito à passagem de Soares dos Reis pelo Belenenses dado que estou a fazer pesquisa sobre os anos 30 do clube. Gostaria de saber se o acesso ao arquivo que consultou é público ou se tenho alguma forma de consultar o caderno que diz respeito à época de 1931/1932 (época em que jogou no Belenenses). Muito agradeço a sua resposta. O meu mail fernandorfernandes@gmail.com
Melhores cumprimentos
O Caderno era do próprio Soares dos Reis organizado por ele, e continha desde fotos, recortes dos jogos de vários jornais e por vezes até alguns apontamentos feito por ele.
Com a morte do Soares dos Reis esses cadernos estão à guarda do sobrinho que também foi guarda redes e vive na Vila das Aves, o que para os consultar fica bastante longe.
Muito agradeço a informação. Quando me deslocar à região logo farei contato. Mais uma vez parabéns pela excelente blogue.
Melhores cumprimentos
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