04 abril 2019

AS FESTAS DOS CENTENÁRIOS
E O CRUZEIRO DA INDEPENDÊNCIA
DE RIO DE MOINHOS

Bandeira da Fundação



No ano de 1940, Portugal festejou os seus 8 séculos de país (desde 1140), e 3 séculos da Restauração da Independência em 1640.

Bandeira da Restauração



Estas comemorações iniciam-se simultaneamente em todo o país, no dia 2 de Junho de 1940, por um Te-Deum em todas as Sés, e por sessões solenes em todas as câmaras municipais, nas embaixadas, delegações e consulados de Portugal, unindo no mesmo sentimento de pátria a grande família portuguesa.

Castelo de Guimarães

As grandes comemorações vão-se realizar em várias cidades como: Guimarães, Braga, Arcos-de- Valdevez, Porto, Coimbra, Ourique, Lagos, Sagres e Lisboa tendo o seu ponto alto a inauguração da Exposição do Mundo Português.


Aqui em Penafiel, esta comemoração começou com uma romagem a Paço de Sousa, para homenagear Egas Moniz, e vão terminar a 2 de Dezembro de 1940, com uma sessão solene no Salão Nobre da Câmara Municipal de Penafiel, na qual usaram da palavra os Ex.mos Padre Moreira das Neves, poeta e jornalista, e o Dr. Ângelo César, deputado da Nação.

Padre Moreira das Neves

Este último fez a apologia da nossa independência e da nossa grandeza, seguindo-se-lhe o Padre Moreira das Neves que proferiu uma brilhante alocução, repassada do mais profundo sentimento patriótico. Por fim o Sr. Presidente da Câmara, Padre Carlos Pereira Soares, encerrou a sessão com palavras de louvor e agradecimento para o Sr. Dr. Oliveira Salazar e venerando Chefe de Estado Sr. General Carmona, que a assistência sublinhou com vibrantes aplausos e vivas.

A dada altura do seu discurso, Padre Moreira das Neves disse:


“Olho para o passado. Olho para o presente. E digo a mim próprio: Uma cruz basta, para dizer, na história, quem é Portugal.”

Vieram os Romanos para Portugal e plantaram marcos miliários. Vieram os Cristãos e plantaram cruzes. Se os marcos miliários ensinam os homens a medir seus passos nos caminhos da Terra, as cruzes ensinam as almas a medir seus voos na amplidão do céu.

É então que para comemorar este duplo centenário, em muitas terras se vão erguer para a posteridade os “Cruzeiros da Independência”. Desta maneira, as Festas Centenárias estenderam-se a muitos recantos de Portugal.


Rio de Moinhos, disse presente, e inaugurou o seu Cruzeiro da Independência no domingo, dia 3 de Novembro de 1940, com o seguinte programa:

8 horas – Comunhão numerosíssima e cânticos executados pelas Jacistas.

11 horas – Imponente procissão saída da Igreja Paroquial, tomando parte o Clero, juventude, mocidade escolar, acompanhando-os o seu estimado professor e todas as instituições do culto.

12 horas – Missa Campal, cantada pelas Jacistas, sob a regência de um exímio professor de música. Depois de concluída a cerimónia, seguiram para a igreja, novamente em procissão.

14 horas – Deu entrada em Rio de Moinhos, a Banda da Legião Portuguesa de Penafiel.

15 horas – Incorporaram-se no lugar da Vista Alegre, todas as Jacistas, crianças da escola, Cruzadas Eucarísticas, estudantes do Colégio de Alpendurada, e banda de música, para ali esperarem o Ex-mo Prelado.

16 horas – Com a chegada do Sr. Bispo, o cortejo dirigiu-se para a igreja, onde o mesmo agradeceu a forma como foi recebido. Em seguida ministrou o sacramento da Confirmação, fazendo também a imposição de emblemas ás meninas Jacistas. Daí dirigiu-se à residência paroquial e benzeu-a, inaugurando assim a sua construção.

18 horas – Cortejo solene ao Cruzeiro da Independência. Depois de benzido por sua Ex-ª o Sr Bispo do Porto D. António Augusto de Castro Meireles, usaram da palavra ilustres oradores, fundindo-se todos na nossa História de Portugal: Fundação e Restauração.

Foram eles os Padres Augusto Teixeira Correia, José Joaquim Pereira e o padre Marques, o sr. Belarmino Leite O. C. Araújo e um jovem da Mocidade Portuguesa. Também tomou parte desta manifestação o Sr. Padre Carlos Pereira Soares, Presidente da Câmara Municipal de Penafiel.

Na sessão de Câmara de 21 de Outubro de 1940, o Presidente da Junta de Rio de Moinhos, José Pereira Rocha, apresentou um requerimento pedindo autorização para ligar à rede pública uma instalação eléctrica para iluminar o “Cruzeiro da Independência”.

Bem sabemos que atrás de cada cruzeiro há um drama, uma tragédia ou uma epopeia, consoante a janela que cada um vê o mundo.

Para os portugueses, a cruz sempre esteve ligada à sua vida e à sua história.



Desde o nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques, que fazia a sua assinatura com uma cruz, aos cruzeiros que eram a nossa marca da presença portuguesa em terras de África, da Índia e do Brasil.


E como se não bastasse, cada um de nós carregar a sua cruz no seu dia-a-dia, de quatro em quatro anos, muitos de nós vão votar de cruz, colocando uma cruz no boletim de voto, para elegermos um governo para a Nação, que passado pouco tempo se transforma num governo familiar, onde filhos e enteados pertencentes a essas famílias, se vão governando “à grande e à francesa”, como se o país fosse a sua quinta e eles os feitores da mesma.

Mas como não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe, vamos aguardando serenamente como bom povo que somos, esperando por um milagre. 

- Até quando!?... 

- Até quando!?...

Fernando Oliveira – Furriel de Junho