23 setembro 2018

UMA CHÁVENA ESPECIAL

UMA CHÁVENA ESPECIAL

Chávena almoçadeira da Comunhão Solene 

No segundo domingo a seguir à Páscoa, na cidade de Penafiel, realiza-se a Comunhão Solene.

Os meninos e as meninas que iam fazer esta Profissão de Fé, ainda manhã cedo se dirigiam para a Igreja Matriz em jejum, acompanhados dos pais e padrinhos do baptismo. Iam em jejum, porque naqueles tempos idos não se podia receber a hóstia consagrada a não ser nesse estado de alma, e a mesma tinha que ser amolecida na boca e engolida sem ser trincada, pois era pecado trincar a mesma, embora os textos sagrados digam “tomai e comei”.

Nos dias que correm, tanto o jejum como o mastigar a hóstia, foram abolidos da categoria dos pecados.


Um menino e uma menina escolhidos entre os demais, subiam ao púlpito e deitavam faladura, Eram os discursos da comunhão que serviam para agradecer aos pais, aos padrinhos, aos catequistas e ao Sr. Abade, todo este percurso cristão desde o baptismo, até ao dia da Primeira Comunhão e da Comunhão Solene, fortalecendo a Fé que nos guiará, até ás portas do céu.

Enquanto na Igreja Matriz se desenrolavam estas cerimónias religiosas, no átrio frente ao hospital, eram montadas mesas e bancos corridos, para aí se sentarem os meninos e meninas da comunhão para lhes ser servido um pequeno-almoço.



Pelas 10,30h, os comungantes saíam em procissão da Igreja Matriz guiados pelo Sr. Abade que no tempos de muitos penafidelenses foi o Padre Albano (já que esteve 40 anos à frente da Paróquia de Penafiel), percorrendo a Rua Mário de Oliveira e indo desaguar no Largo do Hospital, acompanhados por uma banda de música. 

 
Aí era servido o pequeno-almoço neste tipo de chávena almoçadeira (igual à da foto), que constava de chá ou café com leite, acompanhado de pão-de-ló, vários tipos de bolos e bolachas sortidas. 



Entretanto muitos penafidelenses desciam a Av. Araújo e Silva para verem com o seu ar de curiosos como iam vestidos os meninos e as meninas do comunhão, já que para muitos aquilo não passava de uma feira de vaidades, para mais tarde comentarem.



Em quanto isso os mais novos iam-se chegando para a beira de alguns amigos conhecidos que faziam a comunhão, para ver se estes lhes davam à socapa algumas daquelas iguarias. 

 
Outros seguravam as pautas aos músicos que iam abrilhantando com o seu reportório, esta encantadora festa, que é sempre de grande júbilo para as crianças.



No final formavam em procissão que subiam a Av. Araújo e Silva até à barbearia do Sr. Afonso (Pirola), virando aí para a Rua Direita que os levaria de volta à Igreja Matriz, para a cerimónia da oferta de flores à Virgem Nossa Senhora, Padroeira de Portugal.

Depois de algumas fotos tiradas pelos fotógrafos cá do burgo no interior da Igreja Matriz, a pedido dos pais ou padrinhos dos comungantes, era o regresso a casa, onde os esperava um almoço melhorado, na companhia de familiares e amigos.

Hoje já não se realiza este pequeno-almoço convívio na cerca do antigo Hospital da Santa Casa da Misericórdia, tendo a Comunhão Solene de Penafiel, perdido esta tradição, já que a Fé, essa continua como dantes, e nestas coisas, por muito que nos custe, é o mais importante.

2 Comments:

Blogger carvalhosameiro said...

Mais uma boa descrição e uma óptima recordação.Lembro bem tudo porque ainda organizei alguns pequenos almoços quando passei pela Misericórdia que era quem oferecia.Não me recordo porque e quando terminou .Como sempre nesta terra estas pequenas mas curiosas tradições, vão desaparecendo.

5:53 da tarde  
Blogger LINDA said...

Terminou no ano que veio o Sr. Padre Gabriel

8:59 da tarde  

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