CROCA
CROCA
Hoje
vou falar da freguesia de Croca, que dista 4 km da cidade de
Penafiel, e confronta pelo nascente com a freguesia de S. Martinho,
pelo poente com a de Bustelo, a norte com Meinedo (concelho de
Lousada) e a sul com Santa Marta de Vila Boa de Quires (concelho do
Marco de Canaveses), e tem como seu padroeiro S. Pedro.
Não
se sabendo ao certo a origem deste nome “Croca”, várias são as
hipóteses avançadas pelo estudioso da nossa terra, Abílio Miranda.
Segundo
ele, tal nome constitui o anagrama de Corça, animal divinizado do
qual alguns generais romanos se faziam acompanhar para favorecerem a
acção das suas legiões.
Homem com capa de colmo |
Também
avança com o termo coroça ou croça que significam palhota e capa
de colmo contra a chuva e, também, báculo ou bastão episcopal com
a extremidade superior curva.
Do
francês croc que significa pau de charrua ou jogo dianteiro do
arado.
Crocal
do latim crocu deu-nos pedra preciosa da cor da cereja.
Croce,
é a designação de uma erva que mata aranhas.
O
açafrão, cujo nome científico é Crocus, lembra-nos Cróceo que
quer dizer da cor do açafrão, amarelo dourado, sendo croceína o
nome genérico de uma série de corantes.
Crocus,
planta que minuciosamente era tratada talvez já com alguns fins
medicinais ou somente odoríferos dos manjares dos grandes dias de
festas ou do dia de domingo.
Crocus,
esta palavra foi-se naturalmente corrompendo, dando origem a Croca,
nome da freguesia.
Ainda
hoje há quem faça plantação desta planta na freguesia de Croca,
que floresce entre Outubro e Novembro.
A
planta é cortada durante a floração perfeita da mesma, pois se a
não cortar nessa altura, ela passado pouco tempo começa a secar
perdendo as suas propriedades.
Depois
é posta a secar e de seguida transformada em pó, com o friccionar
das folhas secas com as mãos.
Para
diferenciar o açafrão que é vendido no comércio local, as pessoas
batizaram este tipo de açafrão “caseiro” de Açafroa, utilizado
para uso próprio, já que o mesmo não é comercializado.
As
fotos que ilustram este texto, foram tiradas no ano de 2018, numa
plantação de Crocus, no lugar de Pala desta freguesia de Croca.
Em
jeito de curiosidade, talvez muitos penafidelenses não saibam que em
Croca, nasce o maior rio no concelho de Penafiel, o Cavalum e
aproveitando a sua correnteza, no lugar de Pala, junto à ponte,
havia em tempos que já lá vão, uma serração hidráulica.
Em
1870 no lugar da Lapa desta freguesia de Croca, nasceu a 4 de
Fevereiro, o grande benemérito Zeferino de Oliveira, que entre
outras coisas mandou construir a Escola Primária desta Freguesia de
Croca e restaurar a Capela de S. João em Pedrantil.
Na toponímica
da freguesia de Croca, Zeferino de Oliveira tem o seu nome ligado a
uma grande avenida, que atravessa a freguesia de Croca de lés a lés.
Também
no passado domingo, dia 30 de Junho de 2019, foi inaugurado o aumento
do Cemitério Paroquial de Croca pelo Sr. Presidente da Câmara de
Penafiel, Antonino de Sousa, e pelo Presidente da Junta da Freguesia de
Croca, Sr. Jorge Mota, sendo o mesmo benzido pelo pároco da freguesia de
Croca, Agostinho da Mota.
Se
a poetisa Natália Correia, no último verso do poema "A Defesa do
Poeta", escrevia "a poesia também se come", espero que os leitores deste
texto, especialmente os de Croca, quando comerem arroz de forno, feito
com açafrão ou açafroa se lembrem de Croca, pois pelos vistos, estas
coisas andam todas interligadas.
- Quem havia de dizer?
Fernando Oliveira - Furriel de Junho
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home