MUSEU SOBRAL MENDES
MUSEU
MUNICIPAL DE PENAFIEL
TEM
OU TINHA O NOME DE
SOBRAL
MENDES
Na
reunião de Câmara do dia 17 de Abril de 1948, estando presente o
SR. Presidente Afonso Henrique de Sobral Mendes,o Vice-presidente, o
Tenente António de Carvalho Sampaio e os vereadores os Srs. Dr.
Adriano Pinto Lopes, José Adelino Carneiro Geraldes de Noronha e
Menezes, António Pinto Lopes de Amorim e Manuel Barbosa Rodrigues
Moreira.
A
proposta apresentada pelo Sr. Presidente da Câmara e aprovada por
unanimidade, para a criação do Museu Municipal de Penafiel, dizia o
seguinte:
Proposta
Atendendo
a que considero da máxima utilidade a existência junto da
Biblioteca de um museu de arte, arqueologia e etnografia, venho
propor para que a Comissão Municipal de Cultura, seja autorizada a
proceder à sua criação.
Consultando a Acta da reunião
da Comissão Municipal da Cultura, realizada no dia 30 de Março de
1949, verifiquei que o secretário da mesma Abílio Pinto Soares de
Miranda propôs o nome de Sobral Mendes para o Museu, o que foi
aceite por unanimidade.
Abílio Miranda no Museu Sobral Mendes |
A intervenção de Abílio
Miranda é tão importante para os penafidelenses compreenderem como
vieram parar as peças por ele coleccionadas ao nosso museu, que não resisti em publicá-la.
Vejamos:
Aos 30 dias do mês de Março de
1949, sob a presidência da Ex.ma Senhora D. Maria Luísa Sobral
Mendes de Araújo, estando presentes todos os seus membros excepto o
Ex.mo Senhor Presidente efectivo por se encontrar doente, reuniu na
Biblioteca Pública, a Comissão Municipal de Cultura, que entrando a
tratar dos assuntos que lhe são inerentes, deliberou o seguinte:
a) Autorizar o bibliotecário a
contratar, com a gratificação que entender, como auxiliar dos
serviços da Biblioteca, o sr. António Carlos Moreira.
b) Pelo secretário (Abílio
Miranda) da referida comissão foi dito:
“Meus
Ex.mos Confrades.
Desde bastante novo que trabalho
para a organização de um Museu de Etnografia e História, que,
estabelecido aqui, na cidade, ficaria sendo o repositório de valores
a testemunhar de maneira inequívoca o nobre e venerando o passado de
toda a terra de Penafiel. Para tal fim, fui arrecadando em minha casa
variadas achegas, algumas de grande valor arqueológico.
Perdida a esperança da criação
do museu penafidelense, principiava a inquietar-me a ideia de que à
minha morte iria aniquilar tão apreciável património histórico, o
que constituiria uma falta grave para o engrandecimento tradicional
da terra que guardou como extremosa Mãe no seu seio, durante
milénios e séculos, tão valiosos elementos da sua vida de nobre
antanho.
Convidado para fazer parte, da
comissão organizadora do museu Provincial de Etnografia e História,
aí depositei todos os objectos que possuía e alguns mais, que,
nessa ocasião, consegui obter, objectos que foram conseguidos com a
máxima honestidade.
Agora, como o Ex.mo Presidente
da Câmara deu início ao museu referido, por sua proposta em sessão
camarária de 17 de Abril de 1948, é com grande júbilo para a minha
alma de Penafidelense que ofereço ao município todos os objectos
depositados em meu nome, no Museu Provincial de Etnografia e
História, com sede no Porto.
Ponho, porém, a condição
destes objectos só regressarem a Penafiel, quando deixar de ser
director efectivo do alusivo museu da Província o Ex.mo Senhor Dr.
Augusto César Pires de Lima, porque desejo, assim, prestar homenagem
de respeito ao inteligente esforço deste querido amigo e companheiro
de trabalho no arroteamento da história da Sagrada Vinha Pátria!
No meio em que a nossa terra
assenta na região mais rica das acções do passado ancestral, com a
boa vontade da nossa Comissão e de todos os Penafidelenses, depressa
tomará apreciável vulto o nosso museu, de modo a honrar o concelho
e o município que o criou e que continuará como uma necessidade
perdurável.”
c) Pelo mesmo secretário foi
proposto que o museu criado por deliberação camarária de 17 de
Abril de 1948 ficasse a chamar-se “Museu Sobral Mendes”, proposta
esta entusiasticamente aprovada por unanimidade.
d) O referido secretário
propôs ainda o seguinte:
Atendendo à necessidade que há
de um nosso representante perante o município, que seja nomeado
Presidente desta Comissão Municipal de Cultura, o Ex.mo Senhor Dr.
Francisco da Silva Mendes, nosso inteligente e valioso confrade,
enquanto durar o impedimento do respectivo Presidente titular, o
Ex-mo Senhor Dr. Pinto Lopes, o que foi igualmente aprovado por
unanimidade.
