PEDINTES E MAIS PEDINTES
PEDINTES E
MAIS PEDINTES
Sou do tempo
em que, aos sábados, a cidade era invadida por uma legião de pobres
pedintes.
Batiam de
porta em porta e lá iam amealhando as esmolas, tendo muitos deles
casa certa para almoçar um prato de presigo ou conduto com uma malga
de sopa acompanhada de vinho e pão.
Conhecia
quase todos estes invasores pelo seu nome, embora houvesse um deles
que me chamava mais a atenção que era o Sr. Florindo. Este colocava
as mãos em concha e soprando para as mesmas tocava o “Avante
Camarada”, como se de uma corneta se tratasse. Segundo a sua
filosofia da vida, não andava ás esmolas mas sim à cobrança.
Nos dias que
correm, no mês de Dezembro, um novo engenho e arte de pedir é
notório na maior parte dos estabelecimentos comerciais na cidade de
Penafiel. Os empregados ou colaboradores como agora lhe chamam,
colocam uma caixa com uma ranhura para recolher as dádivas dos
clientes.
Também já
fui abordado por um novo peditório, cuja dádiva se processava por
via da internet para votar em projectos que concorreram ao Orçamento
Participativo de Penafiel.
Apesar de
haver Natal em Dezembro, este mês podia ser muito bem intitulado o
mês da pedinchice nacional.
Mas se
julgam que se veem livres deste fenómeno ao findar o calendário
esqueçam... pois mais dia menos dia lá vem as Janeiras já fora de
prazo de validade à pedincha.
Neste ano de
2017, vão andar por aí gente a pedir votos, prometendo-nos o céu
na terra. Vacinem-se para não terem desilusões, com esses “amigos
de Peniche”, que só nos conhecem nestas ocasiões.
Como diz um
amigo meu, com os democratas que nos saíram na rifa das eleições
nesta dita “democracia”, até Portugal passou à categoria de
país pedinte.
Resumindo e
concluindo, somos uma cambada de pedintes.
Segundo a
educação que me deram, “mais vale pedir que roubar”, mas vendo
bem, e por muito que me custe a aceitar, olhando bem à minha volta,
os gatunos é que continuam a ser “os donos disto tudo”.
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