WALDEMAR BASTOS
WALDEMAR BASTOS
Waldemar dos Santos Alonso de Almeida Bastos, conhecido como Waldemar
Bastos, nasceu a 4 de Janeiro de 1954, em Angola, numa pequena povoação,
N'Banza Congo, junto à fronteira com o Zaire.
Musico e cantor angolano, que combina Afropop, Fado e influências
brasileiras.
"Durante
a época colonial, Waldemar Bastos foi uma vez preso pela PIDE, a polícia
política. Não por desenvolver activida de política. Estava no liceu, onde era
um excelente estudante e a certa altura circularam uns panfletos na escola.
Apesar da polícia saber que ele nada tinha com aquilo, prenderam-no na mesma.
Não podiam
prender toda a gente e como sabiam que, embora eu não estivesse politicamente
envolvido, não concordava com o regime estabelecido e com o comportamento da
polícia, apanharam-me e meteram-me na prisão. Na prisão escrevi algumas canções
que mais tarde se tornaram conhecidas".
Entretanto
Angola ganhou a sua independência e seguiu-se uma guerra fratricida que estalou
logo no início.
Em 1982,
decidiu fugir de Angola o que veio a acontecer durante uma visita a Portugal
para participar no FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão
Ibérica), integrado na delegação oficial angolana. No final do festival, ficou em
Portugal e não voltou para Angola.
Não ficou
muito tempo em Lisboa. Foi para Berlim, na parte Ocidental, onde tinha alguns
amigos e ao fim de uns meses partiu para o Brasil, onde conheceu músicos como
Chico Buarque, João do Vale, Elba Ramalho, Djavan, Clara Nunes.
Discografia:
1983 - Estamos Juntos
As coisas
correram bem no Brasil, onde alguns dos músicos atrás referidos demonstraram,
na prática, o significado do reconhecimento e da solidariedade. Waldemar acabou
por encontrar uma editora interessada no seu trabalho, EMI-Odeon, e gravou o
seu primeiro álbum, Estamos Juntos, um marco na sua carreira, que contou como
convidados especiais, entre outros, Chico Buarque, João do Vale, Dorival
Caimmy, Martinho da Villa e Novelli.
1990 - Angola Minha Namorada
Regressa a
Portugal, e cinco anos depois de vir para Lisboa, Waldemar gravou o seu segundo
disco, Angola, Minha Namorada.
A seguir à edição deste seu álbum, foi a Angola, onde
ainda era muito popular. Em Luanda Waldemar apresentou um concerto memorável
para 200 000 pessoas que o aplaudiram entusiástica e emocionalmente, agitando
lenços brancos. Interpretou este gesto surpreendente como uma mensagem clara do
povo – queria paz.
1992 - Pitanga Madura
Depois de
gravar o seu terceiro álbum, Pitanga Madura, Waldemar voltou a Angola.
Waldemar
continuou a compor e a apresentar espectáculos em vários locais de Portugal,
incluindo os Açores, onde foi frequentemente. Para ele, os Açores foram “uma
fonte de oxigénio durante este longo exílio”. Também cantou em Cabo Verde
várias vezes e em Moçambique, a favor das crianças vítimas da fome.
1995 - Afropea – Telling Stories to
the Sea
Visitando
Lisboa, David Byrne, mentor da editora Luaka Bop e ex-líder dos Talking Heads,
comprou, por acaso, um disco de Waldemar Bastos.
Neste ano de
1995, a editora Luaka Bop, lança no mercado o disco Afropea – Telling Stories
to the Sea, uma antologia de artistas
lusófonos onde aparecem entre outros: Bonga, Cesária Évora, Waldemar Bastos,
Dany Silva, Vum-Vum e André Mingas.
1997 - Petraluz
Com este
disco dá-se o reconhecimento internacional de Waldemar Bastos.
Luaka Bop editou Pretaluz/Blacklight , gravado em Nova Iorque e produzido por
Arto Lindsay. O álbum teve excelentes críticas de algumas das vozes mais
representativas da imprensa internacional (New York Times, Village Voice, USA
Today, Herald Tribune, El País, Libération, Los Angeles Times, The Times,
etc.). O New York Times considerou-o como “um dos melhores discos de World
music da década”. No seguimento do disco Waldemar ganhou o “Prémio para o
Artista Revelação do Ano” em 1999. Depois do sucesso por todo os Estados
Unidos, com a distribuição do disco na Europa em 1998 Waldemar foi descoberto
pelo público e pelos media europeus.
2004 - Renascence
Os tempos
mudaram para Waldemar Bastos em 2003, quando, depois de 42 anos, acabou a
guerra em Angola. Foi convidado para celebrar essa data especial com um
espectáculo memorável no Estádio Nacional de Luanda em Abril de 2003. No fim, a
sua luta pela unidade e irmandade foi recompensada.
Rapidamente surge
a hipótese excepcional de gravar o seu novo álbum Renascence.
Tudo começou
em San Pedro de Alcántara, em Espanha, onde reuniu alguns dos mais excepcionais
músicos de África, do Congo a Angola, de Moçambique à Guiné. A jornada para uma
nova expressão da música contemporânea africana começou. A história continuou
em Berlim, onde, enquanto gravava, convidou alguns jovens músicos de Portugal e
da Martinica para fazerem parte deste projecto musical.
Quando
Waldemar decidiu ir até Istambul, onde foram gravadas as partes de cordas deste
disco, mostrou mais uma vez que a música não tem fronteiras e é uma chave para
unir as pessoas, uma ponte entre culturas. Finalmente, o caminho da música
levou-o a Londres onde acabou, com o seu produtor Paul “Groucho” Smykel, a
mistura deste disco Renascence que aparece no mercado discográfico em 2004.
2010 - Classics Of My Soul
Classics Of My
Soul é um dos álbuns do ano na categoria de World Music para o jornal francês Libération.
O trabalho, que foi lançado em Setembro nos Estados Unidos da América, e
junta o quinteto de Waldemar Bastos com a orquestração da London Symphony
Orchestra dirigida por Nick Ingman.
Classics of My
Soul, da editora Emja Records, foi
gravado em Londres e Los Angeles e, segundo o material de divulgação, “resulta
do sonho do músico angolano em juntar os sons e etnografias de África,
particularmente de Angola, ao pendor e composição da música clássica
europeia”.
Muitos dos
leitores do blogue não devem conhecer Waldemar Bastos, mas vamos ficar com a
canção "Velha Chica", interpretada ao vivo no espectáculo Vozes de
Abril no Coliseu dos Recreios de Lisboa a 4 de Abril de 2008. Nesta canção, onde os miúdos lá
da escola, perguntavam à vóvó Chica, qual era a razão daquela pobreza, daquele
nosso sofrimento. Ao que ela responde: “Xé menino, não fala política, não fala
política, não fala política”.
- Bom domingo!
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