BONGA
BONGA
José Adelino Barceló de
Carvalho, mais conhecido como Bonga Kwenda - ou só Bonga - é de longe o mais famoso nome
do semba angolano.
A música africana que no
Brasil virou samba, lá em Angola virou semba - e de facto os dois géneros são
muito parecidos. O nome vem de masemba, que significa umbigada -
o passo de dança primitivo que deu origem a toda uma cultura de música e dança
urbana em Angola, que hoje em dia, além do próprio semba, também inclui o
kuduro e a kizomba.
Quando era
pequeno, era o que corria mais rápido entre os amigos das favelas onde vivia.
Em
1966, com 23 anos de idade, depois de ter alcançado os maiores títulos de
Angola em 100, 200, e 400m, a sua entrada em Portugal dá-se aquando de um
convite do Sport Lisboa e Benfica, que se deveu às suas múltiplas vitórias nos
campeonatos em Angola. O objectivo deste convite é a prática semi-profissional
de atletismo. É entre 1966 e 1972 que Bonga atinge por sete vezes o estatuto de
campeão e permanente recordista de atletismo: onze internacionalizações nos 400
metros, nos 200 e 400 metros na taça da Europa de 1967, nove nos 4 x 400 metros e seis nos 200 metros,
além de várias vitórias em torneios, tal como o prémio de Viseu em 1968 (400
metros), o Torneio Toddy em 1969 (100
metros), o II Grande Prémio das Festas de Santo António, etc…
Em suas
viagens, fez contacto com vários angolanos exilados e portugueses insatisfeitos
com o Estado Novo de Portugal: e graças a toda essa movimentação política foi
obrigado a se exilar em Roterdão, na Holanda, onde em 1972 gravou seu primeiro
disco, Angola '72.
Foi o
suficiente para que fosse emitida uma ordem de prisão para ele em Angola, e nos
próximos anos teve de continuar seu exílio pela Europa e pelos Estados Unidos,
onde começou a desenvolver sua carreira internacional, com o objectivo de fazer
a música africana conhecida e respeitada no resto do mundo ocidental.
Em 25 de
Abril de 1974, no dia da Revolução dos Cravos que acabou com a ditadura de
Portugal, lança seu segundo disco: Angola '74.
Quando no
ano seguinte a Angola conquista sua independência, Bonga pôde voltar, aclamado
como símbolo de liberdade e de luta pela igualdade e respeito.
São esses os dois primeiros discos gravados em exílio, na longa carreira musical de Bonga.
São esses os dois primeiros discos gravados em exílio, na longa carreira musical de Bonga.
1972 - Angola
'72
1974 - Angola
'74
1975 -
Raízes
1976 -
Angola 76
1978 - Racines
1980 - Kandadu
1983 - Kualuka Kueto
1984 - Marika
1985 - Sentimento
1987 - Massemba
1988 - Reflexão
1989 - Malembe Malembe
1990 - Diaka
1991 - Jingonça e Paz em Angola
1992 - Gerações
1993 - Mutamba
1994 - Fogo na Kanjica
1995 - O Homem do saco
1996 - Preto e Branco
1997 - Roça de Jindungo
1998 - Dendém de Açúcar
1999 - Falar de Assim
2001 - Mulemba Xangola
2003 - Kaxexe
2004 Maiorais
2009 - Bairro
2011 - Hora Kota
Ultimamente se tem falado muito
sobre Angola, não sobre música, mas devido ao luso-angolano Luaty Beirão que
esteve 36 dias em greve de fome.
Como estas coisas são tão
desagradáveis, não podia terminar este texto "Com uma lágrima ao canto do
olho".
- Bom domingo!
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