19 maio 2015

O BRASÃO DO CABRAL EM CROCA



O BRASÃO DO CABRAL 
EM CROCA


No domingo fui assistir à missa na Igreja de Croca.

No final percorri a pé o lugar de Acucanha, ou Cucanha como muitos lhe chamam, e deparei com uma casa nobre, brazonada, de bonita arquitectura, a ser restaurada.


O Brasão de armas muito bonito, que ostenta na sua frontaria, corresponde à carta de brazão de armas, conferido por D. Maria I, no ano de 1785, como se vê pela referida carta que transcrevo: 

«Dona Maria, por Graça de Deus e Rainha de Portugal e dos Algarves (D'aquem e d'alem mar em Africa, Senhora da Guiné, e da Conquista Navegação do Comércio da Etheopia, Arábia, Persia, e da India. etc. 

Faço saber, aos que esta Minha Carta de Brazão de Armas de Nobreza; e Fidalgo a, virem: Que José Caetano de Souza Magalhães Souza Borges Bravo Cabral, Alferes de Infanteria Auxiliar, morador na Sua Quinta d'Cucanha freguesia de São Pedro de Cróca, Termo e Comarca de Penafiel. Me fez petição dizendo: Que pela Sentença de justificação de Sva Nobreza a ella junta, profferída, e assignada peno Meu Dezembargador Corregedor do Civel da Corte, e Caza da Supplicação o Doutor José Antonio Pinto Donas Botta, Sobscripta por Francisco Xavier Moratto Borva. Escrivão do mesmo Juizo, e pellos documentos encorporados nella, se mostrava; que elle he filtro Legitimo do Custodio Luiz de Magalhães, e de sua mulher Dona Maria da Asumpção Souza Borges Bravo Cabral; netto pela parte Paterna de João de Souza Magalhães, e de sua mulher Dona Esperança Luiza de Sousa: Bisnetto de Antonio de Souza Magalhaens, e de sua mulher Dona Catherina Vaz. moradores que forão na Quinta do Paço freguesia de São Miguel de Silvares: e pella parte Materna, que elle he netto de José da Rocha, e de sua mulher Dona Anna Delgado de Souza Borges Cabral, e de sua mulher Dona Maria Delgada Pedroza: Os quais Seus Pais, e Avós, e mais Descendentes, (ascendentes) que forão pessoas muito Nobres. das Famílias de Souzas, Magalhaens, Borges, Bravo, e Cabraes. das illustres Cazas, e Morgados da Barca, Suenga, Penidos, Canavezinhos, e Soalhaens, todas com os Foros de Fidalgos da Minha Caza Real. e como thaes Se tractárão, e tracta elle Supplicante, com Armas, cavallos, Creados, e toda a mais ostentação propria da Nobreza; Servindo no Politico, e no Militar os Lugares, e Postos mais distinctos do Governo, sem que em tempo algum commetessem crime de Leza Magestade, Divina, ou Humana.


Pello que, Me pedia elle Supplicante, por Merce, que para a memoria de Seus Progenitores se não perder, e clareza da sua antiga Nobreza, Lhe mandasse dar Minha Carta 'de Brazão d'Armas das ditas Familias, para dellas tãobem uzar, na forma que as trouxerão, e forão concedidas aos ditos Seus Progenitores.

E vista por Mim a dita Sua petição, sentença, e documentos, e de tudo Me constar que elle he descendente das mencionadas Familiar, elle pertence uzar, e gozar de Suas Armas, segundo o Meu Regimento, e Ordenação da Armaria; lhe «Lugar das Armas». Mandei passar esta Minha Carta de Brazão d'ellas, na forma que aqui vão Brazonadas, divizadas, e Iluminadas com cores, e Metaes, segundo se achão registadas no livro do Registo das Armas da Nobreza, e Fidalguia destes Meus Reinos, que tem Portugal, Meu Principal Rey de Armas. 

