PEDRO BARROSO
PEDRO BARROSO
Pedro Barroso, é o nome artístico de António Pedro da Silva Chora Barroso,
nasceu em Lisboa, a 28 de Novembro 1950, mas foi para Riachos, concelho de
Torres Novas (Ribatejo), com dias, apenas. Por causa do trabalho de seu pai
(professor) voltaria a Lisboa, mas já adulto, regressa de novo a Riachos.
Tudo começou quando um dia ouviu a Odette Saint
Maurice a anunciar que aceitava jovens para fazer teatro radiofónico e
apresentou-se nos estúdios de S. Marçal, e a senhora disse-lhe logo sim senhor,
espera aí que mal acabe a gravação deste senhor vais fazer um teste e depois
logo se vê. Aquele senhor era nem mais nem menos o Rui de Carvalho.
E no que às canções diz respeito, foi em «Dezembro de
1969, no Zip-Zip (RTP) de Fialho Gouveia, Raul Solnado
e Carlos Cruz. Eu andava no INEF e já fazia canções que falavam de
coisas várias, entre as quais contra a guerra colonial. Fui convidado a ir ao
programa e nunca mais parei. Aliás nessa primeira aparição pública, que teve
grande impacto, aconteceu até uma coisa muito interessante e curiosa... Depois
do ensaio, aí uns dez minutos antes do programa começar, o Zé Fialho
chamou-me e disse-me com ar zangado ainda que pouco convincente:
Oh pá, vocês são lixados, só inventam destas coisas,
só escrevem contra a guerra colonial, não têm cuidado, e depois isto não passa,
a censura corta e eu é que me lixo. Temos que ser mais inteligentes.
Em três ou quatro minutos mudei uns versos - como na
selva a lutar - a mensagem, pensava eu, continuava lá, ainda que
mitigada, mas a verdade é que transformei uma canção de protesto em canção de
amor...
O crítico Mário Castrim, no dia seguinte,
deu-me uma grande porrada e fez a previsão que eu não iria aguentar muito tempo
nestas lides. Enganou-se e isso deu-me muito gozo: fiquei, levei a música a
sério e transformei a minha vida a partir daquele momento.
Pedro Barroso, canta os seus grandes temas de sempre -
a mulher, o amor, o mar, a natureza, a
solidariedade, os tipos humanos, a portugalidade, a reflexão sobre a Vida...
Cantou até hoje em praticamente todo o território
nacional e ainda em Espanha, França,
Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Suiça, Suécia, Inglaterra, Canadá,
Brasil, Hungria, Macau e Estados Unidos.
Discografia:
1970 - Grava
o seu primeiro disco, um EP com o título Trova-dor.
1971 - Sai o seu segundo EP
intitulado Breve Sumário Da História De (colectivo, com José Jorge Letria, Lídia Rita e António Macedo).
Pedro Barroso contribui
para o disco com "Vilancete de Abel", participando também nos coros
de outros temas, entre os quais "Hino dos Encarcerados". Numa altura
em que as prisões estavam a abarrotar de presos políticos, este tema, da autoria
de José Jorge Letria sobre poema de Gil Vicente, seria o principal motivo para
a proibição do disco, que se vendia à socapa no próprio TEC. «O disco foi a
mais rápida apreensão da PIDE. Deram ordens ao Governo Civil que era, e ainda
é, ao lado da Rádio Renascença, onde estava na cabine o saudoso Rui Pedro e foi
apreendido em 10 minutos...».
1974 - 1.º de Maio/Medicina Social (single,
Decca/Valentim de Carvalho).
1975 - Pastilhas Reacção/Canção Urgente
(single, Decca/Valentim de Carvalho)
1976 - Sai o
seu primeiro álbum chamado "Lutas
Velhas, Canto Novo", que seria distinguido com o Troféu Karolinka no
Festival Menschen und Meer, realizado na antiga RDA, em 1981.
