.LICEU MUNICIPAL DE PENAFIEL
LICEU
MUNICIPAL DE PENAFIEL
Em
1932, o Estado Novo, publica no Diário do Governo n.º 234/1932, de
6 de Outubro de 1932, o Decreto n.º 21:706, publicando as normas
para a criação de liceus municipais, e respectivos procedentes
pedido e justificação bastante por parte da câmara municipal
directamente interessada.
As
forças vivas da cidade de Penafiel, a começarem pelo Presidente da
Câmara, Arrochela Lobo se comportaram mais como forças mortas,
deixando fugir esta oportunidade, já que a mesma seria benéfica não
só para o concelho de Penafiel, como para os concelhos vizinhos de
Lousada e Paredes e até de outros mais distantes como Marco de
Canaveses, Amarante, Felgueiras e Paços de Ferreira.
Penafiel
dada a sua categoria de cidade e população escolar, bem necessidade
tinha de um estabelecimento de ensino secundário desta natureza,
onde as classes populares pudessem instruir-se e educar o espírito.
Infelizmente
os interesses corporativos falaram mais alto, e saíram a terreiro
Cipriano Barbosa e o dr. Avelino Soares, ambos professores em defesa
do Colégio de Nossa Senhora do Carmo, onde leccionavam.
Acontece
que este excelente estabelecimento de ensino, não estava ao alcance
da maior parte das bolsas dos penafidelenses, e para termos a noção
disso, basta ver o anúncio onde se pode ler quanto custava nos anos
30 frequentar o Colégio de Nossa Senhora do Carmo.
Dr. Avelino Soares |
Avelino
Soares justificava desta forma que se segue, a não abertura de um
Liceu Municipal em Penafiel:
1.º
– É lamentável que os articulistas da campanha “pró-liceu”
(levada a cabo em todos os jornais locais, O Clarim; O Tempo; O
Penafidelense e o Povo de Penafiel), ao terem de votar ao sacrifício
o velho Colégio de Nossa Senhora do Carmo.
2.º
– Que não viriam muitos mais alunos de fora estudar para Penafiel.
3.º
– Que o liceu vem beneficiar as famílias pobres tornando mais
acessível à educação é outro erro.
4.º
– Com efeito ses se trata de crianças sem jeito nem vocação,
para os estudos, metê-las num liceu, é arruinar-lhes o futuro,
transformando a matéria-prima de um excelente artista, fácil de
colocar, num semi-letrado, que às portas das repartições públicas
de gravata impecável, com mangas de alpaca e porventura monóculo ao
dependuro à espera indefinidamente a côdea de um emprego limpo que
nunca chega.
5.º
– Ao contrário se se trata de crianças pobres, mas aptas para os
estudos, essas crianças, que nem tantas são, têm já, e de há
muito, ensino inteiramente gratuito, pois a Câmara paga bolsas de
estudo. (Inteiramente grátis uma ova, já que a Câmara apenas
pagava metade do valor da propina).
6.º
– Que o Colégio de Nossa Senhora do Carmo tinha sido reformado,
tendo a sua direcção gasto tanto dinheiro.
E
foi com este “Sentir Penafiel” de antigamente em que apenas os
ricos tinham direito ao ensino, enquanto os filhos dos operários
deviam continuar a sê-lo, que se perdeu esta oportunidade de
Penafiel ter um Liceu Municipal no ano de 1932.
Apenas
no ano lectivo de 1972 / 73, nasceu o Liceu Nacional de Penafiel,
deixando de ser uma Secção Liceal do Liceu Nacional Alexandre
Herculano do Porto.
Infelizmente,
o Liceu Nacional de Penafiel teve vida curta, já que foi extinto
através do
Decreto-Lei n.º 80/78, de 27 de Abril, com efeitos a 1 de Outubro de
1978.
O
que podia ter sido uma realidade em 1932, devido a certas
mentalidades da época, apenas apareceu 40 anos depois, ou seja no ano de 1972, funcionando no
edifício do Colégio de Nossa Senhora do Carmo, actualmente adaptado
a Museu Municipal de Penafiel.
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