A saber, Hum escudo esquartellado. No primeiro quartel, as Armas dos Souzas, que são o campo de prata esquartellado; no primeiro as cinco quinas do Reino em cruz, no segundo hum Leão Sanguinho; e assim ao contrarios; no segundo quartel as Armas dos Magalhaens, que são em campo de prata tres faxas xadrezadas de vermelho e prata; no terceiro quartel as dos Borges, em campo vermelho hum Leão de ouro, orla azul carregada de dez flores de Liz do mesmo ouro; no quarto as dos Bravos, em campo de ouro huma Serpe voante de verde armada de Sanguinho; Elmo de prata aberto, guarnecido de ouro.

Paquinafe de metaes, e cores das Armas; Timbre dos Souzas, que he hum Leão vermelho, e por diferença huma brica vermelha com hum farpão de prata. O qual Escudo, e Armas poderá trazer, e uzar o dito José Caetano de Souza Magalhães Bravo Cabral, assim como os trouxeram e uzarão os ditos Nobres, e Antigos Fidalgos Seus Antepassados, em tempo dos Senhores Reiz Meus Antecessores; e com ellas poderá entrar em Batalhas, Campos, Reptos, Escaramuças, e exercitar todos os mais actos licitos da Guerra, e da Paz: e assim mesmo as poderá trazer em Seus Firmaes, Aneis, Sinetes, e Divizas, polas em Suas Cazas, Capellas, e mais Edificios, e deixa-las sobre Sua propria Sepultura: e finalmente Se poderá servir, honrar, gozar; aproveitar dellas em todo, e por todo, como a Sua Nobreza convem.

Com o que quero, e Me praz, que haja elle todas as Honras, Privilegios. Liberdades, Graças, Merces, Izempçoenes, e Franquezas, que hão, e devem haver os Fidalgos, e Nobres de Antiga Linhagem: e como sempre e de todo uzarão e gozarão os ditos seus Antepassados. 

Pelo que: Mando aos Meus Dezembargadores, Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, e mais Justiças de Meus Reinos, e em especial aos Meus Reys de Armas, Arautos, e Passavantes, e a quaes quer outros Officiaes, e pessoas, a quem esta Minha Carta for mostrada, e o conhecimento della pertencer; que em tudo Ih'a cumprão e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, como nella se contem, sem duvida, nem embargo algum, que em ella lhe seja posto: porque assim he Minha Mercê. 

A Rainha Nossa Senhora o Mandou, por Antonio Rodrigues de Leão. Proffeço na Ordem de Christo, Cavaleiro Fidalgo de Sua Caza Real, e Seu Rey de Armas Portugal, Frei Manoel de Santo Antonio e Silva, da Ordem de São Paulo, a fez em Lisboa aos vinte cinco dias do mez de Agosto, do Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e cinco. E eu Bernardo José Agostinho de Campos, Escrivão da Nobreza a fiz escrever. E declaro: Que vai assignada pelo novo Rey de Armas Portugal Bravo. 

Dito o declarei. «Portugal Rey de Armas Principal, José Bravo.» Registada no Livro terceiro, do Registo dos Brazoenes, e Armas da Nobreza, e Fidalguia destes Reinos, e Suas Conquistas a folhas duzentas e seis verso. 

Lisboa treze de Septembro de mil sete centos oitenta e cinco. 

Bernardo José Agostinho de Campos. 

Cumprace. Almeida.» 


E pronto, aqui fica mais um naco de estória, fora da história da nossa terra, desta vez da freguesia de Croca.

Não podia deixar de dar os parabéns, a quem tudo faz para não deixar cair de podre o seu património local, mesmo sabendo que a sua valorização, vá desaguar em pagamento de mais IMI.

2 Comments:

Blogger Jorge Mota said...

Caro Fernando Carvalho,

Deixo desde já os Parabéns pelo seu trabalho e acima de tudo pela partilha.

A Junta de Freguesia de Croca está de momento a conceber o seu website e gostaríamos de saber qual a sua disponibilidade em serem criados links no nosso site para o seu blog (Exemplo para o brazao do Cabral, Escola Zeferino de Oliveira, Zeferino de Oliveira, etc.).

Agradecemos desde já toda a sua atenção ao nosso pedido.

Com os melhores cumprimentos,

4:03 da tarde  
Blogger Jorge Mota said...

Caro Fernando,

Envio o meu contacto, Jorge Mota, jorge.armota@gmail.com.

cumprimentos,

4:12 da tarde  

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