17 maio 2015

MANUEL FREIRE



MANUEL FREIRE
  


Manuel Augusto Coentro Pinho Freire nasceu em Vagos no dia 25 de Abril de 1942.

Começou a tocar viola por volta dos 12 anos, por orientação paterna. 

Cantou poesias de Prévert, acompanhando-se à viola em festas no Colégio de Ovar e, a partir dos 16 anos, no Liceu de Aveiro. 

Ainda em Ovar e, posteriormente, em Aveiro, desenvolveu uma maior consciência política. Com 16 anos participou na campanha presidencial do general Humberto Delgado, colando cartazes e distribuindo panfletos. Mas se a sua consciência política já vinha de 1958, o espectro da Guerra Colonial foi fundamental para começar a cantar outro repertório, mais politizado, em português, nos convívios universitários e em encontros organizados por grupos de católicos (os denominados católicos progressistas, como a Juventude Operária Católica e a Juventude Universitária Católica) em vários locais do distrito de Aveiro, mas também em Coimbra e no Porto, o que contribuiu para o seu gradual reconhecimento nessas regiões.


Frequentou o ensino liceal em Ovar e Aveiro, chegando a estudar Engenharia, em Coimbra e no Porto, sem se licenciar.


1964 - Foi incorporado compulsivamente no serviço militar (Força Aérea), tendo utilizado o aparelho técnico da Força Aérea para fazer circular uma edição “pirata”, policopiada, da Praça da Canção (de Manuel Alegre), então proibida.

Iniciando um percurso mais activo no âmbito da canção de intervenção a partir de 1967 (ano em que se estreou, por incentivo de Fernando Gusmão, no Teatro António Pedro - Porto), participou em inúmeros recitais um pouco por todo o país, em França (onde contactou com José Mário Branco e Luís Cília), em Espanha (onde actuou em directo na rádio com Paco Ibañez, Barcelona) e nas ex-colónias, fazendo a denúncia da falta das liberdades para os portugueses, bem como da Guerra Colonial (por exemplo, a canção Pedro soldado, com poema de Manuel Alegre).


1968 - Grava o EP “Manuel Freire Canta Manuel Freire”, que  que continha "Dedicatória", "Eles", "Livre" e "Pedro Soldado e "Livre", poema de Carlos de Oliveira, que passámos a saber de cor e que, por aqueles dias, em qualquer circunstância, se cantava ou murmurava.


Depois um outro EP, “Trovas,Trovas,Trovas”, que inclui "Lutaremos meu amor", "Trova", "O sangue não dá flor" e "Trova do emigrante". No belíssimo poema de Daniel Filipe, "Lutaremos Meu Amor",  uma simples mensagem: “na aparência sozinhos multidão na verdade, lutaremos meu amor", punha o regime a tremer. O disco foi de imediato, apreendido pela PIDE.


1969 - Entretanto aparecia na televisão no programa Zip-Zip, de Carlos Cruz, Fialho Gouveia e Raul Solnado, e aí apresenta pela primeira vez "Pedra Filosofal" (inspirado no poema de António Gedeão), que é um sucesso instantâneo. No ano seguinte, e com a qual conquistou os prémios Casa da Imprensa.
 


1971 - É lançado o álbum "Manuel Freire" musicou poemas de António Gedeão, José Gomes Ferreira, Fernando Assis Pacheco, Eduardo Olímpio, Sidónio Muralha e José Saramago. Foi distinguido com o Prémio Pozal Domingues.


1972 - Colabora na banda sonora da longa-metragem de Alfredo Tropa, "Pedro Só".


1978 - Regressa com o álbum "Devolta", em colaboração com Luís Cilia. No mesmo ano, compõe os temas "Que Faço Aqui?" e "Um Dia", para a peça "Os Emigrantes" de Slawomir Mrozeh, encenada por João Lourenço para o Teatro Experimental do Porto. 


1993 - A Strauss reedita em CD o disco que contém a "Pedra Filosofal". Esta reedição contém uma nova versão do mesmo tema, gravado com novo acompanhamento e que dura mais de 6 minutos. 



 
1999 - Lança o disco "As Canções Possíveis", onde Manuel Freire canta poemas de José Saramago.




2006 - Colaborou com José Jorge Letria e Vitorino num CD para crianças acerca da Revolução dos Cravos, intitulado Abril, Abrilzinho.


2007 - Manuel Freire canta Nemésio (edição do governo dos açores). No álbum, Manuel Freire empresta a sua voz a dez poemas do escritor açoriano Vitorino Nemésio.

Este domingo vamos ficar com a canção "Pequenos Deuses Caseiros", escrita por Sidónio Muralha, na voz de Manuel Freire.







- Bom domingo!