1978 - Água Mole
Em Pedra Dura, LP reeditado em CD com o título «Cartas de Portugal», em
2000.
1979 - Nova Canção
de Lisboa (single, Sassetti)
1980 - Quem Canta Seus Males Espanta
Pedro
Barroso grava neste mesmo ano o single "Canção ao Rio Almonda"/"Ferrel". Ambos os temas
versam questões ambientais: o primeiro denunciando o tradicional problema de
poluição do rio Almonda causado pela indústria de curtumes e o segundo contra a
central nuclear que pretendiam construir em Ferrel, no concelho de Peniche. No
ano seguinte, Pedro Barroso participa com a "Canção ao Rio Almonda"
no Festival Menschen und Meer, em Rohrstock (RDA), e arrebata o prestigiado
Troféu Karolinka, para a melhor interpretação."
1982 - Cantos à
Terra Madre (LP, 1982) que mais tarde
foi reeditado em CD.
Single Cantar
Brejeiro/Tanta Gente.
1983 - Do Lado
De Cá De Mim, LP reeditado em CD em 2003.
Single Ai
Consta/Viva Quem Canta.
1984 - Camarnal/Cantarei
Single, Orfeu.
1985 - Cantos Da
Borda D'Água
1986 - Colectânea
1987 - É lançado o
LP "Roupas de Pátria Roupas de Mulher". Recebe o prémio para a melhor
canção desse ano com "Menina dos Olhos d’Água".
1990 - Foram
editados os discos Longe d'Aqui e
pela etiqueta Ovação uma compilação com temas dos discos Água Mole Em Pedra Dura e Quem Canta Seus Males Espanta.
1994 - Sai Cantos
d'Antiga Idade
1996 - Cantos
d'Oxalá
1998 - O Melhor
dos Melhores (Vol. 81), sao o CD com alguns êxitos.
1999 - Criticamente
2001 - É editado o
CD Crónicas da Violentíssima Ternura.
2002 - O álbum De
Viva Voz, registos ao vivo entre 1997 e 2002.
2004 - É editado o
CD Navegador do Futuro quando celebrava 35 anos de carreira
2005 - Antologia com os mais relevantes temas das
suas várias fases criativas – revista e remasterizada a partir das matrizes
originais – registando os seus mais relevantes trabalhos realizados entre 1982
e 1990, onde avultam colaborações históricas com Mário Viegas e Sophia de Mello
Breyner Andresen.
.
2008 - Lança o
disco "Sensual Idade", para comemorar 40 anos de carreira.
2009 - Sai em
formato DVD "40 Anos de Música e Palavras".
2012 - Edita Cantos
da Paixão e da Memória.
2014 - Grava Palavras ao Vento,
continuando a constituir-se como uma referência de sentido crítico e sensibilidade,
um pouco a contra-corrente, nos seus concertos, repletos de ironia, comunicação
e sensibilidade.
Embora já tenha visto a actuar
Pedro Barroso, várias vezes, apenas falei com ele uma única vez, quando veio
actuar no Largo da Ajuda em Penafiel.
Aproximei-me dele e disse-lhe que
apreciava a sua música e o conteúdo daquilo que cantava.
Corri a casa e trouxe todos os
LPs que dele tinha, e ele autografou-os um a um.
Depois disso já adquiri uma série
de CDs de Pedro Barroso, que entretanto foram saindo, deste cantautor que
pertence a uma geração que através da canção despertou consciências, e fez da
cantiga uma arma.
Como modo de comemorar Abril, aqui
ficam Lutas Velhas Canto Novo, que a resistência de um povo também se cria a
cantar.
- Bom domingo!
António Pedro da Silva Chora
Barroso, mais conhecido como Pedro Barroso, morreu, esta
segunda-feira dia 16 de Março de 2020 à noite, vítima de doença
prolongada. O cantor tinha 69 anos.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home