AS
FESTAS DOS CENTENÁRIOS
E
O CRUZEIRO DA INDEPENDÊNCIA
DE RIO DE MOINHOS
Bandeira da Fundação |
No
ano de 1940, Portugal festejou os seus 8 séculos de país (desde
1140), e 3 séculos da Restauração da Independência em 1640.
Bandeira da Restauração |
Estas
comemorações iniciam-se simultaneamente em todo o país, no dia 2
de Junho de 1940, por um Te-Deum em todas as Sés, e por sessões
solenes em todas as câmaras municipais, nas embaixadas, delegações
e consulados de Portugal, unindo no mesmo sentimento de pátria a
grande família portuguesa.
Castelo de Guimarães |
As
grandes comemorações vão-se realizar em várias cidades como:
Guimarães, Braga, Arcos-de- Valdevez, Porto, Coimbra, Ourique,
Lagos, Sagres e Lisboa tendo o seu ponto alto a inauguração da
Exposição do Mundo Português.
Aqui
em Penafiel, esta comemoração começou com uma romagem a Paço de
Sousa, para homenagear Egas Moniz, e vão terminar a 2 de Dezembro de
1940, com uma sessão solene no Salão Nobre da Câmara Municipal de
Penafiel, na qual usaram da palavra os Ex.mos Padre Moreira das
Neves, poeta e jornalista, e o Dr. Ângelo César, deputado da Nação.
Padre Moreira das Neves |
Este
último fez a apologia da nossa independência e da nossa grandeza,
seguindo-se-lhe o Padre Moreira das Neves que proferiu uma brilhante
alocução, repassada do mais profundo sentimento patriótico. Por
fim o Sr. Presidente da Câmara, Padre Carlos Pereira Soares,
encerrou a sessão com palavras de louvor e agradecimento para o Sr.
Dr. Oliveira Salazar e venerando Chefe de Estado Sr. General Carmona,
que a assistência sublinhou com vibrantes aplausos e vivas.
A
dada altura do seu discurso, Padre Moreira das Neves disse:
“Olho
para o passado. Olho para o presente. E digo a mim próprio: Uma cruz
basta, para dizer, na história, quem é Portugal.”
Vieram
os Romanos para Portugal e plantaram marcos miliários. Vieram os
Cristãos e plantaram cruzes. Se os marcos miliários ensinam os
homens a medir seus passos nos caminhos da Terra, as cruzes ensinam
as almas a medir seus voos na amplidão do céu.
É
então que para comemorar este duplo centenário, em muitas terras se
vão erguer para a posteridade os “Cruzeiros da Independência”.
Desta maneira, as Festas Centenárias estenderam-se a muitos recantos
de Portugal.
Rio
de Moinhos, disse presente, e inaugurou o seu Cruzeiro da
Independência no domingo, dia 3 de Novembro de 1940, com o seguinte
programa:
8
horas – Comunhão numerosíssima e cânticos executados pelas
Jacistas.
11
horas – Imponente procissão saída da Igreja Paroquial, tomando
parte o Clero, juventude, mocidade escolar, acompanhando-os o seu
estimado professor e todas as instituições do culto.
12
horas – Missa Campal, cantada pelas Jacistas, sob a regência de um
exímio professor de música. Depois de concluída a cerimónia,
seguiram para a igreja, novamente em procissão.
14
horas – Deu entrada em Rio de Moinhos, a Banda da Legião
Portuguesa de Penafiel.
15
horas – Incorporaram-se no lugar da Vista Alegre, todas as
Jacistas, crianças da escola, Cruzadas Eucarísticas, estudantes do
Colégio de Alpendurada, e banda de música, para ali esperarem o
Ex-mo Prelado.
16
horas – Com a chegada do Sr. Bispo, o cortejo dirigiu-se para a
igreja, onde o mesmo agradeceu a forma como foi recebido. Em seguida
ministrou o sacramento da Confirmação, fazendo também a imposição
de emblemas ás meninas Jacistas. Daí dirigiu-se à residência
paroquial e benzeu-a, inaugurando assim a sua construção.
18
horas – Cortejo solene ao Cruzeiro da Independência. Depois de
benzido por sua Ex-ª o Sr Bispo do Porto D. António
Augusto de Castro Meireles, usaram da palavra ilustres oradores,
fundindo-se todos na nossa História de Portugal: Fundação e
Restauração.
Foram
eles os Padres Augusto Teixeira Correia, José Joaquim Pereira e o
padre Marques, o sr. Belarmino Leite O. C. Araújo e um jovem da
Mocidade Portuguesa. Também tomou parte desta manifestação o Sr.
Padre Carlos Pereira Soares, Presidente da Câmara Municipal de
Penafiel.
Na
sessão de Câmara de 21 de Outubro de 1940, o Presidente da Junta de
Rio de Moinhos, José Pereira Rocha, apresentou um requerimento
pedindo autorização para ligar à rede pública uma instalação
eléctrica para iluminar o “Cruzeiro da Independência”.
Bem
sabemos que atrás de cada cruzeiro há um drama, uma tragédia ou
uma epopeia, consoante a janela que cada um vê o mundo.
Para
os portugueses, a cruz sempre esteve ligada à sua vida e à sua
história.
Desde
o nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques, que fazia a sua assinatura
com uma cruz, aos cruzeiros que eram a nossa marca da presença
portuguesa em terras de África, da Índia e do Brasil.
E
como se não bastasse, cada um de nós carregar a sua cruz no seu
dia-a-dia, de quatro em quatro anos, muitos de nós vão votar de
cruz, colocando uma cruz no boletim de voto, para elegermos um
governo para a Nação, que passado pouco tempo se transforma num
governo familiar, onde filhos e enteados pertencentes a essas
famílias,
se vão governando “à grande e à francesa”, como se o país
fosse a sua quinta e eles os feitores da mesma.
Mas
como não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe, vamos
aguardando serenamente como bom povo que somos, esperando por um
milagre.
- Até
quando!?...
- Até quando!?...
Fernando
Oliveira – Furriel de Junho
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