20 janeiro 2016

JÁ PASSARAM 50 ANOS



JÁ PASSARAM 50 ANOS


Embora ande para aí muito boa gente a escrever que em Junho de 1956,  no edifício do Internato Margarida Magalhães, foi instalada a “Escola Técnica”, e, aí funcionou, até que, em 1976, com a criação do Ensino Unificado, se transformou em Escola Secundária de Penafiel, o que é certo e sabido, é que a Escola Industrial de Penafiel, vulgarmente chamada de Escola Técnica, foi criada pelo Decreto N.º 43.401 de 15 de Dezembro de 1960, (https://dre.pt/application/dir/pdf1sdip/1960/12/28900/27602762.pdf ), tendo a mesma abrindo as suas portas pela primeira vez, no dia 9 de Outubro de 1961. Pois, naquele tempo, os anos escolares tinham início no mês de Outubro.

Sendo assim, no ano de 1966, ou seja faz neste ano de 2016 cinquenta anos, que saíram da Escola Industrial de Penafiel, os primeiros finalistas.



Penafidelenses e não só, assistiram ao 1º SARAU DE FINALISTAS DA ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL




Os primeiros finalistas da Escola Industrial de Penafiel, foram os do Curso de Formação Electromecânico, e no dia 24 de Maio de 1966, levaram a efeito no Cine-Teatro S. Martinho, o seu Sarau de Finalistas. 

Apesar de neste ano de 1966, não haver finalistas femininas, já que o seu Curso de Formação Feminina tinha a duração de mais um ano, as alunas do 5º ano também colaboraram no sarau.
 Num momento dedicado ao teatro, em “A Anunciação” do pai do teatro português Gil Vicente, e na recitação coral da poesia “A Senhora de Brabante” de Gomes Leal, como se pode ler no programa.  



 
Ao abrir e ao fechar o livrete do programa do Sarau, deparamos com dois poemas do Mestre José Luís, respectivamente “Cântico de Agradecimento” e “Despedida”. Durante a sua permanência em Penafiel, encontra-se vários poemas de sua autoria, espalhados na imprensa local, que mostram bem a sua veia poética.





           Cântico de Agradecimento

Não canteis alto, nem cedo demais
O cântico da vida e do amor,
Evitai que voe o pássaro sem penas,
Não apanheis antes do tempo a flor
Que há-de ser fruto e grão
E não deixeis que o sol creste
As espigas verdes que hão-de ser pão! ...
As asas abrir-se-ão num voo a um fim,
Será rio e mar a nascente.
As pétalas hão-de cair da flor,
As folhas deste livro serão eternamente
Farrapos de saudade que caem em poesia,
Como do céu cairá a última estrela
Antes de amanhecer um novo dia! …
Erguei-vos, então, abri os braços à volta
E cantai! Que a vossa alma entoe finalmente
O cântico triunfal da vida e do amor
E um cântico de agradecimento ardente
À Pátria, à terra, ao mar e aos céus,
À vossa Escola, aos Professores, aos Mestres,
A vossos pais, a vós próprios e a Deus. 
                  DESPEDIDA
                       
 Chegou o fim? ...  Não!?...
 Tudo vai agora começar! ...
 Finda uma etapa da vida,
 Outra começa a rolar…
 E nos dias que vêm a seguir,
 As saudades do tempo de estudante
 Hão-de fazer-vos chorar e sorrir

 Caminhai sempre em frente,
 Com amor e direcção definida.
 Serenamente e sem vacilar
 Esboçai primeiro vossa vida;
 Depois, a passo e passo,
 Aplanai a vossa própria estrada
 E forjai ideais tão fortes como aço
 Ide… A vida espera-vos lá longe!...
 É o horizonte agora mais diferente,
 Fazei do curso a vossa eterna canção
 Como a Casa do Sol Nascente,
 Cantai-a na inquieta e promissora viagem
 E vereis que há ainda muito a aprender
 Nesta minha tosca e humilde mensagem!...

Graças ao empenho do Mestre Zé Luís, que nos ensaiou com a sua paciência e amizade, é que foi possível levar esta Sarau ao Cine Teatro S. Martinho.





Por ordem alfabética, tal como se encontram no seu livro de finalistas do Curso de Formação Electromecânico 1961 – 1966, aqui vão os seus nomes:

Abílio Leite dos Santos
Acúrcio do Nascimento Morgado de Sousa
Agostinho Marques Ferreira Bessa
Alexandre Monteiro de Queirós
Álvaro José Pinto Moreira Fernandes
António Prata de Melo
António da Silva Monteiro
Augusto Nunes Machado Pinto
Carlos Alberto da Cunha Barbosa de Moura
Carlos Arlindo Ruão Dias de Castro
Carlos Graciano Pacheco Dias
Carlos Manuel da Silva Meireles
Fausto Alberto Pereira Quintas
Fernando José de Oliveira
Fernando da Silva Pereira
Francisco Joaquim de Almeida Aguiar
Francisco Ferreira
Joaquim António Borges Ribas da Cunha
Joaquim Gustavo de Jesus Rocha
Joaquim dos Santos
José Alberto Ferreira Barbosa de Moura
José Carvalho
José Luís Magalhães Pinto Bessa
José Maria da Fonseca Ferreira
José Pereira de Sousa
José Ribeiro
Laurindo de Sousa Costa
Manuel Adriano da Silva Teixeira
Manuel Fernandes do Couto
Manuel Pereira Pinho
Pedro João Pinto de Babo
Saúl Luís Bessa Cramês


O livro contém um texto do Director da Escola Dr. Aurélio Tavares, a desejar Boa sorte aos finalistas que reza assim:

Boa sorte, Amigos!

"Nesta triste carreira desta vida, segundo a expressão do imenso Poeta este ano consagrado, passagens há, não muitas, que demarcam fases essenciais. Parecem indicar mudança de rumo. Como se afinal o segmento de recta AB (A = nascimento; B = morte) não fosse, apesar de tudo, uma recta rectilínea e progressiva, com destino à Eternidade !...

Estes, de que se fala aqui, bons rapazes, que contam de escola o mesmo número de anos que ela tem, vivem precisamente agora um desses raros momentos cruciais de mudança de fase, atravessam a ponte que do curso conduz à profissão.

Seguiram as lições, de melhor ou pior vontade, sempre com simpatia. Fatigaram também por vezes. Que ficou porém de tudo isto? Um pedaço de vida reduzido a cinza, um instrumento de trabalho, amizades e lembranças.

Embala-os agora a esperança.

A Escola, da qual devo falar, vê-os partir e revê-se nos seus primeiros diplomados. Meu Deus! não foi inútil a sua criação!

Simultâneamente sente o vazio da ausência no coração amigo.

Em suma, deseja-lhes felicidade. Que as armas por ela dadas, lhes sejam boas e úteis para traçar caminhos de trabalho, de honestidade, de triunfo.

Amigos pois: parabéns! ide com Deus!

Aurélio Tavares


E por incrível que pareça, tudo isto já se passou à meio século, e infelizmente nem todos permanecem entre nós. 


No primeiro sábado do mês de Junho, os alunos e alunas da extinta Escola Industrial e Comercial de Penafiel, juntam-se num almoço convívio.

Nestes reencontros abraçam-se, perguntam pelos caminhos que percorreram na vida, como estás? e recordam com saudade a Escola que cimentou toda esta amizade.