18 maio 2019

A MONARQUIA DO NORTE

A MONARQUIA DO NORTE


Ao contrário do que muita gente pensa, a Monarquia em Portugal, não acabou com o 5 de Outubro de 1910, data em que foi implantada a República, embora o Rei D. Manuel II e família fossem para o exílio.

Local onde foi assassinado Sidónio Pais

Com o assassinato de Sidónio Pais, na estação do Rossio, em Lisboa, no dia 14 de Dezembro de 1918, o país viveu tempos conturbados.

É então que o capitão Henrique de Paiva Couceiro, aproveitando a agitação que predominava em todo o país, lidera uma revolução para instaurar novamente a Monarquia em Portugal.

Paiva Couceiro

Esta conspiração, ganha fortes apoios no norte do país, tendo-se na cidade do Porto formado um governo que foi chamado de “Junta Governativa do Reino de Portugal”, que no dia 19 de Janeiro de 1919, das janelas do Quartel General do Porto, Paiva Couceiro fala ao povo e proclama a Monarquia, que de pronto revogou toda a legislação republicana: a bandeira nacional voltou a ser azul e branca, a igreja católica recuperou o poder perdido, a GNR voltou a ser Guarda Real, o hino monárquico e até a moeda do escudo voltou a mil-réis.


Os republicanos começam a ser perseguidos, presos e levados para o Eden - Teatro no Porto que foi transformado em prisão, para serem sujeito a torturas e depois conduzido ao aljube.



Enquanto, as tropas republicanas comandadas pelo General Abel Hipólito, vão paulatinamente hasteando a norte com mais ou menos resistência a bandeira nacional, a caminho de Penafiel marcha uma coluna do destacamento N.º 3, comandada pelo Major Eduardo Bandeira de Lima.

Em Penafiel, onde os apaniguados da “Junta Governativa” do Porto, haviam estabelecido o terror com a prática de inqualificáveis desmandos, foi recebida com grande entusiasmo e contentamento a chegada das tropas republicanas que, bem depressa, restabeleceram a normalidade, pois os adeptos da monarquia debandaram à sua aproximação.


Estas forças, que só após grandes dificuldades conseguiram entrar em Penafiel, visto que todas as estradas que lhe dão acesso e a ponte metálica Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, que liga os concelhos de Castelo de Paiva e Penafiel, tinha sido dinamitada pelos revolucionários monárquicos, danificando o primeiro lanço do lado de Castelo de Paiva. 


Só depois de reparada com travessas de madeira, é que as tropas republicanas conseguiram atravessar o Rio Douro e rumarem à cidade de Penafiel.

Grupo de Sargentos de Cavalaria 4

Sem dispararem um só tiro, é notória a calma deste grupo de sargentos de artilharia 2 em serviço da coluna do destacamento N.º 3 e  da cavalaria 4 atravessando a ponte que liga os dois montes do Santuário da Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos.

 
Grupo de Sargentos de Cavalaria 2


No dia 20 de Fevereiro de 1919, chegaram finalmente a Penafiel e realizaram uma parada militar que atravessou a cidade em direcção ao quartel, e se revestiu de uma invulgar imponência, sendo recebidos com frenéticas aclamações à república.



Neste desfile tomaram parte as forças de infantaria 11 e 28, de cavalaria 2 e 4, Escola de Guerra e de artilharia 2, que constituíam a coluna de destacamento N.º 3, comandada pelo major Eduardo Bandeira de Lima.


Para mais tarde recordarem, um grupo de oficiais foi fotografado, onde se pode ver entre outros o sr. Major Eduardo Bandeira de Lima (1), comandante do destacamento 3, o Capitão José Carrilho de Carvalho, comandante de cavalaria (2), e o Alferes A. Álvaro, comandante de artilharia (3).


Quando a república foi estabelecida na cidade do Porto, o Eden o velho teatro transformado em prisão pelos monárquicos foi transformado num verdadeiro braseiro pela ira popular.


A 13 de Fevereiro de 1919, terminava esta rebelião comandada po Paiva Couceiro, que foi conhecida por “Monarquia do Norte”, e baptizada popularmente por “Monarquia do Quarteirão”, por apenas ter durado 25 dias, embora só passados sete dias as tropas republicanas tenham chegado a Penafiel.


Fez este ano cem anos, que estes acontecimentos mexeram com a vida dos penafidelenses, e a monarquia nunca mais destronou a república em Portugal.

Para o bem e para o mal, a vida continua nesta pacata cidade, onde se apregoe aos quatro ventos ser a melhor terra para se viver, e o mundo acredita e ri.

- Viva a República!


Fernando Oliveira – Furriel de Junho