09 janeiro 2019

GASPAR FERREIRA BALTAR

GASPAR FERREIRA BALTAR



Nasceu a 26 de Outubro de 1823, na freguesia de São Martinho, concelho de Penafiel, filho de um militar, o capitão José Ferreira Baltar e de Maria Máxima da Cunha.

No ano de 1845, com cerca de 22 anos partiu para o Brasil. Esta partida ficou a dever-se a uma carta de chamada do seu padrinho e/ou irmão Caetano Ferreira Baltar, que já se encontravam estabelecidos no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.

Durante a sua estada nesta cidade brasileira começou por trabalhar junto dos seus familiares, tendo posteriormente realizado negócios por conta própria, nomeadamente o comércio de vinhos.

Casou com Margarida Salgado Baltar, natural de Penafiel, de quem teve dois filhos: Gaspar Ferreira Baltar e Isabel Maria da Cunha Baltar

Terá permanecido no Brasil cerca de duas décadas, durante as quais conseguiu alcançar fortuna. Entre 1866-1867 regressou definitivamente a Portugal, com uma fortuna que lhe permitiu apoiar o movimento da Janeirinha.


Após o regresso do Brasil, Gaspar Ferreira Baltar fixou residência na cidade do Porto. No entanto, possuía duas quintas no concelho de Penafiel, a Quinta da Curveira e a Quinta da Maragoça, nas freguesias de São Paio da Portela e de Valpedre, respectivamente.

Dedicou-se à política, sendo inicialmente apoiante do partido reformista e, posteriormente, progressista. Este movimento político conduziu ao aparecimento de um jornal – O Primeiro de Janeiro. 
 
O Primeiro de Janeiro foi um jornal diário que se publicou na cidade do Porto pela primeira vez em 1 de Dezembro de 1868.



António Augusto Leal, era proprietário de uma tipografia, tendo decidido criar um novo jornal na cidade do Porto. O jornal não teve grande sucesso na altura, apenas sobrevivendo com o auxílio de um comerciante regressado do Brasil, Gaspar Baltar, o qual, em 1869 se tornou administrador daquela publicação, ficando o seu filho homónimo com a direcção editorial.

Para além da política, manteve a actividade comercial e empresarial na cidade do Porto. Foi proprietário da Nova Companhia de Viação Portuense. Esta companhia transportava as malas de correio entre as cidades de Braga e do Porto e na região Norte, durante a década de 1870. Esta companhia seria posteriormente encerrada devido à conclusão da ligação ferroviária entre Porto e Guimarães.

Se isto se passava na cidade do Porto, em Penafiel Gaspar Baltar, envolveu-se na construção e alargamento da estrada de acesso a Entre-os-Rios. E era um dos associados da Sociedade de Águas de Entre-os-Rios, responsável pelo início da exploração das águas termais em1894. 



A 10 de Outubro deste ano foi publicado no Diário do Governo o alvará de concessão de exploração destas águas. Neste mesmo período, Gaspar Baltar, juntamente com Eduardo da Silva Machado e Joaquim França Oliveira Pacheco foram os responsáveis pela construção da Estância da Torre e do seu hotel. 


Em 1896, foram inaugurados estes edifícios. Posteriormente, em 1911 foi inaugurado o Novo Hotel e, em 1920, uma capela neogótica com a presença do filho de Gaspar Ferreira Baltar e da sua esposa Margarida Salgado Baltar.


Apesar do empreendedorismo demonstrado ao nível da política ou mesmo económico, Gaspar Ferreira Baltar demonstrou uma preocupação com todos aqueles que necessitavam, desde os seus empregados e colaboradores do jornal até aos naturais do concelho de Penafiel.  


 

A Irmandade da Misericórdia de Penafiel foi uma das instituições auxiliada quer em vida quer no testamento deste. Aquando do seu falecimento, em 1899, doou à Misericórdia 500$00 réis, tal como ao Hospital existente na cidade. Na galeria dos beneméritos da Misericórdia, encontra-se exposto o quadro de Gaspar Ferreira Baltar.


