A MONARQUIA DO NORTE
A MONARQUIA
DO NORTE
Ao contrário
do que muita gente pensa, a Monarquia em Portugal, não acabou com o
5 de Outubro de 1910, data em que foi implantada a República, embora
o Rei D. Manuel II e família fossem para o exílio.
Local onde foi assassinado Sidónio Pais |
Com o
assassinato de Sidónio Pais, na estação do Rossio, em Lisboa, no
dia 14 de Dezembro de 1918, o país viveu tempos conturbados.
É então que o
capitão Henrique de Paiva Couceiro, aproveitando a agitação que
predominava em todo o país, lidera uma revolução para instaurar
novamente a Monarquia em Portugal.
Paiva Couceiro |
Esta
conspiração, ganha fortes apoios no norte do país, tendo-se na
cidade do Porto formado um governo que foi chamado de “Junta
Governativa do Reino de Portugal”, que no dia 19 de Janeiro de
1919, das janelas do Quartel General do Porto, Paiva Couceiro fala ao
povo e proclama a Monarquia, que de pronto revogou toda a legislação
republicana: a bandeira nacional voltou a ser azul e branca, a igreja
católica recuperou o poder perdido, a GNR voltou a ser Guarda Real,
o hino monárquico e até a moeda do escudo voltou a mil-réis.
Os republicanos
começam a ser perseguidos, presos e levados para o Eden - Teatro no
Porto que foi transformado em prisão, para serem sujeito a torturas
e depois conduzido ao aljube.
Enquanto, as
tropas republicanas comandadas pelo General Abel Hipólito, vão
paulatinamente hasteando a norte com mais ou menos resistência a
bandeira nacional, a caminho de Penafiel marcha uma coluna do
destacamento N.º 3, comandada pelo Major Eduardo Bandeira de Lima.
Em Penafiel,
onde os apaniguados da “Junta Governativa” do Porto, haviam
estabelecido o terror com a prática de inqualificáveis desmandos,
foi recebida com grande entusiasmo e contentamento a chegada das
tropas republicanas que, bem depressa, restabeleceram a normalidade,
pois os adeptos da monarquia debandaram à sua aproximação.
Estas forças,
que só após grandes dificuldades conseguiram entrar em Penafiel,
visto que todas as estradas que lhe dão acesso e a ponte metálica
Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, que liga os concelhos de Castelo de
Paiva e Penafiel, tinha sido dinamitada pelos revolucionários
monárquicos, danificando o primeiro lanço do lado de Castelo de
Paiva.
Só depois de
reparada com travessas de madeira, é que as tropas republicanas
conseguiram atravessar o Rio Douro e rumarem à cidade de Penafiel.
Grupo de Sargentos de Cavalaria 4 |
Sem dispararem
um só tiro, é notória a calma deste grupo de sargentos de
artilharia 2 em serviço da coluna do destacamento N.º 3 e da
cavalaria 4 atravessando a ponte que liga os dois montes do Santuário
da Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos.
No dia 20 de
Fevereiro de 1919, chegaram finalmente a Penafiel e realizaram uma
parada militar que atravessou a cidade em direcção ao quartel, e se
revestiu de uma invulgar imponência, sendo recebidos com frenéticas
aclamações à república.
Neste desfile
tomaram parte as forças de infantaria 11 e 28, de cavalaria 2 e 4,
Escola de Guerra e de artilharia 2, que constituíam a coluna de
destacamento N.º 3, comandada pelo major Eduardo Bandeira de Lima.
Para mais tarde
recordarem, um grupo de oficiais foi fotografado, onde se pode ver
entre outros o sr. Major Eduardo Bandeira de Lima (1), comandante do
destacamento 3, o Capitão José Carrilho de Carvalho, comandante de
cavalaria (2), e o Alferes A. Álvaro, comandante de artilharia (3).
Quando a
república foi estabelecida na cidade do Porto, o Eden o velho teatro
transformado em prisão pelos monárquicos foi transformado num
verdadeiro braseiro pela ira popular.
A 13 de
Fevereiro de 1919, terminava esta rebelião comandada po Paiva Couceiro, que foi conhecida por
“Monarquia do Norte”, e baptizada popularmente por “Monarquia
do Quarteirão”, por apenas ter durado 25 dias, embora só passados
sete dias as tropas republicanas tenham chegado a Penafiel.
Fez este ano
cem anos, que estes acontecimentos mexeram com a vida dos
penafidelenses, e a monarquia nunca mais destronou a república em
Portugal.
Para o bem e
para o mal, a vida continua nesta pacata cidade, onde se apregoe aos
quatro ventos ser a melhor terra para se viver, e o mundo acredita e
ri.
- Viva a
República!
Fernando Oliveira
– Furriel de Junho
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