JÁ PASSARAM 50 ANOS
JÁ PASSARAM 50 ANOS
Embora
ande para aí muito boa gente a escrever que em Junho de 1956, no edifício do Internato Margarida Magalhães,
foi instalada a “Escola Técnica”, e, aí funcionou, até que, em 1976, com a
criação do Ensino Unificado, se transformou em Escola Secundária de Penafiel, o
que é certo e sabido, é que a Escola
Industrial de Penafiel, vulgarmente chamada de Escola Técnica, foi criada pelo
Decreto N.º 43.401 de 15 de Dezembro de 1960, (https://dre.pt/application/dir/pdf1sdip/1960/12/28900/27602762.pdf ), tendo a mesma abrindo as suas
portas pela primeira vez, no dia 9 de Outubro de 1961. Pois, naquele tempo, os
anos escolares tinham início no mês de Outubro.
Sendo assim,
no ano de 1966, ou seja faz neste ano de 2016 cinquenta anos, que saíram da
Escola Industrial de Penafiel, os primeiros finalistas.
Penafidelenses
e não só, assistiram ao 1º SARAU DE FINALISTAS DA ESCOLA
INDUSTRIAL DE PENAFIEL
Os primeiros finalistas da Escola
Industrial de Penafiel, foram os do Curso de Formação Electromecânico, e no dia
24 de Maio de 1966, levaram a efeito no Cine-Teatro S. Martinho, o seu Sarau de
Finalistas.
Apesar de
neste ano de 1966, não haver finalistas femininas, já que o seu Curso de
Formação Feminina tinha a duração de mais um ano, as alunas do 5º ano também
colaboraram no sarau.
Num momento dedicado ao teatro, em “A
Anunciação” do pai do teatro português Gil Vicente, e na recitação coral da
poesia “A Senhora de Brabante” de Gomes Leal, como se pode ler no
programa.
Ao abrir e
ao fechar o livrete do programa do Sarau, deparamos com dois poemas do Mestre
José Luís, respectivamente “Cântico de Agradecimento” e “Despedida”. Durante a
sua permanência em Penafiel, encontra-se vários poemas de sua autoria,
espalhados na imprensa local, que mostram bem a sua veia poética.
Cântico de Agradecimento
Não canteis alto, nem cedo demais
O cântico da vida e do
amor,
Evitai que voe o pássaro
sem penas,
Não apanheis antes do tempo
a flor
Que há-de ser fruto e grão
E não deixeis que o sol
creste
As espigas verdes que
hão-de ser pão! ...
As asas abrir-se-ão num voo
a um fim,
Será rio e mar a nascente.
As pétalas hão-de cair da
flor,
As folhas deste livro serão
eternamente
Farrapos de saudade que
caem em poesia,
Como do céu cairá a última
estrela
Antes de amanhecer um novo
dia! …
Erguei-vos, então, abri os
braços à volta
E cantai! Que a vossa alma
entoe finalmente
O cântico triunfal da vida
e do amor
E um cântico de
agradecimento ardente
À Pátria, à terra, ao mar e
aos céus,
À vossa Escola, aos
Professores, aos Mestres,
A vossos pais, a vós
próprios e a Deus.
DESPEDIDA
Chegou o fim? ... Não!?...
Tudo
vai agora começar! ...
Finda
uma etapa da vida,
Outra
começa a rolar…
E
nos dias que vêm a seguir,
As
saudades do tempo de estudante
Hão-de
fazer-vos chorar e sorrir
Caminhai
sempre em frente,
Com
amor e direcção definida.
Serenamente
e sem vacilar
Esboçai
primeiro vossa vida;
Depois,
a passo e passo,
Aplanai
a vossa própria estrada
E
forjai ideais tão fortes como aço
Ide…
A vida espera-vos lá longe!...
É
o horizonte agora mais diferente,
Fazei
do curso a vossa eterna canção
Como
a Casa do Sol Nascente,
Cantai-a
na inquieta e promissora viagem
E
vereis que há ainda muito a aprender
Nesta
minha tosca e humilde mensagem!...
Graças ao
empenho do Mestre Zé Luís, que nos ensaiou com a sua paciência e amizade, é que
foi possível levar esta Sarau ao Cine Teatro S. Martinho.
Por ordem
alfabética, tal como se encontram no seu livro de finalistas do Curso de
Formação Electromecânico 1961 – 1966, aqui vão os seus nomes:
Abílio Leite
dos Santos
Acúrcio do
Nascimento Morgado de Sousa
Agostinho
Marques Ferreira Bessa
Alexandre
Monteiro de Queirós
Álvaro José
Pinto Moreira Fernandes
António
Prata de Melo
António da
Silva Monteiro
Augusto
Nunes Machado Pinto
Carlos
Alberto da Cunha Barbosa de Moura
Carlos
Arlindo Ruão Dias de Castro
Carlos
Graciano Pacheco Dias
Carlos
Manuel da Silva Meireles
Fausto
Alberto Pereira Quintas
Fernando
José de Oliveira
Fernando da
Silva Pereira
Francisco
Joaquim de Almeida Aguiar
Francisco
Ferreira
Joaquim
António Borges Ribas da Cunha
Joaquim
Gustavo de Jesus Rocha
Joaquim dos
Santos
José Alberto
Ferreira Barbosa de Moura
José
Carvalho
José Luís
Magalhães Pinto Bessa
José Maria
da Fonseca Ferreira
José Pereira
de Sousa
José Ribeiro
Laurindo de
Sousa Costa
Manuel
Adriano da Silva Teixeira
Manuel
Fernandes do Couto
Manuel
Pereira Pinho
Pedro João
Pinto de Babo
Saúl Luís
Bessa Cramês
O livro contém
um texto do Director da Escola Dr. Aurélio Tavares, a desejar Boa sorte aos
finalistas que reza assim:
Boa sorte, Amigos!
"Nesta triste carreira desta
vida, segundo a expressão do imenso Poeta este ano consagrado, passagens há,
não muitas, que demarcam fases essenciais. Parecem indicar mudança de rumo.
Como se afinal o segmento de recta AB (A = nascimento; B = morte) não fosse,
apesar de tudo, uma recta rectilínea e progressiva, com destino à Eternidade
!...
Estes, de que se fala aqui, bons
rapazes, que contam de escola o mesmo número de anos que ela tem, vivem
precisamente agora um desses raros momentos cruciais de mudança de fase,
atravessam a ponte que do curso conduz à profissão.
Seguiram as lições, de melhor ou
pior vontade, sempre com simpatia. Fatigaram também por vezes. Que ficou porém
de tudo isto? Um pedaço de vida reduzido a cinza, um instrumento de trabalho,
amizades e lembranças.
Embala-os agora a esperança.
A Escola, da qual devo falar, vê-os
partir e revê-se nos seus primeiros diplomados. Meu Deus! não foi inútil a sua
criação!
Simultâneamente sente o vazio da
ausência no coração amigo.
Em suma, deseja-lhes felicidade. Que
as armas por ela dadas, lhes sejam boas e úteis para traçar caminhos de
trabalho, de honestidade, de triunfo.
Amigos pois: parabéns! ide com Deus!
Aurélio Tavares
E por
incrível que pareça, tudo isto já se passou à meio século, e infelizmente nem
todos permanecem entre nós.
No primeiro
sábado do mês de Junho, os alunos e alunas da extinta Escola Industrial e Comercial de
Penafiel, juntam-se num almoço convívio.
Nestes
reencontros abraçam-se, perguntam pelos caminhos que percorreram na vida, como
estás? e recordam com saudade a Escola que cimentou toda esta amizade.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home