19 abril 2015

VAI DE RODA



VAI DE RODA


Os “Vai de Roda” são um grupo do Porto, criado em 1978.

A primeira apresentação ao vivo foi em Fevereiro de 1979.

No início da década de 80 formaram-se enquanto cooperativa étnico-cultural. Além da recolha e investigação passava também pela edição de textos e pela construção de instrumentos.

Nas gravações participaram Tentúgal, Abi, Agostinho Couto, Amílcar Sardinha, Carlos Adolfo, Fernando Carvalho, Gil, Isabel Leal, Nanda, Né Santelmo, Paula, Preciosa Branco, Raul e também Isabel Afonso, Mina, Zé Vitor.

Músicos que compuseram o Vai de Roda:

Manuel António Tentúgal – voz solo, sanfona portuguesa, banjolim, harmónio, cavaquinho, violino, braguesa, viola com arco, baixo acústico, gaita-de-foles, ponteira, ocarina soprano, tambor e congas marroquinas, adufe, pandeireta, bombo, caixa, coros, grilos e arreiocos

Abi – pífaro de barro, ponteira, ocarina soprano, carrilhão de canas, demónio da floresta, piassába no bombo, címbalos, canas e foguetório, palmas

Agostinho Couto – guitarra, braguesa, baixo acústico, búzio, demónio da floresta, garrafa com garfo, canas, sineta, caixa de ovos, coros e foguetório; concepção da braguesa em "Contra-Dança I" e "Quadrilha Mandada"

Amílcar Sardinha – voz solo, gaita-de-beiços, cavaquinho, trancanholas, pandeiro com milho, sarronca, bombo, palmas, almofariz, sino, canas e coros

Carlos Adolfo – guitarra, cavaquinho, conchas, garrafa com garfo, palmas, paulitos, coros e foguetório; concepção de guitarra clássica em "Mineta"

Fernando Carvalho – adufe, bombo, caixa, baixo acústico, pandeireta, genebres, forma com milho, ocarina baixo, cuco, guizos, sino, palmas, paulitos, corno, coros, gritos, arreiocos e foguetório

Gi – voz, canas e palmas

Isabel Leal – voz, guitarra, canas e palmas

Nanda – voz, pinhas e palmas

Né Santelmo – voz, canas, carrilhão de seixos, chocalhos e palmas
Paula – voz, chocalhos e palmas

Preciosa Branco – voz, canas, carrilhão de chaves, chocalhos e palmas

Raul – banjolim, guitarra, baixo acústico, pandeireta, caixa, timbalão, caixa de ovos, palmas, garrafa com garfo, canas, sineta e coros

Músicos convidados:
Isabel Afonso – voz solo
Mina – segunda voz, em "Moinhos"
Zé Vítor – flauta sopranino

Desde então percorreram sobretudo o Norte do país  e realizaram aturado esforço no campo da música tradicional, "pegando em recolhas já feitas por outros etnólogos e noutros tempos, e recolhendo nós também uma a uma as canções.

Vai de Roda dedica particular atenção aos instrumentos populares quer construídos pelo próprio grupo ou "já à mão semear", com particular atenção para os que entre nós se encontram em vias de extinção, como é o caso da sanfona portuguesa, "A sanfona portuguesa existiu entre nós até finais do séc. XIX, princípios do séc. XX. Até meados do séc. XIV utilizado como instrumento de corte, no reinado de D. Pedro I de Portugal passa — e por decisão deste, ao despedir os únicos sanfonineiros ao seu serviço — para as mãos dos músicos ambulantes, pedintes e cegos, caindo na descrença e na extinção total".

Discografia:



1983 -  gravaram, nos estúdios da Rádio Triunfo, o disco "Vai de Roda". Trata-se do primeiro disco em que entra a sanfona portuguesa.

Com a edição do disco "Vai de Roda" materializa-se um pouco do que foi o intenso trabalho desenvolvido pela Cooperativa Etno-Cultural Vai de Roda, cujo nascimento ocorreu em 1978.

Para o grupo Vai de Roda, a música tradicional, que para o homem do campo faz parte da sua vida diária, assume "uma função de arte e de dignificação da criatividade artística do povo". 

Isto é mais que evidente no conteúdo do trabalho agora apresentado, que passamos a referir, o qual é bem mais expressivo que as palavras: "Minha Roda 'stá Parada" (recolha de António Joyce, nas margens do Rio Zêzere), "Quadrilha Mandada" (recolha do grupo em Pias, Cinfães), "Chula" (recolha de António José Espinheira Rio, em Ponte da Barca, Minho), "Bai-te Labar Morena" (recolha de Pedro Homem de Mello, em Gondarém, Alto Minho), "Mineta" (recolha de Michel Giacometti, em Vinhais, Trás-os-Montes), "Moinhos" (letra de José Carlos P. dos Santos; música recolhida por Isabel Afonso, em Granja do Tedo, Beira Alta), "Tenho Um Moinho" (recolha de Marina Graça, em Vilar d’Ossos, Trás-os-Montes), "Contra-Dança I", "Contra-Dança II" e "Eu m'Arrogo pr'á Batalha" (todas do Auto de Floripes, recolhidas pelo grupo na Aldeia das Neves, em Viana do Castelo), "Malhão Velho" (recolha de Tentúgal, no Minho), "Macelada" (recolha de Hubert de Fraysseix/Unesco, em Monsanto, Beira Baixa), "Moda do Bombo-Toque de Santa Luzia" (recolha de Michel Giacometti, em Castelejo, Beira Baixa) e "Oh Que Calma Vai Caindo" (recolha de Rodney Gallop, em Casegas, Castelo Branco).


1990 - É editado o álbum "Terreiro das Bruxas".

O disco inclui as faixas "Terreiro Das Bruxas", "Rosinha Vem-te Comigo", "Baile Das Mafarricas", "Realejo Sacabruxas", "Branles", "Ronda Dos Espanta Papões I", "Quadrilha (e viva a música)", "Credo", "La Vitorina", "São João", "Ronda Dos Espanta Papões II", "Sapatinho Rebatido / Polca" e "Ungaresca / Saltarelho". O disco é um dos nomeados para os Prémios José Afonso.


1996 - É gravado o último trabalho discográfico do Vai de Roda, com o título  "Polas Ondas". Este está dividido em quatro partes distintas ("Terra de Lumieiras", "Terra de Vento Verde", "Terra de Urze" e "Terra de Sal"). O grupo era formado por Tentúgal, Abílio Santos, Cristina Martins, Helena Soares, Sérgio Ferreira, Eduardo Coelho e Jorge Lira. 

1997 - O disco Polas Ondas, venceu o Prémio José Afonso.

Bandas Sonoras

O filme "Oh Que Calma", realizado em 1985 por Abi Feijo, tem banda sonora dos Vai de Roda. Começava aqui a frutuosa colaboração entre Abi Féijo e Tentúgal, que fez a banda sonora de vários filmes da Filmógrafo como “Os Salteadores”, “Fado Lusitano” e “Clandestino” de Abi Feijó e “Estória do gato e da Lua” de Pedro Serrazina, entre outros.

Não retirando mérito ao esforço e ao espírito de missão que muitos e bons grupos vêm prestando à Música Tradicional Portuguesa, mas que muito boa gente insiste em ostracizar, hoje vou destacar os Vai de Roda, ficando com esta quadrilha mandada, " Minha roda stá parada"









- Bom domingo!