O MEMORIAL DA ERMIDA
O MEMORIAL DA ERMIDA
O Marmoiral ou memorial é um
monumento funerário (mausoléu ou túmulo de nobres ou guerreiros), constituído
por um arco apontado sobre base de pedra rectangular, com sapata, onde foi
aberta a cavidade sepulcral, com tampa elevada e sustentada por pequenas
colunas geminadas. É rematado por cornija e friso esculpido com motivos
vegetalistas.
A tradição oral, refere-se a
este monumento à Rainha Santa Mafalda, filha de D. Sancho I de Portugal, e
viúva de Henrique I de Castela.
Segundo a lenda, a
Rainha Santa Mafalda, faleceu em Rio Tinto, no dia 1 de Maio de 1256, ao regressar de uma peregrinação que fez à imagem da Senhora da Silva que venerava na Sé do Porto, e deixou
escrito em testamento que queria que o seu corpo fosse colocado em cima dum
burro.
Sempre que o burro
parasse para descansar, seria construído um marmoiral e, onde ele parasse
definitivamente, seria onde a Rainha Santa queria ser sepultada.
Depois de ter sido
retirado o corpo da Rainha Santa Mafalda de cima do burro, este caiu para o
lado e morreu.
Isto tudo não passa de imaginação do
nosso povo, já que à data da passagem do cadáver da Rainha Santa Mafalda, o Memorial
da Ermida, estaria ali alçado havia 142 anos.
Acontece que em meados do
século XVIII, frei António da Soledad, cartório do Mosteiro de Paço de Sousa,
com um documento do ano de 1114, documento que João Pedro Ribeiro, com toda a
sua autoridade classifica de autêntico, prova num manuscrito que deixou no Cartório
do Mosteiro, que o Memorial da Ermida, é o túmulo de D. Sousino Álvares, que
era o Alcaide-mor ou governador cristão do Castelo de Bugefa ou Abojefa.
As ruínas deste castelo
ou castro de origem pré-histórica, ainda se vêem a coroar o cume do monte
conhecido hoje por Monte de Castro, e que na idade média, segundo documentos do
Mosteiro de Paço de Sousa, se denominou Monte da Sinagoga ou da Esnoga.
Assim, onde passava a
estrada velha, e se cruzava com o caminho que vem do castro de Bugefa e do
lugar de S. Lourenço, foi erigido, o Memorial da Ermida, o que não é de
estranhar, pois naquele tempo, à beira do caminho, por motivos políticos ou
religiosos, era uso enterrar cavaleiros nobres, valentes e esforçados, cujas
acções gloriosas mereciam as perenes memórias dos povos.
No ano de 1940, o
Memorial da Ermida, sofreu obras de restauro.
Em 1960, o proprietário
do terreno procedeu à reconstrução de um muro de vedação que circunda o
monumento, com entrada privativa e fechado por portão de ferro, à margem da EN
106, dentro da zona de protecção do monumento, vedando o seu acesso.
Já em 2006 / 2007 foram realizadas
obras de conservação do Memorial da Ermida e valorização de acesso ao imóvel e
tratamento da envolvente.
A 20 de Março de 2007, foi feita uma
proposta de fixação de Zona Especial de Proteção.
Em 16 maio de 2007, foi dado parecer
favorável do Conselho Consultivo do IPPAR à proposta de fixação de Zona
Especial de Protecção.
No dia 2 de Setembro de 2009, é dado
Despacho de homologação do Ministro da Cultura à proposta de Zona Especial de Protecção.
Este monumento, está integrado na
Rota do Românico do Vale do Sousa.
Espero, que com este pequeno
texto, tenha ajudado a desmistificar a lenda popular, consagrada à passagem do
féretro, de Santa Mafalda, a Rainha Santa de Arouca, pelo Memorial da Ermida,
quando a levaram a enterrar ao seu mosteiro.
Pois consta no Livro de Óbitos de Santa Cruz de Coimbra que D. Mafalda terá falecido no dia 1 de Maio de 1256, em Arouca e não em Rio Tinto, como reza a lenda.
Pois consta no Livro de Óbitos de Santa Cruz de Coimbra que D. Mafalda terá falecido no dia 1 de Maio de 1256, em Arouca e não em Rio Tinto, como reza a lenda.
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