CINE - TEATRO S. MARTINHO DA ABERTURA À INAUGURAÇÃO
CINE
- TEATRO S. MARTINHO
DA
ABERTURA À INAUGURAÇÃO
Devido
à acção desenvolvida pelo Sr. Presidente da Câmara, Afonso
Henrique de Sobral Mendes, que conseguiu interessar o Sr. Fernando
Santos da “Sonoro Filmes”, de Lisboa a investir em Penafiel com
cerca de mil e quinhentos contos, na construção de uma casa de
espectáculos.
Ao
mesmo tempo que a construção ia ganhando forma os penafidelenses
avançavam três nomes para o seu baptismo.
Para
uns devia ser CineTeatro Egas Moniz.
Português
que foi encarregado por D. Tereza de dirigir a educação do nosso
primeiro Rei D. Afonso Henriques, e encontra-se sepultado no Mosteiro
de Paço de Sousa.
Para
outros Cine Teatro José Júlio, poeta penafidelense.
E
ainda havia quem avançasse o nome de CineTeatro S. Mamede.
Isto
porque no local onde foi construído existiu uma capela denominada de
S. Mamede.
Mas
a escolha acabou por cair no padroeiro cá da terra, e assim ficou
como Cine -Teatro S. Martinho.
A
sua exploração foi confiada a um grupo de penafidelenses
constituída arrendatária com o nome de Oliveira & C.ª, tendo como
sócios os irmãos Fernando e Rodrigo Oliveira, Joaquim Amaro Coelho
Jorge e Manuel da Silva Almeida.
O
Cine - Teatro S. Martinho, era uma linda e moderna sala de
espectáculos, que comportava oitocentos lugares distribuídos por:
Plateia, Tribuna e Balcão.
Embora
ainda faltassem alguns acabamentos, o Cine - Teatro S. Martinho abriu
as suas portas no sábado 1 de Dezembro de 1951, com a exibição do
filme de aventuras “O Corsário Lafitte”, tendo os espectadores
esgotado a sua lotação.
O
Cine - Teatro S. Martinho veio contribuir para o engrandecimento e
desenvolvimento de Penafiel, atraindo nos dias de cinema ou teatro,
muita gente dos concelhos vizinhos de Paredes e Lousada.
Aqui
vou deixar a lista dos primeiros filmes exibidos neste Cine - Teatro
S. Martinho em Penafiel.
Para
além do filme de estreia, O Corsário de Lafitt, seguiram-se Raízes
Fortes; Quando os Sinos Dobram; O Caso Paradine; Companheiros na
Glória (No dia de Natal); terminando o ano com o filme Intermezz;
tendo no primeiro dia do ano de 1952 exibido o filme Tripoli e nos
dias 5. 6 e 7 Nossa Senhora de Fátima, sempre com lotações
esgotadas, no dia 10, O Leão de Amalfi, no dia 13 Rebeca, no dia 17
Brasa Viva, no dia 20 Sapatos Vermelhos, dia 24 Saloios que
envenenam, dia 27 Coktail de Sogras, e dia 31Carta de Uma
Desconhecida.
Mas
a inauguração oficial do Cine – Teatro S. Martinho, apenas se vai
realizar na terça-feira dia 5 de Fevereiro de 1952, aproveitando a
vinda a Penafiel da Companhia Vasco Santana, que representou a
comédia “Sua Excelência o Bebé”.
Vasco Santana |
Esteve
presente à inauguração o Governador Civil do Porto, Doutor
Domingos Braga da Cruz, que a convite do Sr. Presidente da Câmara de
Penafiel, Afonso Henrique de Sobral Mendes, veio a esta cidade
propositadamente para este efeito, tomando lugar na Tribuna
acompanhado do referido magistrado administrativo e das demais
autoridades civis e militares do concelho.
Com
o Cine - Teatro S. Martinho repleto de espectadores, quer desta
cidade quer dos concelhos vizinhos, que se não cansaram de rir e
aplaudir com satisfação ante as variadas cenas da comédia,
primorosamente representada por aquele genial artista Vasco Santana
e restantes elementos da Companhia, Maria Helena Matos, Elvira Velez,
Alberto Chira, Henrique Santana, Rosa Silvestre e Maria Alberta.
No
intervalo do primeiro acto, Vasco Santana, disse algumas palavras de
entusiasmo por ver inaugurada e em funcionamento mais uma casa de
trabalho para os artistas de teatro, aproveitando a oportunidade para
saudar os Excelentíssimos Senhores Governador Civil do Porto,
Presidente da Câmara e demais entidades.
