22 dezembro 2015

JOSÉ DO TELHADO NO CINEMA



JOSÉ DO TELHADO NO CINEMA


Rino Lupo, aliás Cesare Rino Lupo de seu nome completo, nasceu em Itália, Roma a 15 de Fevereiro de 1888. 

Começou a actividade cinéfila em Itália, entre 1908 e1910.

Rino Lupo chega a Portugal em Agosto de 1921. 

Ainda em Varsóvia, ouviu falar dos progressos da Invicta Film por um jovem português, um tal António da Silveira, e daí veio directamente para Portugal. 

Seduzido pelo sol do país, ofereceu os seus préstimos à Invicta Film, os quais foram aceites por reconhecido mérito.


Em 1929, Rino Lupo decide transpor para as telas o famoso romance de Eduardo Noronha intitulado «José do Telhado» que relatava as proezas do bandoleiro. 

Casado com a prima Aninhas, desiludido e sem recursos, torna-se chefe de uma quadrilha... Em envolvimento, a época em que se travaram as primeiras lutas liberais. 

Em Maio de 1929, na Vila de Amarante, encontrava-se pronta uma equipa de filmagem, com artistas e o ensaiador cinematográfico Rino Lupo.


As filmagens das cenas do exterior tiveram lugar em Amarante, Vila Meã, Lixa, Marco de Canaveses, Felgueiras, Serra do Marão, nos lugares de Sobreira em Caíde de Rei, Lousada, e na casa onde nasceu José do Telhado, em Recesinhos, no lugar do Telhado, Penafiel.

Este filme mudo português teve uma ante-estreia em Lisboa no dia 2 de Dezembro de 1929.

A estreia realizou-se na cidade do Porto a 10 de Dezembro de 1929 e em Lisboa no Politeama, a 3 de Abril de 1930.

Na interpretação surgiam os nomes de Carlos Azedo (José do Telhado), Julieta palmeiro (Aninhas), Maria Emília Castelo Branco (Maria Genoveva), Luís de Magalhães (José Pequeno), Manuel Baptista (Custódio), Rafael Alves (António de Sousa), Aida Lupo (Fidalguinha da Mó), Zita de Oliveira (Ermelinda) e Laura Vidal (Tia Isabel).

Este foi o último filme rodado nos estúdios da Invicta Film, já que no dia 2 de Janeiro de 1931, a mesma encerrou as suas portas.

Filme este a preto e branco, com a duração de 117 minutos e classificado para maiores de 12 anos. 


Entretanto, em Janeiro de 1930, o Sr. Carlos Teixeira Barbosa, filho da filha mais nova de José do Telhado, Maria Lentina, vai passar uma procuração ao Sr. Dr. Bianchi da Câmara, do Porto, afim de que o filme não continuasse a ser exibido, reservando para si os direitos do mesmo.


Em Setembro de 1937, este filme foi exibido em várias sessões de cinema ao ar livre, no Campo do Conde de Torres Novas, vulgarmente chamado de Campo da Feira em Penafiel, sempre com numerosa assistência.



No ano de 1945, aparece em versão sonora um novo filme de José do Telhado, tendo como seu realizador Armando Miranda, a preto e branco com a duração de 98 minutos.


A vida lendária de José Teixeira da Silva, o José do Telhado, casado com a prima Aninhas, vencida a resistência do pai, devido à fama do seu heroísmo durante a guerra civil. Mas as hostes onde militava José do Telhado acabam em debandada. Desiludido e sem recursos, acaba por ceder aos rogos de "Boca Negra", chefe duma quadrilha que infesta a região, para lhe suceder na liderança, pois sente-se velho. Após audaciosos assaltos, de cujo produto passam a beneficiar os pobres, José do Telhado será preso devido à traição do seu lugar-tenente, José Pequeno, deixando desamparados Aninhas e o filho.




Duas canções sobressaem no filme, são elas:


Este mesmo realizador irá fazer em 1949, um novo filme intitulado A volta do Zé do Telhado – ambos com Virgílio Teixeira como protagonista.


Tendo como actores principais:

Virgílio Teixeira - José do Telhado
Milú - Zara
Juvenal de Araújo - José Pequeno
Tomás de Macedo - Desertor
António Palma - Padre Torcato
Leonor Maia - Joaninha
Emílio Correia - Morgado de Fataunços e ainda: Maria Olguim; Patrício Álvares; Hermínio de Miranda; Silva Araújo; Carlos Bagão; Isaura Olguim.

Equipa técnica:

Realização - Armando de Miranda
Produção - Armando de Miranda
Argumento - Gentil Marques, Armando de Miranda e Manuel Guimarães
Fotografia - Aquilino Mendes
Música - Jaime Mendes


Para o filme  "A Volta do José do Telhado", o realizador contou com a colaboração do escritor Gentil Marques para conhecer mais da vida criminosa do bandoleiro através da consulta de processos judiciais em diversas comarcas do norte do país, Região de Marco de Canaveses. 

O regresso de José do Telhado, desde a evasão como Desertor até à sua regeneração. 



O casamento entre a filha do administrador e o Morgado, é a oportunidade de vingança esperada para José do Telhado. Embora seja até uma obra meritória, salvar a pobre noiva forçada. E a quadrilha de José do Telhado põe em prática uma das suas maiores, mais audaciosas e retumbantes proezas. A tropa, porém, está alerta. Perseguida, a quadrilha entrincheira-se numas velhas ruínas e resiste em luta valorosa, acabando por pôr os soldados em debanda. Mas o Desertor morre, vítima de sua abnegação a seu amigo fiel. Morre salvando a vida de José do Telhado. E ao expirar, diz a José palavras que ele nunca ouviu. Palavras que nem a cigana, com os seus beijos ardentes, consegue fazer-lhe esquecer.


Este  filme a preto e branco, estreou-se a 14 de Setembro de 1949, no cinema Capitólio em Lisboa, e tinha a duração aproximada de 123 minutos.

Através destes três firmes que percorreram o país de lés-a-lés, deu-se a conhecer a vida e as façanhas de José do Telhado, que a justiça condenou pelos seus crimes, e a alma popular elevou e acarinhou pelas suas virtudes.