11 março 2014

O MEMORIAL DA ERMIDA



O MEMORIAL DA ERMIDA


O Marmoiral ou memorial é um monumento funerário (mausoléu ou túmulo de nobres ou guerreiros), constituído por um arco apontado sobre base de pedra rectangular, com sapata, onde foi aberta a cavidade sepulcral, com tampa elevada e sustentada por pequenas colunas geminadas. É rematado por cornija e friso esculpido com motivos vegetalistas.


A tradição oral, refere-se a este monumento à Rainha Santa Mafalda, filha de D. Sancho I de Portugal, e viúva de Henrique I de Castela.

Segundo a lenda, a Rainha Santa Mafalda, faleceu em Rio Tinto, no dia 1 de Maio de 1256, ao regressar de uma peregrinação que fez à imagem da Senhora da Silva que venerava na Sé do Porto, e deixou escrito em testamento que queria que o seu corpo fosse colocado em cima dum burro. 

Sempre que o burro parasse para descansar, seria construído um marmoiral e, onde ele parasse definitivamente, seria onde a Rainha Santa queria ser sepultada.

O burro, ao chegar ao Mosteiro de Arouca, parou definitivamente.
 
Depois de ter sido retirado o corpo da Rainha Santa Mafalda de cima do burro, este caiu para o lado e morreu.


Isto tudo não passa de imaginação do nosso povo, já que à data da passagem do cadáver da Rainha Santa Mafalda, o Memorial da Ermida, estaria ali alçado havia 142 anos.

Acontece que em meados do século XVIII, frei António da Soledad, cartório do Mosteiro de Paço de Sousa, com um documento do ano de 1114, documento que João Pedro Ribeiro, com toda a sua autoridade classifica de autêntico, prova num manuscrito que deixou no Cartório do Mosteiro, que o Memorial da Ermida, é o túmulo de D. Sousino Álvares, que era o Alcaide-mor ou governador cristão do Castelo de Bugefa ou Abojefa.

As ruínas deste castelo ou castro de origem pré-histórica, ainda se vêem a coroar o cume do monte conhecido hoje por Monte de Castro, e que na idade média, segundo documentos do Mosteiro de Paço de Sousa, se denominou Monte da Sinagoga ou da Esnoga.

Assim, onde passava a estrada velha, e se cruzava com o caminho que vem do castro de Bugefa e do lugar de S. Lourenço, foi erigido, o Memorial da Ermida, o que não é de estranhar, pois naquele tempo, à beira do caminho, por motivos políticos ou religiosos, era uso enterrar cavaleiros nobres, valentes e esforçados, cujas acções gloriosas mereciam as perenes memórias dos povos.


No ano de 1940, o Memorial da Ermida, sofreu obras de restauro.

Em 1960, o proprietário do terreno procedeu à reconstrução de um muro de vedação que circunda o monumento, com entrada privativa e fechado por portão de ferro, à margem da EN 106, dentro da zona de protecção do monumento, vedando o seu acesso.

Já em 2006 / 2007 foram realizadas obras de conservação do Memorial da Ermida e valorização de acesso ao imóvel e tratamento da envolvente.

A 20 de Março de 2007, foi feita uma proposta de fixação de Zona Especial de Proteção.


Em 16 maio de 2007, foi dado parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR à proposta de fixação de Zona Especial de Protecção.
No dia 2 de Setembro de 2009, é dado Despacho de homologação do Ministro da Cultura à proposta de Zona Especial de Protecção.


Este monumento, está integrado na Rota do Românico do Vale do Sousa.
 
Espero, que com este pequeno texto, tenha ajudado a desmistificar a lenda popular, consagrada à passagem do féretro, de Santa Mafalda, a Rainha Santa de Arouca, pelo Memorial da Ermida, quando a levaram a enterrar ao seu mosteiro.

Pois consta no Livro de Óbitos de Santa Cruz de Coimbra que D. Mafalda terá falecido no dia 1 de Maio de 1256, em Arouca e não em Rio Tinto, como reza a lenda.