Não havendo mais nada a tratar
a Ex.ma Senhora Presidente deu por encerrada a sessão, e eu, Abílio
Pinto Soares de Miranda, secretário da Comissão Municipal da
Cultura, lavrei esta acta que também vou assinar.
(seguem-se as assinaturas)
A lista dos objectos pertença
de Abílio Miranda que se encontravam à guarda no Museu Provincial
de Etnografia e História, com sede no Porto.
Fotografia do antigo «Mosteiro
de Paço de Sousa»
Um anel de fíbula, romano
Folheto do «Privilégio
concedido aos Boticários de Portugal» (D. Afonso III)
Um exemplar da Pharmacopeia
Tubalense Chimico - Ga lenica
Um anel de bronze com duas caras
gravadas (romano)
Um anel de azeviche (romano)
Um estilo de bronze, (romano)
Uma estatueta romana, de bronze,
de «Deus Marte»
Dois cestos de ferro (fachos)
Uma lucerna romana de barro
Fragmento de vidro de um vaso
(romano)
Nove vasos romanos de diversos
formatos e tamanhos
Um fragmento de vaso romano
Um vaso de barro
Cinco vasos de barro (romano)
Um fragmento de ampula (romano)
Duas ampulas de barro (romano)
Um tinteiro de terra sigilata
(romano)
Um prato de terra sigilata
(romano)
Duas olas de barro—uma grande
com asas e a pequena com uma asa (romanas)
Um prato de barro (romano)
Fragmento de prato, romano
(terra sigilata)
Urna ampula (romana)
Uma ampula
Duas regras de S. Bento,
encadernadas em carneira, metidas numa saca de chita
Carta de cirurgião em
pergaminho, passada a Teodoro Gonçalves, do lugar da Matança,
freguesia de Mugueia, Comarca de Lamego —1791
Peso de tear procedente do
•Monte Mózinho», Penafiel (romano)
Peso de tear, de barro,
procedente do «Monte Mózinho• Peso de tear de barro procedente do
»Monte Mózinho• (romano)
Lucerna romana com legenda,
procedente do «Monte Mózinho»
Redução de peça de olaria
romana, procedente do «Monte Mózinho»
Pedra trabalhada (arte castreja)
procedente do «Monte Mózinho»
Pedra trabalhada (arte castreja)
procedente do «Monte Mózinho»
Pedra de Gonzo trabalhada .
(arte castreja) procedente do «Monte Mózinho»
Frasco de vidro romano,
(mutilado) procedente do «Monte Mózinho.
Um almofariz de farmácia, de
marfim, sem pisão.
Um batente (aldraba)
representando um cão
Padieira castreja, procedente de
Mesão Frio «Monte Mózinho.-Penafiel
Pedra com decoração castreja,
procedente do «Monte Mózinho »-Penafiel
Padieira de Janela castreja,
procedente do «Monte Mózinho»-Penafiel
Pedra com decoração castreja,
procedente do «Monte Mózinho•-Penafiel»
Amforeta de barro, procedente da
Necrópole de Mesão Frio «Monte Mózinho
Mó manual procedente de
Novelas-Penafiel
Alfinete de bronze romano,
procedente da Cidade Morta Anel de fibula, romano, procedente da
Cidade Morta
Fibula incompleta, em bronze
romana, procedente da Cidade Morta-Penafiel
Azulejo Hispano, Árabe,
procedente de Santa Marta—Penafiel
Peso de pedra, romano,
procedente da freguesia de Croca—Penafiel
Peso de pedra romano, procedente
da freguesia de Croca Penaftel
Peso de pedra, ornamentado com
diversos motivos decorativos e uma Cruz
Fíbula romana? Procedente de
Penafiel (está partida)
Marco de pedra com cruz e outros
sinais, procedente de Penafiel.
Um prato de barro partido e mais
três fragmentos (romano) Um prato de barro partido e mais dois
fragmentos (romanos)
Um prato de barro, colado no
rebordo
Um prato de barro incompleto
Dois pratos de barro colados, um
partido em 2 bocados e o outro 1 (romano)
Um prato de barro de irregular
concavidade (Partido) (romano)
Dois pratos de barro iguais
(romano)
Um vaso romano de barro,
(mutilado)
Um vaso campaniforme
Um vaso de barro, pintado de
negro, (tipo etrusco) mutilado
Uma ampula com grafito (romano)
Uma ampula (romana)
Um vaso de barro negro com asa (romano)
Uma ampula (romana)
Um vaso romano de barro
canelado, (Mutilado)
Uma ampula, (Mutilada) (romana)
Um vaso de barro (Mutilado),
(romano)
Uma ampula (romana)
Fragmento de prato (romano)
Um prato de barro (romano)
Fragmento de prato (romano)
Hoje francamente não sei se o
Museu Municipal de Penafiel se continua a chamar Sobral Mendes, ou se
os arrumadores da história já o safaram da história local, à
espera de um iluminado qualquer, que o venha baptizar de qualquer
coisa
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