UMA CHÁVENA ESPECIAL
UMA
CHÁVENA ESPECIAL
Chávena almoçadeira da Comunhão Solene |
No
segundo domingo a seguir à Páscoa, na cidade de Penafiel,
realiza-se a Comunhão Solene.
Os
meninos e as meninas que iam fazer esta Profissão de Fé, ainda
manhã cedo se dirigiam para a Igreja Matriz em jejum, acompanhados
dos pais e padrinhos do baptismo. Iam em jejum, porque naqueles
tempos idos não se podia receber a hóstia consagrada a não ser
nesse estado de alma, e a mesma tinha que ser amolecida na boca e
engolida sem ser trincada, pois era pecado trincar a mesma, embora os
textos sagrados digam “tomai e comei”.
Nos
dias que correm, tanto o jejum como o mastigar a hóstia, foram
abolidos da categoria dos pecados.
Um
menino e uma menina escolhidos entre os demais, subiam ao púlpito e
deitavam faladura, Eram os discursos da comunhão que serviam para
agradecer aos pais, aos padrinhos, aos catequistas e ao Sr. Abade,
todo este percurso cristão desde o baptismo, até ao dia da Primeira
Comunhão e da Comunhão Solene, fortalecendo a Fé que nos guiará,
até ás portas do céu.
Enquanto
na Igreja Matriz se desenrolavam estas cerimónias religiosas, no
átrio frente ao hospital, eram montadas mesas e bancos corridos,
para aí se sentarem os meninos e meninas da comunhão para lhes ser
servido um pequeno-almoço.
Pelas
10,30h, os comungantes saíam em procissão da Igreja Matriz guiados
pelo Sr. Abade que no tempos de muitos penafidelenses foi o Padre
Albano (já que esteve 40 anos à frente da Paróquia de Penafiel),
percorrendo a Rua Mário de Oliveira e indo desaguar no Largo do
Hospital, acompanhados por uma banda de música.
Aí
era servido o pequeno-almoço neste tipo de chávena almoçadeira
(igual à da foto), que constava de chá ou café com leite,
acompanhado de pão-de-ló, vários tipos de bolos e bolachas
sortidas.
Entretanto
muitos penafidelenses desciam a Av. Araújo e Silva para verem com o
seu ar de curiosos como iam vestidos os meninos e as meninas do
comunhão, já que para muitos aquilo não passava de uma feira de
vaidades, para mais tarde comentarem.
Em
quanto isso os mais novos iam-se chegando para a beira de alguns
amigos conhecidos que faziam a comunhão, para ver se estes lhes
davam à socapa algumas daquelas iguarias.
Outros
seguravam as pautas aos músicos que iam abrilhantando com o seu
reportório, esta encantadora festa, que é sempre de grande júbilo
para as crianças.
No
final formavam em procissão que subiam a Av. Araújo e Silva até à
barbearia do Sr. Afonso (Pirola), virando aí para a Rua Direita que
os levaria de volta à Igreja Matriz, para a cerimónia da oferta de
flores à Virgem Nossa Senhora, Padroeira de Portugal.
Depois
de algumas fotos tiradas pelos fotógrafos cá do burgo no interior
da Igreja Matriz, a pedido dos pais ou padrinhos dos comungantes, era
o regresso a casa, onde os esperava um almoço melhorado, na
companhia de familiares e amigos.
Hoje
já não se realiza este pequeno-almoço convívio na cerca do antigo
Hospital da Santa Casa da Misericórdia, tendo a Comunhão Solene de
Penafiel, perdido esta tradição, já que a Fé, essa continua como
dantes, e nestas coisas, por muito que nos custe, é o mais
importante.
2 Comments:
Mais uma boa descrição e uma óptima recordação.Lembro bem tudo porque ainda organizei alguns pequenos almoços quando passei pela Misericórdia que era quem oferecia.Não me recordo porque e quando terminou .Como sempre nesta terra estas pequenas mas curiosas tradições, vão desaparecendo.
Terminou no ano que veio o Sr. Padre Gabriel
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