GASPAR FERREIRA BALTAR
GASPAR
FERREIRA BALTAR
Nasceu
a 26 de Outubro de 1823, na freguesia de São Martinho, concelho de
Penafiel, filho de um militar, o capitão José Ferreira Baltar e de
Maria Máxima da Cunha.
No
ano de 1845, com cerca de 22 anos partiu para o Brasil. Esta partida
ficou a dever-se a uma carta de chamada do seu padrinho e/ou irmão
Caetano Ferreira Baltar, que já se encontravam estabelecidos no
Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.
Durante
a sua estada nesta cidade brasileira começou por trabalhar junto dos
seus familiares, tendo posteriormente realizado negócios por conta
própria, nomeadamente o comércio de vinhos.
Casou
com Margarida Salgado Baltar, natural de Penafiel, de quem teve dois
filhos: Gaspar Ferreira Baltar e Isabel Maria da Cunha Baltar
Terá
permanecido no Brasil cerca de duas décadas, durante as quais
conseguiu alcançar fortuna. Entre 1866-1867 regressou
definitivamente a Portugal, com uma fortuna que lhe permitiu apoiar o
movimento da Janeirinha.
Após
o regresso do Brasil, Gaspar Ferreira Baltar fixou residência na
cidade do Porto. No entanto, possuía duas quintas no concelho de
Penafiel, a Quinta da Curveira e a Quinta da Maragoça, nas
freguesias de São Paio da Portela e de Valpedre, respectivamente.
Dedicou-se
à política, sendo inicialmente apoiante do partido reformista e,
posteriormente, progressista. Este movimento político conduziu ao
aparecimento de um jornal –
O Primeiro de Janeiro.
O
Primeiro de Janeiro foi um jornal diário que se publicou na cidade
do Porto pela primeira vez em 1 de Dezembro de 1868.
António
Augusto Leal, era proprietário de uma tipografia, tendo decidido
criar um novo jornal na cidade do Porto. O jornal não teve grande
sucesso na altura, apenas sobrevivendo com o auxílio de um
comerciante regressado do Brasil, Gaspar Baltar, o qual, em 1869 se
tornou administrador daquela publicação, ficando o seu filho
homónimo com a direcção editorial.
Para
além da política, manteve a actividade comercial e empresarial na
cidade do Porto. Foi proprietário da Nova Companhia de Viação
Portuense. Esta companhia transportava as malas de correio entre as
cidades de Braga e do Porto e na região Norte, durante a década de
1870. Esta companhia seria posteriormente encerrada devido à
conclusão da ligação ferroviária entre Porto e Guimarães.
Se
isto se passava na cidade do Porto, em Penafiel Gaspar Baltar,
envolveu-se na construção e alargamento da estrada de acesso a
Entre-os-Rios. E era
um dos associados da Sociedade de Águas de Entre-os-Rios,
responsável pelo início da exploração das águas termais em1894.
A 10 de Outubro deste ano foi publicado no Diário do Governo o
alvará de concessão de exploração destas águas. Neste mesmo
período, Gaspar Baltar, juntamente com Eduardo da Silva Machado e
Joaquim França Oliveira Pacheco foram os responsáveis pela
construção da Estância da Torre e do seu hotel.
Em 1896, foram
inaugurados estes edifícios. Posteriormente, em 1911 foi inaugurado
o Novo Hotel e, em 1920, uma capela neogótica com a presença do
filho de Gaspar Ferreira Baltar e da sua esposa Margarida Salgado
Baltar.
Apesar
do empreendedorismo demonstrado ao nível da política ou mesmo
económico, Gaspar Ferreira Baltar demonstrou uma preocupação com
todos aqueles que necessitavam, desde os seus empregados e
colaboradores do jornal até aos naturais do concelho de Penafiel.
A
Irmandade da Misericórdia de Penafiel foi uma das instituições
auxiliada quer em vida quer no testamento deste. Aquando do seu
falecimento, em 1899, doou à Misericórdia 500$00 réis, tal como ao
Hospital existente na cidade. Na galeria dos beneméritos da
Misericórdia, encontra-se exposto o quadro de Gaspar Ferreira
Baltar.
