BODAS DE PRATA DAS TROPAS ESPECIAIS
BODAS DE PRATA
DAS TROPAS ESPECIAIS
Continuando
o tema anterior das Tropas Especiais em Penafiel, no dia 5 de Setembro de 1965,
os instruendos do Curso de Sargentos Milicianos de 1940, cujo Centro de
Instrução N.º 2, funcionou no quartel de Penafiel, vieram de vários recantos do
país, festejar, na cidade de Penafiel, as suas Bodas de Prata.
Apesar
de terem passado 25 anos, esta rapaziada, nunca mais esqueceu o seu quartel, e
a hospitalidade destas gentes a quando da sua passagem por Penafiel, no início
da sua vida militar.
Vieram
matar saudades, relembrar velhas histórias, reviver as reminiscências de um
passado, revestido de mocidade, alegria, satisfação de um dever cumprido.
Consoante
vão chegando, ao Campo do Conde de Torres Novas, vão-se trocando abraços,
revive-se tempos passados, onde a camaradagem vivida dentro das paredes do
velho quartel, desaguou numa amizade que não se esquece.
Cerca
das 10 horas, uma coluna com algumas dezenas de automóveis entra na Avenida
Egas Moniz buzinando, parando em frente ao quartel.
Lá
os espera o Sr. Coronel Castilho, Comandante do R,A,L, 5, que dava as últimas
ordens que eram transmitidas pelo sr. Tenente Amado aos seus subalternos e
prontamente executadas.
A
Fanfarra dava os retoques finais na indumentária dos dias de Grande Gala e as
tropas ali aquarteladas preparavam-se para receberem os seus irmãos de armas
que há vinte e cinco anos tinham passado pelo quartel de Penafiel.
Coronel Fontes - Presidente da Câmara de Penafiel |
Ás
11horas chegou o sr. Comandante da 1.ª Região Militar, Brigadeiro Pires Nunes,
que era aguardado pelo Comandante do R.A.L. 5, Coronel Castilho, oficiais e
pelo Presidente da Câmara de Penafiel, Coronel Cipriano Alfredo Fontes, que
depois dos cumprimentos de boas-vindas, passou em revista ás tropas formadas em
frente ao regimento.
Em
altar montado no Campo do Conde de Torres Novas, vulgarmente chamado de Campo
da Feira, foi celebrada uma missa campal, pelo Reverendo Cónego Dr.
Isaías da Rosa Pereira, que também fez parte daquele grupo de Sargentos
Milicianos, em acção de graças por todos aqueles que fizeram parte do Centro de
Instrução N.º 2.
Após
a missa, as tropas marcharam em direcção ao Monumento aos Mortos da Grande
Guerra. Aí os antigos Milicianos, entregaram ao sr. Presidente da Câmara de
Penafiel um ramo de cravos que por sua vez o entregou ao sr. Comandante da 1.ª
Região Militar que o depôs no sopé do Monumento.
Juntos à Igreja da Misericórdia. |
Regressados
ao quartel, foi descerrada uma placa comemorativa, tendo antes o Reverendo Cónego
Dr. Isaías proferido algumas palavras. A placa que ficará, sem dúvida, a marcar
para sempre esta festa, tem os seguintes dizeres:
“O
Curso de Sargentos Milicianos de 1940, comemorando as Bodas de Prata – Responde
à chamada”. Penafiel 5-9-65”
Num
dos parques da unidade, foi servido depois um magnífico almoço que serviu à
maravilha para um melhor convívio entre todos aqueles, que há vinte e cinco
anos, pela primeira vez, ultrapassaram a porta de armas para o cumprimento do
Serviço Militar Obrigatório.
Aos
brindes falaram os senhores Dr. José Horta que teceu um hino de louvor a
Penafiel, fazendo referência ao grande Egas Moniz, aio do nosso primeiro rei, sepultado
no Mosteiro de Paço de Sousa. De seguida usou da palavra o sr. Pinheiro da
Rocha, que agradeceu ao Comandante do R.A.L. 5 as facilidades concedidas para que
esta manifestação tivesse lugar e cumprimentou o Presidente da Câmara o Coronel
Fontes, que honrou com a sua presença aquela festa de recordações e saudade.
O
sr. Eugénio Paiva Freixo Guedes da Silva leu aos presentes com a seguinte
poesia:
PENAFIEL
Mal
nos avistamos, tudo foi de pronto?
De
braços abertos, de olhos rebrilhantes,
Tu,
Penafiel, correste ao nosso encontro,
Para
ti corremos como há anos antes?
Ai!
o louco abraço! Ai! a emoção sentida!
Ai!
O que dissemos sem falar um só!
Voltaram
os netos da vida perdida
Ao
regaço quente da Fidalga Avó!
Voltaram
os netos a entrar o portão
Do
velho solar, tão belo e tão manso
Para
um dia apenas de meditação
Sobre
a longa ausência, sem par, nem descanso…
Voltaram
os netos com o mesmo alvoroço
Para
recordar, e reviver ainda!
Cada
qual, as horas de menino e moço,
Sempre
sob afaga de uma Avó tão linda!
Lá
estava tudo como fora outrora
Os
buxos as flores, as áleas do Jardim…
Até
aquela árvore, já crescida agora,
Com
igual pureza e a mesma suavidade
Das
coisas que o tempo, não gasta jamais!
Nós
te bendizemos, barco da Saudade,
Que
foste buscar-nos a todos os cais!
Falaram
ainda o sr. António Grácio, o Comandante do RAL 5, Coronel Castilho, que terminou a sua
alocução com um brinde à Artilharia e, por fim, o Comandante da 1.ª Região
Militar Brigadeiro Pires Nunes.
Em
1990, alguns ainda vieram comemorar as Bodas de Ouro, visitando o CICA 1.
Geralmente,
quando falamos de “Tropas Especiais”, logo nos vem à ideia, pessoas que se
transformaram em autênticas máquinas de guerra, mas estas que aqui trouxe ao
blogue, são de outra categoria.
Se
fossem vivos, seriam centenários, pelo que o normal é já terem terminado a sua
missão na Terra, mas porque a sua passagem por esta cidade deixou marcas no
coração das suas gentes, de tal maneira, que ainda hoje merecem serem
lembrados.
Afinal
de contas, estas vivências, também fazem parte da história da nossa terra.
Fernando Oliveira – Furriel de Junho
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