Gaspar Ferreira Baltar visitou o Hospital da Misericórdia de Penafiel bem como o “Asilo das Raparigas” por diversas vezes procurando sempre angariar fundos para a sua subsistência. Em 1894 ano de inauguração do Hospital da Misericórdia de Penafiel, Gaspar Ferreira Baltar e a sua família acompanharam o conselheiro José Augusto Correia de Barros e Manuel Pereira, redactor da Câmara de Deputados numa visita ao Hospital da Misericórdia e ao Asilo das Raparigas. Aquando da visita foram feitas algumas doações pecuniárias para auxiliar quer os doentes quer mesmo as crianças que ali se encontravam.

Em 1899, no seu testamento, doou 1$000 réis a cada um dos pobres de Penafiel que se encontrasse internado no Hospital da Misericórdia. Os outros pobres que não se encontrassem hospitalizados receberiam a mesma quantia. Estas doações deveriam ser levadas a cabo pelo administrador do concelho, António Joaquim de Carvalho e pelo respectivo pároco.


As Irmandades do Carmo, do Calvário, dos Passos e da Senhora da Ajuda foram beneficiadas com 50$000 réis cada uma, de acordo com o testamento de Gaspar Baltar.

O Santuário da Nossa Senhora da Piedade e dos Santos Passos que se encontrava em construção e, que na década de 1890, tinha sofrido algumas interrupções devido à falta de dinheiro, foi beneficiado por Gaspar Baltar no seu testamento.

Entre 1897 e 1899 as obras estiveram paradas, demorando desta forma a conclusão deste santuário. Assim, legou uma verba de 250$000 réis à Confraria de Nossa Senhora da Piedade e dos Santos Passos de Penafiel. Esta quantia permitiu concluir a torre sineira em Outubro de 1899.

Os carenciados das freguesias de São Vicente do Pinheiro, Portela e Valpedre foram contemplados com ofertas que deveriam ser distribuídas nos finais das cerimónias fúnebres.

Ao longo do ano de 1899, as irmandades ordenaram a celebração de cerimónias religiosas em honra de benemérito, facto que possibilitou a distribuição de esmolas pelos mais pobres.






Gaspar Ferreira Baltar morreu a 29 de Junho de 1899 na rua de Santa Catarina, na cidade do Porto, tendo-se preocupado em apoiar os mais carenciados em Penafiel, ficando apenas conhecido como o “Baltar do Janeiro”.

Este ilustre penafidelense procurou desenvolver a sua actividade de beneficência e empresarial, não demonstrando qualquer preocupação com a atribuição de títulos nobiliárquicos ou de comendas.

Em 1869, Gaspar Ferreira Baltar foi agraciado com uma comenda pela actividade desenvolvida como negociante na cidade do Porto e como proprietário. No entanto, este título foi recusado pelo mesmo, uma vez que, de acordo com a imprensa e com familiares, insistia em ser conhecido apenas como o “Baltar do Janeiro”.



O jornal “O Primeiro de Janeiro”, ofereceu um placard ao Café Bar, de Penafiel, que foi inaugurado pelas 18 h, do dia 22 de Outubro de 1935, sendo visível na foto que se segue, e quem hoje já soma mais de meio século de idade deve-se lembra-se do mesmo.


Gaspar Baltar, aparece na toponímia penafidelense nas freguesias de Penafiel e São Paio de Portela como Avenida, na freguesia do Pinheiro como rua e na freguesia da Eja, em Entre-os-Rios como Largo Dr. Gaspar Baltar.

Aqui fica a minha singela homenagem ao penafidelense ilustre Gaspar Ferreira Baltar, que ainda não tinha surgido neste blogue "Penafiel Terra Nossa".


2 Comments:

Blogger carvalhosameiro said...

Salvo erro a Casa da Quinta da Curveira, na freguesia da Portela, ainda existe e muito bem restaurada pelos actuais proprietários.Conheço bem e até assisti ao restauro.A minha dúvida é se essa é, como julgo, a Quinta da Curveira.

2:40 da tarde  
Blogger Fernando Oliveira said...

Ainda existe e foi restaurada.

9:44 da manhã  

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