05 maio 2015

PENAFIEL E O 28 DE MAIO DE 1926



PENAFIEL E O 28 DE MAIO DE 1926

Foto cedida por: Alex Borges

No dia 28 de Maio de 1926, pelas 6h da madrugada, iniciou-se uma sublevação militar em Braga, comandada pelo general Gomes da Costa, com acompanhamento e apoio civil, incluindo do operariado da região, organizando-se uma coluna militar que marcha sobre Lisboa. 


Seguindo o tradicional modelo do golpismo militar português, a partir de um pronunciamento fora da capital, neste caso em Braga, o movimento repercute-se por todo o país com um grande número de unidades militares a proclamar logo nesse dia e ainda maior número no dia seguinte, 29 de Maio, a sua adesão ao golpe.

O Governo presidido por António Maria da Silva, mandou de pronto uma coluna mista, chefiada pelo coronel David Rodrigues, do regimento de Infantaria 6, aquartelado no Porto, ao encontro dos revoltosos.


É nesta contingência que aparece em Braga um automóvel conduzindo cinco oficiais da Infantaria 32, aquartelada em Penafiel, os quais procuram sem demora conferenciar com o general Gomes da Costa.

Eram eles Alberto Reimão, António Cunha, Augusto Vieira, Ernesto de Almeida e Queirós Novais. 

Uma vez em presença do general Gomes da Costa, ofereceram-lhe sem condições o apoio do regimento de Infantaria 32, a que pertenciam, com um efectivo de 600 homens.

Perante este oferecimento franco e leal, não pode o general Gomes da Costa conter a alegria, que de súbito lhe invadiu a alma.

Os oficiais do 32, convidaram-no, então, a vir a Penafiel para se certificar da veracidade do oferecimento generoso. 

No dia seguinte de manhã, veio o general Gomes da Costa, acompanhado dos seus ajudantes, a Penafiel.

Entrou resoluto no quartel do regimento, a esse tempo comandado pelo major Júlio Garcez Lencastre, com larga e brilhante folha de serviços nas colónias e com ele trocar rápidas impressões, ouvindo-se em breve o toque a oficiais.


Estes reunidos, não hesitaram, à excepções de dois, em dar o seu apoio ao movimento revolucionário.

O entusiasmo dominava agora mais de que nunca os revoltosos, que esperava com fé inquebrantável levar de vencida a sua causa patriótica.

Propagada pela imprensa a adesão de um regimento da 3.ª Divisão, não foi difícil incutir  a outros a coragem de lhe seguirem o exemplo.

E assim acontecendo, e assim ganhando rápidas raízes a revolução, conseguiu o General Gomes da Costa entrar triunfante na cidade do Porto, no dia 4 de Junho de 1926.


No dia 6 de Junho de 1926, é consolidada a vitória do golpe militar, entrando triunfalmente o general Gomes da Costa montado no seu cavalo, pela Avenida da Liberdade em Lisboa.

Em consonância com os tempos que se viviam na Europa, o novo poder assumiu-se como anti-parlamentar, atribuindo as culpas do caos que se instalara no país à política partidária e ao jogo do parlamentarismo. 


Assim, assume-se como uma ditadura militar, que em pouco tempo se passou, em desafio claro ao parlamentarismo democrático, a auto-denominar de Ditadura Nacional, que foi derrubada no dia 25 de Abril de 1974, pois como diz o nosso povo: "Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe".