13 setembro 2017

PEDINTES E MAIS PEDINTES

PEDINTES E MAIS PEDINTES



Sou do tempo em que, aos sábados, a cidade era invadida por uma legião de pobres pedintes.

Batiam de porta em porta e lá iam amealhando as esmolas, tendo muitos deles casa certa para almoçar um prato de presigo ou conduto com uma malga de sopa acompanhada de vinho e pão.

Conhecia quase todos estes invasores pelo seu nome, embora houvesse um deles que me chamava mais a atenção que era o Sr. Florindo. Este colocava as mãos em concha e soprando para as mesmas tocava o “Avante Camarada”, como se de uma corneta se tratasse. Segundo a sua filosofia da vida, não andava ás esmolas mas sim à cobrança.

Nos dias que correm, no mês de Dezembro, um novo engenho e arte de pedir é notório na maior parte dos estabelecimentos comerciais na cidade de Penafiel. Os empregados ou colaboradores como agora lhe chamam, colocam uma caixa com uma ranhura para recolher as dádivas dos clientes.

Também já fui abordado por um novo peditório, cuja dádiva se processava por via da internet para votar em projectos que concorreram ao Orçamento Participativo de Penafiel.

Apesar de haver Natal em Dezembro, este mês podia ser muito bem intitulado o mês da pedinchice nacional.

Mas se julgam que se veem livres deste fenómeno ao findar o calendário esqueçam... pois mais dia menos dia lá vem as Janeiras já fora de prazo de validade à pedincha.

Neste ano de 2017, vão andar por aí gente a pedir votos, prometendo-nos o céu na terra. Vacinem-se para não terem desilusões, com esses “amigos de Peniche”, que só nos conhecem nestas ocasiões.

Como diz um amigo meu, com os democratas que nos saíram na rifa das eleições nesta dita “democracia”, até Portugal passou à categoria de país pedinte.

Resumindo e concluindo, somos uma cambada de pedintes.

Segundo a educação que me deram, “mais vale pedir que roubar”, mas vendo bem, e por muito que me custe a aceitar, olhando bem à minha volta, os gatunos é que continuam a ser “os donos disto tudo”.