Gaspar
Ferreira Baltar visitou o Hospital da Misericórdia de Penafiel bem
como o “Asilo das Raparigas” por diversas vezes procurando sempre
angariar fundos para a sua subsistência. Em 1894 ano de inauguração
do Hospital da Misericórdia
de Penafiel, Gaspar Ferreira Baltar e a sua família acompanharam o
conselheiro José Augusto Correia de Barros e Manuel Pereira, redactor
da Câmara de Deputados numa visita ao Hospital da Misericórdia e ao
Asilo das Raparigas. Aquando da visita foram feitas algumas doações
pecuniárias para auxiliar quer os doentes quer mesmo as crianças
que ali se encontravam.
Em
1899, no seu testamento, doou 1$000 réis a cada um dos pobres de
Penafiel que se encontrasse internado no Hospital da Misericórdia.
Os outros pobres que não se encontrassem hospitalizados receberiam a
mesma quantia. Estas doações deveriam ser levadas a cabo pelo
administrador do concelho, António Joaquim de Carvalho e pelo
respectivo pároco.
As
Irmandades do Carmo, do Calvário, dos Passos e da Senhora da Ajuda
foram beneficiadas com 50$000 réis cada uma, de acordo com o
testamento de Gaspar Baltar.
O
Santuário da Nossa Senhora da Piedade e dos Santos Passos que se
encontrava em construção e, que na década de 1890, tinha sofrido
algumas interrupções devido à falta de dinheiro, foi beneficiado
por Gaspar Baltar no seu testamento.
Entre
1897 e 1899 as obras estiveram paradas, demorando desta forma a
conclusão deste santuário. Assim, legou uma verba de 250$000 réis
à Confraria de Nossa Senhora da Piedade e dos Santos Passos de
Penafiel. Esta quantia permitiu concluir a torre sineira em Outubro
de 1899.
Os
carenciados das freguesias de São Vicente do Pinheiro, Portela e
Valpedre foram contemplados com ofertas que deveriam ser distribuídas
nos finais das cerimónias fúnebres.
Ao
longo do ano de 1899, as irmandades ordenaram a celebração de
cerimónias religiosas em honra de benemérito, facto que
possibilitou a distribuição de esmolas pelos
mais pobres.
Gaspar
Ferreira Baltar morreu a 29 de Junho de 1899 na rua de Santa
Catarina, na cidade do Porto, tendo-se preocupado em apoiar os mais
carenciados em Penafiel, ficando apenas conhecido como o “Baltar do
Janeiro”.
Este
ilustre penafidelense procurou desenvolver a sua actividade de
beneficência e empresarial, não demonstrando qualquer
preocupação com a atribuição de títulos nobiliárquicos ou de
comendas.
Em
1869, Gaspar Ferreira Baltar foi agraciado com uma comenda pela
actividade desenvolvida como negociante na cidade do Porto e como
proprietário. No entanto, este título foi recusado pelo mesmo, uma
vez que, de acordo com a imprensa e com familiares, insistia em ser
conhecido apenas como o “Baltar do Janeiro”.
O
jornal “O Primeiro de Janeiro”, ofereceu um placard ao Café Bar,
de Penafiel, que foi inaugurado pelas 18 h, do dia 22 de Outubro de
1935, sendo visível na foto que se segue, e quem hoje já soma mais
de meio século de idade deve-se lembra-se do mesmo.
Gaspar
Baltar, aparece na toponímia penafidelense nas freguesias de
Penafiel e São Paio de Portela como Avenida, na freguesia do
Pinheiro como rua e na freguesia da Eja, em Entre-os-Rios como Largo
Dr. Gaspar Baltar.
Aqui fica a minha singela homenagem ao penafidelense ilustre Gaspar Ferreira Baltar, que ainda não tinha surgido neste blogue "Penafiel Terra Nossa".
2 Comments:
Salvo erro a Casa da Quinta da Curveira, na freguesia da Portela, ainda existe e muito bem restaurada pelos actuais proprietários.Conheço bem e até assisti ao restauro.A minha dúvida é se essa é, como julgo, a Quinta da Curveira.
Ainda existe e foi restaurada.
Enviar um comentário
<< Home