Abrilhantou
o espectáculo, que decorreu cheio de animação, um quinteto do
Sindicato Nacional dos Músicos do Porto, que tocou vários números
musicais que foram muito aplaudidos.
Ao
chefe do Distrito e autoridades que assistiram ao espectáculo foi
no final no Salão Nobre da Câmara Municipal de Penafiel e em
ambiente de inteira amizade, oferecido um copo de água pela Empresa
exploradora do Cine -Teatro S. Martinho, tendo-se trocado saudações
entre os Ex.mos Senhores Governador Civil, Presidente da Câmara e
Francisco da Silva Mendes, representante nesta cidade do Sr. Fernando
Santos, proprietário da nova casa de espectáculos.
Aqui
fica o discurso proferido pelo Sr. Presidente da Câmara de Penafiel,
Afonso Henrique de Sobral Mendes, neste acto:
Excelentíssimo
Senhor
Governador
Civil
É
com verdadeira satisfação que tenho a honra de apresentar a Vossa
Excelência as respeitosas e sinceras homenagens deste concelho, ás
quais junto os meus cumprimentos pessoais e o meu preito de admiração
pelas excepcionais qualidades de Vossa Excelência.
Sentimo-nos
extremamente honrados pela presença do Sr. Governador Civil na
inauguração que acabamos de assistir.
Desvanece-nos
e alegra-nos a participação do primeiro magistrado do Distrito num
acto que, embora modesto, significa mais um progresso da nossa
cidade.
Digne-se,
pois Vossa Excelência receber os sinceros agradecimentos de Penafiel
pelo modo amável como se dignou aceder ao nosso convite.
A
Cidade e o Concelho devem sentir-se satisfeitos por possuírem uma
sala de espectáculos que não os desonra.
É
claro que as realizações deste género não se fazem sem trabalho e
sem sacrifícios.
Frequentemente,
a maior parte deste trabalho é consumido na luta contra a
incompreensão de muitos.
Tínhamos
um velho Cinema que nada servia. A sua demolição foi considerada
como um acto de temeridade
ou, talvez mesmo, de violência.
.
Mas
os factos neste momento mostram como tal clareza que o caminho
seguido foi o mais conveniente, e aquele que nos levou aos melhores
frutos.
Com
contemporizações teríamos conseguido apenas, soluções medianas.
Com
firmeza obtivemos resultados que não nos envergonham. Será também
de toda a justiça endereçar desde já as minhas homenagens ao sr.
Fernando Santos que tornou possível, com a sua preciosa colaboração
que o Cine-Teatro S. Martinho se tornasse uma realidade.
Que
a inauguração a que hoje procedemos sirva de exemplo e incentivo.
Há muita gente que entende que precipitação é sinónimo de
rapidez, ou que andar devagar mas seguramente, significa estar
parado.
As
obras camarárias ir-se-ão fazendo devagar, mas bem, porque não
queremos obras, apenas para ver, mas sim para ficar.
De
qualquer maneira, todos nós comungamos no mesmo ideal que se resume
no progresso de Penafiel.
Por
isso todos rejubilamos com a inauguração da Sala de Espectáculos.
E o voto que formulo para terminar estas breves palavras, é que
possamos, num curto prazo festejar, de novo mais um acto que nos
engrandeça e satisfaça.
Actualmente
Penafiel não tem uma Casa de Espectáculos digna desse nome.
Ouço
dizer que vão recuperar o velhinho Recreatório Paroquial, o que não
é mau diga-se de passagem, mas é pensar muito pequenino se
julgam que o problema da falta de uma Sala de Espectáculos se
resolve com este restauro.
- Será
que Penafiel não está a precisar de um Pavilhão Multiusos?
Porque
não dirão alguns, para quê dirão outros, pois se até sem uma
Sala de Espactáculos, o “Zé Pagode” continua a apregoar aos
quatro ventos que “Penafiel é a terra melhor do mundo”.
Haja
decência, já que forrobodó, é coisa que não falta por aí, para alimentar este bairrismo bacoco e captar votos nas ditas cujas.
1 Comments:
Recuperação do Recreatório, sim ,mas como conservação de algo que fez história em Penafiel.Tenho dúvidas porque a onda não é de recuperação, mas sim de destruição.Pavilhão em Penafiel?Leiam o discurso do antigo Presidente Sobral Mendes e vejam como retrocedemos em mentalidade.Na altura de Sobral Mendes não "éramos a melhor terra do mundo" mas tínhamos e fazíamos equipamentos de Cidade hoje basta dar uma "olhada" aqui em volta.
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